Isolated escrita por Fanfictioner


Capítulo 12
Eu não sei o que dizer


Notas iniciais do capítulo

Oioioi!
De volta por aqui, depois de entregar o capítulo Jily mais fofo da fic, e confesso que esperava mais... tivemos muuuitas leitura, mas quase ninguém se manifestou, será que não atingi as expectativas? :(
De qualquer modo, eis ai uma nova atualização... vejo vocês nas notas finais!



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Dia 13 de 15

 James achou que teria cãibras nas bochechas, porque já passava da meia noite e ele, sinceramente, não conseguia parar de sorrir para, quem sabe, conseguir dormir. Não que achasse que seria capaz. Havia tanta energia em seu corpo, que James tinha certeza que poderia acender toda a cidade de Londres por duas noites inteiras apenas com aquela felicidade toda.

Lily o tinha beijado.

E não fora um mero selinho. Não! Lily o beijara profundamente, e James pode até mesmo segurá-la bem próximo e apertado, aproveitando a sensação que era o corpo dela encostado no seu. Dessa vez tudo parecera durar mais.

Dessa vez, James não fora pego desprevenido e, portanto, pode absorver todas as sensações e percepções. Notou, primeiro, que o perfume de Lily era melhor ainda quando sentido de perto, e que o cabelo dela era mais macio do que aparentava, pois era como tocar seda. Percebeu, então, que a boca de Lily tinha um gosto doce, mas podia ser só algum resquício das Delícias Gasosas que tinham dividido mais cedo, e que ele gostava muito da sensação que era a mão leve e delicada dela segurando na lateral de seu pescoço.

Era piegas, mas James estava completamente drogado de apaixonado por Lily, e beijá-la naquela noite fora como dar uma dose a um viciado. O fizera sentir vivo e aceso, e ele não desejava perder aquela sensação por mais nada no mundo. Quando adormeceu, algum tempo depois, James ainda pensava em Lily e em toda a memória daquele beijo maravilhoso, que se estendera por algum tempo, e terminara com os dois sentados no sofá, lado a lado, e James fazendo um cafuné em Lily.

Era tudo bom demais.

Na manhã de quinta-feira tudo estava muito calmo e quieto quando James acordou, e o dia estava nublado demais. O café da manhã já estava posto, e o cortinado da cama de Lily estava fechado, de modo que James tomou o desjejum sozinho, e depois sentou-se em frente ao calor da lareira, remanescente da madrugada, lendo Quadribol através dos século pela enésima vez.

Seu relógio de pulso apitou quando marcou nove horas, e então novamente as dez, e James começou a se perguntar se Lily estava bem, pois a menina ainda não tinha se levantado, e nem feito qualquer menção de barulho.

— Ruiva? Tá acordada? – perguntou, em um meio tom, aproximando-se do cortinado fechado. Não houve resposta.

Embora intrigado, James apenas se conformou que Lily estava sonolenta e queria ficar na cama e, na real, não a julgava, dado o mau tempo. Estava ansioso para vê-la, conversar com ela no clima bom em que estavam. A ideia de poder ficar na companhia de Lily a todo momento agora que tinham definitivamente ficado era animadora demais. James achava que explodiria de bom humor, no entanto, sabia que poderia esperar mais meia ou uma hora até que Lily despertasse e estivesse disposta.

Ela estava se recuperando, afinal, James procurava lembrar-se.

Mas Lily não saiu da cama até quando Madame Pomfrey apareceu, depois das onze da manhã. Carregando uma bandeja com meia dúzia de frascos de poções, a enfermeira entrou na sala dos monitores sem nem mesmo precisar bater, tão usual já era sua visita.

— Como se sente hoje, Potter?

— Muito bem, Madame Pomfrey! – disse sem conseguir refrear o sorriso que brincava em seu rosto há algum tempo. – Eu realmente vou ser liberado no final de semana?

— Alguém de bom humor aqui hoje! – brincou ela, conferindo as pupilas de James e assegurando-se de que ele estava, realmente, curado. – Eu diria que sim, acho que até no sábado, mas não quero contar com os ovos que as corujas não botaram. Vamos observar...

Estendeu-lhe um frasco de poção.

— A senhorita Evans, onde está?

— Ela ainda não acord...

— Estou aqui! Deitada, Madame Pomfrey. – disse Lily, sem abrir o cortinado de sua cama

— Ah! – ele murmurou, bastante corado em constrangimento.

A enfermeira concluiu que Lily estava muito bem, obrigada, deu a ela algumas poções que faziam parte do tratamento, e logo saiu, assobiando uma canção antiga, e deixando o cortinado de Lily meio aberto. Apenas o suficiente para que ela pudesse ver a James e que a recíproca fosse verdadeira.

— Eu achei que estava dormindo ainda... não veio tomar café. – ele comentou meio indeciso se devia tocar no assunto. O bom humor tinha se espocado como uma bolha de sabão, e agora dava lugar a um sentimento confuso e envergonhado. Lily estava o evitando?

— Eu peguei uma bebida quando você ainda estava dormindo, não tive fome. E só não estava muito a fim de sair da cama hoje, queria ler quietinha. – ela devolveu, dando de ombros.

— Então estamos bem?

James sabia que era infantil perguntar aquilo. Sabia que agia como um menino bobo após o primeiro beijo. Mas não podia evitar sentir-se estranho, não queria ser ignorado outra vez.

— Claro, está tudo okay. Por que não?

O sorriso que Lily deu não foi tão amável quanto ele tinha imaginado, e ela também não o convidou para ficar mais algum tempo ali, continuando a conversa. Então James apenas se inclinou e deixou um beijinho em sua bochecha, ao que Lily tocou seu braço, e retornou a ler. Podia ser só sua impressão, mas lhe parecera que Lily estava tão normal quanto sempre fora, exceto, talvez, um pouco mais doce, mas nem um pouco movida pelos eventos da noite anterior.

Quase duas horas depois, Lily não quis almoçar à mesa, sentou-se na frente da lareira, e James não ousou questioná-la do porquê. Talvez Lily estivesse com cólicas, ou só sentindo-se doente, e por mais que desejasse passar algum tempo com ela, James considerou mais prudente deixar algum espaço sossegado para a menina, que alternou entre o sofá e a cama durante todo o resto da tarde, agarrada a anotações de poções e herbologia em seu livro preparatório para a medibruxaria.

— Você gostaria de jogar algo? Eu tenho xadrez na minha mochila. – convidou James, tentando manter o bom humor. Talvez Lily estivesse cansada de estudar e aceitasse uma companhia.

Ela bebericou o suco de abóbora, parecendo ponderar.

— Acho que não. Estou com dor de cabeça, e acho que já vou me deitar, James.

— Hum... tudo bem. Amanhã talvez. – sorriu, ao que ela devolveu um sorriso meio forçado, e que James teve certeza de que era por educação. A comida pareceu embolar em sua boca e ficar difícil de engolir.

“Amanhã será melhor, ela não está brava. E disse que estávamos bem. E aceitou um beijo. Não pira, Pontas.” Pensava consigo quando Lily se retirou para deitar-se.

Mas o outro dia não foi exatamente melhor. Lily realmente levantara-se para tomar café, aparentemente enjoada de ficar escondida atrás do cortinado de dossel de sua cama, e, de fato, ela até mesmo cumprimentou James. Mas não passou disso. Não houve muita conversa, e a maior parte do tempo Lily apenas ficara concentrada em seus estudos, sentada numa das escrivaninhas, sentindo o olhar intenso de James sobre si e ignorando-o com admirável obstinação.

Ele até tentou puxar algum assunto, mencionar a vitrola, comentar sobre como Lily deveria persistir em ensiná-lo a dançar, porque tinha gostado muito, mas Lily não parecia muito disposta a conversar, pois sempre tinha uma resposta já pronta, e decididamente não estava nem um pouco a fim de entrar no assunto sobre a noite da vitrola.

Quando, após o almoço, James sentou-se a seu lado no sofá, Lily deu-lhe uma rápida olhadela e um sorriso educado, logo em seguida concentrando-se em anotações e revisões que fazia. Ao sentir o toque suave de James em seu cabelo, Lily congelou, estupefata, sem mover os olhos do papel.

— Ruiva... tá tudo bem? – ele murmurou, esperando começar uma conversa.

James estava usando todos seus esforços para não sentir-se mal, mas não era como se o silêncio de Lily estivesse propriamente ajudando.

— Claro que sim. James, eu preciso mesmo estudar, não posso falar agora. Depois... – e se levantou em direção à escrivaninha, mesmo que estivesse ali há apenas alguns minutos.

Houve outras tentativas. James perguntou-a algumas questões de poções, esperando que isso virasse uma conversa, mas Lily apenas dissera que Bezoar era a pedra do estômago de um bode (“está descrito na seção 17, sobre antídotos elementares, James”), e comentou sobre a técnica do amassamento das vagens soporíferas (“Slug falou disso no ano passado, quando fizemos a poção do morto-vivo, você não se lembra?”).

Nem mesmo as delícias gasosas fizeram o efeito desejado, pois Lily disse que comera doces demais na antevéspera e estava querendo compensar não comendo besteiras nesses dias seguintes.

O jantar também não se mostrou um momento muito mais adequado do que o resto dia, e era como se o depois de Lily nunca chegasse. Comendo calada como uma freira medieval, Lily só meneava a cabeça para as perguntas de James, ocasionalmente murmurando alguma resposta monossilábica que beirava a agressividade. Aquilo estava ficando, realmente, insustentável.

Já muito chateado e em vias de perguntar, agressivamente, qual era o problema, James se retirou, deixando o jantar pela metade, para um longo e demorado banho de imersão, tomando o cuidado de usar bastante espuma para distrair-se e esfriar as ideias.

A água estava, a princípio, quente demais, e James quase gritou com a queimação que sentiu em seus pés. Mas à medida que a temperatura foi se estabilizando e que James foi se afundando na banheira com dimensões de piscina olímpica, parte de sua frustração se dissipou junto. Mergulhou por inteiro e deixou seu corpo relaxar e se esquentar completamente, saindo apenas quando as pontas de seus dedos já estavam enrugadas.

Hogwarts era constantemente fria graças as paredes de pedra, de modo que James se vestiu rápido. Seu moletom do time de quadribol da Bulgária estava desbotado e as mangas estavam puídas, de tanto que já fora usado. James teve ainda o bom senso de enxugar os cabelos com um feitiço, com medo de adoecer.

Quando voltou para a sala dos monitores, arrepiando os cabelos já naturalmente rebeldes, Lily estava sentada no sofá, com as pernas cruzadas, concentrada na chama azulada que conjurara, controlando a inclinação e o brilho da flama com movimentos suaves de sua varinha. James gostava de observá-la, Lily, quando estava concentrada. Nesses momentos conseguia perceber mais e mais detalhes da bruxa excepcional que ela era, independentemente de sua origem, o que já era o suficiente para incomodar muita gente, pensava consigo.

Com passos delicados e silenciosos, James chegou próximo ao sofá, abraçando Lily por trás e deixando um beijo no topo de sua cabeça, inebriado pelo perfume do cabelo ruivo e sedoso dela. Lily saltou como se tivesse tomado um choque muito forte, desvencilhando-se do abraço e parando em pé no meio do tapete, encarando James numa mistura de susto e raiva.

— Mas que é isso, James?!

— Eu... ruiva, eu só estava tentando ser atencioso. – disse ele, confuso e assustado com a reação de Lily.

— Bom, eu não quero que isso aconteça de novo, okay?! – respondeu ela, com o olhar perturbado.

— Mas o que houve, Lily? Eu não posso mais nem encostar em você!

— Claro que pode, não seja idiota!

Aquilo fora forte. Lily estava irritada?

— Bem, você não teve problemas quando beijei sua bochecha ontem, não achei que hoje seria diferente... - comentou James com vagareza, observando Lily atenciosamente.

— Tem certeza que está tudo bem, Lily? Entre a gente?

James vagarosamente dava a volta em torno do sofá para ficar de frente com Lily. Ela estava agindo estranha demais, e parecia exageradamente ansiosa, além de fria e distante. Era como se, de repente, Lily tivesse voltado a ser apenas a Evans de duas semanas atrás, e não mais a Lily com quem James conversava com intimidade há vários dias e, principalmente, não era a Lily que o beijara menos de 48h atrás.

— Não existe a gente. E eu estou ótima, só não quero que fique me abraçando como se tivéssemos alguma coisa. 

— Alguma coisa? – aquilo doera, não que James fosse admitir rápido assim.

Lily não disse mais nada. Crispou os lábios, ficando séria e sustentando o olhar penetrante de James, que estava mais do que magoado. Havia muitos sentimentos se avolumando dentro de James, mas ele nem mesmo sabia quais eram eles. Havia raiva, dor, mágoa, indignação. Ele não sabia sequer o que deveria dizer, ou mesmo fazer.

— Alguma coisa. Eu entendo... – começou ele, após algum tempo em silêncio. Lily persistia sustentando seu olhar, como uma boa grifinória. – Afinal, qual é a sua, Lily?

— Do que...

James mordeu os lábios, sentindo a raiva sobrepor todos os sentimentos naquele momento, alimentada pela mágoa latente, que parecia criar forma, e pela agonia de se sentir traído.

— Estou falando das suas atitudes, Lily Evans. Por que isso, agora, à essa altura do campeonato?

— Eu... eu não entendo... – murmurou Lily confusa.

A ideia de que Lily estava se fingindo de inocente naquele momento o fez perder o controle.

— Entende sim! Você sabe muito como tem agido, porque não é estúpida! Você não tem o direito, Lily, de fazer isso. Nem comigo, nem com ninguém. – sentia que faiscava, e percebeu Lily encolher perante sua reação. – Não sou a pessoa mais puritana do mundo, e nem ouso dizer que nunca fiz nada errado, Lily! Não tenho a pretensão de negar que azarei muitos colegas nos corredores e chamei de brincadeira, e nem vou dizer que não escarniei do seboso do Snape. E não ouse defendê-lo, porque eu estou muito, muito irritado agora! – acrescentou depressa quando Lily fez menção de abrir a boca.

— Não vou dizer que não fiz qualquer uma dessas coisas, e tenho vergonha de ter feito muitas delas. Eu fui, e talvez seja ainda, bem arrogante. Mas eu jamais, jamais, Lily, usei alguém! Jamais brinquei com o emocional das pessoas.

A situação ficou suspensa no ar. James arfava fundo, sentindo a raiva pulsar em si, falando demais e rápido demais. Lily o encarava, muito menos confiante do que dois minutos atrás, constrangida demais para falar algo, sentindo que James explodiria, literalmente, a qualquer segundo. Apertou a varinha no punho, num sentimento de que as coisas pareciam prestes a sair do controle.

— Eu sei que você se lembra da noite em que alucinou, e de tudo que aconteceu! Sei que sabe que me beijou naquela noite na banheira, sei que foi intencional! – Lily corou violentamente ao ouvir aquilo. – E sei que ignorou completamente tudo quando voltou de St. Mungus, deixando muito claro para mim que aquilo deveria ser esquecido!

Começara a nevar forte, e o vento açoitava a torre com violência, fazendo o clima parecer o de uma cena de novela excessivamente dramática.

— E eu deixei você na sua, Lily. Estive disposto a esquecer tudo aquilo, e agir como se não tivesse passado de uma loucura sua em estado completamente febril, mesmo que estivesse enlouquecendo para ser diferente. Mesmo que tudo que eu mais quisesse fosse conversar sobre aquilo!

“Mas enquanto não tocava no assunto, você, ao mesmo tempo, fazia questão de estar ali, junto! Você não me deixava na minha, quieto para sentir em paz a sensação de ser rejeitado, o tempo todo se enroscando, como um gato assustado, em cima de mim!”

— Como você tem coragem, Potter?! - Lily estava tão vermelha que James não sabia se era de raiva ou de vergonha. – Claro que você vai adorar virar as coisas para fazer parecer que eu me atirei em cima de você!

— Eu estou mentindo, Evans? É assim que eu devo chamá-la? – sibilou ele, com uma nota de deboche que Lily sentiu profundamente. – Quando você chegou assustada e sozinha, e queria colo para chorar eu fiquei ali, ouvi tudo que você precisava falar, sobre tudo o que passou! Acolhi você, cuidei de você! Não estou jogando nada na sua cara, antes que venha falar! Estou mostrando que você é cruel, Evans! Você é cruel e desumana comigo! Ou você ainda vai tentar me convencer de que não sabe dos meus sentimentos por você?!

Como se ainda fosse possível, Lily corou mais ainda, guardando a varinha no bolso da jeans e cruzando os braços sobre o peito. James precisou parar alguns segundos para respirar fundo, sentindo seus olhos marejarem. A raiva que antes faiscava dentro dele estava sendo substituída por uma tristeza volumétrica que parecia se adensar em cada poro disponível.

— Você está exagerando, Potter. – murmurou Lily baixinho, constrangida demais para falar mais que isso.

— Estou? Eu estou exagerando, Evans? – os olhos de James encheram-se de água e seu rosto esquentou. – Eu passei dias, dias, desesperado, achando que você me odiaria e me azararia eternamente por eu ter correspondido seu beijo naquela noite. Um beijo seu era tudo que eu mais queria há meses! Eu estava apaixonado por você! Enquanto esteve no hospital eu fiquei aqui, cogitando se tinha sido ou não um assediador por ter aceitado um beijo da garota que sou apaixonado! Porque você me beijou!

— Eu estava semiconsciente! Não pode me julgar por isso! – exasperou Lily, tentando fugir da responsabilidade.

— E depois disso você age como se nada tivesse acontecido. Ignora o assunto e espera que eu lide sozinho com tudo que você jogou na minha cabeça! – continuou James como se não tivesse sido interrompido. As lágrimas desciam livremente pelo seu rosto. – Não sendo suficiente você fica nesse vai e vem, num dia se deitando no meu colo, no outro não falando comigo! Eu não sou um cachorrinho brincando de pega! E então, você me beija! Evans, você me beijou! E depois não olhou na minha cara por dois dias!

— Não é verdade...

— Ah, claro! Vamos ser justos aqui, não é? Você olhou mesmo... para dizer que não quer falar comigo!

As palavras de James começavam a doer fisicamente em Lily, em algum lugar perto do plexo solar, numa sensação bizarra de um tiro de dentro para fora, como que rasgando algo em suas entranhas. Ela não tinha sido, assim, tão escrota, tinha?

— Eu sempre deixei muito claro que gosto de você, que amo você! E isso é cruel de tantas maneiras, esse seu jeito de brincar com os sentimentos dos outros... você me dá náuseas, sabia? Uma coisa é não me corresponder, porque você realmente não é obrigada... mas me usar para preencher sua carência e então agir como se eu fosse o errado por tratar você com atenção... isso não. Isso é abuso, e desonesto! É desumano, Lily Evans!

A intensidade com que James a encarava chegava a machucar. A luz da lareira deixava a mostra o caminho que as lágrimas vinham percorrendo pelas bochechas dele, e o silêncio de Lily era paradoxal à intensidade da nevasca lá fora.

Algo no peito de James doía de forma tão latente e cortante que sentia que choraria por horas, mas não ali, na frente dela. Fecharia sua cortina e usaria um feitiço de imperturbabilidade, pois sentia que choraria aos berros. Não era justo aquilo tudo. Não era justo que Lily fizera.

De fato, James não podia se sentir mais estúpido e humilhado em toda sua vida. Não apenas tinha sido rejeitado, como também tinha acabado de escancarar seus sentimentos para a pessoa que acabar de pisar neles; e estava prestes a pisar de novo, pois bastaria meia dúzia de palavras de Lily em uma resposta para que James fosse completamente destruído no pouco de dignidade que sobrara após ser usado da forma mais desumana possível. 

Mas Lily não disse nada.

— Você não vai falar nada? É sério isso, Evans?!

Lily continuou encarando-o por algum tempo, e então, antes de sair e ir deitar-se fechando o cortinado de sua cama, murmurou numa meia voz que James não soube dizer se era de constrangimento e arrependimento, ou apenas muita raiva e indignação.

— Eu não sei o que dizer, Potter.


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Notas finais do capítulo

Oh shit, here we go again! Essa questão deles precisava ser resolvida (embora não tenha resolvido muito, não é?) e o próximo é nosso último capítulo, tirando o epílogo... alguma aposta do quem vem por aí? E o que acharam, James tem razão ou só surtou? E a Lily, foi babaca ou não tinha obrigação mesmo?
Espero vocês nas notas finais e terça que vem temos a penúltima atualização! BEeijinhos!