I'm With You escrita por KL


Capítulo 8
Capítulo Sete: Modo Altiorem




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789327/chapter/8

O clima estava tão bonito no sábado que Scarllet se lamentou um pouco por precisar passar algum tempo na biblioteca. 

Terminou de tomar seu café-da-manhã, saindo ao mesmo tempo do Salão Principal que Kai, Scott e Katherina que iam para o campo de quadribol treinar. Kira ficou para trás, justificando que precisava resolver algumas dúvidas com Madame Promfrey que ela havia adquirido depois de ler um livro indicado pela curandeira.

Quando a ruiva chegou na biblioteca, ela parou um momento no começo das prateleiras da área destinada ao assunto “poções”, olhando a infinidade de livros distribuídos nela. Cruzou um braço na altura do peito e apoiou o cotovelo nele, colocando a mão no queixo e pensando onde poderia começar a procurar pela poção de autoria do professor Snape.

Começou a andar lentamente entre as estantes. O professor Snape tinha dito que havia terminado seu estágio aos vinte anos, mas Scarllet não sabia sua idade atual. Ela presumia que ele tinha algo perto dos trinta anos, portanto o livro que tivesse informações sobre a poção e até mesmo a receita devia ser recente, com menos de dez anos.

Com um estalo em sua mente, ela se lembrou que a biblioteca tinha um notável acervo de edições da revista “Poção Hoje”, principal publicação do ramo e que sempre falava dos lançamentos e novas descobertas do mercado. E, com mais um estalo, ela chegou à conclusão que o professor Snape também tinha estudado em Hogwarts, então Madame Pince provavelmente saberia lhe dizer entre quais anos ele havia estudado, o que reduziria bastante seu tempo de pesquisa.

Scarllet voltou para o começo da biblioteca sorrindo, mas seu sorriso logo se transformou em uma careta ao encontrar Madame Pince com seu espanador batendo na cabeça de um aluno do segundo ano que fugia apressado da biblioteca. A mulher que bem poderia ser comparada a um urubu com sua face escovada e sua pele de pergaminho virou seus olhos pretos e miudinhos para ela e Scarllet teve um sobressalto.

—O que foi, senhorita? -ela silvou duramente.

Scarllet reconsiderou sua decisão de perguntar sobre o professor para a bibliotecária por um momento, mas ela sabia ser a opção que mais pouparia seu tempo.

—Eu preciso de uma informação. -Scarllet murmurou, sabendo que se falasse muito alto iria receber uma bronca.

—Pois diga! -Madame Pince incentivou em um tom ditatorial.

—O professor Snape me passou um trabalho sobre uma poção de sua autoria. -a ruiva explicou, sabendo que se não desse explicações suficientes e satisfatórias sobre o porquê de precisar da informação, seria a próxima a ser expulsa da biblioteca a espanadada. -Mas ele me deu poucas informações sobre a poção, só o nome e uma estimativa da data que ele a criou.

—Poções não é uma das minhas especialidades. -Madame Pince a alertou, porém não soava mais tão agressiva.

—Sim, isso não é um problema. -Scarllet continuou -Eu acredito que consigo encontrar informações sobre a poção no “Poções Hoje”, mas para isso preciso saber mais ou menos… Bem, a idade do professor Snape para ter uma margem menor de procura.

Madame Pince a estudou por um momento, parecendo ponderar se a informação que Scarllet pedia e a justificativa que ela dava eram correspondentes. Scarllet sentiu até mesmo um frio no estômago e tentou fazer cara de inocente, mesmo que estivesse falando a verdade, até que a mulher concordou com um aceno lento.

—O professor Snape estudou em Hogwarts. -ela disse -Se entendi sua linha de raciocínio, você deseja que eu veja no registro de estudante dele qual o ano de seu nascimento?

Scarllet levantou as sobrancelhas.

—Eu tinha pensado nos anos que ele estudou em Hogwarts, mas o ano de nascimento melhora ainda mais a questão -Scarllet respondeu.

—Certo, senhorita. -Madame Pince confirmou -Me dê um minuto. 

Madame Pince sumiu para dentro de uma portinha que ficava atrás de seu balcão, e Scarllet soltou um senhor suspiro de alívio, só notando naquele momento que estava prendendo o ar. Depois de alguns minutos em que a ruiva esperou não tão pacientemente assim, a mulher mais velha voltou do quartinho com um pedaço de pergaminho em mãos.

—Aqui está. -ela estendeu o pergaminho para Scarllet, porém quando a ruiva ia pegá-lo ela puxou de volta. Scarllet subiu os olhos para entender o que acontecia e os olhinhos de urubu a encaravam estreitos -Se eu descobrir alguma traquinagem…

—Não, Madame! -Scarllet afirmou um tanto espantada -Se quiser trago até uma cópia do trabalho pra senhora ver.

Madam Pince ainda a encarou um momento e Scarllet mais uma vez tentou fazer a expressão mais inocente possível, até estender o pedaço de pergaminho de novo para ela e a ruiva pegá-lo um pouco rápido demais, com receio da bibliotecária tentar negar a informação a ela mais uma vez.

Scarllet deu as costas rápido, murmurando um obrigada para não parecer mal agradecida, e foi até a parte da biblioteca onde ficaram os acervos de revista e jornais. Se sentou em um dos bancos que havia ali, jogando a mochila que tinha nas costas aos seus pés, e olhou o pergaminho um pouco ansiosa em descobrir mais sobre seu professor de poções.

O pergaminho era uma cópia da primeira parte do registro de estudante. Madame Pince tinha focado a cópia na informação que Scarllet pedira, mas havia um pouco mais nas linhas que a antecediam e a sucediam e a Wolfgan não conteve a curiosidade em ler

Nome: Severus Prince Snape

Nascimento: 09 de janeiro de 1960

Filiação: Elileen Prince Snape e Tobias Snape

Anos de frequência escolar: 1971-1978

Endereço: Rua das Fiações nº 85, Cokeworth, Inglaterra

Scarllet levantou as duas sobrancelhas. Em primeiro lugar, o professor Snape era bem mais novo do que ela supunha, tendo apenas 22 anos, fazia apenas dois anos que ele havia entregado seu projeto de pesquisa e se tornado Mestre em Poções e Scarllet teve que agradecer sua esperteza em ir procurar essa informação, pois ela ia perder muito tempo olhando revistas muito mais antigas à toa. Além de ele ser apenas seis anos mais velho que ela própria, o que era um pouco estranho, visto que ele era seu professor e uma figura de autoridade. Em segundo, Kira morava em Cokeworth com seus pais e sua irmã e ela achou uma coincidência curiosa o professor ter morado, ou ainda morar, quem sabe, próximo a sua amiga.

E, em terceiro lugar, mas o que mais chamou sua atenção, a família Prince era uma família muito antiga de linhagem puro-sangue ao qual ela achava que estava extinta, segundo leu na única vez que foi visitar seus avós paternos em um livro que eles tinham na mesa da biblioteca da casa, “Famílias Mui Nobres e Seus Sangues”. Pelo que ela se lembrava do que estava escrito, a única descendente da família tinha se perdido, mas aparentemente a verdade era que ela havia se casado com um nascido-trouxa, provavelmente. Scarllet fez uma careta com isso. Famílias puro-sangue e suas tradições era algo que a deixam enjoada, principalmente por causa da sua própria.

Ela suspirou, dobrando o pergaminho e o enfiando em um dos bolsos da mochila. Apesar das novidades sobre o professor serem surpreendentes, ela sabia que não devia estar bisbilhotando a vida dele e se sentiu por um momento envergonhada. Resolveu deixar aquilo de lado e se concentrar no seu objetivo original, assim não pareceria tanto que estava fazendo mexericos.

Fazendo uma conta rápida, foi levada às edições da revista de 1980. Buscou em suas anotações o nome da poção que o professor havia dito, Modo Altiorem, e resolveu começar sua busca pelos índices, buscando o nome do professor ou da poção. Ela tinha esperança de o fato ter sido importante o suficiente para ter algum destaque.

E mais uma vez sua intuição se mostrou correta quando, depois de algum tempo em sua busca, ela achou uma menção a “Severus Snape, o mais jovem Mestre em Poções” na edição da segunda quinzena de outubro de 1980.

Scarllet exclamou animada, seguindo para a página indicada no índice. O começo do artigo falava do destaque que o professor Snape teve como aluno no Curso Avançado em Poções da Academia de Estudos Avançados em Poções e Elixires Europeia. Ela leu interessada sobre a vida acadêmica do professor, que reforçava suas contribuições e talento para pesquisa ainda enquanto aluno.

O artigo não mencionava o nome do Mestre de Poções que foi responsável pelo estágio do professor, relatando o fato como confidencial. Após todas essas informações, enfim começavam a falar da famigerada Modo Altiorem.

Conforme lia, Scarllet sentiu sua boca se abrir e foi ficando cada vez mais e mais impressionada. O nome da poção vinha do latim e significava “sentidos superiores” e seu nome não era a toa: Quem tomava a Modo Altiorem tinha todos os seus sentidos intensificados a tal ponto que podia ser considerado desenvolvido até um sexto sentido: O usuário enxergava cada pequeno detalhes no local que estava, até mesmo as partículas de poeira, ou um pequeno inseto voando alto, sua pupila se ajustava a iluminação, e mesmo na total falta de luz, ainda assim conseguiria enxergar. A audição e o olfato eram comparáveis às de um cão, precisos. A pele ficava tão sensível que podia prever até mesmo aproximações pela movimentação do ar e, se descalço, pela movimentação da terra. A poção criava um superbruxo, um ser com sentido superiores de forma literal.

A única falha da poção era que, por conta de um veneno de víbora específico usado em sua composição, o uso em grandes quantidades deteriorava o fígado de quem tomava. E, para dominar os efeitos dela e os sentidos superiores que eram dados pelas mesmas, era preciso muito treino e dedicação, pois o cérebro humano não estava acostumado com a quantidade de estímulos.

—Uau! –Scarllet exclamou após o fim de sua leitura.

Apesar do problema apresentado, a poção era mesmo genial e não era à toa que o professor Snape havia conseguido seu título de Mestre de Poções. Se o problema com o veneno da víbora fosse solucionado, os aurores poderiam usar a poção para se tornarem muito mais eficientes na captura de Comensais da Morte fugitivos, por exemplo.

Scarllet puxou um rolo de pergaminho, pena e tinteiro de dentro da mochila. Anotou algumas referências da revista, indicando onde seriam publicadas mais informações sobre a poção, e começou seu relatório.

OoOoOoOoOoOoOo

A passos largos, Scarllet cobria a distância da biblioteca ao Salão Principal, nem se dando ao trabalho de passar no Salão Comunal para deixar a mochila, o estômago roncando alto.

A ruiva sorria, satisfeita consigo mesma. Tinha pulado o almoço, não intencionalmente, apenas estava afundada entre todas as informações que havia encontrado, mas tinha feito todo o relatório que o professor Snape pedira sobre a poção com perfeição, tinha certeza. Não havia achado uma correção para o problema com o veneno de víbora e teve a audácia de colocar algumas sugestões no fim de seu relatório depois de analisar a composição da poção por longas horas e fazer algumas pesquisas. Ela sabia que aquilo podia ser uma faca de dois gumes, ele podia já ter tentado tudo aquilo e se enfurecer com ela por ser impertinente mais uma vez, mas ela estava pagando para ver. Iria entregar o relatório na segunda-feira e esperar a reação do professor a respeito dele.

O cheiro que saia pelas portas do Salão Principal a fez apertar o passo e viu-se quase correndo quando passou as portas, procurando pela mesa e torcendo para encontrar logo seus amigos. Por sorte, o time inteiro de quadribol da Grifinória estava sentado junto e ela correu até eles, se sentando entre Miranda e Kira, que também estava ali.

—Nossa, você sumiu o dia todo. –Kira disse assim que ela cumprimentou todo mundo e começou a se servir.

—Eu estava na biblioteca. –Scarllet respondeu. –Onde eu disse que estaria.

—Eu fui te procurar. –Kira rebateu –Procurei por todo canto e não te achei .

Scarllet franziu o cenho, enchendo seu copo.

—Ah! –exclamou –Eu estava na parte do arquivo de revistas e jornais, mais pro fundo a esquerda, sabe?

—Ah... –Kira assentiu –Realmente, lá eu não fui. Achou o que você precisava?

—Sim. –Scarllet respondeu, mas não prolongou o assunto, atacando a comida no seu prato.

—Não almoçou, né? –Kira perguntou meio risonha, meio repreensiva.

Scarllet apenas acenou positivamente, com a boca cheia demais para falar. Kira revirou os olhos para ela, mas deixou a amiga comer em paz. Por um momento, tudo que ela prestou atenção foi a textura do frango e do purê de batatas, que estavam deliciosos. Depois, começou a entre ouvir a conversa dos amigos, que mesmo depois de treinar o dia inteiro ainda falavam de quadribol.

—...e então vamos nos reunir no Salão Comunal mesmo? –Scott perguntou e Scarllet franziu o cenho, meio perdida na conversa.

—Não. –Kai respondeu –Reservei uma sala no segundo andar com a McGonagall.

—A gente tem muita sorte dela estar tão ou mais empolgada que a gente pra levar essa taça. –suspirou Miranda.

—Com certeza. –afirmou Lin. –E nós temos que levar. É meu último ano aqui pessoal, tenho que sair com classe.

—É verdade que você recebeu dois convites da liga profissional já, Smaler? –Paul Sthil, um menino muito maior do que os outros terceiranistas e que era o novo artilheiro daquele ano do time perguntou.

Lin fez uma careta, como quem não gostaria de se gabar sobre aquilo.

—É. –ela respondeu –Mas isso não significa que eu estou dentro. Preciso passar por avaliações e testes antes.

—E o time levar a taça esse ano vai ser muito bom pra Lin lá fora, quando ela se formar. –Kai afirmou.

—E pra você também. –Lin concluiu –Você é nosso capitão. Tem um grande potencial e é o melhor goleiro que vi jogar na escola os sete anos que estudo aqui. Ter no currículo o campeonato do seu primeiro ano como capitão é grande coisa, Kai. 

Scarllet podia jurar que Kai corou com a constatação da loira, o que quase a fez engasgar com a comida, suprimindo uma risada.

—Essa reunião de vocês vai demorar? –Kira se pronunciou e Scarllet olhou para ela, ainda tentando entender o contexto geral da conversa.

—Acho que sim. –Kai afirmou –Lin disse que é uma boa ideia a gente dar um feedback geral uns para os outros do que a gente tem observado. Não só eu falar e apontar, mas o time todo. Eu achei uma ideia brilhante, então além de repassar algumas programações de jogada que treinamos hoje vamos fazer isso. Somos sete pessoas pra falar de sete pessoas, acho que vai demorar um bocado... Por que?

—Ah... –Kira corou de leve, mas Scarllet só notou porque estava muito perto –Eu meio que preciso falar com você depois, pode ser?

Kai franziu o cenho.

—Certo... –ele respondeu –Devo amortecer meu traseiro para você chutar?

Kira riu.

—Não.

Kai sorriu para ela.

—‘Ta bom, então. –ele disse se levantando e sendo imitado por todo o time –Eu te acho.

—Ok. –Kira respondeu.

Os sete saíram falando alto e dando risada, como bons grifinórios que eram. Scarllet olhou para Kira quando já não dava para escutar a barulheira dos amigos, encoberta pela distância e pelo murmúrio de conversa das outras pessoas que jantavam. A pele amorenada de Kira estava muito mais esbranquiçada do que ela já vira qualquer vez.

—Coragem. –Scarllet incentivou, se lembrando por fim do que a Tuner tinha lhe dito que ia fazer após o treino –Você é uma Grifinória ou um rato?

—Sinceramente? –Kira perguntou, olhando para Scarllet e mostrando os dentes da frente e balançando o nariz.

As duas explodiram em gargalhadas.

OoOoOoOoOoOoOo

O dormitório estava vazio quando Scarllet entrou. Ela largou a mochila em cima da malão e soltou o cabelo, sentando-se na cama.

A garota suspirou. Kira e ela tinham tentaram terminaram alguns trabalhos para entregar na semana no Salão Comunal no tempo em que esperavam Kai. Mas a morena estava muito dispersa e distraída, Scarllet tentava fazê-la focar e não ficar tão nervosa, mas dado momento Kira achou melhor ficar sozinha e Scarllet acatou o pedido da amiga, subindo para o dormitório.

Estava com a cabeça tão cheia de ler o dia inteiro que optou por apenas tirar os sapatos e deitar na cama, fitando o teto. Havia uma leve dor de cabeça se instalando, resultado do tempo sem comer e de forçar por tanto tempo concentração em algo, por mais que ela não tivesse notado isso enquanto fazia. Sorriu de novo, pensando em como estava contente com seu trabalho, mas seus pensamentos voltaram rápido para o problema que estava para se resolver, ou começar, entre seus amigos.

Ela não gostava de pensar muito sobre isso, mas ela sabia que as chances de Kai corresponder os sentimentos de Kira eram mínimas. E Kira também sabia, e por isso mesmo tinha protelado bastante tempo para contar para ele. Ela não sabia qual seria a posição dos dois a respeito dessa história depois que Kira falasse o que tivesse que ser falado e isso era preocupante na forma que impactaria na amizade deles dois e, pensando de forma um pouco egoísta, deles três.

Sua linha de pensamento foi quebrada pela abertura da porta e Scarllet se esticou para ver quem era. Marta Smaler entrou, o rosto um pouco corado, parecia ter subido as escadas correndo.

—Oi, Lily. –ela cumprimentou indo até seu malão e o abrindo, procurando alguma coisa no meio da bagunça que era lá dentro.

—Oi - respondeu Scarllet, sem se dar ao trabalho de corrigi-la, conformada com a maldita mania que a companheira de quarto tinha de chamá-la pelo detestado primeiro nome. –O pessoal do time já voltou?

Marta parou para pensar por um momento, já com o que procurara em mãos, um livro antigo, de capa de couro de dragão.

—Não vi ninguém. –ela respondeu –E Lin ia pegar algo comigo quando voltasse, então imagino que realmente ainda não.

—Certo. –Scarllet concordou –Obrigada.

—De nada, Lily. –a Smaler sorriu e deu as costas, saindo do quarto e deixando Scarllet sozinha com seus pensamentos mais uma vez.

A ruiva voltou a deitar-se para alguns minutos depois a porta se abrir mais uma vez e ela se esticar, vendo Katherine entrar no quarto.

—Oi, Scar! –ela cumprimentou –Por Merlin, eu quero um banho e cama e só quero ouvir falar a palavra “quadribol” semana que vem.

Scarllet riu.

—Eu vou fingir que acredito. –ela afirmou –Kai e Kira...?

Katherine lançou um olhar significativo para Scarllet.

—Estão conversando.

—Certo. –Scarllet estreitou os olhos –Você...?

—Bem.. É, meio que notei. –Katherine afirmou com um riso amarelo.

Scarllet correspondeu a expressão. A Watson fez um gesto como quem diz para deixar para lá e se dirigiu para o banheiro.

Scarllet deitou uma terceira vez na cama, tirando de dentro da gola de suas vestes o colar que ganhara de Kira de presente de Natal. Conforme o ano foi passando, eles haviam descoberto algumas outras cores para a pedrinha de acordo com o humor dos três: Roxo para estresse, o que acontecia com bastante frequência atualmente, amarelo para doente ou lilás para ansiedade. No momento, as três pedrinhas estavam lilases e Scarllet não conseguiu segurar a risada nervosa.

Se concentrou na parte dourada da estrela, encarando-a e esperando alguma mudança. Aos poucos, o lilás foi perdendo cor até se tornar cinza.

—Ah, não... –Scarllet murmurou e levantou.

Pensou por um momento, mas decidiu que o melhor era descer. Chegou ao Salão Comunal um pouco afobada, seus olhos procurando sinal dos seus melhores amigos. O buraco do retrato abriu e por ele entrou Kai, o rosto tinha uma expressão de dor de barriga e os olhos azuis pareciam meio perdidos por detrás dos óculos quadrados.

—Kai! - chamou Scarllet, parando em frente dele - Cadê a Kira?

—Você sabia?

—Sabia e se você me perguntar por que eu não te contei, eu te dou um soco! - respondeu impaciente. - Cadê a Kira?

Ele crispou os lábios, talvez pensando em uma resposta dura para ela. Scarllet o olhou impaciente. Sabia que o amigo provavelmente estava precisando de uma palavra amiga também, mas Kira tivera seu coração quebrado. Era ela que Scarllet precisava falar primeiro.

—Ela correu pra cima. –ele respondeu, tirando o óculos e passando a mão no rosto –Eu sou um idiota, devia ter ido atrás dela, não entrado!

—Eu vou. –Scarllet negou a afirmação dele –Fica aqui.

Kai apertou a ponte do nariz e assentiu. Scarllet saiu pelo buraco, pedindo para a estrela indicar a localização da amiga. Seguiu-a até a Torre de Astronomia, onde encontrou Kira sentada no parapeito de uma das janelas, olhando o céu estrelado, lágrimas molhavam suas bochechas e ela soluçava vez ou outra.

Scarllet andou até ela e a abraçou, sendo correspondida de imediato. O choro da morena se intensificou por um tempo e Scarllet acariciou os cabelos dela até ela se acalmar.

—O que aquele idiota fez? –a ruiva murmurou.

Kira soltou uma risada anasalada.

—Disse que nunca me viu desse jeito. –respondeu com a voz embargada. –Que eu e você somos as irmãs mandonas que ele nunca teve e que nunca conseguiria olhar qualquer uma de nós duas assim. Que nunca quis que eu gostasse dele desse jeito, pediu desculpas até. Ele não foi exatamente sensível... Foi apenas... Kai.

Scarllet riu e Kira se levantou do abraço, dando um sorriso para ela. Não era um sorriso feliz, mas era verdadeiro.

—Ele disse que não quer que nossa amizade acabe e que se eu quiser finge que a conversa nunca aconteceu. –ela continuou –E eu não consegui dizer nada... Sai correndo. Acho que ele acha que eu não quero mais falar com ele.

Scarllet segurou a mão de Kira e disse, sorrindo gentil:

—Vai ficar tudo bem, Kira.

Kira assentiu, confiando nas palavras amigas que eram estendidas e as duas se abraçaram, desfrutando o sentimento acolhedor de amizade que tinha uma pela outra. Foi nesse momento que ouviram a porta da torre abrir e os olhos das duas se viraram para lá.

O professor Snape estava parado na porta, olhando para duas com uma sobrancelha arqueada. Ele tinha a varinha em punho iluminando sua frente, o que levava as garotas a chegarem à conclusão que estava patrulhando os corredores e que, portanto, já passara do horário do toque de recolher.

—O que as senhoritas Wolfgan e Tuner estão fazendo aqui? –ele perguntou.

As duas se levantaram do parapeito apressadas, Kira esfregou as costas das mãos no rosto para se livrar do rastro de lágrimas que ainda tinha no rosto.

—Desculpe, professor. –Scarllet pediu –Não nos demos conta do horário.

—Isso não responde minha pergunta, senhorita Wolfgan.– Snape retrucou, mas Scarllet notou que ele não tinha toda sua acidez usual na voz.

—Minha culpa, professor. –Kira se pronunciou a voz ainda denunciava seu choro recente –Não puna a Scarllet por um erro que foi meu, por favor. Aconteceram algumas coisas e eu saí correndo sem rumo e sem me preocupar com o toque de recolher como uma tola.

Scarllet ia abrir a boca e protestar, mas Snape foi mais rápido:

—Já que tem ciência do próprio erro, senhorita Tuner, se policie para que ele não se repita. Vocês da Grifinoria parecem que tem um sério problemas com horário. –ralhou e lançou um olhar significativo para Scarllet, depois voltou a olhar para Kira – Sugiro que da próxima vez que brigar com o namorado, corra para seu dormitório e não para fora do Salão Comunal. Terá o mesmo efeito.

Kira abaixou a cabeça.

—Sim, senhor. –respondeu.

Scarllet olhou para ela indignada e abriu a boca para protestar mais uma vez, porém, de novo, o professor se adiantou:

—Vão logo para a Torre da Grifinória antes que eu dê uma detenção para cada! –ele mandou, abrindo passagem para as duas e as olhando com uma expressão autoritária.

Kira levantou a cabeça rapidamente e boquiaberta olhou para Scarllet, que tinha as duas sobrancelhas arqueadas. Sem esperar uma segunda ordem ou que o professor reconsiderasse sua decisão, visto que ele sequer tinha aproveitado a oportunidade tão boa para tirar pontos da Grifinória, elas correram para fora da Torre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá pessoas!

Eu sumi, tenho ciência e eu só posso pedir desculpas. É que... Bem... Eu meio que juntei as escovas de dente e os gatos com o namorido e to em "peridodo de adaptação" hahahaha'

Enfim, espero que tenham gostado das informações sobre a poção, a curiosidade da Scar em relação ao Snape, do fora do Kai e do nosso Severus sendo compadecido com as meninas.

Deixem comentários pleeeease!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm With You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.