Isolated escrita por Fanfictioner


Capítulo 13
Parece promissor


Notas iniciais do capítulo

Ei gente! Voltei um pouco mais cedo do que o previsto para avisar que.... A FIC FOI CONCLUÍDA!
Já tenho o epílogo pronto, e pretendo liberá-lo terça-feira... Não vou me alongar muito aqui pq sei que estão loucos para saber o que vai acontecer com James e Lily, e acho que os sentimentalismos de despedida podem ficar para o epílogo, certo?
Obrigada demaaaaais por todos os comentários de vocês, fiquei muuuito feliz que ficaram chocados e, ao mesmo tempo, gostaram tanto so surto do James...
Sem mais enrolar... aí está!
Nos vemos nas notas finais



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DIA 15 DE 15

Lily quase não dormiu naquela noite. Havia tantos pensamentos em sua cabeça que chegava a sentir-se tonta e meio nauseada, numa clara iminência de crise de ansiedade. Primeiro, quando se sentou em sua cama, fechando o cortinado, sentira o coração acelerado demais, de um jeito que doía. Depois, uma a uma, as emoções diferentes foram chegando e se alternando dentro de Lily em uma velocidade quase perigosa.

Não mentira quando dissera a James que não sabia o que falar; realmente não fazia ideia do que supostamente deveria dizer, e seu coração estava rápido demais para que Lily conseguisse organizar as ideias. Potter não tinha exatamente dado a ela a oportunidade de falar qualquer coisa enquanto despejava toneladas de frustrações, o que inicialmente causou irritação em Lily, mas então ela começara a ver as coisas em outro prisma e, gradativamente, foi desmoronando.

Claro que James Potter não a deixaria falar, não enquanto Lily fosse ficar na defensiva, justificando suas ações que, bem, eram completamente injustificáveis e, como James bem frisara, cruéis e desumanas. Não que Lily tivesse tido essas intenções, claro. A irritação foi substituída pela vergonha de ouvir palavras tão duras a seu respeito, à sua conduta, especialmente vindas de James, que nunca fora um exemplo de bom comportamento.

Mas, afinal, não estavam falando de disciplina e assiduidade, nem mesmo de cordialidade com colegas. Estavam falando de usar pessoas por seus sentimentos, e James podia falar daquele tema, aparentemente, porque fora ela, Lily, quem agira de um jeito desprezível e nem um pouco respeitoso com ele. Esse constrangimento veio ainda enquanto ouvia James falando tudo que sentia, e começou a doer fisicamente, de um jeito que Lily não achava que sustentaria.

Era muito embaraçoso ser censurada por ele e, principalmente, ver-se como a errada da situação.

A esse constrangimento se sucedeu arrependimento, do tipo exato que faz as pessoas se sentirem miseráveis e culpadas. E então houve tristeza, e um pouco de desespero com a ideia de que James não falaria mais com ela depois daquilo, e Lily achou que teria um acesso por pensar demais.

Sua cama parecia feita de pregos, porque não havia posição suportável para que ficasse quieta por mais de dois minutos, e depois de se virar mais de 15 vezes, Lily desistiu e sentou-se, sentindo-se acalorada e ansiosa. E foi só então, cerca de duas horas depois de deitar-se fugindo de uma conversa madura com James, que Lily chorou genuinamente, sentindo-se a pior das pessoas.

Não era a pior das pessoas apenas por ter usado James, o que jamais tivera a intenção, mas por vir ignorando a si mesma, aos seus sentimentos e, com isso, acabar causando males aos outros, fruto dessa resistência em lidar com suas próprias emoções. Lily não era estúpida, e podia notar todas as mudanças emocionais que vinham acontecendo, embora não soubesse lidar com elas.

Mas naquele momento, Lily percebia que fora uma péssima decisão ignorar (e depois surtar com eles) sentimentos novos, ou com a confusão que eles traziam e, principalmente, fora absurdo supor que as coisas seriam diferentes apenas porque Lily se recusava a encará-las. Como se a experiencia de sua amizade com Snape não tivesse lhe ensinado genuinamente nada.

A menos de dois metros de distância, não era como se James Potter estivesse um pouco mais calmo ou controlado. O dossel de sua cama, complemente fechado e enfeitiçado com um Abafiatto, impedia Lily de ouvi-lo chorar, um pouco mais descontrolado do que gostaria. Detestava chorar, porque, por natureza, era uma pessoa alto astral, animada, e que gostava de tirar proveito das dificuldades do dia a dia, como um desafio pessoal.

Mas naquele momento James se sentia tão frágil quanto seu amigo Remo Lupin ao sair de uma transformação da lua cheia. Rejeição por si só era um sentimento novo para James, acostumado a ser sempre bem aceito, e até admirado. Mas a sensação de ser usado e traído era a cereja do bolo que colapsava sua saúde mental ali. Era uma rejeição com o requinte de ter seus sentimentos expostos e pisados.

As cenas de Lily se deitando em seu colo, e acariciando seu cabelo, dançando com ele, voltavam a sua mente numa frequência doentia, e a cada segundo pareciam mais torturantes, porque nunca tinham sido nada além de carência e maldade dela. Maldade, sim, pura maldade! Lily sabia de cada um dos sentimentos de James e, ainda assim, ousara usar deles em seu favor, e beijá-lo fora a gota d’água. Um beijo significava, então, tão pouco assim para Lily Evans?

Por que então se fazer de difícil todos aqueles anos? Se no final das contas não significaria coisa alguma para ela... poderia ter aproveitado quando James tinha apenas um leve interesse nela, no começo do 5º ano, e ambos teriam saído satisfeitos. Mas as coisas jamais seriam tão simples.

James olhou no relógio uma última vez perto das duas da madrugada, virando-se de lado para tentar dormir um pouco. Na outra cama, Lily continuou acesa até bem mais tarde, sem ter noção da hora, adormecendo pela exaustão de repassar infinitas vezes as conversas e os sentimentos em sua cabeça, a culpa crescendo desproporcionalmente dentro dela e fazendo parecer um tsunami se aproximando da praia.

Ninguém acordou cedo, e o café da manhã ficou esfriando até perto das 10h, quando Lily levantou-se para ir ao banheiro. O dossel da cama de James ainda estava fechado, e aquilo doeu em Lily. Sua cabeça estava pesada, e desejava dormir indefinidamente; mas quando lavava as mãos para sair do banheiro, escutou o som de talheres batendo no prato e soube que James já tinha levantado e tomava café.

Seu coração acelerou. Devia cumprimentar? Ou será que ele começaria outra sessão de discussão? Em todo caso, fosse o que fosse, Lily supunha que não poderia agir feito uma idiota novamente e se esconder no banheiro o dia todo até que James voltasse para a cama, apenas para não o ver. E, bem, se tivessem que discutir, Lily agora tinha as ideias mais bem organizadas e acreditava que seria capaz de falar algo também, explicar seu lado.

Mas não foi necessário, porque James apenas a cumprimentou com a cabeça, continuando a atenção em seus ovos mexidos com torradas, e Lily precisou apenas dar um “bom dia” em baixo tom, por cortesia.

Madame Pomfrey apareceu cerca de uma hora depois, com quatro frascos de poções flutuando a seu lado, e um pergaminho nas mãos.

— Senhorita Evans, chegaram hoje algumas recomendações do Hospital St. Mungus para a senhorita. Eles esperam que possa voltar às suas atividades no meio da próxima semana, porque está sendo sensível a sua recuperação. Professor Dumbledore concordou comigo que dois ou três dias de falta não vão atrasá-la demais... apenas por segurança, claro! Tome aqui!

Estendeu à Lily dois frascos de remédios e uma poção de imunidade, para começar a preparar Lily para a saída do isolamento. James recebeu a última dose desse mesmo remédio, que já tomava há quase uma semana. Madame Pomfrey tinha algumas perguntas relevantes para fazer a James, e não esperou ser convidada a se sentar, ou se desejava uma pena, adiantando-se em pegar o tinteiro de Lily de sobre a escrivaninha.

— Potter, como se sente?

— Bem. Tive insônia, mas nada sério, eu penso.

Madame Pomfrey concordou com a cabeça, fazendo mais duas outras perguntas, e então pedindo que James avaliasse alguns critérios de sua saúde em uma escala de zero a dez.

— Você me parece ótimo, senhor Potter. Vou repassar e discutir isso com diretora da sua casa – comentou, indicando o pergaminho em que tomara notas das respostas de James. – e acredito que o senhor deva receber alta depois do almoço.

A enfermeira se levantou, dando tapinhas suaves e amigáveis no braço de James que estava perto dela. Lily não ficara nada satisfeita com a ideia de que James ia embora, tanto porque passaria a ficar sozinha quanto porque sentia que precisava conversar com James ainda outra vez, e não pensava que algumas poucas horas seriam suficientes para que ambos se acalmassem da discussão passada e conseguissem ter uma conversa saudável.

James apenas concordou com a cabeça, sentindo um alívio imediato com a possibilidade de sair dali. Não só era ruim ficar isolado exclusivamente em uma sala, como ficava cada vez mais sufocante e insuportável estar ali dentro após a discussão intensa com Lily, constantemente tocando na ferida em seus sentimentos e se obrigando a ignorar a menina.

— Eu sugiro ir arrumando suas coisas. Vou pedir a um elfo que prepare sua cama no seu dormitório, Potter. – disse Madame Pomfrey levantando-se. – Eu volto até as 15h.

As coisas não mudaram durante o tempo que se seguiu, pois James permaneceu calado, ocasionalmente assobiando um pouco, e arrumando suas coisas para ir embora. Acontecera tanta coisa nos últimos dias, e James estava tão confuso, que não absorvera o fato de que tinha se curado da varíola de dragão!

Graças ao empenho de Madame Pomfrey, e todas as poções e remédios, James estava curado de uma doença que podia ser bem séria, e pronto para voltar às aulas, que até então começariam dali a dois dias. Obviamente era grato por tudo isso, por não ter esverdeado, ou soltado fumaça pelo nariz como um dragão Rabo Córneo-Húngaro. Mas não havia nada que diminuísse o peso e o aperto que sentia no peito por tudo que vivera com Lily nesses dias de isolamento e, em verdade, fora apenas ela sendo cruel.

— Precisamos conversar, James. – murmurou Lily na hora do almoço.

— Não precisamos, não. Não tenho nada para conversar, Evans.

— James... por favor.

— Por favor peço eu, Lily! Por favor, me deixe quieto!

James soltara os talheres na mesa, recém acabada sua comida, e levantou o olhar para Lily, que o encarava com uma expressão persistente.

— Só me escuta então. Eu preciso conversar com você. Por favor!

Não houve uma resposta, mas quando James sentou-se no sofá, cruzando as pernas e os braços, Lily soube que tinha ganho ao menos cinco minutos da atenção dele, o que era quase suficiente. Lily sentou-se no tapete, de costas para a lareira, sentindo o calor esquentar suas costas, encarando James de frente, num esforço grande para sustentar o olhar impaciente e desconfortável dele.

— Primeiro de tudo, você estava certo. – murmurou fechando os olhos, ciente de que não conseguiria começar a falar sentindo os olhos penetrantes de James sobre si. – E segundo, eu sinto muito. De verdade, eu sinto muito, espero que me perdoe. Não tive a intenção de brincar com seus sentimentos, nem de ser cruel ou desumana. – esforçava-se em lembrar tudo que James tinha pontuado sobre seu comportamento na noite anterior.

— Ótimo. Isso melhora muito as coisas, a intenção é o que conta, não é o que dizem? – debochou James, olhando as próprias unhas.

— Isso é sério, por favor. – Lily respirou fundo e tornou a falar. – Eu sinto muitíssimo, sei que foi babaca, não vou negar nada disso. Mas gostaria que soubesse algumas coisas sobre mim, ouvisse minha versão sobre outras, e então eu ficarei satisfeita se quiser me odiar e falar mal de mim para quem quiser.

— Não vou falar mal de você para ninguém, seria ridículo e imaturo.

— Certo. É um pouco sobre isso que quero falar. Primeiro, coisas que quero que saiba. Eu nunca soube dos seus sentimentos por mim, não da maneira que você supõe que eu soubesse. – acrescentou depressa, quando James fez menção de que ia interrompê-la. – Não pode me culpar, James. Você me chamava para sair enquanto azarava pessoas nos corredores, e ficava se exibindo mexendo no cabelo. Nós tínhamos 15 anos, James! Ninguém gosta, de verdade, de alguém com 15 anos! A gente se atrai, acha bonitinho, quer dar uns beijos... mas não gosta o suficiente para namorar sério...

James meneou a cabeça, parecendo concordar com aquele ponto, e Lily entendeu como um convite para que ela continuasse falando.

— Outra coisa, Severo costumava dizer que você gostava de mim, e eu sempre levei isso como uma questão de vocês. Não sou idiota de achar que Severo não tivesse interesse em ficar comigo naquela época, não que eu correspondesse, então sempre achei que era uma das brigas de ego de vocês. Do tipo, quem sair com Lily primeiro ganha.

“E não faça essa cara, James, vocês gostavam desse tipo de rivalidade idiota e arrogante! Então nunca levei a sério nada do que dizia. Nem as cantadas, nem os convites... e você sempre foi meio mulherengo, James. Acho que nunca foi desacompanhado há Hogsmeade nos últimos três anos!”

— Não é verdade. – comentou James com uma mescla de tédio e indignação.

— Certo, certo... você entendeu. Então, bem, você mudou bastante, não posso dizer que não. E conviver na monitoria, as rondas, os compromissos, as reuniões... nesses momentos você era outro James.

— Eu era o mesmo James, Lily. A mesma pessoa.

— Outro James para mim! – exasperou. – Outra pessoa, diferente do que eu costumava ver e imaginar, entende? Você leva as obrigações com responsabilidade, e aprendeu a ouvir as pessoas, não só fazer o que lhe dá na telha, do seu jeito. E claro que você continuou insistindo em me chamar para sair, então isso era confuso! Você mudou, mas não parou com a brincadeira infantil de achar que eu seria um prêmio contra Snape, é uma conta que não fecha, sabe?!

— Porque você está fazendo ela errada! Você nunca foi um prêmio contra Snape, Lily. – James claramente estava se irritando.

— Eu sei, James! Esse é o ponto! Eu sei! Agora eu sei! Mas não via assim, e era estranho, porque eu gostava da sua companhia quando não estava me importunando para sair. E então ficamos isolados aqui, e eu não tive escolha senão falar com você, conviver com você, conhecer você. E por Merlin, você é uma pessoa incrível!

James esboçou um sorriso sem humor, e Lily corou ao notar que estava elogiando-o. Continuou, firme na ideia de falar o que precisava.

— E a última coisa que preciso que saiba, é que eu nunca namorei. Eu tinha apenas, uma única vez, vale frisar, ficado com Amos Diggory.

— Amos Diggory?! O que formou ano retrasado?!

— Ele mesmo. Num passeio a Hogsmeade no quinto ano. E foi a única vez que beijei alguém até esses últimos dias. – James estava bastante confuso naquele momento. – Dadas essas informações, vamos às minhas versões que você precisa saber.

Naquele momento Lily tinha conseguido atrair a curiosidade de James, fosse por mencionar sua inabilidade total em beijar alguém, fosse por ter admitido que saíra com alguém dois anos mais velho quando tinha recém completado 15 anos. James tinha os olhos focados nela, com uma expressão de atenção e interesse, não que atenuasse a mágoa dele em relação à menina.

Lily parou um momento, fechando os olhos e respirando fundo, sabendo que uma vez que começasse a falar não poderia simplesmente parar no meio, então teria que ser do começo ao fim. Era o momento de honrar sua casa e ser corajosa.

— Eu me lembro sim da noite em que alucinei, e sei que beijei você. Mas são memórias borradas e não muito precisas, então eu estava absurdamente constrangida porque não sabia se tinha dito algo errado, ou feito algo errado, porque afinal eu não tinha experiência, e claramente devia ter feito algo errado! E não sabia se você tinha dito algo que eu deveria lembrar e não lembrava. E sim, sei que quer saber, foi intencional. Não sei explicar o porquê, e não acho que vale a pena eu falar dos meus sentimentos naquele momento, porque acho que vamos ficar constrangidos, e eu só quero esclarecer as coisas, tudo bem? – Lily corou violentamente, e James assentiu com a cabeça, esperando que ela continuasse.

“As coisas do hospital eu já contei, e naquele dia você foi muito, muito amável, James. Mais do que eu merecia pelo jeito como tratei você algumas vezes nesses anos. E isso embolou mais ainda tudo que já estava embolado na minha cabeça, entende? Era bom, e eu estava carente e com saudades de casa, e tinha beijado você numa confusão maluca de sentimentos, e tinha gostado, e estava ignorando, com medo de você usar isso como troféu contra Snape... sei que não parece convincente, mas juro que me senti assim!”

— Eu posso acreditar, Lily.

— Então, bem eu continuei alimentando aquilo, e procurando você, e me divertindo com o seu jeito... não sei, eu só estava gostando de tudo, era leve e bom, e eu não queria enfrentar toda a confusão que estava na minha cabeça naquele momento. E fiquei culpada por isso na terça-feira... não foi nada maduro, mas eu ignorei você não para ser maldosa, ou para usá-lo, James, mas porque não fazia ideia do que estava pensando ou sentindo, e fiquei assustada. Eu estava gostando muito disso tudo! Então nos beijamos no dia seguinte...

— Você me beijou.

— Sim, é... eu beijei você. – Lily enrubesceu, constrangida pelo comentário. – Como falei, todo o clima, eu tinha me sentido bem com você, com sua atenção e carinho... acho que pensei que queria aquilo como eu e...

— Não estou reclamando, Lily. Eu realmente queria. Merlin, era tudo que eu mais queria! – exasperou James, bagunçando os cabelos, nervoso. – Mas foi horrível que você nem sequer tenha conversado comigo o dia seguinte quase inteiro... Lily, tem noção de como isso machucou?!

— Eu imagino, sim! E não foi por mal, James... não foi para usar você, ou pisar nos seus sentimentos. Mas fiquei assustada e perdida! Eu não podia estar gostando de você, não quando você por inteiro me confundia, e eu não fazia ideia se sabia quem você realmente era, como era sua personalidade, se tinha mesmo mudado! Eu queria estar com você e, ao mesmo tempo, me sentia boba e insegura por você ser experiente nisso de relacionamentos, e eu claramente não ter habilidade nenhuma!

Tanto James quanto Lily estavam muito agitados e nervosos, e Lily parecia a beira do choro. Havia um turbilhão de sentimentos envolvidos ali, e era informação demais para ser absorvida de uma única vez.

— Sei que não justifica, James... mas, o ponto... – respirou fundo. – O ponto disso tudo...  James, o que estou querendo dizer é que estive gostando de você essa última semana de um jeito que não pensei que gostaria, e isso me assustou, e não sou boa para lidar com sentimentos. Eu pareço durona, e acho que até sou... mas tudo isso, acabar Hogwarts, os NIEMs, as mortes que Você-Sabe-Quem está cometendo, ser trouxa... eu sou muito boba sentimental, James.

E então começou a chorar. James não soube se permanecia em seu lugar ou não, pois seu coração todo despedaçado pela própria Lily, na véspera, parecera se partir mais quando James começou a compreender o que Lily estava tentando dizer. Era muita coisa para assimilar, e ele próprio não sabia como teria reagido se estivesse no lugar dela.

Levou alguns segundos para James ir até Lily, no tapete, e sentar-se ao lado dela, abraçando-a pelos ombros. Sentindo que James realmente estava acompanhando sua linha de raciocínio e explicação, Lily continuou, com a voz fraca.

— E eu acho que esses últimos dias mostraram que eu preciso de uma ajuda emocional, porque eu estive ignorando todos os meus sentimentos por medo de fazer besteira e estar me enfiando numa enrascada, que acabei fazendo justamente isso... – ambos riram um pouco, porque era realmente o que acontecera.

Ficaram ali um tempo, sem dizer nada, porque não havia muito o que acrescentar. James sentia que o aperto em seu peito diminuíra sensivelmente. Lily realmente dissera que estava gostando dele?

Lily fechara os olhos e deixara recostar-se no ombro de James, que estava sentado a seu lado sobre o tapete, encostado contra o sofá. Havia tanto que ainda queria falar, queria perguntar se ele poderia perdoá-la, queria colocar seus pensamentos em ordem, queria que seu sentimento por ele, ainda tão frágil e nascente, pudesse crescer, que pudesse dar certo... de repente, Lily entendeu tudo que James sentia ao ser rejeitado, e desejou beijá-lo para afastar as dúvidas de que era recíproco o afeto.

— Senhor Potter? Suas coisas estão prontas? Professora Mcgonagal pediu que eu o acompanhe até a torre da Grifinória. – perguntou Madame Pomfrey quando chegou algum tempo depois.

— Opa! Pronto, sim... vou pegar minhas coisas.

James levantou-se e Lily o acompanhou. Pegou a mochila e acenou com a varinha para os livros, que passaram a flutuar a seu lado, segurou a vassoura em uma das mãos e então foi despedir-se de Lily.

— Obrigado por aliviar o que eu sentia, Lily.

— Era o mínimo, James... de verdade, espero que me perdoe. Sei que eu não sou mais a mesma pessoa para você, mas eu sinto poderia ser a pessoa daquela noite na banheira, ou dançando com a música da vitrola. Eu queria ser essa pessoa de novo. Com você. – murmurou, segurando a mão dele.

— Precisamos de mais conversas, Lily... tem muitos sentimentos em aberto aqui. E não acho que podemos ser idiotas de aceitar essas idas e vindas de emocional de novo. Não com tudo de mais sério que já está acontecendo... não seria saudável para mim aceitar qualquer coisa só por gostar de você. – Lily concordou com a cabeça, sabendo que tudo que James ponderava era sensato e necessário de ser avaliado.

— Você me esperaria sair daqui para continuarmos essa conversa? Deve ser até quart...

— Esperei dois anos, ruiva... o que são quatro dias. – deu um sorriso triste. – Preciso ir, Lily. Melhore logo...

Movida por aquele olhar triste e meio magoado dele, Lily ficou na ponta dos pés e, puxando o rosto de James pelo pescoço, deu-lhe um selinho, que foi o suficiente para acender aos dois. Madame Pomfrey teve o bom senso de usar esse tempo para tirar os lençóis da cama de James e, magicamente, fazê-la desaparecer, evitando observar a despedida de James e Lily.

Nem Lily nem James acrescentaram mais nada aquela conversa, e então, acompanhado da enfermeira de Hogwarts, James foi embora da sala dos monitores, seu quarto de isolamento pelas duas últimas semanas. Muita coisa tinha acontecido entre ele e Lily, definitivamente a relação dos dois mudara, e com certeza não era como se tudo estivesse resolvido.

Mas agora, depois das confissões de Lily, parecia mais promissor, e nenhum dos dois podia esperar pela quarta-feira em que ela receberia alta do isolamento.


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Notas finais do capítulo

Sei que não parece muito o final que esperamos, mas sinto que humaniza mais a Lily e explica algumas coisas... prometo que o epílogo compensará tudo!
Espero vocês nos comentários, e nos vemos terça! Beijos!