Mundo 30 - Sterek escrita por Daroon


Capítulo 6
Dia 05 - Vamos sair?




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Estranhamente, Stiles não tinha acordado ainda. Eu sei que não deveria me preocupar tanto, mas era um pouco inevitável. Os traços roxos que apenas tinha em suas mãos passaram a subir ainda mais. Não sei até que parte, mas eu sabia que elas continuariam a crescer pelo resto do seu corpo. Essa doença era cruel demais. 

Toquei suavemente no rosto dele, tão macio. Por que esse mundo é cruel? Me pergunto se de alguma forma existem outros universos. Olhar para Stiles dessa forma, em seus olhos, e não ver nem um pingo de arrependimento só me faz odiar ainda mais Lúcifer. Por que trazer tanta dor a nós? Por que devemos pagar pelo seu sofrimento? 

Quanto mais penso sobre isso, mais eu fico pensando o quanto eu queria que Stiles fosse feliz. Que não tivesse se reprimido tanto. Mas viver trancafiado dentro de uma gaiola de sentimentos era praticamente comum naquele lugar.

Medo. Covardia. Era algo predominante.

Por isso o admiro tanto. Diferente de muitos, Stiles se entregou ao amor, a sua própria felicidade, rebelou-se contra a escuridão daquele lugar. Queria ser como ele. Suspirei, deslizando sobre suas diversas pintas, que formavam a sua própria constelação. Stiles era uma estrela, que brilhava tão forte que aquecia qualquer um que o visse.

“Fica difícil acordar com tanto carinho.”

Escutei sua voz grogue e ri, removendo a mão, no fundo me sentindo meio sem graça, não queria ter sido pego no flagra. Olhei para seus olhos âmbares e disse: “Bom dia.”

“Dia”, murmurou, fechando brevemente os olhos para se esticar. Fingi não escutar um resmungo de dor, que ele fez questão de disfarçar. Nos levantamos e descemos.

Nem parecia que daqui uns dias, terá se passado uma semana. O tempo passa tão rápido que chega a ser apavorante. E, depois de ontem, conversamos que manteríamos uma conversa franca sobre as coisas. Stiles disse que me ajudaria com as coisas do trabalho, mas neguei, no entanto sua teimosia o levou a limpar a casa. Infelizmente, não pude negar, porque eu sabia que ele se sentiria um estorvo. Apesar de que combinamos que quando ele não conseguisse ele não iria se esforçar. 

No entanto, essa questão de ir correndo até ele e ver se estava tudo bem era mais forte. Por isso estava me segurando no sofá, enquanto ele estava na cozinha preparando o café. Era simplesmente agoniante ficar sentado. “A sua cara diz: Estou forçando pra minha bosta sair.” Escutei ele dizer, quebrando totalmente a minha estrutura e me fazendo rir. 

“Porra, Stiles, logo cedo?”, perguntei, vendo ele colocar a bandeja na mesa de centro da sala e dar de ombros.

“É você que tá fazendo essa cara”, respondeu, me fazendo alargar o sorriso. Em vários momentos Stiles conseguiu me fazer parar de pensar em diversas coisas que me faziam ficar preocupado ou até mesmo com raiva, como agora. 

Sentamos no sofá, bem perto um do outro devido ao frio e nos cobrimos. Ontem, tínhamos iniciado uma série, só que em algum momento Stiles adormeceu e agora além de procurar onde ele tinha parado de ver, tínhamos que terminar. Não posso reclamar. Sempre que Stiles dorme, ele acaba se aconchegando em mim, obviamente sem conhecimento disso, porque acabaria se sentindo culpado por invadir meu espaço. Normalmente, eu odiaria, mas era ele.

E eu não conseguia odiar. Apenas gostar.

Depois de acharmos o episódio que Stiles tinha visto, continuamos vendo a série até a noite, parando nos momentos de comer e para ir ao banheiro. O bom de colocar uma série de comédia, era poder vislumbrar os sorrisos dele e as suas risadas, nem um pouco discretas. Dava vida aquela casa.

Sempre detestei ficar trancado dentro de casa, sempre precisei sair dela; mas de alguma forma, estar em casa com Stiles, era diferente. Só que ainda tinha um grande problema e acho que meus suspiros longos me entregaram ao longo do tempo, pois Stiles fez questão de pausar o seriado e me encarar acusadoramente.

“Combinamos de manter uma conversa franca”, disse.

“Eu sei.” Cocei a nuca.

“O que foi?”

Estou um pouco aliviado em ver que ele não estava insinuando que ele estava me incomodando de certa forma, eu tenho certeza que essa linha de pensamento poderá se tornar frequente conforme a doença se espalhe. Esse é o meu maior medo.

Olhei para ele, para a televisão e novamente para ele. Mesmo eu gostando de estar em casa, com Stiles junto, eu ainda não conseguia ficar totalmente nela. Estamos o dia inteiro no sofá, definitivamente é algo que eu não estou acostumado.

Vamos sair?”, perguntei. Seus olhos se arregalaram de surpresa e desviaram-se dos meus, percebi seu desconforto na hora. “O que houve?”

Ele suspirou antes de me olhar novamente. “Não vai sentir vergonha de sair comigo?” E levantou as mãos arroxeadas, que eu fiz questão de segurar com ternura.

“Jamais! A pergunta é: Você terá vergonha de sair comigo?”

“O quê? Nunca!”, ele disse, totalmente desesperado, me fazendo rir.

“Então está tudo bem a gente sair, não é mesmo?”, retornei com a pergunta.

“Agora?” Olhei para o relógio que marcava nove e meia da noite.

“Agora!”

Ele me olhou surpreso, ficando vermelho de repente, puxando as mãos para si e baixando a cabeça antes de murmurar: “Tudo bem…” Ver o sorriso discreto que se formou em seu rosto me alegrou. 

Em meio a dor, na escuridão. Eu farei com que seu sorriso continue brilhando, assim como a sua alma.


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