Drania escrita por Capitain


Capítulo 48
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Notas iniciais do capítulo

olha só, mais um!



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Rasth entrou, sem fazer outro comentário, e então fechou a porta atrás dele.

Droga, eu pensei,porque não percebi ele chegando? a minha habilidade desentirnão estava acionada. De alguma forma, eu não consegui mantê-la funcionando enquanto dormia. Devia tê-la ligada, procurando por inimigos o tempo todo.Porque eu não pensei nisso antes?

Rasth , ainda em silêncio, sentou-se ao pé da cama onde Goroth dormia, fazendo a madeira estalar com seu peso, encarando-nos com aquele rosto debochado.

— E então? - ele disse - sobre o quê estavam falando quando eu cheguei?

Eu e Aurora trocamos olhares.Por que ele não atacou? ou mesmo saiu correndo anunciando trapaça?

— Não vão falar nada? - ele parecia genuinamente confuso - quero ouvir os seus planos para derrubar O Xamã.

— Nós não...

— Está tudo bem - Goroth havia acordado, e com esforço, se sentou - ele já sabia sobre você, Drania.

— Mas... - como assim? ele sabia que era uma encenação? então porque ele...

— Porque a surpresa? - Rasth  disse - eu vi você morrer, sua pirralha estúpida! é claro que você não podia ser o mesmo fantasma!

Maldita amnésia! eu pensei, estapeando minha testa. Eu tinha esquecido desse detalhe. Não lembrava de nada do dia da minha morte, e pior, tinha entrado na mente de Rasth em Ágora, sabia que ele estava lá, e ainda assim esquecera de pensar na possibilidade.

— Eu não lembro de nada do dia que em que morri - eu disse, envergonhada. Por que eu estava me desculpando?— hum... você bem que podia me contar o que aconteceu, sem que eu tenha que invadir sua cabeça de novo.

— Ninguém vai entrar na cabeça de ninguém - Goroth disse - eu não sei bem porque, mas meu irmão resolveu que de repente não é mais nosso inimigo... ou foi isso que eu entendi.

— Cale a sua boca imunda, irmãozinho, eu não sou seu amigo. - Rasth falou - eu apenas joguei o seu joguinho porque Erenid estava lá.

— Ah, claro - Aurora finalmente falou alguma coisa - agora tudo faz um pouco mais de sentido. - ela encarou Rasth, levando a mão até a cicatriz que agora atravessava seu rosto - você se fez de bobo em frente da outra chefe para não envolver o Arauto nisso. Quer lidar conosco nos seus próprios termos.

— O xamã vai ser envolvido de qualquer maneira - Rasth chiou - Erenid convocou uma reunião entre os sete chefes, e ela vai acontecer em breve. obviamente ele vai ouvir da súbita aparição da “filha da Apóstola”. E quando ele descobrir, ele vai saber que eu menti. Em primeiro lugar, porque ele me mandou calar a boca sobre aquela noite, e em segundo lugar, porque eu queria falar com vocês.

— Sobre o quê? - eu perguntei, cética. Podia muito bem ser uma espécie de armadilha.

— Sobre a guerra que ele quer começar. - Rasth disse, sem pestanejar - quero que vocês me ajudem a matar o xamã.

Silêncio. Um bem longo.

— O quê!? - Aurora praticamente gritou a pergunta.

Goroth encarou Rasth por um quase um minuto inteiro. então soltou uma gargalhada.

— Eu subestimei a sua inteligência, maninho - ele levou um soco na barriga por isso, mas ainda ria - isso é brilhante. Cretino, mas brilhante.

— Explicação? - eu indaguei - Alguém? Rasth só vai me xingar de novo se eu perguntar pra ele.

— Você sabia desde o começo quem matou o pai, não é? - Goroth poerguntou, ainda rindo.

— É óbvio.

— Eu não acredito que caí nessa por tanto tempo! - Goroth parecia desproporcionalmente alegre com a situação. - você é um demônio, Rasth.

— Você entendeu alguma coisa? - eu me virei para Aurora - Rasth estava fingindo esse tempo todo? eu estou completamente perdida.

— Acho que entendi - Aurora falou - Rasth culpou a mim e Goroth pela morte de Ogün só para se tornar chefe - ela franziu o cenho - porque ele queria entrar na guerra que o culto de kraaz estava arranjando. Ele se livrou do outro filho do chefe e conseguiu uma desculpa razoável para  se fazer de bobo em frente ao culto, fingir que ele não desconfiava que foi a apóstola que mandou matar Ogün, e se infiltrar na cadeia de comando do culto.

— Mas porque? - eu perguntei, para Rasth dessa vez - porque todo esse segredo? se você queria a guerra, porque ir contra o Arauto?

— Porque ele matou o meu pai, sua merdinha! - Rasth  exclamou, parecendo genuinamente incrédulo - e porque essa não é a guerra que eu quero. O xamã é louco. completamente louco! eu achei que a Apóstola tinha um plano, e aí ela morreu, e esse louco apareceu. Eu achei que ele tinha um plano para atacar Vralgongard! um ataque surpresa, talvez esconder alguns de nós dentro da cidade antes  do cerco, qualquer coisa, mas não!

— O Arauto não tem um plano? - eu perguntei. - ele parecia bem insistente sobre eu ser parte do plano dele.

— Ah, não, ele tem um plano - Rasth disse - o plano dele é nos matar. Todos nós. você disse que não lembra de quando você morreu, né? então você não sabe como estão as coisas em Vralgongard agora?

— Eu balancei a cabeça.

— E vocês? - Rasth falou, se referindo à Aurora e Goroth.

— Nós estávamos preparando uma expedição de pesquisa, e não chegamos nem perto de Vralgongard nos últimos meses...

— A cidade está fechada - Rasth finalmente falou - já faz pelo menos uma ou duas semanas. Terizt, Fortz e Alor estão vazias, todo mudo está dentro de Vralgongard. Os portões estão fechados, os soldados estão nas muralhas. Vralgongard está se preparando pra um cerco. - o chefe orc fez uma pausa - quando ele me chamou para ajudar uma noite, e me levou até Vralgongard, dizendo que a gente ia buscar uma coisa importante, eu achei que a gente estava indo lá preparar alguma coisa para o ataque. Quando ele me disse para  levar as duas meninas, eu achei que elas  fossem reféns políticos ou algo assim.

— Mas Alice é só uma sacerdotisa, não é? - Aurora virou-se para mim - ela não seria um refém muito útil.

Eu contemplei a ideia de contar a eles sobre quem Alice era. Então suspirei (ou , pelo menos, teria suspirado se houvesse ar nos meus pulmões).Que se dane.

— Alice é filha do Supremo Sumo Sacerdote. - eu falei - mas ninguém sabe disso. eu duvido que mesmo ela saiba. acho difícil de acreditar que ele sabia disso.

— Mas mesmo assim, pelo menos é um refém importante - Aurora interviu - a filha do líder de Vralgongard...

— Não acho - eu respondi - Alice não era exatamente... uma filha legítima. Não acho que o SSS deveria ter uma filha.

— Então o plano era expôr essa filha bastarda? - Rasth interrompeu - nem isso faria sentido isso seria algo para se fazerdepoisde conquistar a cidade, para descreditar o antigo chefe. Além disso, não foi esse o motivo de Vralgongard ter fechado as portas. foi porque o Xamã tentou matar o velho de azul.

— O Arauto lutou com o Supremo sumo sacerdote?

— E explodiu metade do jardim dele. - Rasth falou - foi assim que você morreu.

— Espere aí - eu falei - eu morri caindo para fora da muralha! eu morri esmagada nos penhascos, não no meio da zona sul.

— Achei que você tinha dito que não lembrava de nada - Rasth disse - mas sim, você foi jogada longe, e em pedaços. Sua amiga chorou bastante.

— Ela está bem? - eu me desesperei - ela não se machucou na explosão, se machucou?

— Você morreu, e está preocupada com ela? - Rasth  parecia ter diminuído um pouco a hostilidade em sua voz. Percebi que ele tinha algo em comum com Goroth nisso - não ela não se machucou. O xamã segurou a gente com a magia dele e pulou a muralha, foi procurar alguma coisa nas pedras. Só nos levou embora quando começou a chover flechas, e a sua amiga não parava de gritar e chorar. - ele fez uma sutil expressão de desgosto - no dia seguinte, Vralgongard estava completamente fechada. Quando eu perguntei que merda foi aquilo, ele disse que era parte do plano. Foi aí que eu percebi que ele era louco. O plano dele é jogar a gente contra os muros daquele inferno de fortaleza, depois de esperar eles se prepararem! ele quer que el leve meu clã para a morte, sem motivo algum!

— Invadir Vralgongard já seria suicídio com o elemento surpresa - Goroth falou, mais para si mesmo do que para nós - assim que você chegar perto de lá com um exército, todos os portões já estarão tão bem fechados quanto qualquer trecho da muralha. Por onde ele quer que vocês tentem entrar?

— Ele quer que Kvôth ataque pela ponte de Terizt. - Rasth conversava tão natural mente com goroth quanto Alice e eu, nem parecia que eles haviam quase se matado a algumas horas - os outros clãs se dividiriam em pares nas outras entradas. Ele é louco.

— Pelos nove portões fortificados, mais uma ponte levadiça? - com soldados esperando em cada um deles atravessando lanças pelo teto? seria um massacre completo.

— É por isso que eu estou dizendo, ele é louco - Rasth disse - mas os outros chefes o seguem como se ele fosse um deus. Eu escuto o clã me chamando de louco pelas costas também. Eu sei que eles não concordam com isso.

— Então devia me agradecer - eu comentei - a história que eu inventei pode acabar espalhando um pouco de desconfiança pelos clãs... se você der um empurrãozinho.

— Vai ser preciso muito mais que um empurrãozinho para fazer os sete clâs desistirem dessa guerra - Goroth disse - teríamos que acabar com o controle que o culto tem sobre os chefes... e acabar com o Arauto.

— É por isso que estou aqui. - Rasth começou - se vocês pudessem...

— E desde quando isso é responsabilidade nossa, Rasth? - Aurora rebateu, antes que el pudesse terminar - A sua jogadinha política colocou um alvo nas minhas costas por anos, e atrasou minha pesquisa nas cidades élficas por sabe-se lá quanto tempo! além disso, não deveria ser você, comandante de um clâ inteiro, a ir contra o culto, ao invés de sermos nós a pagar pela sua ambição e más escolhas?

Rasth, ao contrário do que eu pensei que faria, não respondeu aquele comentário com violência.

— Eu não sou seu amigo - Rasth disse - e não vou me desculpar por fazer o que tinha que ser feito. - ele respirou fundo - mas vou ajudar vocês.

Rasth está disposto a ajudar? eu flutuei até a mesa e toquei o mapa sobre ela, fazendo uma cópia violeta Òtimo. Eu só tenho uma pergunta para ele.

— Onde fica a fortaleza dele? - eu perguntei ao chefe orc, estendendo o mapa translúcido no ar à sua frente - Onde ele ele está mantendo Alice?

Rasth encarou o mapa por uns segundos e então seus olhos o atravessaram, encontrando os meus.

— Direta ao ponto - ele sorria - você tem garra. Posso ver o fogo nos seus olhos, e não é qualquer brasa! - ele bufou - Quem dera fosse fácil assim. Eu não posso te dizer onde é a fortaleza dele, fantasminha.

— Porque ele te disse pra não contar?

— Porque eu não sei onde fica.

 

 


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Notas finais do capítulo

Até breve!



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