Capítulo 02

Mais uma mentira.

O beta seguiu o quimera em direção a sua picape e mesmo que as palavras de Scott ainda rondassem o seu pensamento, ele não conseguia não ficar irritado com Theo... Havia um ódio gratuito, ou o fato dele alimentar o ódio que um dia ele sentiu porque ele sentia que aquele era o sentimento certo.

Era por isso que ele estava há quase uma hora e meia naquela picape sem falar nada.

—Mesmo que todos saibam quem somos.  Espero que Scott não jogue essa de hospital. –Revela com os olhos focados na estrada.

Liam sabia que estaria entrando em um território perigoso, ele não queria demonstra que se importa, ele precisava manter esse distanciamento, mas ele sabia que não conseguira se conter por muito tempo.

—Por quê? –Questiona, confuso.

—Ele sabe que eu não tenho dinheiro para uma conta de hospital... Mal dá para sobreviver... E que ninguém me trataria de graça... Demissão na certa e servos a vista. Eu não posso ser demitido... O que eu colocaria no currículo? Ex-maníaco assassino procura emprego? –Questiona, sarcástico.

—O doutor, ele... –Interrompe-se com uma risada de Theo, que ligava o seu celular e clicava mais uma vez na localização do seu destino.

—Concertei o carro dele... Está morando com Mason? –Questiona, sussurrando.

—Não vou ficar por muito tempo... Ser vela é complicado... –Interrompe-se engolindo em seco. –Estou pensando em cursa história. –Revela, sentindo o olhar de Theo sobre si.

Ele não deveria continuar a falar, mas ele queria conversar com alguém, as suas duvidas estavam rondando a sua cabeça e Theo tinha virado o tipo do cara que falava a verdade, doesse o que doesse.

—Lembro que curte. –Diz, seguindo por uma estrada de terra. –O que está te incomodando? –Questiona, confuso.

—E se eu pegar uma cadeira e bater na cabeça de um aluno? –Questiona, arrancando uma risada de Theo.

Liam solta um rosnado, aquela era uma duvida real, uma duvida que poderia muito bem acontecer!

—Ser a preso e demitido? –Questiona, divertido, porém a risada acaba quando Liam lhe dá um soco, quase fazendo-o perder o controle do carro. –Hei... Eu só falei a verdade! –Acusa, irritado.

Liam encolhe-se no banco, colocando uma expressão emburrada no rosto, enquanto cruzava os braços.

—Eu sei que falou... Manso sabe o que fazer... Todos sabem menos eu! –Resmunga, irritado.

—Eu não tenho ideia do que eu estou fazendo. Eu só estou sobrevivendo... Sou bom mecânica e seguir por esse caminho. –Diz, dando de ombros.

—Se você diz. –Resmunga, revirando os olhos.

Liam sabia o quanto ele era bom, Theo estava virando o melhor mecânico da cidade... Não que ele fosse dizer isso para o mais velho.

—Eu sei... Eu também posso virar modelo... Malia hoje babou no meu tanquinho. –Comenta, despreocupado, fazendo Liam arregalar os olhos.

—Malia tem noivo! –Acusa, irritado.

—Eu sei e não estou interessando... Mesmo que os dois ficarem juntos tenha sido a coisa mais bizarra que aconteceu... E que quando a Kira brotar do nada a guerra vai se instaurar... E mesmo que eu goste de esquentadinhos... Ela não faz meu tipo... Ela seria uma boa aliada na época que eu queria matar todo mundo! –Diz, despreocupado.

—Você está abusado hoje. –Acusa, irritadiço.

Theo estaciona, fazendo com que Liam o encarasse com os seus olhos semicerrados.

—O quê? Nós chegamos! –Diz, despreocupado.

***

Estavam acampados perto da cabana no meio da floresta, uma cabana rustica e pelo estado lamentável estava abandonada há bastante tempo.

—Essa estrada é bem localizada demais para nós. –Resmunga, negando com a cabeça.

Theo conseguia sentir o olhar de Liam sobre si, quase conseguia ouvir as engrenagens da sua cabeça levando-os para um grande problema, porém considerou ignorar o aviso e segui-lo... Na verdade, ele sabia que acabaria seguindo e acabaria quase morto.

Não seria a primeira vez... Aconteceu com a Caçada selvagem, aconteceu com os Caçadores... Ele já havia perdido as contas quantas vezes quase morreu pelo beta e quantas vezes mentiu dizendo que não morreria por ele.

—Temos que chegar mais perto. –Revela, voltando os seus olhos em si, aqueles redondos e expressivos olhos que sempre lhe encaravam de forma expressiva.

—Eu não vou ser baleado por você! –Afirma, negando com a cabeça. –Não vou ser morto porque você acha que pode agradar mais o seu alfa. –Diz, encostando-se em uma árvore.

—Eu não quero agradar ninguém... Eu quero salvar meus amigos! –Afirma, recebendo uma risada sarcástica de Theo.

Não que esse lado super-herói de Liam não fosse interessante, mas a falta de senso de morte dele tirava Theo do sério!

—Então, vá sozinho. –Comenta, encostando a cabeça na árvore, voltando os seus olhos em direção à estrada, observando alguns caçadores saindo de uma picape com mais caixas, possivelmente, mais armas.

—Sempre agindo como um babaca! –Acusa, fazendo-o revirar os olhos.

—Não estou agindo como um babaca, seu imbecil... Mas quem levaria a porra da informação se formos mortos? Estamos aqui para colher informações, não para salvar o mundo! –Lembra, voltando os seus olhos em direção a Liam, mas ele já estava se movimentando, aproximando-se mais da cabana.

Theo havia calculado a distancia perfeita para não serem pegos no radar, quando viu a localização percebeu porque Scott havia lhe dado aquela área, ele a conhecia, ele já havia acampado ali quando acreditou que poderia sair da cidade sem olhar para trás.

Ele poderia ter ficado ali e deixado Liam ter grandes problemas sozinhos, porém ao avistar um grupo de patrulha, ele não conseguiu se conter, quando deu por si, já havia acompanhado Liam, cobrindo o seu corpo com o seu e recebendo dois tiros em suas costas, empurrando-o em direção a caminhonete e mesmo sentindo fraqueza em suas pernas, forçando-se a correr, empurrando-o para dentro da caminhonete e jogando-se no banco do carona.

O suor escorria pela sua testa, enquanto Liam arrancava com a caminhonete, naquele momento todos já haviam sido avisados e se eles não saíssem rapidamente, ambos sairiam mortos daqui.

—Você me disse que não morreria por mim... Que só lutaria comigo! –Acusa, ofegante.

Theo podia observar as garras de Liam apertando contra o seu volante, fazendo-o soltar uma fraca risada.

—Precisa entrar pelo meio da outra mata... Precisa queimar a ferida. –Revela, fechando os olhos com força.

—Theo. –Chama, balançando-o. –Seu mentiroso, filho da mãe! –Chama, nervoso.

—Qual é a surpresa por eu ser pego em mais uma mentira? –Questiona, ofegante.