Wicked Game escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 12
Capítulo 12




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Capítulo 12

 

 

Ainda não acreditava que havia aceitado entrar naquela – Harry resmungava consigo mesmo, segurando um copo de firewhisky e observando o salão através dos seus eternos óculos redondos. Nunca imaginou que poderia ser tão entediante participar daquele tipo de coisa. Então era aquilo que bruxos da alta sociedade faziam quando não estavam exercendo sua influência no Ministério, aumentando suas coleções de feitiços e objetos de artes obscuras.

Eles possuíam clubes para festas e encontros sociais, chás da tarde, salões com mesas de jogos bruxo. Suspirou. Onde estava o bom e velho quadribol de fim de semana? Quando voltava com seus amigos todo sujo e quebrado no fim do dia para casa.

- Mais firewhisky, senhor Potter? – um elfo doméstico carregando uma bandeja perguntou polidamente.

Não hesitou em depositar o copo vazio na bandeja e pegar um cheio, murmurando um agradecimento. Com um 'pop', o elfo sumiu da mesma forma que surgiu. Foi quando Harry percebeu Honeyman vir em sua direção, com Malfoy andando a um passo atrás dele, com as mãos nos bolsos.

Harry achou a cena engraçada, como se Malfoy fosse uma espécie de empregado ou capanga, sempre o acompanhando e seguindo atrás. Sabia que aquela impressão irritaria o ex-sonserino se ele soubesse, ainda que o posto de amante não estivesse muito longe daquelas duas definições. Harry apertou os lábios e acenou brevemente com a cabeça, cumprimentando ambos.

Como o ex-corvinal, Malfoy vestia-se impecavelmente, suas vestes surpreendentemente claras dessa vez, iluminando a tez pálida. Os cabelos lisos estavam arrumados, mas soltos. Harry sentiu seus dedos coçarem e pôs sua mão no bolso enquanto segurava o copo ainda cheio na outra. O loiro limitou-se a erguer uma sobrancelha clara, com um ar de desprezo constante no rosto pontudo. Honeyman abriu um grande sorriso e saudou-o entusiasticamente.

- Vejo que veio sozinho, não trouxe um de seus amigos? – comentou, olhando para os lados.

- Não. Eles tinham outros compromissos essa noite. – respondeu, notando certo tom de censura.

- Oh, é uma pena. – comentou, com uma voz que não denotava sequer um pouco do que dizia – Mas estou muito satisfeito por ter aceitado meu convite. Nós estávamos perdendo todos esses anos sem Harry Potter conosco.

Harry teve de segurar o ímpeto de rodar os olhos para cima ao ouvir tal bajulação. Detrás do rapaz, viu Malfoy cobrir discretamente a boca, provavelmente para ocultar um riso.

- Venha, tem algo que quero lhe mostrar. – Honeyman falou animado, fazendo um gesto para que o acompanhasse.

Passaram por mesas de jogo, carteado e fichas mágicas estavam sobre as mesas, ocupando de homens de todas as idades que riam e falavam alto. A fumaça dos charutos os envolvia e fazia Harry se sentir um pouco zonzo. Em todo o lugar não se via uma presença feminina – soubera que nas tardes aquele salão era lotado de madames tomando chá e comendo bolinhos.

Alcançaram uma mesa diferente, onde havia uma roleta e na mesa havia números de aposta e fichas. Tendo vivido sua infância com os Dursley, reconhecia apenas pelos filmes de James Bond, que seu tio Válter era fã.

- Não é magnífico? Meu pai trouxe de um... Como os trouxas chamam? Cassino? – franziu o cenho, esperando que Harry confirmasse – Mas com a diferença de que o jogo foi adaptado a nossa maneira.

Com um aceno de varinha, a roleta girou em uma velocidade absurda, nem ao menos se via ou ouvia a bolinha bater. Com outro aceno, a roleta parou de imediato, com a bolinha parada em uma casa de número, como se estivesse ali grudada todo o tempo.

- Eu achava que era mais divertido esperar e ver ansioso onde a bolinha irá parar. – comentou Harry, não tão impressionado quanto Richard gostaria.

- Ora, detalhes. – fez um gesto evasivo – Gostaria de se juntar a nós e fazer as apostas? – sentou-se, indicando um assento para ele.

Harry olhou apreensivo para todos aqueles rostos dispostos na mesa, todos familiares do infame jogo de cartas que participara na mansão de Honeyman. Apesar de estar ali por uma missão, sentiu que não estava muito a fim de ser derrotado e humilhado mais uma vez.

- Não obrigado. – declinou, continuando em pé – Prefiro observar por enquanto.

- Oh, mas junte-se a nós ao menos uma vez. – insistiu, recebendo outra negativa, então se dirigiu a Malfoy – Você joga, Draco?

- Desculpe, mas terei de declinar também. Não confio ainda em um jogo desses. – respondeu, lançando um olhar indeciso para a roleta.

Enquanto Richard tentava convencer Malfoy, Harry se afastava para um canto, ficando próximo a uma janela. Percebendo sua bebida esquentando na sua mão, levou o copo a boca, mas foi interrompido pela voz arrastada.

- Não é uma boa idéia se embebedar nesse lugar, achei que tivesse aprendido.

Harry estreitou os olhos para a figura do loiro, que se postava do seu lado na mesma bancada da janela. Ignorando o aviso do outro, deu um bom gole da sua bebida, sentindo sua garganta queimar. Malfoy rodou os olhos para cima e pegou uma taça cheia da bandeja de um elfo que passava por eles.

- Não podia nem ao menos vir vestido decentemente? – estalou a língua em reprovação, dando uma olhada nas vestes de Harry, para ilustrar.

- Não há nada de errado com minhas vestes. – grunhiu, olhando para si mesmo. E ele realmente não achava, era seu melhor robe, não importando o fato de que ele tinha uns bons dois anos de uso.

- Oh, por favor, Potter. O que andou fazendo com toda sua fortuna esse tempo todo? Gastando na sardentinha? – debochou.

- Cala a boca, Malfoy! – rosnou, chamando a atenção de alguns presentes. Mas então baixou o tom de voz, embaraçado – Não fale mais de Gina desse jeito na minha frente. – o viu ergueu uma sobrancelha clara com uma expressão divertida – Não tem nada a ver.

- Tem razão, pelo visto ter dinheiro não quer dizer ter classe. – observou ácido.

- Parece saber bem quando o assunto é falta de dinheiro. Tempos difíceis? – alfinetou de volta.

Malfoy ficou vermelho e pareceu bastante aborrecido com o comentário. Harry sempre soube que o ponto para penetrar na pele dele era mencionar família e dinheiro. No entanto o loiro preferiu dar um gole da sua taça. Parando para pensar melhor, contudo, Harry percebeu que não andavam tão intolerantes um com o outro. Em circunstâncias normais depois de ouvir no mínimo três desaforos de Malfoy, perdia a paciência e partia para cima dele.

Talvez tivesse amadurecido e, por mais difícil que parecesse a Harry, Malfoy também. Não poderia saber o que acontecera a ele do sexto ano até aquele momento, aquele período compreendia tempos sombrios a Harry.

Os ataques do loiro pareciam ter mudado de foco, não menos irritantes. Não importando o que o traidor do seu corpo achasse!

Harry desviou a custo os olhos dos dedos longos que seguravam a taça, ficando aborrecido consigo mesmo. Observou os ocupantes da mesa com a roleta, Malfoy o imitou.

- Todos eles são... – começou, deixando no ar.

- Apenas três deles. – respondeu no mesmo tom baixo – Os dois à direita de Richard e o de cabelos castanho-claro na outra ponta. Eu não os conhecia antes, devem ter sido convencidos por ele a se aliarem a causa. Não creio que lembre, mas ele costumava andar por Hogwarts flanqueado pelos três. O resto são filhos de famílias influentes, ele gosta de andar cercado de tipos poderosos.

Então Malfoy estava no meio deles apenas porque Honeyman gostava de mantê-lo por perto, como uma coisa a ser exibida – Harry concluiu, sentindo-se mais e mais incomodado com a relação daqueles dois.

- E o que exatamente eu devo fazer agora?

- Apenas continue conversando comigo, é o suficiente. – o loiro deu de ombros.

- Então tudo que temos a fazer é continuar provocando um ao outro? – remexeu o restinho de bebida que ainda restava em seu copo – Não é tão complicado como imaginei. Quer dizer, eu ainda prefiro socar sua cara debochada, mas não é tão ruim assim.

- Podemos sempre partir para outro nível de interação. – comentou com ar de fingida inocência, então olhando Harry de esguelha e passando o dedo indicador pela borda da taça.

Quando ele levou o mesmo dedo a boca para lambê-lo, Harry teve de se repreender de novo por olhar. Suspirou virando-se de costas para o salão e debruçando-se na janela, observando o jardim do lado de fora, sentindo uma leve brisa bagunçar os seus já desfeitos fios escuros.

- Porque tem sempre de fazer isso? – resmungou.

- Fazer o que?

Harry sobressaltou-se, vendo Malfoy deslizar para mais perto apoiando os cotovelos na bancada, inclinado sua cabeça para encará-lo e fazendo os fios prateados cobrirem parte de sua face. Estavam muito próximos, Harry tinha certeza de que os olhando do salão pareceriam estar confidenciando segredos íntimos. Com embaraço sentiu suas faces corarem. Quis culpar a luz do luar sobre eles, mas lhe pareceu que a expressão do rosto do ex-sonserino havia suavizado suas feições constantemente arrogantes.

- Draco, Potter! – a voz de Richard os interrompeu – Venha jogar, não está sendo tão divertido sem vocês aqui! – reclamou, de maneira petulante.

Ocultos em parte pela janela, Malfoy lançou-lhe um sorriso triunfante antes de se virar, como se dissesse a Harry que haviam conseguido. Observou por alguns segundos ainda com certo choque as costas do loiro enquanto este ia até a mesa. Honeyman fez um assento surgir do seu lado, para que Malfoy sentasse.

Quando Harry voltou à mesma mesa, tomando um lugar quase oposto ao deles, viu de relance um olhar de desafio nos olhos de Richard, que foi mal disfarçado pela expressão calorosa que mostrava.

Não soube por que, mas naquele momento Harry devolveu-lhe o olhar na mesma medida. As fichas estavam apostadas.

 


 

Continua...

 

Fevereiro/2007


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