Mundo 30 - Sterek escrita por Daroon


Capítulo 5
Dia 04 - Por que não me contou?




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Eu sabia que iria me arrepender de pesquisar sobre a doença, mas era inevitável. Uma hora ou outra eu acabaria pesquisando, mas eu deveria ter esperado, talvez na manhã seguinte ou em outro momento ainda distante. No fim, eu não consegui dormir, apenas fiquei olhando para Stiles com um olhar tão distante, completamente perdido. Acabei me questionando como ele aguentou cuidar dos pais até o fim. 

Como você se manteve tão forte, Stiles?

Quando nos conhecemos, os pais dele já estavam mortos, e pelas minhas contas, tinha sido uma perda recente. Stiles tinha, na verdade, ainda possui um brilho característico em seus olhos âmbares; sempre tão carismático, sendo sarcástico em níveis em que era impossível viver próximo, mas ao mesmo tempo impossível de se viver sem… Me pergunto se era um mecanismo de defesa após tudo o que aconteceu. Stiles ama um romance que não pode ser vivido… e é por isso que eu me pergunto: O que ele viu em mim? A maioria que me conhecia sempre gostava de ressaltar que eu não era uma boa pessoa; sempre grosseiro, sempre dando motivos para afastar… apesar de que com Stiles as coisas sempre foram tão… fáceis. 

Ele nunca ligou para o mau humor, pelo contrário, fazia questão de ficar me perturbando ainda mais, até conseguir arrancar de mim uma risada disfarçada de bufo. Stiles conseguia deixar tudo ao seu redor tão leve. 

E olhando para o nascer do Sol, eu me pergunto: O que vai acontecer em 26 dias? 

Eu não gosto de pensar no que virá a seguir. Um arrepio sobe pela minha coluna, fazendo meus pelos eriçarem; eu estava com medo. E assim como ontem, resolvi preparar um café da manhã para Stiles, já que, infelizmente, teria que passar o dia trabalhando, novamente.

“Bom dia”, disse, assim que depositei a bandeja na cama e olhei para ele, que sorriu minimamente.

“Dia”, murmurou, passando a comer o sanduíche que fiz, por algum motivo, Stiles não me olhava nos olhos. O que eu achei estranho, de certo modo. 

A manhã de certa forma estava passando de uma maneira tão silenciosa; Stiles disse que ficaria lendo, e como não queria perturbá-lo na leitura resolvi trabalhar no escritório. Eu teria ficado com ele no quarto como ontem, mas hoje Isaac estava mantendo contato comigo devido alguns clientes, então acabaria atrapalhando Stiles. 

Eu estava tão concentrado e tenso, que apenas notei Stiles escorado no batente da porta quando resolvi me esticar e estalar a coluna devido a posição em que estava. “Tudo bem?”, perguntei, preocupado.  Ele balançou a cabeça, rindo, e mesmo que baixinho, ouvir a sua risada fez meu coração palpitar, acabei dando um sutil sorriso. 

“Você viu a hora?” Neguei, desviando o olhar para a tela do laptop. Puta que pariu, já era meio dia. Vendo meu olhar assustado, Stiles tornou a rir. “Não se preocupe, eu preparei o almoço.”

Engoli seco de preocupação. Stiles não estava invalido, ainda, então ele poderia fazer a comida, mas não conseguia deixar de ficar naquele estado. Era complicado. Suspirei e agradeci. Todo o clima pesado de três dias atrás, sumiram naquele almoço. Acabamos conversando aleatoriamente, rindo até mesmo de velhas situações; exatamente como era antes daquela noite do bar.

Eu não sei se Stiles estava querendo de alguma forma deixar o clima mais leve ou estava querendo esquecer a doença, conquanto eu não iria questioná-lo. Não tinha coragem; então apenas me deixei levar.

Hoje o clima estava mais frio, devido ao inverno que se aproximava, então Stiles apenas abriu pequenas frestas das janelas, mesmo que entrasse uma corrente fria ele dizia que precisava trocar o ar. Eu não o questionei em relação a isso, apenas dei roupas quentes minhas para ele vestir, pois não queria vê-lo ainda mais doente.

Enquanto que Stiles ficou no quarto, enrolado nas cobertas lendo o seu livro, eu permaneci no escritório trabalhando, mas naquele momento estava estressado devido a ligação de Isaac.

“Eu só estou tentando entender, por que você quer trabalhar em casa?” Andava de um lado para o outro, completamente nervoso. Odiava ser questionado.

“Eu não preciso de um motivo especial pra quer ficar em casa, né, Isaac”, ralhei, escutando um bufo vindo dele.

“Sim, tem que ter, porque você odeia ficar em casa. Você até mesmo dormiu no escritório. Por isso fiquei preocupado quando disse que iria trabalhar em casa e, não será nem uns dias ou uma semana, será 30 dias, então sim, eu quero saber o motivo porque eu estou preocupado!”

Bufei, eu adorava Isaac, ele era um ótimo amigo, mas eu realmente não queria ficar me explicando, principalmente porque não envolvia apenas eu. “Isaac, eu realmente posso odiar estar em casa, principalmente trabalhando, mas eu não tenho obrigação de lhe contar. Eu sei que está preocupado e eu agradeço que você se importa comigo, mas eu realmente não posso te dizer, entende?”

Por sorte, Isaac entendeu; falamos mais um pouco, voltado exclusivamente sobre o trabalho e desliguei, suspirando, tornando a trabalhar, por sorte estava conseguindo acabar as coisas acumuladas e conseguiria iniciar as coisas de hoje. 

Os únicos sons que eu ouvia na casa era o relógio da cozinha, que, incrivelmente, era possível de se ouvir daqui e meus dedos teclando no laptop. Esse silêncio me perturba; eu amo o silêncio, mas Stiles está por perto e ter o silêncio com ele tão próximo de mim assim era torturante, sentia-me asfixiado.

E, de certa forma, eu sentia que algo estava errado.

Tive a confirmação quando escutei a porta da frente se abrir e fechar, o barulho era tão mínimo que se eu não estivesse tão tenso em busca de mais algum som não teria escutado. 

“Stiles?”, o chamei, franzindo o cenho e me preocupando ainda mais. Levantei da cadeira giratória e fui em direção ao meu quarto, nada. “Stiles”, chamei novamente, mas sem resposta. Foi então que corri até a porta da frente, ele certamente está fazendo algo estúpido. 

E eu estava certo.

Na esquina, eu já conseguia ver ele todo encolhido com o seu casaco. Tsc. Nem para se vestir adequadamente antes de fugir. Ignorando o fato de eu estar de pijama e pantufas, corri até ele e o segurei pelo ombro, virando-o na minha direção.

“Onde pensa que vai?”, questionei. Estava nervoso. Stiles me olhou com aqueles olhos âmbares, sem nenhum brilho, e meu estômago se revirou.

“Derek, eu não quero te causar nenhum inconveniente. Eu estou indo para o hospital, lá tem uma ala especial para gente como eu.”

“Gente… como você?”, sussurrei confuso, passando a segurar o seu pulso, com medo de que fugisse bem na minha frente.

“Que se rebela contra Lúcifer.” Senti minha garganta ficar seca e meus olhos arderem. Abaixei minha cabeça pressionando os lábios. 

“Você não é um estorvo”, murmurei, sentindo logo em seguida Stiles puxar o braço para si. Olhei para ele, seus olhos estavam banhados pelas lágrimas.

“Você sabe que eu sou” grunhiu, tentando limpar com a manga do casaco as lágrimas que escorriam pelo seu rosto pálido. Tentei me aproximar, mas seu recuamento me fez recuar também. “Porra, Derek, você sabe que eu sou estorvo, sabe que serei. Eu ouvi você dizendo para Isaac que odeia ficar em casa e você só está por minha causa. Eu também sei que você pesquisou sobre a doença. Eu te vi lendo os artigos!”, falava entre soluços. Eu sentia meu coração se quebrar a cada palavra.

Ele viu. Ele escutou. Mas ainda assim estava errado. Aproximei novamente e o abraçei, dessa vez, ele não recuou, e sim apertou fortemente a blusa do pijama, chorando ainda mais. Isso me quebrava.

“Eu admito, eu odeio ficar em casa, mas estar em sua companhia não é um problema em ficar nela, chega a ser reconfortante com você por perto. Admito que eu li sobre a doença, porque eu não sabia nada sobre ela e, admito, eu fiquei com medo. Eu estou com medo, Stiles!”, admiti, fechando os olhos, querendo segurar o choro. “Por que não me contou?”, perguntei, soluçando em seguida. Eu não aguentei. Apertava-o mais forte possível, enquanto chorava, assim como ele. 

“Eu não queria te incomodar com isso”, disse. Balancei a cabeça, negando.

“Você jamais será um incômodo”, falei, me separando e passando a segurar o seu rosto com as minhas mãos, acariciando sutilmente suas bochechas vermelhas devido ao frio e ao choro recente. Fiz ele me encarar. “Eu vou estar com você, Stiles. Até o fim!”. Stiles crispou os lábios e fungou. Limpei os resquícios de lágrimas e sorri minimamente. “Vamos pra casa? Farei um chocolate quente pra nós e ficaremos assistindo Netflix até capotarmos no sofá, o que acha?”

Outro fungo, mas dessa com um sorriso, aquele sorriso incrível que só ele conseguia oferecer. “Acho perfeito.” Retribui o sorriso, levando-o de volta para casa e fazendo exatamente aquilo o que prometi. O trabalho tinha tempo, Stiles era mais importante naquele momento. Sempre seria.

Apesar de que eu sabia que chegaria um momento em que ele teria que ficar no hospital.


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