OMNITRANIL (Ben 10 - Força Alienígena) escrita por TarryLoesinne


Capítulo 6
Além do que você vê




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Vô Max dirigia a Lata Velha em alta velocidade, enquanto dava instruções ao neto:

― Armário da direita, embaixo da pia, Ben.

― Só tem panela aqui, vovô.

― Na porta esquerda do armário, logo embaixo, tem um pequeno botão.

― Embaixo, embaixo... Achei.

― Aperte e segure.

― Apertar e segurar, entendi.

Como um carrossel horizontal, as prateleiras do armário foram girando, levando as panelas para o fundo do armário e trazendo pra frente a munição que Ben estava procurando.

― Agora sim!

― Precisaremos de munição para as pistolas... ― Max girou o volante, fazendo o trailer virar bruscamente para a direita e entrar numa rua ― ... e para os rifles.

Ben tinha dificuldade de caminhar dentro da lata velha. Cada curva obrigava o jovem a se segurar ou se apoiar no móvel mais próximo. Em alguns casos, era o ombro ou a própria cabeça que era usada, de forma não intencional, para “apoiar”.

― Caramba, vovô! ― Ben caiu sentado no chão do trailer ― Precisa de tudo isso?

― Precisa, Ben. Os setores de energia dos Encanadores não fornecem energia apenas para a comunicação, mas também para as celas de contenção do quartel de Bellwood. Qualquer queda de energia, poderia facilitar uma fuga em massa e isso é a última coisa que precisamos agora.

Ben compreendeu a gravidade da situação. Sua postura ficou mais firme e menos desequilibrada, mesmo com os movimentos bruscos do trailer. Continuou a organizar os armamentos que precisariam para a missão.

― Pronto, vovô.

― Ótimo. Também já estamos quase chegando.

Ben se aproximou do avô e, segurando no banco do passageiro, viu que se aproximavam de um grande prédio horizontal, com dois altos e largos cilindros se destacando por detrás do prédio e um muro cercando todo o terreno. O aspecto de toda a estrutura era a de um lugar que há muito tempo não recebia uma boa pintura.

― Centro de Reciclagem de Bellwood? Mesmo? ― questionou Ben.

― A melhor forma de esconder algo é deixar o mais visível possível.

Max apertou dois botões no painel do carro, ativando o comunicador, e disse:

― Solicitando entrada. Magistrado Tennyson. Código MT2319.

Ouviu-se um bipe de confirmação do comunicador, seguido de uma voz computadorizada:

Seja bem-vindo, magistr-tr-tr-aaaaaaaaaaad ― E desligou.

― O que foi isso? ― perguntou Ben.

― Não sei, mas significa que as coisas lá dentro não devem estar das melhores.

― Isso tá na cara, né vovô? ― Ele apontou para a construção ― Há quanto tempo que não se faz uma manutenção nesse lugar?

Max deu um sorriso de canto.

O portão do centro de reciclagem começou a se abrir antes mesmo da Lata Velha chegar próximo da entrada, de tal maneira, que Max apenas fez mais uma curva brusca pra sair da avenida e já se encontravam dentro do local.

Ben compreendeu o motivo do sorriso irônico do avô assim que desceu da Lata Velha. De dentro dos muros do Centro de Reciclagem era possível ver a verdadeira aparência do Setor de Energia Leste dos Encanadores. Embora as formas das estruturas se mantivessem as mesmas, a tecnologia que compunha a arquitetura do local esbanjava toda a imponência dos Encanadores.

― Camuflagem... ― disse impressionado.

― O que você dizia, Ben?

― Eu dizia que eu estava errado.

― Foi o que eu imaginei.

De posse de pistolas lasers no coldre, diversas granadas e dispositivos de contenção na cinta diagonal de tórax e, com o rifle de táquions em mãos, os dois seguiram em direção à entrada principal.

À medida que se aproximavam da construção, puderam perceber que a porta principal havia sido arrancada e jazia jogada por sobre um dos caminhões estacionados no local. Havia dois corpos caídos logo na entrada, trajados com o uniforme dos encanadores. Max acelerou o passo e se aproximou dos seguranças feridos.

― Ben, fique de olho a qualquer movimento. Preciso avaliar os ferimentos deles.

― Sem problema, vovô ― Ben apontava o rifle para várias direções a procura de qualquer perigo iminente.

Max se agachou junto ao primeiro encanador caído e apoiou os dedos próximo ao pescoço de um deles. Tentou sentir algum sinal que indicasse que não chegaram tarde demais, um pulso por exemplo. Por sorte, o soldado ainda estava vivo. Max tirou um pequeno dispositivo semelhante a um boton e apoiou por sobre a testa do encanador. Na superfície do dispositivo, uma pequena circunferência amarela se desenhou e assim permaneceu.

― O que é isso, vovô?

― Um equipamento de suporte de vida e auxílio às equipes médicas. Ele consegue analisar os sinais vitais do indivíduo e ajuda as equipes de socorro a determinar quais feridos necessitam de atenção imediata e quais aguentam esperar um pouco mais. Além de indicar a posição daqueles que já foram encontrados.

― Muuuito legal!

― Não se distraia, Ben.

― Sim, claro. Desculpe, vovô ― E voltou a manter a mira.

Max pegou o distintivo dos encanadores em seu bolso e estabeleceu um novo contato com o Quartel dos Encanadores:

― Câmbio, Central. Aqui é o Magistrado Tennyson. Enviem equipes médicas para o Setor de Energia Leste, temos feridos no local.

De acordo, Magistrado. Estaremos enviando nossas equipes imediatamente.

― Perfeito.

Alguma informação do responsável pelo ataque?

― Ainda não. Informarei assim que conseguir. Câmbio, desligo.

Max se direcionou ao outro soldado caído e, novamente, avaliou os sinais vitais. Max abaixou a cabeça e levemente acenou uma negativa, em seguida, colocou o dispositivo de triagem médica que mostrou uma pequena circunferência preta em sua superfície.

Ben demorou alguns segundos e então compreendeu o significado da mensagem.

― Vovô, ele-

― Vamos, Ben, nosso pessoal já está a caminho para atendê-los.

O garoto balançou a cabeça afirmativamente e seguiu caminhando atrás de seu avô portas adentro do edifício.

As instalações do Setor mostravam claros sinais de confronto. Nas paredes enjoativamente brancas eram possíveis encontrar inúmeros sinais de combustão por laser ou plasma. Vários móveis e estruturas se encontravam destruídos pelo caminho. Lâmpadas foram danificadas, piscando ou soltando faíscas ao menor sinal de energia. Ben e seu avô percorriam os corredores cheios de portas atentos a qualquer sinal de vida.

De repente, Ben teve a sensação de ouvir um som distante, pareciam vozes que cochichavam. Virou-se para o fundo do corredor que acabaram de atravessar.

― Espere, vovô.

― Ouviu alguma coisa?

― Sim...

Ben seguiu na frente, a passos lentos para não fazer barulho. Parou em frente a uma porta com as palavras “Departamento de Pessoal” escritos numa placa estilizada.

Os dois se posicionaram cada um de um lado da porta, preparados para entrar ao sinal do avô. Uma contagem silenciosa foi seguida de uma brusca abertura da porta e dois rifles prontos para disparar.

― Por favor, não nos machuque! Por favor! ― Um alienígena magro com a aparência semelhante a um louva-deus, trajado com o uniforme dos Encanadores, se posicionava à frente, servindo como uma barreira para os outros três alienígenas com roupas de civis que se escondiam atrás dele.

Ben abaixou a arma. Max não.

― Identifiquem-se, por favor ― disse o avô.

― Meu nome é Fickell, senhor. Sou cadete dos Encanadores e estava de segurança no local quando aconteceu o ataque. ― O Encanador apontou para os civis atrás de si. ― Eles são funcionários daqui.

Max abaixou a arma e ofereceu a mão ao cadete em cumprimento.

― Sou o Magistrado Tennyson, estamos aqui exatamente para resgatá-los e conter o que quer que seja que tenha atacado a base.

As vítimas começaram a olhar entre si e a respirarem aliviadas. O socorro tinha chegado finalmente!

― E eu sou o Ben Tennyson ― o jovem saiu de trás do avô e ofereceu um sorriso às vítimas ― muito prazer!

Os alienígenas conheciam Ben Tennyson, sabiam que ele era capaz de se transformar em alienígenas, e muitas de suas transformações eram bem conhecidas pelo universo.

Ben esperava uma reação de ainda mais alívio por parte das vítimas. Pelo menos era essa a reação habitual que ele costumava receber quando chegava em algum lugar povoado com alienígenas que necessitavam de salvamento. Raramente ele era recebido com medo ou apreensão como dessa vez. O cadete novamente se posicionou à frente dos civis, com os braços abertos.

― Por favor, não se aproxime!

Max e Ben se entreolharam. Confundir Ben com alguma ameaça só poderia significar que as suspeitas deles estavam certas. Albedo era o responsável pelo ataque.

― Se acalmem, por favor ― Max tentava mediar a situação ― Não foi meu neto quem atacou vocês.

― Perdão, Magistrado, mas o que nos garante que-

― Ele está falando a verdade! ― interrompeu Ben ― Não fui eu. Isso foi obra do Albedo.

― Albedo? ― perguntou um dos civis.

― Um galvaniano invejoso que também possui um Omnitrix ― respondeu Ben. ― E para meu azar, ele também copiou a minha aparência. Só que com cabelos brancos, olhos vermelhos e... Como assim vocês não conseguem perceber que ele é-

― O que meu neto está tentando dizer ― Max atravessou a fala de Ben, ― é que estamos aqui para ajudar. Já chamamos a equipe de apoio que deve chegar a qualquer momento.

Bem, com uma cara enfezada, apontou com a mão aberta para a porta e disse:

― Podem seguir por esse corredor até a entrada principal. Acabamos de vir por esse caminho e garantimos que está seguro.

Os alienígenas olharam para Max esperando uma confirmação daquilo que o jovem havia dito. A desconfiança era palpável no ar. Max acenou com a cabeça como quem diz “é verdade o que ele está dizendo, podem confiar em mim”.

― Muito obrigado, Magistrado ― o cadete Encanador apertou a mão de Max e virou-se para os civis. ― Vamos pessoal, comigo.

― Espere, cadete Fickell ― Max reparou que o encanador se encontrava desarmado. Ele tirou do coldre uma de suas pistolas, com dois cartuchos de munição e colocou na mão do alien louva-deus ― Cuide bem deles.

― Os protegerei com a minha vida, senhor. Mais uma vez, obrigado, Magistrado. ― E seguiu pelo corredor acompanhado dos funcionários.

― “Muito obrigado, Magistrado...” ― disse Ben com uma voz de imitação barata. ― Eu também ajudei a salvá-los...

― Não seja mimado, Ben. Vamos, temos que encontrar o Albedo.

Ben seguiu atrás do avô pelos corredores. Ele se encontrava num misto de “chateado” e “irritado”, com uma pitada de “sentimento de injustiçado”.

Não foi eu que atacou ele, foi o Albedo ― pensou Ben. ―  Ele é o vilão aqui, como não percebem? O cabelo dele é diferente do meu e-

― Ben, se concentra ― A fala do avô foi como uma mão que o puxava do fundo de uma piscina de pensamentos. ― Isso não é brincadeira. Qualquer erro pode colocar toda a missão a perder.

― Eu sei, vovô. Mas foi eu que os encontrei. Algum reconhecimento não faria mal-

Max interrompeu o neto pedindo silêncio. Agora foi a vez do avô ouvir algo...

Sons de tiros!

Os dois seguiram correndo e viraram no segundo corredor à direita. A porta no fim do caminho ainda estava aberta, mas mesmo assim a visão dentro do local estava limitada pela escuridão. Conseguiam ver, no máximo, um Encanador armado de uma pistola atirando em direção ao teto do local.

Os tiros foram interrompidos quando um caixote atingiu a cabeça do soldado que caiu inconsciente.

Todo o prédio novamente se envolveu em silêncio.

Ben e o avô se aproximavam com cautela. Seus passos eram suaves e contidos, procurando não chamar a atenção do que for que estivesse além daquela porta. A mira mantinha-se firme e o dedo no gatilho estava preparado para recepcionar qualquer coisa que saísse dali. Max olhou para a placa estilizada sobre a entrada com os dizeres: Armazém.

Faltando menos de três passos, eles pararam e aguardaram.

Nada.

Max pegou uma granada de atordoamento e lançou porta adentro, mas assim que a arremessou, um projétil gosmento acertou a granada ainda no ar, mudando seu trajeto e fazendo-a ficar colada no chão, próximo aos pés de Ben e de seu avô.

― Para dentro, agora! ― gritou Max.

Os dois pularam abertura adentro e apoiaram as costas na parede mais próxima da entrada, se protegendo da onda de impacto atordoante da granada. Um zumbido ficou ecoando no ar por alguns segundos. Ben estava tendo dificuldade para saber como reagir em seguida, já Max, posicionou-se de rifle apontado para a escuridão.

As lâmpadas do local estavam todas quebradas. O pouco de luz presente vinha da porta, revelando que se encontravam em algo parecido com um enorme depósito de equipamentos. Estantes, com inúmeros dispositivos utilizados para manutenção ou substituição de peças dos maquinários do Setor de Energia, além de caixas e caixotes, espalhavam-se por todo o local.

― Ben. Tennyson ― disse pausadamente a voz na escuridão, ― mas que coincidência nos encontrarmos novamente...

 


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