Mundo 30 - Sterek escrita por Daroon


Capítulo 2
Dia 01 - O que você fez, Stiles?




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Estalei meu pescoço após pegar a chave do carro, precisava me encontrar com Stiles na cafeteria. Tínhamos esse costume de todo final de semana irmos tomar café de manhã bem cedo e contar o que ocorreu durante a semana. Gostava daquela rotina. O único amigo em que eu confiava em tudo era o Stilinski, que sempre vivia com um bom humor, mesmo tudo sendo uma droga. Soltei um longo suspiro ao trancar a porta, sendo apreciado pela fumacinha branca que saiu entre meus lábios. O inverno se aproximava, e pelo visto, rigoroso.

Conforme me aproximava na cafeteria, pude vislumbrar Stiles acenando para mim com um largo sorriso, como sempre. Não resisti em sorrir, ele sempre contagiava os outros com a sua alegria. Mesmo que aquele mundo fosse um porre em não poder amar, não significava que deveríamos deixar de ser felizes com outras coisas.

“Oi, Stiles.”, cumprimentei, sentando-me à sua frente.

“Bom dia, Derek.” Como sempre, era notável o tom de sua alegria. Por algum motivo, Stiles estava diferente, na verdade, ele estava agindo estranho já faz algumas semanas; distraído — mais do que o normal —, quando ficava muito pensativo logo gritava a palavra não num tom alto e ficava perturbado, fugindo em seguida. Mesmo que eu perguntasse o que estava acontecendo, ele desviava do assunto, e, obviamente, isso significava que ele me contaria no momento certo. “Como foi a sua semana, Der?”, indagou ele após fazermos nossos pedidos.

“Por incrível que pareça, ocorreu tudo normal na empresa, apenas algumas papeladas que me deram dor de cabeça, e o seu?”, perguntei. Stiles piscou várias vezes os seus olhos antes de desviar o olhar, isso foi o suficiente para mim franzir o cenho, confuso. “O que houve?”.

Mordendo o lábio inferior, ele finalmente me olhou, parecia envergonhado e... preocupado. “Eu pedi demissão.” Sua voz tinha passado de um sussurro, e já não me olhava mais.

“Por que pediu demissão?”

Tamborilou seus dedos sobre a mesa, olhando para todos os lados menos para mim, aquilo estava me preocupando, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele respondeu: “Posso falar mais tarde? Quando formos ao bar…” Não o compreendia, mas mesmo assim concordei. Será que é agora que ele me falaria sobre o que tanto lhe incomodava? Após tantas semanas se esquivando, finalmente saberia.

Quando nossos pedidos chegaram, Stiles incrivelmente esqueceu toda aquela tensão que tinha se instalado sobre nós e passou a comer o seu omelete com gosto, tive que rir disso. Essa era uma das coisas dele que me deixavam impressionado. “Então, você ainda passará a se dedicar mais as suas flores a partir de agora?”, perguntei. Tomei um pouco do meu café e analisei a expressão de Stiles, mais especificamente seus olhos, estavam vazio, distante.

Mas logo ele sorriu e disse: “Possivelmente.”.

Aquilo não era bem a resposta que eu estava esperando, mas tudo bem, seja lá o que tanto o incomoda, eu saberei pela noite. Tomamos o nosso café da manhã tranquilamente, resolvi puxar assuntos aleatórios, querendo evitar o distanciamento do outro. 

Conforme o dia passava, cada vez mais estranhava o comportamento de Stiles; olhando para as pessoas com um olhar perdido, principalmente para aqueles que, hora ou outra, encontrávamos se beijando — apesar de naquele mundo não podermos amar, nada impedia o desejo carnal, quando alguém acabava gostando da pessoa ela não dizia em voz alta, apenas se afastava e mudava-se de cidade, apesar de que existia alguns que falavam sobre seus sentimentos em voz alta, entregando-se a morte, eu os achava louco de tal atitude. 

“É triste não?” Franzi o cenho, dispersando meus pensamentos e focando em Stiles que olhava para outro ‘casal’.

“Como assim?”

Ele apenas me olhou e sorriu, mas era um sorriso cheio de dor, e isso apertou o meu coração. “Nada.” Para mim, isso não era um simples nada. Mordi o interior da minha bochecha não sabendo o que dizer, no fim, suspirei e voltamos a andar. Assunto vai e vem e quando menos percebemos estávamos na livraria, após várias insistência do Stilinski, que tanto queria comprar livros de romances — uma das coisas que a doença jamais poderia atacar. 

Eu via Stiles olhando para aqueles livros com certa euforia, sorri diante daquele comportamento. Eu sabia o quanto o acastanhado odiava o nosso mundo, e se tivesse um oportunidade de estar em outro — um onde pudesse amar, expressar o que sente em voz alta —, Stiles estaria feliz. Sentia um gosto amargo em minha boca sempre que pensava nisso. Esse não é um lugar para alguém especial como o Stiles. Jamais seria.

Ver aquele lindo sorriso sobre o seu rosto enquanto comprava os livros, deixava-me feliz. Ele vinha em minha direção como criança que recém comprou um doce. Sempre me perguntava o que o Stilinski tinha de tão especial que me atraia, era estranho. A infância dele não foi fácil, na verdade, quase de nenhuma é, mas do Stiles, foi… diferente.

“Vamos?” Pisquei meio atônito e sorri brevemente. 

“Vamos.”, disse, acompanhando-o até a saída. Conforme andávamos em direção ao bar, reparei em sua sacola, vendo que o habitual de sua compra — um à dois livros —, tinha comprado mais. Franzi o cenho. “Por que comprou mais livros do que o de costume?” Ousei em questionar.

Stiles parou de andar, fazendo com que eu parasse também, mas dois passos à frente. Ele estava mais estranho do que o habitual naquele dia, e isso me incomodava, muito. Aquela sensação incômoda de que algo ruim está por vir, preenchia-me por completo, e como eu odiava isso. Seus olhos castanhos me olhavam fixamente até serem desviados para a sua sacola, quando voltou a me olhar, sorrindo. Um sorriso tão forçado que me deixou inquieto. “Será minha última compra.”.

"Última?!" Estava incrédulo. “Como assim, Stiles? Você ama livros e vive enfurnado nas bibliotecas...” Eu estava aflito. Aproximei-me dele, segurando os seus ombros. “Stiles, me diz o que está acontecendo com você?”.

Novamente, Stiles sorriu. Pare de sorrir, Stiles. Esses seus sorrisos forçados estão acabando comigo. Apertei ainda mais os seus ombros. “Der… Me desculpa.”, assoviou abaixando a cabeça por breves momentos antes de levantar a cabeça e sorrir, dessa vez, um sorriso ameno, deixando-me levemente tranquilo. “Prometo que falo quando estivermos bebendo.”.

“O que tanto te perturba?”, sussurrei uma última vez.

“Mais tarde, prometo.”.

Engoli o bile preso em minha garganta e acenei. Voltamos a andar em silêncio, mas eu não deixava de olhar para Stiles a cada instante. Ele parecia nervoso, ansioso e… leve, eu não sei. Quando chegamos ao bar, em vez de sentarmos no balcão, como de costume, Stiles me insistiu em uma mesa afastada. Obviamente aceitei tranquilamente, já que provavelmente queria me contar o que te incomodava num modo mais privado.

Fiquei surpreso quando ele pediu whiskey. “É pra me dar coragem.”, disse. Acho que ele reparou o meu espanto já que riu. Vi passar seus dedos sobre a borda do copo e suspirar antes de me olhar, determinado. Mordiscou seus lábios, olhou para o canto e novamente suspirou, fechando brevemente os olhos, em seguida sorriu. “Já faz tempo que eu queria te dizer, mas eu não tinha coragem…” Aquilo tudo estava sendo estranho e aquela palpitação de que algo ruim ia acontecer, piorou. “Der…”, chamou-me, Stiles me olhava com tanto carinho que paralisei. Não. Não pode ser. 

“Stiles…” cortou-me. 

“Eu te amo!” Arregalei os olhos e arfei. Não. “Está tudo bem.”

“Não!”, disse alto demais. Por que permanecia sorrindo? Meus olhos queimavam. Desesperei-me quando Stiles começou a tossir, saindo levemente sangue. Tinha começado. Olhei para o relógio sobre o meu pulso, era oito e meia. Sentia meu coração batendo cada vez mais rápido e Stiles permanecia ali, tranquilizando-me com o seu olhar. Por favor, para. 

“Tá tudo bem.”, sussurrou, com leves lágrimas traçando o seu rosto. Tossindo mais uma vez.

“O que você fez, Stiles?” Foi a última coisa que perguntei antes que ele desmaiasse, ardendo em febre. Eu o tirei dali. E a única coisa que vinha em mente era, por quê?


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