Passar o dia com Ethan no parque estava sendo incrível, a cada momento que passávamos juntos ele me surpreendia me fazendo rir o tempo todo, mas não pode deixar de ficar curiosa sobre o fato dele descender por parte de mãe de uma tribo indígena.

Ouvir as lendas me deixou ainda mais animada para saber sobre tudo de La Push e a tribo Quileute, principalmente sobre o imprinting, pois algo me dizia que essa palavra tinha muita importância.

—Ethan, o que é um imprinting? - questionei novamente olhando nos olhos escuros do meu namorado que ficou perdido em pensamentos por um tempo, como se estivesse decidindo se poderia ou não me contar sobre o assunto. - Ethan, se não puder ou não quiser me contar, está tudo bem, não irei mais insistir.

—Não é isso, Aurora, só não quero que pense que estou inventando algo. -ele disse sincero e segurei suas mãos nas minhas, sem desviar os meus olhos dos seus.

—Jamais pensaria algo assim de você. Não importa se o mundo disser o contrário, sempre vou acreditar no que me disser, Ethan. - jurei e Ethan respirou fundo, antes de voltar a falar.

—Conta a lenda, que os primeiros transfiguradores se sentiam incompletos depois da sua transformação, nem mesmo a irmandade do bando conseguia aplacar esse sentimento de solidão e vazio, até que um dos lobos salvou a vida da filha de um respeitável guerreiro de uma tribo inimiga. Assim que os dois se olharam, eles sentiram uma força os puxando em direção ao outro, unindo-os para sempre.  A partir daí surgiu o imprinting...O momento no qual a magia ancestral escolhi a companheira ou companheiro de um lobo, preenchendo assim o vazio que existi em ambos. O imprinting é como o amor à primeira vista, só que muito mais forte. Você é capaz de tudo pelo seu imprinting, sendo tudo o que ela precisar que seja. Nada mais importa a não ser ela...Você daria sua própria vida, para protegê-la de qualquer perigo. Um imprinting, só acontece uma vez na vida e ele jamais pode ser quebrado, porque essa ligação é para a vida toda. - Ethan disse sério e desviei os olhos dos seus, olhando para as nossas mãos perfeitamente entrelaçadas como se tivéssemos sido feitos um para o outro, desejando que tal magia ainda pudesse existir e me unisse a ele para sempre.

—É uma lenda muito linda, querido, mas você acredita que possa existir um amor assim? Tão grande, capaz de fazê-lo querer para sempre apenas uma pessoa? - questionei olhando em seus olhos, curiosa para ouvir a sua resposta e Ethan sorriu amoroso para mim, acariciando meu rosto com a mão livre.

—Alguns meses atrás não entendia como alguém, escolhia de livre e espontânea vontade ficar apenas com uma pessoa, abrindo mão de várias por uma só. Por mais que tivesse presenciado inúmeras vezes o amor dos meus pais, ou da minha irmã com o meu cunhado, não conseguia compreender tal sentimento até você chegar, Aurora. Me fazendo rever cada um dos meus pensamentos e ideais, me transformando em um novo homem para que pudesse ficar com você. E sinceramente, não imagino mais a minha vida sem você ao meu lado. - Ethan disse sincero olhando nos meus olhos e sorri emocionada. - E a resposta para a sua pergunta é... Sim. Acredito que possa existir um amor tão grande, que faça alguém querer apenas uma pessoa, porque é o que sinto por você. Eu te amo mais do que tudo nesse mundo, Cíntia Aurora, seria capaz de dar a minha vida pela sua, sem pensar duas vezes. Pra mim, não existi mais ninguém, só você.

—Pra mim também Ethan, não sei explicar, mas nunca amei ninguém como amo você e isso me assusta, porque tenho medo que tudo acabe tão rápido como começou. - disse preocupada e ele acariciou meu rosto com a mão livre.

—Aurora, prometo que vamos ficar juntos pra sempre, não importa o que aconteça. Jamais vou deixa-la. Isso é uma promessa, amor, da qual jamais faltarei com a palavra. - Ethan jurou e agradeci suave antes de encostar a sua testa na minha me beijando com carinho em seguida.

Depois que me acalmei, Ethan me convidou para darmos uma volta pela margem do lago de mãos dadas, enquanto continuávamos a conversávamos sobre nós.

Descobri que meu namorado, adorava andar de moto e que havia feito um curso de engenharia mecânica, pois ele amava mexer em motores, uma paixão que havia aprendido com a sua tia Rose que segundo ele, era a melhor mecânica que conheceu na vida.

—Foi na casa dela que você ficou quando estava em Nova York? - questionei curiosa assim que paramos perto de uma barraca, para que Ethan comprasse sorvete para nós.

—Não, foi na casa da minha tia Alice, mas ela não mora em NY.  Tia Alice só estava na cidade por causa da semana de moda e aproveitei para me hospedar na casa dela, pois nos vemos muito pouco. -ele disse me entregando meu sorvete de morango, antes de pegar o seu de hortelã com gotas de chocolate.

—Não acredito, que você gosta de sorvete de hortelã com gotas de chocolate? - questionei incrédula vendo-o lamber seu sorvete e tinha que admitir, que aquele gesto corriqueiro sendo executado por ele, se tornou bastante atraente e sensual para o meu alto controle.

—Hei, sorvete de hortelã com gotas de chocolate é muito bom, Aurora. Por acaso, já provou alguma vez? - ele questionou parando de lamber seu sorvete, para me olhar de forma questionadora.

—Não, mas com certeza deve ter gosto de creme dental. - brinquei e ele sorriu me puxando para os seus braços com a mão livre.

—É mesmo, senhorita Lopes? Acho que preciso, fazê-la mudar de ideia. - Ethan segredou malicioso sem desviar os olhos dos meus antes de me beijar com carinho.

Beijar Ethan já era naturalmente bom, mas tinha que admitir que o sorvete de hortelã com gotas de chocolate deixou o sabor do seu beijo ainda melhor do que já era, algo que pensei ser impossível acontecer.

—E então, senhorita Lopes? Sorvete de hortelã com gotas de chocolate, ainda tem gosto de creme dental? -Ethan questionou sorrindo sem folego com sua testa encostada a minha, antes de acariciar a ponta do meu nariz com o seu.

—Sim...Mas é o creme dental, mais gostoso que já provei na vida. - segredei para ele que sorriu feliz me beijando novamente, antes de voltarmos a caminhar pelo parque.

Depois que terminamos nossos sorvetes, voltamos para o local onde havíamos deixado o nosso piquenique, pois estava na hora do almoço.

Almoçamos em perfeita harmonia, conversando sobre coisas do dia a dia até que o cansaço me dominou, afinal, havia dormido tarde ontem e a minha irmã me acordou cedo hoje, me fazendo desejar dormir depois do almoço nem que fosse por alguns segundo.

—Pode dormir tranquila, meu amor. Não vou sair de perto de você...Vou velar seu sono, como um anjo da guarda. - Ethan prometeu doce e concordei apoiando minha cabeça em seu peito, enquanto ele se deitava na manta me aconchegando melhor em seus braços, enquanto fechava os olhos aproveitando para sentir o cheiro do seu perfume único de madeira e hortelã.

Acabei adormecendo  ao som do seu coração evolvida nos seus braços, enquanto Ethan acariciava meu cabelo sem pressa, como se tivéssemos todo tempo do mundo para ficarmos ali juntos, envolvidos no nosso próprio mundo.

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—Bem-vinda de volta, minha bela Aurora. - ouvi Ethan sussurrar amoroso beijando meus cabelos com carinho assim que abri os olhos, percebendo que o sol estava menos aparente.

—Me desculpe, acho que dormi demais. - disse escondendo meu rosto em seu peito, envergonhada por ter pegado no sono no nosso primeiro programa como um casal.

—Está tudo bem, meu amor, você devia estar cansada e adorei vê-la dormir. Você disse meu nome várias vezes, Aurora. -Ethan segredou suave e segurei a respiração, pedindo a Deus que não tivesse dito nada que pudesse me envergonhar.

—Disse algo vergonhoso ou comprometedor? - questionei sentindo meu rosto quente e Ethan sorriu suave pra mim.

—Não, Aurora. Você só disse que me amava e me pediu para não magoá-la, na verdade você me implorou que não fizesse isso. E em todas as vezes em que me pedia isso, lhe respondia que seria incapaz de magoá-la, pois te amava muito. - ele admitiu sincero e agradeci a Deus por ter colocando Ethan na minha vida, alguém capaz de entender e aceitar meus receios e temores.

Sem dizer nada, me afastei dele sentando em sua frente para olhar seus olhos escuros, que pareciam duas ônix brilhantes, principalmente quando me olhava.

—Eu te amo, Ethan, e serei eternamente grata a vida por tê-lo colocado no meu caminho. Você é tudo que sempre desejei, sem ao menos saber o que queria. Apesar de tão diferentes, somos perfeitos um para o outro. - segredei e ele sorriu concordando, entrelaçando sua mão a minha.

—Meu pai sempre diz, que os melhores e mais verdadeiros amores, são aqueles totalmente diferentes de você, mas que te completam perfeitamente sem que precise buscar outro.

—Seu pai é muito sábio.

—Isso é verdade, talvez ele seja o único na minha família. - ele segredou e sorrimos antes dele olhar para o céu e franzir a testa, como se tivesse sido pego de surpresa por algo. -Acho melhor irmos, parece que vai chover daqui a pouco.

—Tudo bem. - disse concordando antes de Ethan se levantar e me oferecer ajuda para fazer o mesmo.

Arrumamos tudo e seguimos para o estacionamento do Hyde Park, mas a chuva não demorou a cair e tivemos que correr até o carro, nos abrigando de todo o temporal fora de época que estava caindo, afinal estávamos em pleno verão londrino.

Ethan dirigia pela chuva com extrema cautela, mas a visibilidade da pista estava péssima deixando o para-brisas embaçado, apesar dos seus limpadores estarem funcionando.

De repente um carro veio em nossa direção em alta velocidade, mas antes que pudesse dizer ou pensar qualquer coisa, Ethan girou o volante com agilidade desviando do carro evitando assim um acidente, que nessas condições poderia ser grave.

Sem dizer uma palavra, ele estacionou o carro no meio fio ligando o sinal, tirando o seu cinto em seguida antes de virar para me ver, segurando suas mãos nas minhas que estavam tremulas pelo susto.

—Aurora, você está bem? Se machucou? - Ethan questionou preocupado, enquanto me olhava de cima a baixo, a procura de algum ferimento.

—Estou bem, foi só um susto. - disse para mim mesma tentando me acalmar e ele concordou suave, tirando o meu cinto antes de beijar a minha testa e me envolver em um abraço apertado, tentando de reconfortar.

—Foi só um susto, amor...Você está bem. - Ethan disse tremendo e acariciei suas costas, tentando acalmá-lo um pouco.

—Sim, foi só um susto, amor. Nós estamos bem. - assegurei suave tentando nos acalmar e ficamos abraçados por alguns minutos, até Ethan se separar de mim e sugerir que fossemos direto para a sua casa que era mais perto, para que pudéssemos esperar o temporal passar antes dele me deixar em casa e concordei.

Ethan ligou o carro voltando a dirigir com cuidado, fazendo uma curva em direção a área nobre de Londres. Nunca deixaria de ficar surpresa com a imponência da mansão Thompson, que segundo o que sabia por causa das revistas de fofoca das quais olhava as capas quando parava na banca, ela havia sido o lar de inúmeras gerações do qual seus ilustre moradores possuíam um parentesco distante com a família real, o que me fazia ficar ainda mais nervosa.

Como se aquele lugar me dissesse que não era digna de estar ali, mesmo que já frequentasse a mansão a praticamente um mês, enquanto ajudava seus donos na organização de suas bodas.

Ethan passou direto pela entrada principal entrando pela lateral, onde um portal se abriu permitindo que ele entrasse com o carro no local, evitando assim que nos molhássemos mais ao sair do veículo.

—Ethan, tem certeza que não vou incomodar? Afinal, você nem avisou seus pais que estaria me trazendo para cá. - disse preocupada enquanto saiamos do carro.

 Afinal, uma coisa era ser convida outra era aparecer de surpresa na casa dos seus sogros, sem que eles ao menos soubessem que eram seus sogros agora.

—Claro que não, amor. Além do mais, meus pais te adoram e ficarão muito felizes em ver que a mais nova nora deles, veio lhes fazer uma visita surpresa. - Ethan disse suave travando o carro e caminhando em minha direção, antes de parar na minha frente me analisando. - Espera, você está nervosa em ver meus pais? É isso Aurora?

—Claro que estou. Uma coisa é encontrar seus pais com o horário marcado, porque estou trabalhando para eles, outra é aparecer de surpresa ao lado do filhos deles, ainda por cima toda molhada. - disse olhando para o meu vestido úmido e meus tênis encharcados pela chuva, enquanto sentia meu cabelo molhando nas minhas costas, tudo resultado da corrida que demos até o seu carro quando estávamos no Hyde Park.

Que belo jeito de ser apresentada formalmente aos seus sogros, Cíntia, pensei comigo mesma e Ethan sorriu amoroso para mim, antes de colocar uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

—Você está linda, meu bem, e meus pais não irão se importar com o fato de estar molhada ou se apareceu de surpresa. Tenho certeza que eles ficarão felizes com a sua presença, mas antes vou levá-la até o meu quarto para tomar um banho quente e trocar de roupa, pois não quero que fique doente. - Ethan disse suave entrelaçando sua mão direita a minha me levando para dentro da sua casa, enquanto ainda tentava processar o que ele havia acabado de falar.

Como assim eu ia conhecer o quarto do meu namorado?

Ainda estava tentando processar que iria ser apresentada formalmente aos doutores Thompson, como namorada do filho caçula deles, e Ethan diz que irá me levar até o seu quarto com a maior naturalidade, como se estivesse comentando a minha roupa.

Deus, me ajude a não cometer nenhuma gafe ou loucura enquanto estou aqui, pedi em pensamento enquanto acompanhava meu namorado pelo hall de entrada da mansão, enquanto seguíamos de mãos dadas em direção as escadas que davam acesso ao segundo andar, onde provavelmente deveria ficar o quarto de Ethan.

—Parado aí meu rapaz. Onde pensa que o senhor vai com tanta pressa? - ouvi a voz do doutor Thompson dizer severo atrás de nós e desejei que um buraco me engolisse, para que evitasse mais esse constrangimento na minha, que já possuía vários na lista.