Abusivo: A história que ninguém conta escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 19
Capítulo 18




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“ PARABÉNS FORMANDOS DE MEDICINA 2015! ”

Eram essas as palavras que surgiam no telão nos altos da avenida Mato Grosso, já bem próximo ao belíssimo salão de festas escolhido pela turma de Medicina daquele ano. Ou melhor, salão escolhido por Jean e a equipe de formatura. Fico encantada já com o lustre majestoso e as escadarias de entrada metalizadas e degraus de vidros transparentes.

Após subir as escadas me deparo com um salão glamoroso, com dourado das paredes ao chão, espelhos venezianos, muito brilho e cristais, enormes lustres pendentes e iluminação que valoriza os ambientes, pouco é exigido em decoração extra. Até os banheiros têm o requinte que mais parece ter saído de alguma revista de decoração. Cortinas que cobrem do teto ao chão, dividem o local em ambientes e conforme os convidados vão chegando, as cortinas vão se abrindo e o espaço é ampliado.

Ao lado, outro salão integrado e mais contemporâneo, em vermelho, preparado com mesas e com o palco para som ao vivo.

Entre eles a imponente escada clássica, por onde os formandos descerão com seus pais ou familiares para encontrar seus convidados. Por que estou contando isso? Porque sou a convidada que está posicionada ao pé da escada, com o vestido preto mais belo e caro que usei na vida, esperando pelo Jean e seus pais. 

Um a um, começam a descer pela escadaria iluminada com fogos de artifício revestida de dourado. Até que chegou a vez do Jean e seus pais. Eles sorriam e acenavam como verdadeiros astros de cinema. 

Todos os formandos e seus familiares se instalam na pista de dança bem no centro, brindam e depois vem a valsa, onde Jean dança com sua mãe e o seu pai sai de cena. O Dr. Vasconcellos passa por mim como se eu fosse invisível e se senta em uma mesa com os mestres do filho. Finjo que aquilo não me atinge, mas não consigo parar de pensar se eles já sabem que estou morando com Jean e que ele abriu uma conta comigo.

Ao término da valsa é que finalmente teria um tempo a sós com o Jean e descobriria onde iríamos nos sentar (ou era isso que ele havia me dito em casa). Mas assim que a valsa termina, uma onda de pessoas toma conta da pista e o perco de vista. Tento seguir o fluxo, mas quando finalmente chego na pista de dança só vejo rostos nada conhecidos, até que alguém me abraça efusivamente:

— Cat!!! — Grita Thiemy me girando junto com ela.

— Que bom que você veio!!! Eu me formei!

— Parabéns — digo feliz pela conquista de Thiemy, a quem eu realmente não via tem um bom tempo. Começo a olhar para os lados buscando as outras meninas. — E cadê as outras?

— Não vieram — responde Thiemy revirando os olhos. Então ela me olha de cima até embaixo, surpresa — Uau, quem te viu, quem te vê hein, amiga… Tá poderosa…

— Obrigada — agradeço sem graça ajeitando a trança levemente para trás.

— Você por um acaso viu o Jean?

— O seu marido? — Provoca Thiemy estreitando os olhos. — Provavelmente ele deve ter ido tirar as fotos. Venha, assim eu aproveito e tiro com você também.

Ela me puxa em direção ao espaço destinado as fotos oficiais do baile de formatura. Vários formandos estão lá com suas famílias e suas feições de felicidades inebriantes. Vários...mas nenhum era o Jean com os seus pais. Thiemy me leva até um dos fotógrafos. Sua assistente nos entrega taças de champanhe e o capelo para a minha amiga. Tiramos fotos animadas quando surge um grupo de meninas formandas e suas amigas ao nosso lado e não consigo deixar de prestar atenção na conversa delas, ainda mais quando uma delas passou dizendo o nome do Jean:

— Estou dizendo, ele está a perigo hoje. Ele e o seu fiel escudeiro. — continua a formanda toda maquiada.

— Mas ele não está com aquela menina de psicologia? — pergunta uma delas surpresa.

— Nada, eu sei que ele está se envolvendo com uma de biologia e pagando de oficial com uma de pedagogia — informa a outra arrumando o capelo na cabeça. 

— Ele é muito gato para estar comprometido — elogia a que pensa que faço psicologia.

— Ele não está. — garante a primeira com um sorriso nos lábios. — Isso eu te garanto.

— Garante? Como assim? — questiona a menina do capelo.

— Se ele estivesse tão comprometido, por que ele teria marcado de dar uns pegas na Jaque hoje? — revela uma das outras.

Aquela revelação me faz derrubar a taça das minhas mãos e derramar todo o champanhe em meu vestido e no da Thiemy que grita atraindo atenção de todos, até das meninas que me encaram espantadas.

— Desculpa — sussurro para Thiemy.

Não espero a resposta da minha amiga e saio caminhando apressada de volta ao salão de festas, desnorteada. Preciso encontrar o Jean e pôr um fim as minhas suspeitas, ou confirmá-las. Seja o que for, esse jogo de gato e rato precisa terminar hoje. 

A pista de dança está lotada e as luzes acompanham o ritmo da música eletrônica, atrapalhando minha visão. Eu me esforço para encontrá-lo, mas estava bem difícil. Até que alguém segura meu braço e me faz rodopiar: Era Sérgio. Ele me puxa em direção ao seu corpo, colando meu rosto no seu:

— PRIMEIRA DAMA!!! — grita em meu ouvido. — Está perdida?

— Não — respondo, séria. — Estou procurando o Jean, você o viu?

Sinto Sérgio segurar a respiração levemente, está pensando em alguma resposta, ou melhor, mentira para livrar a barra do amigo só pode:

— Cara, eu não o vi. Por que o está procurando, primeira dama?

— Porque eu não o vi desde que começou esse baile! — respondo irritada. Afasto minha cara e encaro Sérgio. — Não o acoberte, Sérgio. Não minta pra mim, diga onde ele está.

— Eu não sei, garota — responde Sérgio, defensivo. — Sei lá, ao invés de ficar na cola dele como uma sombra, por que você não aproveita para se divertir, hein?

Ele me puxa de volta contra seu corpo, mas aquilo me enoja de tal maneira que o empurro e saio caminhando apressada pela pista, com medo que ele venha até mim. Então eu paro e encaro as cortinas que ficam na frente dos banheiros se abrirem.

 Jaqueline surge de uma delas ajeitando o canto dos seus lábios com o batom recém retocado. Não demora muito e lá vem o meu namorado ajeitando seu terno e limpando seus lábios. 

Fico parada mais alguns minutos sendo rodeada por pessoas animadas e alheias aos meus sentimentos. Deixo as lágrimas caírem e então caminho em direção oposta ao Jean.

****

Meu estômago está embrulhado, as luzes de festas pareciam flashes me deixando desnorteada para achar a saída e o ar parecia ter sumido. Eu não quero acreditar no que eu vi, ele não podia fazer isso comigo. Fui tão burra que não vi o que estava diante de meus olhos. Todo esse tempo ele estava me traindo. Aquelas ligações, as inúmeras mensagens e a maneira como ela tocava nele. “Ele vai te usar e jogar fora.” foi o que minha mãe disse e eu não dei ouvidos.

Meu estômago que estava embrulhado agora doía ou era a dor que eu sentia que estava vindo do meu peito? Eu já não sabia ao certo o que eu estava sentindo, apenas uma vontade absurda de sumir ou fugir dali. As pessoas passavam por mim, algumas esbarravam quase me fazendo cair e a única coisa que eu queria era sair daquele lugar e respirar. O ar parecia ter sumido e a sensação de estar sendo sufocada era enorme.

Finalmente encontro a rua, eu só conseguia olhar para o céu e puxar o ar para dentro dos meus pulmões, meu rosto completamente molhado das lágrimas que rolam por meu rosto e eu só queria sumir. O mundo havia ficado silencioso por um breve momento até ouvir alguém gritando meu nome e uma luz alta surge em minha direção, não havia reparado que estava literalmente na rua e um carro vinha na minha direção em alta velocidade, mas uma mão forte me puxa pelo braço e me tira da direção do carro. Aquela mão que me puxava eu já conhecia, era Jean que estava dizendo algo, ou melhor, gritando algo para mim mas eu não conseguia entender nada e muito menos ouvir a voz que saia de sua boca. Eu estava em choque, sem emoção alguma para esboçar e ele me sacudia inúmeras vezes até que finalmente eu acordo de meu transe.

— CATARINA! — Diz Jean, enquanto me sacudia e eu voltava para a realidade. — Você está me ouvindo Catarina? Está bêbada?

Havia algumas pessoas do lado de fora do salão olhando para gente, alguns fotógrafos tiravam fotos, ainda estava desnorteada tentando processar tudo aquilo que eu sentia e eu só queria sair dali. Eu empurro Jean e tento sair andando sem dizer nada a ele, mas ele me segura novamente e começa a me levar para rua ao lado do salão de festas.

— Era só o que me faltava você bêbada e me dando vergonha. — Diz Jean enquanto me soltava praticamente me empurrando, ele estava nitidamente irritado e passa as mãos pelos cabelos.

— Eu estou te fazendo passar vergonha? E você? Não está me dando vergonha? — Questiono enquanto choro irritada. — Você me dá nojo Jean.

— Do que está falando? Quer saber... você vai embora agora para que eu possa curtir a minha formatura em paz. — Diz Jean me dando as costas e caminhando para o salão.

— Isso mesmo, vá para festa e curta sua amante! AMANTE! — Digo aos berros e ele volta novamente me segura pelo braço com força.

— Quer parar de chamar atenção? Que amante é essa que você inventou? — Diz Jean que procura as chaves do carro nos bolsos da calça.

— Eu vi! Você e aquela loira....vocês tinham se beijado...para de mentir Jean.

Jean está olhando para mim furioso, sei que seu sangue está fervendo, mas seu semblante logo muda com a chegada de Sergio e da maldita loira. Jean sorri para eles me deixando para trás.

— Está tudo bem maninho? Eu ouvi lá dentro que Catarina quase foi atropelada. — Diz Sérgio enquanto me olhava curioso.

— Eu fiquei extremamente preocupada com você Jean. — Diz Jaqueline.

— Agora ela está preocupada. — Resmungo atrás do Jean.

— Cala a boca Catarina! — Diz Jean se voltando para mim e voltando a ficar com o semblante que estava de furioso.

— O que foi? Vai defender sua amante? — Questiono.

— Catarina eu não sei de onde você tirou essa história de amante querida…amante é só para quem tem alguém oficial. Não acho que seja o seu caso. — Provoca Jaqueline.

Jean e Sérgio trocam olhares como se um pudesse ler a mente do outro e logo Sergio está tirando Jaqueline dali e espantando os olhares curiosos que estavam parados na esquina. Jean me pega com força pelo braço e me joga dentro do carro, em seguida sai cantando pneu. Jean soca o volante do carro algumas vezes enquanto grita comigo, mas eu o ignoro de tal maneira que não consigo ouvir sua voz novamente, eu só conseguia chorar e meu desejo de sumir era cada vez maior.

Jean me faz descer do carro a força, me puxando pelo braço como se eu não pesasse nada e me leva para dentro do elevador, me segurando pelo braço a todo momento até chegar no apartamento e me empurrar porta a dentro.

— Hoje você passou de todos os limites possíveis e não possíveis Catarina. — Diz Jean que fecha a porta do apartamento com uma batida mais forte que as anteriores.

— E você? Vai continuar mentindo que não está me traindo? — Questiono parada no meio da sala.

Eu não me reconhecia mais, realmente estava tomada pela raiva, pela dor que eu estava sentindo e eu só queria gritar, mas gritar com Jean da mesma maneira que ele sempre gritava comigo.

— Você é louca! Eu não estava te traindo. — Diz Jean que se aproxima mais de mim.

— Você é nojento. Um babaca!

Quando eu termino de dizer isso...Jean me dá um tapa forte na cara me fazendo cair em cima do sofá. Meu rosto ardia, por um breve momento minha visão ficou escura e depois turva. Ele me pega novamente pelo braço com força, me joga em cima do sofá e grita no meu rosto.

— VOCÊ ME HUMILHOU DE TODAS AS FORMAS HOJE. QUEM VOCÊ PENSA QUE É SUA VAGABUNDA PARA FALAR COMIGO DESTA MANEIRA?!

Jean segura meu rosto com força, mas logo solta e começa a andar de um lado para o outro até tocar o seu telefone fazendo com que ele saia da sala e vá atender o telefone no quarto. Eu fico parada sentada no sofá mas deslizo por ele até acabar sentada no chão. Passo a mão em meu rosto onde ele havia me dado o tapa, sinto uma dor forte e a pele estava bem quente. Meus pensamentos estavam confusos pareciam bem acelerados e eu não sabia o que pensar ou fazer. Eu só conseguia chorar e chorar, queria sumir. Queria ter o poder de voltar ao tempo quando eu havia acabado de chegar nesta cidade e não ter aceitado ir para a festa com as meninas.

Jean passa desviando de pisar em mim, ele me olha com desprezo e apenas sai do apartamento trancando a porta pelo lado de fora. A minha vontade era gritar para ele ficar, mas minha voz fica presa em minha garganta e um nó parece ter se formado.

Por que? Eu não entendo por que estou merecendo isso? O que eu fiz de errado para ser traída? Levanto do chão vou para a cozinha e pego uma garrafa de vinho branco dentro da adega abaixo da ilha, abro e bebo direto do gargalo. É como se meu mundo tivesse desabado, o grande amor da minha vida acaba de destruir uma parte de mim e só consigo beber na esperança de esquecer o que eu havia visto, mas a minha mente prega algumas peças e a imagem dos dois ficam surgindo. A quanto tempo aquilo estava acontecendo? Será que era ela que ligava para ele? Mas ele mudou tanto nas últimas semanas e foi me tornando cada vez mais a mulher de sua vida. Será que sou como minha mãe que sempre vai ter homens que não a veem como mulher de verdade?

Não, eu não sou como minha mãe até porquê Jean me vê como mulher e não uma empregada. “Mas nas últimas semanas você agiu como empregada dele”. Eu sento no chão da cozinha e continuo bebendo tentando ignorar uma outra voz da minha cabeça.

O dia amanhece aos poucos, eu não consegui dormir e ao meu lado só tinha uma garrafa vazia de vinho. Eu levanto do chão da cozinha e caminho para perto da janela. O sol estava começando a aparecer, decido abrir a janela e apesar de estar nitidamente bêbada por ter caminhado cambaleando até aqui, me seguro para não cair mas eu queria sentir o vento fresco da manhã batendo em meu rosto, me aproximo, mais praticamente estava debruçada sobre a janela e abro meus braços. Por um breve momento me sinto livre, era uma liberdade que parecia que eu não tinha a um tempo, mas eu sabia que era livre e poderia ir embora dali.

Eu não havia notado que Jean havia chegado, só noto sua presença quando ele me puxa pela cintura e me encosta na parede ao lado da janela.

— Está fazendo o que?! Quer se matar agora? É louca? — Diz Jean que continua me olhando com desprezo.

Ele olha para mim toda verificando meu estado, parecia estar me analisando e me guia para o quarto.

— Olha seu estado, está fedendo…completamente bêbada.

Jean me leva para o banheiro, tira minha roupa aos poucos e me coloca debaixo do chuveiro. Eu não sabia como reagir aos seus cuidados, mas ele tinha razão eu precisava de um banho e ser cuidada por ele. Meu banho termina, ele ainda me seca e me veste novamente com um moletom dele. Meu corpo parecia estar fraco então eu era um fantoche nas mãos dele, mas ao mesmo tempo quero ser apenas cuidada por ele e congelar este momento.

Ele me coloca na cama, me cobre a coberta e fica sentado ao meu lado enquanto faz carinho em meu rosto.

— Jean... — Digo um pouco sonolenta, mas ele me cala selando meus lábios com seus dedos.

— Vá dormir Catarina e depois conversamos.

Eu queria conversar, mas o sono acaba me ganhando e eu adormeço com Jean fazendo carinho em meu rosto.

“Ele se enjoou de você Catarina e só você não vê...Pobre criança, foi usada e será jogada fora. Ele ficará com ela, veja os dois como combinam. ” — Diz uma voz parecida com a de minha mãe

Jean estava de mão dadas com Jaque, ela olha para mim me dá um sorriso e começa a beijar Jean. De repente Jean está a minha frente com uma mala em uma de suas mãos.

— Estou indo embora para São Paulo e Jaque será a nova senhora Vasconcelos.

Vejo Jean indo embora ao longe com Jaque e ela estava usando uma aliança de noivado.

Eu acordo de maneira brusca, aquele pesadelo me deixou aflita que até estava muito suada, olho para o lado da cama percebo que estava arrumado e não noto a presença de Jean. Levanto da cama desesperada e corro para o closet para ver se suas roupas ainda estavam ali, para o meu alivio ainda estavam e decido ir para a sala.

Jean estava sentado no sofá com o notebook em seu colo, eu respiro mais aliviada por saber que ele não se foi, mas me preocupo com seu olhar para a tela, pois ele estava roendo as unhas e parecia não estar satisfeito com o que estava vendo.

— Jean... — Digo para chamar sua atenção.

Eu me aproximo mais do sofá, mas ainda fico em pé, olho para a tela tinha uma foto nossa na rua ao lado com ele segurando meu braço, outra foto ele me tirando da rua e a seguinte manchete: NAMORADA DE FORMANDO TENTA SUICÍDIO.

Jean coloca o notebook na mesa de centro e olha para mim sem dizer nada ele aponta para o lugar vazio ao seu lado no sofá. Eu sento e tento ler a matéria da tela do notebook.

— Catarina... Eu não sei o que aconteceu ontem com você. — Diz Jean com uma voz serena, ele estava com um semblante triste e seus olhos pareciam estar distante.

— Desculpa por ontem Jean. — Digo de cabeça baixa, tento conter minhas lágrimas e fixo meu olhar para as mãos.

— Sinceramente não estou reconhecendo você...achei que você era diferente da Leticia, mas vocês se parecem até demais.

Aquelas palavras me machucam me causando novamente uma dor no peito, ele estava me comparando com Leticia que todos diziam que ela parecia uma louca e agora eu estava parecendo uma louca.

— Eu não sei porque você tentou duas vezes se matar ontem e ainda estava bêbada totalmente descontrolada. — Diz Jean que fecha a tela do notebook.

— Eu não tentei me matar. Eu estava com falta de ar e...me desculpa Jean. — Digo chorando.

Ele toca meu rosto, limpa as minhas lágrimas e logo após me abraça.

— Catarina, me prometa uma coisa?

— O que você quiser meu amor.

Eu saio de seu abraço, olho em seus olhos tentando encontrar alguma pista do que iria me dizer a seguir.

— Quando eu estiver fora, eu quero que evite qualquer escândalo e não quero sua cara ou seu nome estampado nesses blogs de fofoqueiros. Me prometa. — Diz Jean que mantém o contato visual comigo como se pudesse olhar dentro da minha alma.

— Prometo. Eu faço o que você quiser. — Digo o abraçando novamente e em retribuição ele me abraça de volta.

Eu estava disposta a fazer o que fosse preciso para que minha relação com Jean fosse consolidada e nunca mais tivesse atrito ou desavenças.  Estava sentindo um medo enorme de perder ele, ainda mais com a chegada da mudança para São Paulo e o período letivo que tinha chegado ao fim. Eu só teria alguns dias com ele e queria aproveitar ao máximo.

O telefone do apartamento não parava de tocar com as pessoas querendo saber a nossa versão, apesar de eu querer desmentir as notícias sobre eu ser suicida, Jean me disse que o melhor a se fazer nestes momentos é ignorar para não botar mais lenha em uma fogueira que estava quase apagando.

Jean aproveitou suas últimas semanas de férias indo para balada com os amigos com a justificativa que não pôde se divertir o suficiente enquanto estudava e queria aproveitar o máximo. Ele saia a noite e chegava no outro dia, ficava abraçado comigo por um tempo assistindo filmes românticos, comendo besteira ou transando comigo por todos os cantos do apartamento enquanto estava comigo.

Infelizmente chegou o dia dele se mudar, eu havia ajudado ele a preparar sua mudança e estava sendo colocada a última caixa com suas coisas em seu carro. Ele estava feliz e animado enquanto eu estava triste com a sua partida.

— Vem cá meu amor. — Diz Jean me abraçando de maneira acolhedora.

— Vai me ligar sempre? — Questiono com uma voz triste.

— Vou te ligar sempre que eu puder e prometo vir todos os finais de semana para ficar com você. — Diz Jean enquanto me solta do abraço e me beija na boca.

Aquele beijo de despedida foi tão suave e cheio de saudade que não pude conter as lágrimas. Ele me abraça novamente e antes de me soltar de seus braços me dá um beijo na testa.

— Eu amo você meu leãozinho.

Ele me solta e entra no carro, me deixando parada na porta do prédio vendo seu carro ir embora até sumir de minha vista.


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