Ron Weasley segurou o braço da irmã mais nova, que deu um pulo com o susto.

— O que quer?

— Porque você está chorando? – Indagou suavemente, querendo se mostrar um amigo para ela.

Gina deu de ombros, os olhos azuis estavam vermelhos e inchados. Devia estar chorando há algum tempo.

— Pode me contar.

— Está bem. Mas você tem que jurar que não vai dizer pra ninguém – Falou ameaçadoramente com um dedo apontado para ele. O garoto assentiu e ela prosseguiu – Não tenho par para o baile e todas as minhas amigas vão com alguém. Menos eu.

— Isso é bobo, Gina – Começou a falar, mas parou quando recebeu um olhar ameaçador – Mas podemos resolver.

— Como? Tem um garoto bonito e sem par escondido no seu bolso?

— Bonito... não. Mas eu não tenho par – Sugeriu dando de ombros.

— Quer ir comigo?

— Não. Quero que você vá comigo – Ficou de joelhos brincando – Oh, por favor irmã mais nova, eu estou solitário e triste, dispense todos os seus pretendentes e me ajude nisso.

— Patético – Resmungou com um sorriso.

— Isso quer dizer que sim? Quer dizer, seria muito legal se você aceitasse, porque sabe, eu não tenho par, e você estaria me ajudando muito.

Gina estreitou os olhos fungando e abraçou o irmão com força.

— Obrigada.

— De nada, maninha. Mas não conte pra ninguém essa cena – Pediu.

— Ah, eu vou falar para todo mundo – Garantiu. Já imaginava que ela o faria, e não se importou nem um pouco, pois, se aquilo a faria se sentir melhor sobre ir com ele ao baile, não ligava mesmo.

***

Draco segurava firmemente o saco de papel na mão enquanto caminhava até o lado de fora do castelo, onde Hermione o esperava sentada sobre uma capa preta que repousava no chão. Aquele dia não ventava, mas ainda assim estava bem frio.

O garoto se aproximou nervosamente da grifinória, que observava distraidamente a paisagem à sua frente, que consistia na casa de Hagrid, um mar de grama verde e exuberante e o início da floresta proibida.

— Oi – Cumprimentou. Hermione virou para vê-lo, balançando os cachos castanhos.

— Oi, Draco – Abriu um sorriso a bateu a mão ao seu lado – Guardei um lugar para você.

— Uau, obrigado. Um local concorrido como este – Sinalizou a vastidão solitária do lugar – Fico lisonjeado.

— Foi difícil conseguir esse assento – Entrou na brincadeira – Então aproveite.

Draco sentou ao seu lado rindo. Tentou não pensar em como Hermione era bonita, mas sua cabeça ficava voltando para aquele fato. Seus cabelos balançavam quando ela se movia e seu rosto era tomado por pintinhas, algo que ele achava muito fofo. Não sabia desde quando gostava daquelas características ou se só gostava delas porque estavam em Hermione, mas a verdade era que tudo nela o hipnotizava.

— Trouxe um presente – Estendeu o pacote de papel pardo – E desculpe por não ter falado muito com você esses dias, eu estava atolado em trabalhos de defesa contra as artes da trevas que deixei de fazer por desânimo, mas o professor Lupin conversou comigo e me deu mais uma chance.

— Ele é um cara muito legal.

— Sim. E, bem... também fui pedir desculpas para as pessoas.

— Você o que?

— Bom, eu segui o seu conselho e fui até as pessoas que eu tinha incomodado mais... foi bem ruim, a maioria achou que era piada, mas foi melhor do que a Gina.

— O que a Gina fez?

— Ela me socou – Deu de ombros quando a garota riu.

— Ela não perde uma oportunidade.

— Não vou dizer que ela estava errada, mas doeu.

— Sinto muito por isso – Ainda havia humor na voz, mas então ela ficou séria – Sabe, eu achei que era piada quando você apareceu na biblioteca.

— Pois é – Sorriu cabisbaixo – Mas algumas pessoas me agradeceram. Ganhei até um abraço da Luna Lovegood.

— Ela é muito amável – Hermione gostou de ter ouvido aquilo.

— Bom, mas vamos deixar essa parte ruim da minha vida de fora – Brincou puxando o pacote nas mãos da garota – Abre, vai.

— O que é isso? – Abriu a embalagem de papel pardo, descobrindo doces coloridos e cheirosos lá dentro.

— Dei uma escapada até a Dedos De Mel hoje cedo – Sorriu maroto – Você acredita que Fred e Jorge Wealey me ajudaram?

— Uau, olha ele, fazendo amigos.

O rosto de Draco adquiriu uma tonalidade avermelhada.

— Vamos comer? Estou com vontade de devorar todos eles.

— Me parecem deliciosos, realmente.

Hermione apanhou um pacote de feijõezinhos de todos os sabores, jogando um feijão na boca e mastigando com os olhos castanhos fechados, saboreando o doce.

Draco admirava seu rosto e o brilho pálido do sol que tocava sua pele. Sentiu vontade de tocar seu rosto com os dedos finos, de tocar os lábios nos dela, mas congelou quando ela abriu os olhos e virou para ele.

— Peguei um de morango.

Sorrindo, o garoto apanhou um doce também, fazendo uma careta.

— Arg, o meu era de grama.

— O de grama é gostoso – Protestou com as mãos na cintura.

— Eu não gosto dele. Bléh.

— Experimenta esse – Sugeriu pescando um feijão e colocando na boca dele. Sentiu os lábios do garoto se fechando e tocando na ponta dos seus dedos e um calafrio percorreu seu corpo.

— Hum – Fez uma careta – Esse é ruim também.

— Era de que? – Perguntou tentando controlar seu peito que pulava, o coração querendo se lançar para fora.

— Maçã.

— Maçã? E você reclamando – Bateu a mão espalmada no peito dele, que segurou seu braço no lugar. Sua mão começou a pegar fogo tocando no garoto, mas não se moveu.

— Fiz só pra te incomodar um pouco.

— Parece gostar de fazer isso – Draco soltou sua mão e ela a deslizou para longe dele, levemente trêmula. O que Malfoy estava fazendo com ela? O que ele estava fazendo com o corpo dela?

— Eu gosto – Provocou. Desviou o olhar dos olhos castanhos dela, pegando mais um feijão e dando a ela – E ai?

— Hum... Pum? – Cuspiu o doce fora, fazendo careta com o gosto ruim em sua boca.

— Ruim é?

— Você iria gostar – Brincou.

Draco sentia seu corpo formigando, sentia necessidade de tocar a garota, abraça-la, acariciar seus cabelos macios, passar os dedos pela bochecha dela cheia de pintinhas adoráveis.

— Draco...

— Oi – Saiu de seu transe piscando os olhos azuis algumas vezes.

— Você tá me encarando – Murmurou e os dois caíram na risada.

Um vento leve começou a passar pelos dois, Hermione sentiu um calafrio e nem mesmo sua manta vermelha e amarela manteve seu corpo quente.

— Acho que devíamos entrar – O garoto sugeriu vendo que a temperatura parecia diminuir.

— Esse vento idiota acabou com o nosso piquenique – Reclamou levantando do chão com o pacote de doces em uma mão.

— O piquenique mais nojento do qual eu já participei – Comentando sobre o gosto dos feijões.

— Mas com a melhor companhia – Fingiu que o ameaçava com o olhar, fazendo Draco rir.

— Sem dúvida.

Malfoy levantou também, recolhendo a capa preta e sacudindo a peça. Hermione estendeu os doces para ele quando Draco lhe deu o pano.

— Não, é seu – Balançou as mãos negando – É um presente, pode comer.

— Obrigada. Você burlou as regras só pra me dar um agradinho, é?

— Parece que sim – Sentiu uma ansiedade correr por sua pele branca e obedeceu sua vontade, apoiando um braço sobre os ombros de Hermione enquanto andavam de volta para a escola, vencendo o frio com o calor que irradiava de seus corpos.