Raccoon: A Quarentena escrita por Goldfield


Capítulo 6
Nemesis




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Nemesis

A paisagem rochosa do Afeganistão compunha um corredor natural à beirada do despenhadeiro, largo o bastante – ainda que acidentado – para um homem adulto caminhar.

Tendo o desenho da região bem gravado em sua mente, o rifle Dragunov firme e carregado em seus punhos, ele avançou; a poeira batida de cima de seu sobretudo cinzento, encimado por uma gola com as divisas do Exército Vermelho, conforme se movimentava e mantinha os olhos atentos à presença dos Mujahidin. O cheiro do sangue ficava mais forte, convertido em ondas no ar, atiçando o instinto de caça mais primitivo conforme atingia suas narinas – mais largas e abertas do que conseguia se lembrar, ainda que com isso dotadas de maior percepção.

Sinais vitais dentro do espectro padrão.

As botas erguiam cascalho conforme pisavam firmes a encosta, rumando a uma das saídas do esconderijo inimigo. Encurralá-los por aquele lado da caverna era a opção tática de maior possibilidade de sucesso. O soldado contou com a cobertura de algumas pedras enquanto chegava mais perto do objetivo, avistando a luneta de um rifle Mujahidin refletir os raios solares num nicho do despenhadeiro e, assim, revelar sua posição.

Sabem, eu sempre me perguntei uma coisa...

O soldado abaixou-se, apoiando o Dragunov sobre uma perna enquanto preparava sua pose de tiro, sempre acompanhando as mínimas oscilações dos guerrilheiros a metros de distância pela lente de sua própria arma.

Deixe tais questionamentos para o relatório de testes, Stevenson.

O rifle foi melhor ajeitado nas mãos do atirador. O retículo da mira pousou sobre a silhueta de um guerrilheiro.

Mas é importante à análise dos dados! Afinal, quanto das memórias do coronel Vladimir permanecem no espécime?

Em poucos segundos, considerou as últimas variáveis influentes sobre o tiro, da direção do vento ao relevo. Moveu o foco da luneta a um ponto ligeiramente afastado do centro do alvo, o aroma de sangue beirando o insuportável ao comprimir seu cérebro à ação...

Disparou.

Zunindo pelo ar, a bala derrubou o Mujahidin numa queda rápida, um esguicho vermelho vazando brevemente ao alto.

Precisão de 99,6%... Tiro impecável!

O estalo metálico do rifle ejetou a cápsula vazia para fora. O atirador endireitou levemente a coronha da arma sobre um dos ombros.

Não é o bastante.

Tais quais acionadas por algum tipo de ignição, suas pernas voltaram a se mexer, alternando a posição para um amontoado de rochas mais adiante. O olho direito continuou colado à luneta mesmo conforme andava.

99,6% parece um bom valor para mim!

Stevenson, você realmente não sabe como se portar durante uma sessão de testes, certo? De que universidade te tiraram?

O fogo inimigo ergueu poeira do abrigo do soldado, obrigando-o a colar-se ao chão e prosseguir arrastando-se pela borda recortada do despenhadeiro. Os olhos já haviam se levantado do rifle, examinando agora cada palmo da paisagem em busca de uma nova brecha para alvejar os inimigos.

Aumentar os décimos dessa porcentagem de precisão é o que garante seus cheques no final do mês. Quero que trabalhem nisso!

Ele continuou avançando deitado através da escarpa. Adiante, uma nova brecha da caverna entrou em seu campo de visão, o contorno de mais um Mujahidin semi-identificável no limiar entre o exterior e o arco de pedra da entrada.

O olho aproximou-se mais uma vez da luneta, dedo encostado à curva do gatilho...

A dor repentina e insuportável no abdômen, explodindo-o de dentro para fora, revelou logo de início não ser causada por uma bala inimiga. Soltando o Dragunov e tendo o corpo todo tomado por espasmos, o soldado começou a se debater violentamente pelo chão, mãos descendo ao foco de sofrimento numa inútil tentativa de aplacá-lo.

O que diabos está havendo?

Sinais vitais estourando! Adrenalina e cortisol suficientes para encher uma piscina!

Acho que os índices não são a única coisa estourando...

Ainda retorcendo-se, o atirador agarrou a terra com os punhos, areia vazando por entre seus dedos na frustração de não poder arrancar a dor do próprio corpo e esmigalhá-la. Os espasmos evoluíram para tremores, cada membro agitado freneticamente enquanto, pela barriga, algo irrompia através da pele e sobretudo, atirando sangue e entranhas sobre si e balançando para lá e para cá sob o sol escaldante, projetando-se na direção deste como se tivesse a pretensão de agarrá-lo e puxá-lo do céu.

A visão distorcida do soldado, ofuscada tanto pela descarga de estresse quanto pela luz, demorou a determinar o que aquele apêndice realmente era; até focar-se e identificar um tentáculo roxo serpenteando a partir de seu estômago tal qual dotado de vida própria, em vias de nele cravar-se e imobilizá-lo feito a cauda de um escorpião.

O NE-α está completamente instável! A anomalia física interferiu na simulação neural! Espécime em estado de choque!

O revirar de seus órgãos passou a incomodá-lo mais que o próprio abdômen aberto, a impressão de tê-los tragados para fora a cada puxão ou giro do tentáculo levando-o a gritar de desespero. Todo o seu esqueleto tinha os movimentos travados pela extensão incontrolável brotando de si, não podendo sequer esticar os braços o bastante para recuperar o rifle e, num impulso extremo, tentar dizimar aquela coisa com os disparos mais precisos que conseguisse.

Ao mesmo tempo, o cheiro de sangue inimigo continuava invadindo-o muito acima do seu, cobrando uma reação... Ou melhor, exigindo que se levantasse logo e desse cabo dos últimos guerrilheiros da maneira que conseguisse.

Leituras críticas de neurotransmissores. O espécime deixou de priorizar a autopreservação para conter seu sofrimento...

Só há um cenário em que o espécime pode colocar sua autopreservação em segundo plano, e não é para se livrar de dor!

A força oculta nas pernas colocou-o de pé novamente, fazendo ossos e músculos estalarem como se houvesse um guindaste invisível erguendo-o. De onde vinha? Tendo a barriga ainda rasgada, o tentáculo continuava balançando e lançando fluídos por toda parte, agora na horizontal. Seu rosto e uniforme estavam ensopados de respingos em tonalidades que iam do vermelho escuro ao violeta, o odor dos Mujahidin percebido como o principal elemento que seguia impulsionando-o acima de seu controle.

Uma mão desceu ao solo para recuperar o rifle Dragunov.

Súbito, o atirador não estava mais ali, e sim numa paisagem nevada da Sibéria, a neblina entre os pinheiros não só causada pelo frio, mas pela turbidez das memórias. Da paisagem árida à congelante, uma voz conseguia ser seu fio condutor em meio à brusca mudança:

"Quando estiver cercado, pequeno Sergei, ou passando pela privação do mais básico, lembre-se do que pode salvá-lo... Do que lhe garantirá não só alimento ao corpo, mas à alma...".

O Dragunov nas grandes mãos do adulto havia se transformado num rifle Mosin-Nagant, sem luneta, portado de modo um tanto desajeitado, ainda que decidido, pelas diminutas mãos do menino.

"Só a caça importa".

A bala disparada contra um arbusto atirou neve a alguma distância – o líquido rubro escorrendo pelo tapete branco sendo o indicador de que, atrás dos galhos e folhas igualmente cobertos, o alvo fora abatido, garantindo o jantar daquela noite.

Seus sentidos foram transferidos de volta ao Afeganistão, fluindo num livre e ao mesmo tempo comprimido mar de consciência. Sem nem sequer se abaixar ou buscar abrigo, o soldado contornou o restante da encosta e aproximou-se da abertura levando à gruta, ignorando complemente o desconforto do tentáculo ainda chicoteando a partir de seu abdômen.

O espécime revive memórias profundas de seu indivíduo-base para contornar a situação de crise.

Acho que isso responde à sua pergunta lá de trás, Stevenson...

O atirador rolou para escapar de um projétil que teria lhe acertado a cabeça, reagindo no instante seguinte para lançar o corpo do afegão à parede oposta da caverna com um tiro no peito. O disparo desferido por outro Mujahidin aos fundos do abrigo certamente o teria atingido nessa abertura... caso não houvesse sido aparado no ar por um golpe certeiro do tentáculo, erguendo-se da barriga para servir-lhe como escudo diante do tórax.

É incrível! O espécime está usando a anomalia do parasita como vantagem estratégica!

Registrem todos os detalhes! Isso pode ser explorado...

A brecha do soldado foi revertida contra o inimigo, cujo crânio foi explodido por mais uma bala do Dragunov. A ameaça não acabara: um terceiro oponente correu da área menos iluminada do local, um AK-47 pronto para liberar uma rajada contra o invasor.

Este conseguiu saltar, subindo a uma altura sobre-humana, graças a um impulso criado pelo tentáculo batendo contra o chão. As balas cortaram o vazio às costas do atirador, algumas resvalando no tecido do sobretudo – mas, voltando ao solo sem ser acertado por nenhuma, pôde finalizar a missão liquidando o guerrilheiro restante com um disparo na garganta.

Enquanto o inimigo caía de joelhos com as mãos tentando estancar o sangramento ao pescoço, não só seu corpo, mas toda a caverna, foram tomados por outro tipo de névoa; a qual, momentaneamente, fez rosto e roupas do adversário se alterarem por completo – embora não sua pose, ferimento ou olhos esbugalhados – enquanto as paredes rochosas se convertiam num revestimento cinza indistinto.

Teste concluído. Quero um relatório detalhado até o fim do dia!

Instantes depois, essa nova percepção do ambiente também se extinguiu, sua mente e visão desativadas.

X - X - X

Estar deitado após todo o esforço da última batalha mostrava-se longe de constituir momento de conforto. A sensação junto ao rosto não era por total estranha. Antes de partir a missões, costumava usar a velha navalha do avô para retirar a barba da face, os pelos insistindo em voltar com maior frequência do que conseguia mantê-los em xeque.

O tato familiar, todavia, perdia toda aura tranquilizadora ao revelar que os cortes não se limitavam aos fios à superfície de sua pele, mas sim que esta era em si rasgada, dobrada e remexida como mero invólucro recobrindo o que seus manipuladores realmente tinham interesse em examinar.

Claro, a análise não se restringia à observação: mãos enluvadas em branco injetavam-lhe misteriosas substâncias de seringas, acoplavam eletrodos aos seus músculos ou varriam-lhe o corpo com sensores luminosos. Volta e meia, dedos inseridos no cabo de tesouras ou segurando a base de bisturis vinham para abrir-lhe mais tecido, dispostos a deixar cada milímetro de seu corpo desnudado.

O incidente de ontem na simulação mostrou que os tentáculos do parasita possuem uma série de funções de combate que não havíamos previsto...

Tem certeza de sua utilização ser viável? O comportamento do NE-α causou enorme dor ao espécime. Essas respostas imprevistas do parasita podem prejudicá-lo em combate. Chegou a ler as considerações do doutor Bard? Sou obrigado a concordar com muitas delas. O vírus por si só pode não atingir resultados muito significativos, mas ao menos é plenamente controlável...

O doutor Bard é um idiota! Há quanto tempo ele consome recursos da corporação com aquela promessa de vacina em Raccoon City? Já deviam ter entendido que ele está mais interessado em festas e assediar enfermeiras...

Um novo tipo de toque foi iniciado do lado direito de sua cabeça. Repuxões, seguidos de apertos. Cliques sonoros acompanhavam o processo. Estando voltado às fortes luzes brancas sobre a maca, ele demorara a perceber, mas só enxergava pelo olho esquerdo. O outro se fora em algum momento – dissolvido, removido, não saberia explicar – para que inserissem algo em sua caixa craniana, a abertura agora suturada.

Relaxou o corpo, ou ao menos o máximo que conseguiu; um chiado estranho vindo da estrutura artificial que compunha sua respiração. Imóvel no leito, não podia deixar de sentir a outra vida dentro de si, inquieta, arrastando-se e enrolando-se por toda e qualquer cavidade. Os tentáculos permeavam sua carne, atavam-se aos ossos, transformavam-se em parte integral de si num aflitivo mutualismo.

Parte do alívio, como descobrira durante sua última visita ao Afeganistão, vinha de lançar aquele ser para fora. Projetar os tentáculos contra os inimigos livrava-o de tê-los dentro de si, ao menos momentaneamente. Ao mesmo tempo saciava a sede de sangue partilhada com aquele inquilino em seu organismo, sempre incentivada pelo cheiro chegando às suas narinas ampliadas...

Outro procedimento cirúrgico será necessário para desobstruir o caminho do parasita por dentro dos braços do espécime. Tê-lo saindo pelas mãos ao invés do abdômen com certeza é mais taticamente relevante.

Estamos ficando sem cobaias aos testes de combate... É melhor já termos o máximo possível de ajustes preparado para cada sessão!

Você subestima a capacidade da Umbrella em conseguir condenados, McMarhem... Eles os usam até como cães de guarda! Aliás, seria interessante colocar o espécime para confrontar alguns membros do U.B.C.S., já que muitos possuem memórias de combate similares no Afeganistão.

Será sorte se o comitê executivo aprovar essa ideia...

Aprovar? Você não lê os jornais? Em breve teremos a prova de fogo perfeita ao espécime.

As falas desencontradas em inglês, das quais pouco compreendia, lembravam-lhe as longas conversas à tenda do acampamento sobre qual estratégia adotar, as discordâncias e entendimentos levando a planos memoráveis que valeram sua fama em Moscou. Mesmo quando todas as circunstâncias pareciam contrárias, conseguira direcionar unidades inteiras à vitória. Em diversas operações, precisaram fazer uso daquele considerado "arma secreta" das forças soviéticas, limpando sozinho esconderijos inteiros de Mujahidin. Nicholai... O nome continuava terrivelmente familiar. Onde ele estaria?

Mais cisões em sua pele, agora nos braços. A grossa membrana era aberta e deixada suspensa como a casca de uma fruta. Lâminas trabalhavam incessantes em seus músculos, torcendo, empurrando. O inquilino também se agitava, a textura de seus tentáculos deslizando para os recantos mais internos do corpo e assim deixando-o similar a cobras que, ameaçadas, recolhiam-se aos ninhos.

Tomando aquele como seu novo presente, o motivo pelo qual permanecia vivo, ele desligou-se dos pensamentos... e, antes que tivesse ciência, dormiu de forma profunda.

X - X - X

Despertou com um choque alastrando-se por seus membros, o olho que lhe restava aberto de uma vez. O serpentear dentro de si retornou; dessa vez, no entanto, não sendo o parasita, estranhamente quieto. A razão era mexerem mais uma vez dentro de si, como denunciavam os múltiplos rasgos por sua carapaça.

Havia algo diferente dessa vez... Seria o odor de sangue? Por que nunca pudera distinguir ao certo um fluído de outro, em relação aos inimigos que o cercavam, e esse agora se apresentava tão distinto?

Conseguimos sinal verde para despachar a criatura a Raccoon City. A Umbrella quer que ela elimine um conjunto específico de alvos.

Quem, mais precisamente?

Os sobreviventes do S.T.A.R.S., aquele esquadrão especial da polícia. Eles estiveram envolvidos na destruição do laboratório de Arklay em julho, e sabem demais sobre a corporação. Aliás, eles faziam pesquisas com o NE-α em Arklay. Um espécime feminino. Uma pena os dados terem se perdido, seria muito interessante saber sobre o desenvolvimento do parasita num hospedeiro de genética não ideal...

A sensação de estranheza piorou devido à palavra, algo como uma sigla, pronunciada por uma das vozes... "S.T.A.R.S.". Os tentáculos se remexeram dentro de si pela primeira vez desde que acordara. O que o termo podia significar? Mesmo sem compreender racionalmente, ele podia sentir. O odor de sangue ficava mais forte, quase irresistível, quando conjugado àquela palavra.

Agitou-se na maca, fechando os punhos. As figuras de máscara ao redor de si, trajando branco, recuaram por um momento. Sabia bem não serem anjos, muito pelo contrário; porém nada conseguia fazer em relação a elas. Seu verdadeiro ímpeto de destruição era contra aqueles que tinham o sangue irritando seu olfato correndo nas veias. Se os mascarados pudessem ajudá-lo nisso, que o revirassem do avesso quantas vezes desejassem.

Você liberou as partículas estimulantes dentro da sala de cirurgia?

Sim. Uma forma de habituar o espécime aos alvos. Não se preocupe, a equipe médica está segura.

Perdoe a curiosidade, mas como conseguiu o sangue desses S.T.A.R.S.?

A Umbrella financiou e equipou o esquadrão em Raccoon City. Parte dos exames clínicos admissionais incluiu a coleta de amostras de sangue.

Novamente a palavra, e com ela o desejo de destruir tudo que houvesse em seu caminho para fazer aquele cheiro parar! Ele lembrava cadáveres, odor de putrefação – tal qual o que sentira diversas vezes ao ter de enterrar, ou, nas piores situações, deixar para trás companheiros abatidos. Aquilo lhe remetia a falha, dor, desolação. Famílias privadas de seus entes queridos devido a um plano de ação que não considerara todos os riscos adequadamente...

Sergei odiava riscos.

Por efeito de uma nova injeção num dos braços, ou acomodação de ideias em sua mente, o cheiro não só passou a ser um pouco mais suportável, mas a ter donos. Rostos subitamente nítidos em seus pensamentos, como fotografias. Um homem e uma mulher, embora não remetessem a um casal. Examinando os traços de seus semblantes, ele pôde concluir que o odor vinha deles: malditos desgraçados responsáveis por sua tortura!

Sergei Vladimir não combateu só em guerras externas, mas perseguiu dissidentes dentro da União Soviética. Sabia disso? É algo que sem dúvidas criou possibilidades muito interessantes à realidade simulada...

As faces não só se confirmaram como origem do sangue fétido, mas ganharam nomes e informações. O rapaz de cabelo castanho curto e expressão desconcertada se chamava Pietr Airinov, um rebelde procurado por conspiração política e atos de violência contra o governo. A moça de cabelo na mesma tonalidade, coberto por uma boina, também era procurada pelos superiores de Sergei: Irina Zotevna. Segundo as fichas dos dois e os instintos do soldado, ainda mais perigosa que Pietr.

Ainda que não compreendesse o porquê, sua ânsia em aniquilar aqueles dois, a repulsa pelo que representavam, ainda se atrelavam à mesma sigla misteriosa fazendo os tentáculos em si se debaterem ao ser apenas imaginada...

"S.T.A.R.S.".

Ele está condicionado a reconhecer o sangue de qualquer um dos S.T.A.R.S. sobreviventes, embora tenhamos elevado a prioritários os dois que, pela vigilância, termos certeza de ainda estarem na cidade.

Eu não ia querer estar no lugar deles...

Quando o mundo de Sergei voltou a ser percebido, ele não estava mais sobre a maca, tampouco sob as luzes. O avô sempre lhe dissera que uma das maiores tristezas a alguém era receber o corpo de um parente dentro de um caixão, com base no que ele vivera durante a guerra contra os nazistas – e por isso mesmo o neto tentara sempre trazer de volta o máximo de comandados vivos possível de volta para casa.

Agora era ele quem acabava selado num caixão, ou ao menos uma caixa muito similar, conforme era transportado até um lugar desconhecido. Sabia ainda assim que, não importando para onde fosse, o objetivo seria eliminar os dois alvos, extirpando da Terra aquele sangue insuportável causador de tudo que mais abominava.

O alívio maior não seria aos homens de branco, muito menos aos donos das vozes incoerentes... Destruídos os inimigos, o principal alento seria o seu.

"Só a caça importa" – refletiu por fim, aquietando-se enquanto, depositado num helicóptero, preparava-se ao cumprimento de seu propósito.

 


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Notas finais do capítulo

Comentário do autor: E assim chegamos ao fim. Espero que tenham curtido este projeto e de se aprofundar na mente e passado de alguns dos personagens de que tanto gostamos.

Obrigado por lerem!



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