OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 7
Occipital




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O depósito de equipamentos se encontrava imerso numa escuridão palpável. A única fonte de luz, que vinha pela porta atrás de Ben e Max Tennyson, desenhava um trapézio luminoso no chão. De rifles apontados para as trevas, os dois mantinham-se atentos a qualquer movimento.

Ben sentia como se devesse já ter se transformado há pelo menos uns cinco minutos. Seria muito mais fácil de resolver toda aquela situação.

Já Max oscilava o olhar para a escuridão à sua frente e para o Encanador caído junto aos seus pés. Não podia se aproximar, então tinha que avaliar se ele ainda estava vivo apenas de longe. Qualquer movimento mal pensado poderia ser a abertura que a criatura em meio ao breu precisava para atacá-lo.

― Ben? ― disse Max baixinho.

― Sim, vovô.

― Por acaso quando você separou o equipamento, se lembrou de trazer lanternas?

― Eu tinha que lembrar?

Max não respondeu. Apenas inspirou profundamente, depois deixou o ar sair dos pulmões livremente. Ele também não lembrou das lanternas.

― Me diga, Ben Tennyson, qual a razão dessa visita inesperada? ― perguntou a voz na escuridão.

― Não seja ridículo, Albedo ― respondeu Ben ― viemos te capturar, vamos, se entregue!

― E como pretendem fazer isso?

― Nós...

― Pois se não me engano, vocês falharam miseravelmente na noite passada.

Ben notou um vulto se mover por cima das estantes mal iluminadas.

― O que faz pensar... ― a voz havia mudado de lugar ― que dessa vez será diferente?

― Você nos pegou de surpresa daquela vez. Não vai acontecer de novo.

Novamente o vulto se moveu para outra parte do depósito.

― Gosto da sua confiança, Tennyson.

― Mesmo? ― Ben sorriu.

― Claro! Pois assim a sensação de vitória quando acabo contigo é muito mais gratificante!

A criatura se aproximou em alta velocidade de Ben.

O jovem apontou sua arma. Prestes a disparar, percebeu então que Albedo não se encontrava mais no chão. Ele agora estava no ar, saltando por cima do garoto.

Um tiro de rifle acertou Albedo no meio de sua trajetória, lançando-o para o lado esquerdo do depósito. Devido a escuridão, apenas se ouviu o som de algo se chocando contra várias caixas de madeira, ecoando sons de equipamentos e peças vindo ao chão.

― Ben, não deixe a conversa dele te distrair ― um zumbido leve do rifle do avô indicava que o próximo tiro já estava preparado. ― Se Albedo ainda está aqui, significa que essa é a única saída desse Armazém.

― Desgraçado... ― grunhiu Albedo.

― Se entregue, Albedo ― disse Max. ― Não queremos te machucar, mas se for preciso-

― Se for preciso o quê, velhote! ― Albedo se movia e saltava pelo local com rapidez. Sua voz ressoava pelo eco do enorme depósito, dificultando saber de onde vinha o som. ― Vai me ferir? Me matar?

Um caixote voou em direção a cabeça de Max, que se agachou no último segundo, e espatifou na parede atrás dele. Com o desvio, o magistrado ficou numa postura desfavorável que dificultava mirar. Sentiu um tranco em sua arma e percebeu que seu rifle estava preso, amarrado por um feixe de fios brancos entrelaçados ― como uma teia de aranha ― que puxava sua arma, tentando desarmá-lo.

Ben seguiu a teia com sua mira e começou a disparar. Um, dois, três tiros, mesmo assim a corda branca não diminuía sua tensão.

Ou Albedo está conseguindo desviar ― pensou ― ou minha mira continua péssima...

Max ficou de pé, firmou seu pé esquerdo no chão e puxou o rifle com força, trazendo consigo a teia e Albedo que ainda a segurava. O objetivo de Max era simples: puxar e lançar o vilão na parede mais próxima. No entanto, a destreza de Albedo lhe permitiu aparar a trajetória e grudar na parede com suas seis patas de aracnachimp, como um gato que cai de pé.

Ben mudou o seu sistema de tiro para o modo de Tiro Rápido, permitindo uma maior cadência de tiros, embora de menor impacto. Apontando para a sua cópia de Macaco-aranha, ele disparou vários tiros em sequência. Seu alvo corria pela parede em direção ao teto, desviando dos lasers e deixando atrás de si uma trilha de sinais de combustão no concreto da estrutura. O alienígena saltou e seguiu fazendo suas acrobacias até se esconder novamente nas trevas do depósito.

― Sua mira é realmente horrível, Ben Tennyson ― uma respiração ofegante era possível de se ouvir em meio ao breu. ― Deveria ter treinado mais antes de vir me enfrentar.

― Ah, é? ― respondeu Ben, colocando o rifle no suporte em suas costas ― Vamos ver se você ainda vai achar isso quando eu usar o... ― Ben apoiou a mão no disco do Omnitrix, fazendo-o se ativar.

Max segurou o braço do neto e disse com uma voz baixa e firme:

― Ben, não.

― Mas, vovô...

O avô não podia encarar o neto pois sua atenção precisava ser mantida no vilão, mas sua expressão séria fez o neto entender que isso não era uma questão a ser discutida. Ainda mais naquele momento.

O jovem estava irritado. Tudo poderia ser resolvido mais fácil se ele pudesse usar o relógio. Mas não podia. Não devia. Por fim, pegou o rifle de suas costas e voltou a apontar para a escuridão.

― O que foi, Ben? ― o tom de voz do vilão extravasava provocação. ― Desistiu de usar o relógio?

― Não preciso do Omnitrix para acabar com você!

― Não seja contraditório, Tennyson ― a voz de Albedo mudava continuamente de lugar. ― Você sabe que um humano patético como você não tem a menor chance contra mim.

Ben tentava não se irritar com as provocações. Mas saber que ele tinha uma parcela de razão o fazia ficar ainda mais nervoso.

― Você não é nada sem seus bichinhos e você sabe disso!

― Ben, se acalme ― disse o avô.

― Você é um fraco! Um inútil! ― ficava cada vez mais difícil saber de onde vinha a voz com ele se movendo com tamanha destreza ― Se não fosse pelo Omnitrix você seria apenas um nada!

Cada fala, cada provocação fazia crescer dentro de Ben um único desejo: o de ser capaz de acertar Albedo. Ele tentava prever movimentos, perceber para onde os vultos iriam, compreender de onde a voz viria em seguida.

De repente um pedaço de silhueta se destacou na parede à direita.

― Te peguei! ― Ben disparou.

Um grito se ouviu no instante que o tiro acertou o braço do Encanador.

Os dois então perceberam o erro. O corpo caído do Encanador já não se encontrava mais no chão. Em um dos movimentos de Albedo, o vilão agarrou o ferido e o prendeu na parede com teia.

― Não... E-eu... ― lamentou Ben.

― Que feio, Tennyson. O herói da Terra atacando um dos seus.

Ben apontou o rifle para a direção de onde vinha a voz, mas não era capaz de atirar. E se ele acertasse outro refém? Não era possível saber com toda essa escuridão. Ben tremia.

Max lamentou pelo neto. Ferir um dos seus é um arrependimento que é capaz de atormentar uma pessoa para o resto da vida.

― Ben, fique para trás. Eu cuido disso.

Max colocou o rifle nas costas e sacou a pistola laser. Era mais fácil de se locomover e mirar com uma arma mais portátil.

― Agora é a vez do velhote?

― Está com medo do velhote aqui acabar contigo?

― Vejo que essa confiança estúpida é mesmo um problema de família! ― Albedo saltava pelas estantes e teto, procurando uma abertura em Max que pudesse aproveitar.

Max disparava ao menor ruído que o aracnachimp fazia ao se mover, errando por uma questão de poucos centímetros.

Albedo, por sua vez, se sentia cada vez com mais dificuldade de se desviar. Os tiros estavam ficando mais certeiros. Precisava desarmá-lo! Lançou uma teia de sua cauda em direção à pistola laser. Assim que sentiu que a teia havia se prendido, a puxou de volta. No entanto, com a teia se aproximando, percebeu que não era a pistola laser que vinha na sua direção, mas sim, uma granada de atordoamento. O velhote trocou os objetos na mão no último segundo! E mais, de mira preparada, Max atirou na granada que explodiu há poucos centímetros do aracnachimp, explodindo numa onda de choque que fez Albedo ser lançado para fundo do armazém.

Ainda com a arma em mira, o Magistrado começou a se aproximar lentamente do local em que Albedo forçadamente pousou.

― Vovô! Está tudo bem? ― Ben se mantinha parado junto à porta.

― Fique aí, Ben.

O garoto não discordou. Sentia que precisava daquela luz que vinha do corredor. Sem ela, não tinha certeza se seria capaz de dar mais um tiro sequer.

A figura de Max começava a desaparecer na escuridão. No fim do corredor, entre as estantes, se ouviam sons de difícil interpretação. Eram objetos sendo movidos? Metal caindo no chão? Um dos sons parecia uma caixa de parafusos se espalhar pelo solo. Os ruídos começaram a se intensificar... Seja onde for que Albedo caiu, dessa vez, ele não queria ser sutil e esconder a sua presença. Parecia como se ele estivesse movendo uma montanha de peças de metal, madeira e aço de cima de si.

A escuridão dificultava enxergar, mas aos poucos, a visão de Max começava a se acostumar com a baixa luminosidade e algumas coisas ficavam possíveis de se identificar. De cada lado, dispositivos e peças descansavam em prateleiras que pareciam se estender ao infinito. Atrás dele, seu neto permanecia de guarda na única saída daquele lugar. Na sua frente, uma enorme criatura se movia lentamente em sua direção.

 


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