O Legado escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 84
Cíntia


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a mais um capitulo de o Legado part. 2, que prometi muitas emoções e novos recomeços.
Resolvi antecipar o capitulo de amanhã para hoje, pois estarei ocupada amanhã e ficarei sem tempo para postar, e não seria justo deixá-los sem o capitulo que tanto estão esperando.
Espero que entendam.
As partes em negrito, correspondem as cartas escritas pelo Ethan.
Sem mais delongas, fiquem com o capitulo de hoje.
E lembrem-se: Fiquem em casa, lavem as mãos frequentemente, bebam água e mantenham pensamentos positivos.
Beijos e boa leitura.

Música do capitulo:
https://www.youtube.com/watch?v=ujq0QBpteVI&fbclid=IwAR1YOsxaNbI4ieCat25XRQ1MetDYI05JNu3euzNFpTimu4hulfVm-VUKvAE



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Nunca havia pensando em como o tempo, essa grandeza física usada pelo ser humano para medir a ocorrência dos momentos, poderia ser o melhor remédio para os males do coração assim como um excelente conselheiro, esclarecendo por fim os fatos que outrora, pareciam confusos e sem sentindo pra mim.

O tempo havia me feito muito bem, me permitindo crescer e me conhecer como pessoa, sabendo lidar com minhas dores e aceita-las, dando início ao meu processo de cura e crescimento interior. Me permitindo assim entender o que sentia, mas tinha medo de admitir para mim mesma.

Sem perceber um mês havia se passado, desde que recebi aquela carta de Ethan, na qual ele confessava que me amava, antes de ir para Nova York e tantas coisas haviam acontecido depois disso.

Douglas havia sido julgado e condenado pela justiça inglesa, pelas acusações de tentativa de agressão, chantagem, calunia e difamação. Recebendo como sentenças para tais crimes um mês de prisão, o pagamento de uma pequena fortuna em libras, que usei para fazer uma reforma na pensão modernizando-a atraindo assim mais hospedes para o local, além de se manter afastado de mim a uma distância de 500 metros.

—Se acha que isso vai ficar assim, é melhor se preparar, Cíntia. Porque vou me vingar de você, onde mais dói. - Douglas disse furioso para mim enquanto me olhava com ódio, antes de ser levado do tribunal pelo guarda.

Ouvir a ameaça de Douglas e olhar nos seus olhos repletos de ódio, me fez estremecer assustada, diante do que ele poderia fazer depois que saísse da prisão.

—Não ligue para o que ele acabou de dizer, Cíntia.  Douglas não pode lhe fazer nenhum mal, ele passará um bom tempo na cadeia e se ao menos sonhar em chegar perto de você, depois que sair a polícia irá prendê-lo.- Theo, que havia se prontificado desde o início a me ajudar no processo, disse ao meu lado tentando me tranquilizar.- Agora que essa parte da sua vida se encerrou, está na hora de começar uma nova.

—É tudo que mais desejo, Theo. - disse suave ainda olhando para o local, onde Douglas havia saindo escoltado pelos policiais.

Além da punição judicial que Douglas havia recebido, o Conglomerado Thompson, entrou com uma ação perante o conselho de contabilidade inglês, pedindo a cassação da licença de contador do meu ex-namorado, após tê-lo demito e deixado sua entrada proibida, em todas as filias do grupo.

O veredito para tal solicitação saiu algumas semanas depois do julgamento, através de uma nota pública no jornal de maior circulação de Londres, o concelho informava a sua decisão favorável à cassação definitiva do direito de Douglas exercer sua profissão.

Com a demissão de Douglas, seu cargo de contador assistente ficou vago, obrigando a empresa a abrir um edital de urgência para preencher a vaga desocupada, pois o contador chefe iria se aposentar no mês que vem e precisava treinar um novo substituto rapidamente, já que o seu sucessor havia sido preso.

—Você precisa fazer sua inscrição, Ci.- Luzia disse deixando seu almoço de lado, para me olhar nos olhos.

—Não sei, Luiza. E se todo mundo achar que fiz tudo isso, para ficar com o emprego do Douglas? - questionei preocupada com essa possibilidade e ela respirou fundo, antes de colocar sua mão direita em cima da minha e me olhar nos olhos.

—Não vou dizer que não terão pessoas que pensaram ou dirão isso, mas sei o quanto é qualificada para a vaga e deve tentar essa oportunidade. Quanto aos que irão pensar ou dizer, que fez tudo isso para ficar com o emprego do seu ex... É só mostrar a eles através do seu trabalho, que mereceu o lugar que conquistou. Porque tenho certeza, que conseguira essa vaga. - Luzia disse e sorri agradecida a ela.

Incentivada por minha amiga, fiz minha inscrição no concurso sem maiores pretensões,

mas para minha total surpresa consegui passar em primeiro lugar, tanto na análise de título quanto na entrevista presencial. Me tornando assim, a mais nova contadora assistente e atual sucessora do contador em exercício, sendo treinada para me tornar a responsável por toda a gestão financeira do Conglomerado Thompson. 

Quando recebi o telefonema do setor de RH da empresa, comunicando o resultado do concurso, chorei de emoção por saber que finalmente poderia exercer a profissão que tanto amava. Era o sinal de que estava começando a colher todos os frutos que havia plantado anos atrás, quando aceitei trabalhar como secretária de Benjamin aos dezoito anos, para ajudar meus pais a pagarem minha faculdade, já que os dois também estavam arcando com as despesas da de Susan, que na época estava fazendo um estágio remunerado na cozinha de um grande restaurante, pois minha irmã sonhava em ser chef de cozinha.

 Sonho esse, que ela conseguiu realizar anos depois, assim como eu estava realizando o meu agora.

Horas depois que recebi o telefonema informando o resultado do concurso, um entregador bateu na minha porta com um buque de lírios cor de rosa e um envelope preto nas mãos, igual ao que havia recebido semanas atrás de Ethan.

—Quem será que mandou? - vovó questionou maliciosa sorrindo para mim, fazendo todos sorrirem também, assim que corei sem graça por sua insinuação.

—Com certeza é do Ethan. - Susan disse me olhando cumplice, pois havia lhe confirmado semanas atrás o que sentia por Ethan, quando finalmente entendi e aceitei meus sentimentos.

—Então, acho melhor terminarmos a nossa sobremesa na cozinha, enquanto a Ci lê a carta dela em paz. - minha mãe disse sorrindo e concordei.

Depois da notícia da minha aprovação, fiz questão de ligar para a minha família que veio almoçar conosco na pensão, para que pudéssemos comemorar todos juntos.

 -Eu agradeceria muito, mãe. - disse sorrindo para ela que concordou, antes de levar todos para a cozinha, me deixando a sós com a minha carta.

Ansiosa para saber notícias de Ethan, que não atendia e nem respondia nenhuma das minhas mensagens desde que viajou para NY, abri o envelope com as mãos tremulas começando a ler o que estava escrito nessa carta.

 

“Parabéns pela sua conquista, minha doce Aurora.

Posso voltar a chamá-la de Aurora? Espero que sim, pois já lhe disse o quanto amo chamá-la por seu segundo nome que combina tanto com você, minha verdadeira aurora... Minha luz, que me tirou da escuridão na qual vivia há tanto tempo.

Você me mostrou, o verdadeiro significado da felicidade, não sei mais viver como antes e nem quero, pois aquilo não podia ser chamado de vida.

Minha vida realmente só começou quando lhe conheci, Aurora.

Estou morrendo de saudades de você, meu amor... A cada dia fica mais difícil me segurar, para não ir atrás de você. Ontem peguei meu carro e fui direto para o aeroporto, quando chegou a minha vez de comprar a passagem, percebi que que não podia fazer isso.

Não podia simplesmente interromper o seu crescimento pessoal e profissional porque estava com saudades, seria egoísta da minha parte e nunca mais serei assim com você. Não com a mulher que amo.

Meu amor, não pense que não escuto ou leio todas as mensagens que tem deixado pra mim. Escuto e leio cada uma delas todos os dias, só não as respondo porque estou tentando respeitar o seu espaço, por mais difícil que seja fazer isso.

Ouvir e ler suas mensagens, têm me ajudado a matar um pouco da saudade que sinto, enquanto tento me concentrar nas aulas de especialização que estou fazendo aqui.

E não senhorita Lopes...Não estou me divertindo por aí como antes, estou me comportando de forma exemplar enquanto estou aqui.

Divido meu tempo entre passar minhas manhãs, ouvindo palestras e fazendo cursos, já no período da tarde estou no hospital metropolitano de Nova York, que oferta o curso de especialização, colocando tudo que aprendi em prática.  Por coincidência,  este é o mesmo hospital no qual meu pai trabalhou por anos, antes de se mudar para Forks onde conheceu minha mãe.

À noite, quando chego na casa dos meus tios, estou tão cansado que depois do jantar desmaio de cansaço na cama. Se não fosse pelo fato de estarmos separados, diria que estou gostando bastante do curso, mas iria aproveitar muito mais se estivesse aqui comigo.

Espero que esteja segura e bem, assim como todos da sua família, mande um beijo para eles, em meu nome, por favor.

Mas não escrevi essa carta, para falar da falta que você me faz ou de mim. Redigi esse texto, porque queria lhe parabenizar por sua conquista profissional, meu bem.

Esse é só o começo, da sua caminhada profissional de sucesso, da qual sei que será longa e cheia de reconhecimento.

Todo sofrimento pelo qual passou se encerrou com esse ciclo, o qual está se abrindo para um novo caminho repleto de felicidade e amor.

Por isso, minha Aurora, sorria sempre.

Ilumine o mundo com o seu sorriso musical e aproveite tudo o que a vida está lhe dando agora, como recompensa por todos os momentos tristes que já passou.

Prometo querida, que o momento de nos reencontrarmos está próximo e será épico.

Sinto saudades, amor.

Sempre seu, Ethan.”

 

Como antes quando recebi a primeira carta, tentei entrar em contato com Ethan para lhe agradecer, mesmo que ele não respondesse sempre deixava uma mensagem e agora sabia que ele ouviu ou lia, o que me incentivou a continuar mandando-as para que soubesse de tudo o que estava acontecendo na minha vida.

—Sou eu, Aurora. E sim, você pode voltar a me chamar de Aurora, sinto falta de ouvi-lo me chamando dessa forma, Ethan. Acabei de receber sua segunda carta e as flores...Como soube que lírios cor de rosa, são minhas flores preferidas? Não me lembro de ter lhe contado isso, mesmo assim obrigada por elas, adorei as flores e a carta. Fico tão feliz em saber que apesar de não responder, tem escutado e lido todas as mensagens que lhe mando. - disse depois do sinal, que confirmava a gravação da mensagem de voz. - É bom estar mesmo se comportando, porque se não sabe sou muito ciumenta doutor Thompson. Preciso tanto lhe contar algo, mas não pode ser por telefone, por isso não demore a voltar pra mim. Estou com saudades.

Depois que lia as cartas que recebia de Ethan e lhe mandava uma resposta de agradecimento, sempre terminava chorando de saudade, me lembrando dos poucos momentos em que passamos juntos, tentando amenizar a falta que ele me fazia.

Sempre que ficava triste Pedro tentava me animar, dizendo que a vida daria um jeito de nos unir novamente, enquanto me levava para tomar sorvete perto da pensão.

Meu amigo havia pedido demissão do emprego no qual trabalhava por anos em Washington, para aceitar o cargo de editor chefe, em uma renomada revista especialista em política aqui em Londres. Nas ultimas semanas, Pedro estava saindo com uma colega de trabalho e pelo que me contava, os dois iriam longe.

—E se ele me esquecer? - questionei preocupada enquanto andávamos pela rua, em mais uma tarde na qual ele tentava me animar com sorvete.

—Duvido Ci. Mesmo longe, Ethan criou uma forma de ficar perto de você. Ele te ama e tenho certeza que jamais deixará de pensar em você, mas e a senhorita, o que senti por ele? - meu amigo questionou curioso, empurrando meu ombro com o seu e sorri enquanto andávamos em direção a sorveteria.

—Nem adianta tentar, Pedro, porque não vou contar. A primeira pessoa ou melhor segunda a saber o que sinto, já que Susan apelou para a nossa irmandade, será o Ethan. - disse e meu amigo concordou antes de sorrir pra mim.

— Entendo, mas não acredito que contou para a Susan e quer manter segredo de mim? Estou magoado, Ci.- ele disse brincando e sorrimos.

—Se serve de consolo, ela simplesmente deduziu e só balancei a cabeça, porque segundo todos a resposta está nos meus olhos.

—Isso é verdade, desde a primeira vez que vi os dois juntos soube. Só vocês, os mais interessados na história, que não percebiam nada. -Pedro brincou e sorri concordando, antes de voltarmos a seguir o nosso caminho.

A verdade era...Que estava perdidamente apaixonada por Ethan Thompson.

Havia me apaixonado por ele desde a primeira vez que o vi, mas estava tão consumida pela dor que não conseguia enxergar o que estava diante dos meus olhos. Só havia descoberto todo esse amor quando Ethan se afastou de mim, me permitindo curar todas as minhas magoas e dores do meu relacionamento anterior, além de me deixar realizar meus sonhos pessoais, fazendo com que fosse primeiro feliz comigo mesma, antes de dividir a minha vida com ele.

Porque com Ethan, sentia que seria para sempre e desejava ansiosamente que ele voltasse pra mim, para que começássemos a viver todo o amor que sentíamos pelo outro.

—Cíntia, posso entrar? - minha secretária questionou e pisquei confusa voltando ao presente, enquanto a via com a porta entre aberta.

—Sim, Eleonor. -disse depois que ela entrou na minha sala e fechou a porta.

— Só vim lembra-la como me pediu, de avisá-la quando faltasse vinte minutos para a cerimônia de posse. - Eleanor disse gentil e sorri agradecida a ela.

—Obrigada Eleonor, já estou indo só preciso ligar para alguém. - disse e ela concordou antes de me deixar a sós na sala.

Me levantei da minha cadeira e respirei fundo algumas vezes, antes de pegar meu celular apertando o número de Ethan para lhe deixar uma mensagem de voz, como sempre fazia no último mês.

—É a Aurora, Ethan. Minha cerimônia de posse, para assumir formalmente o cargo de contadora chefe do conglomerado será agora e estou apavorada, querido. Queria tanto que estivesse na sala de reuniões, para me passar um pouco de segurança. Entendo agora, porque decidiu se afastar de mim, mas não sei se conseguirei aguentar ficar longe de você por mais tempo...Por favor, só volta pra mim, preciso tanto de você. - implorei saudosa tentando segurar minhas lágrimas, pois não queria deixa-lo preocupado, por isso respirei fundo novamente antes de me despedir e desligar o telefone.

—Vai ficar tudo bem, Cíntia. - sussurrei para mim mesma antes de sair da minha sala, seguindo em direção ao elevador.

Depois de um mês em treinamento com o contador chefe, aprendendo tudo relacionado as finanças do Conglomerado, finalmente iria assumir o lugar do meu mentor diante de todo o conselho administrativo da empresa.

Assim que sai do elevador sorri surpresa, por ver quem estava me esperando ali.

—Mel? - questionei feliz por ver a minha amiga ali e ela sorriu, antes de vir me abraçar com carinho.

—Sim. Queria ser a primeira a te abraçar. Meus parabéns, Ci, estou tão orgulhosa de você. - minha amiga disse com carinho, enquanto ainda estávamos abraçadas.

—O que faz aqui? -questionei confusa assim que nos separamos, afinal a cerimonia de posse era somente para os participantes do conselho administrativa, um cargo que minha amiga não possuía.

—Ben veio para sua cerimônia de posse, como representante administrativo da rede de laboratórios, e usei meu privilegio de esposa dele para poder assistir a formalidade, pois não perderia esse momento por nada no mundo. - minha amiga segredou e sorri agradecida a ela, por estar ali me apoiando naquele momento, já que minha família não estaria.

—Obrigada, amiga. Você não sabe o quanto é importante vê-la aqui.- agradeci segurando suas mãos, enquanto olhava em seus olhos cor de mel.

—Não precisa agradecer, Ci. Somos amigas e sei que faria o mesmo por mim.

—Isso é verdade. E como você e essa garotinha estão? - questionei sorrindo soltando a mão da minha amiga, para acariciar de leve sua barriga de quase três meses, e os olhos dela brilharam ao pensar na filha que crescia em seu ventre.

Algumas semanas atrás, ela e o marido haviam me ligado por vídeo chamada, para dizer que eles seriam pais de uma menina, o que me deixou feliz pela novidade.

—Estamos bem, mas estou tendo que controlar o pai dela. Se não ele sai por aí, comprando tudo o que vê pela frente. Sempre que saímos para almoçar, Benjamin volta com uma sacola diferente de alguma loja de bebê. Estou pensando seriamente em levar meu marido, nas reuniões dos compradores compulsivos. - ela brincou e sorrimos, enquanto tentava imaginar Benjamin comprando tudo que via pela frente, em loja especializadas para recém-nascidos.

—Deixa ele Mel, é a primeira filha de vocês, isso é normal. Meu cunhado fez igual com os meus sobrinhos.

—É bom saber, que não sou a única casada com um comprador compulsivo de artigos para recém-nascido. - ela brincou e sorri concordando.

—Mel, você sabe se o Ethan vem? -questionei e minha amiga respirou fundo, antes de me olhar com carinho.

—Acho que não Ci. Pelo que Benjamin me disse, da última vez que falou com o irmão, Ethan ainda estaria hoje em Nova York, para apresentar o ultimo trabalho do curso de especialização, que está fazendo. Sinto muito, amiga, sei o quanto ele queria estar aqui.

—Tudo bem, Mel. Estou começando a acreditar que talvez, não fosse para ficarmos juntos. - disse triste e minha amiga negou com a cabeça.

—Não pense assim. Tenho fé que se encontrarão em breve, ainda serei a madrinha do casamento de vocês. - minha amiga brincou e sorri por sua empolgação.

—Quem sabe. - disse e ela concordou sorrindo, antes de sugerir que fossemos para a sala de reuniões da presidência.

A cerimônia de posse transcorreu de forma tranquila, exatamente como meu mentor havia me explicado ontem quando acertávamos os últimos detalhes para a solenidade. Após todos os tramites legais e institucionais cumpridos, fui cumprimentada por todos os participantes do conselho administrativo, do qual faria parte agora no cargo de contadora chefe, mas sempre que terminava de agradecer as felicitações de alguém meus olhos voltavam para a única cadeira vaga que havia ali, a qual pertencia ao homem que amava.

—Está tudo bem, querida? -ouvi Leah questionar atrás de mim e respirei fundo, tentando afastar as lágrimas que ameaçam cair antes de virar para vê-la.

—Estou bem, não precisa se preocupar, Leah. - disse suave e ela sorriu carinhosa para mim.

—Sempre vou me preocupar com quem gosto, Cíntia, e prometi para o meu filho que cuidaria de você. - ela disse suava e agradeci por seu carinho, ficando surpresa em saber do pedido de Ethan.

Desde que liguei para a mansão Thompson e Leah me contou que o filho havia viajado, ela e marido sempre me ligavam para saber como estava, e o fato de estar ajudando-os a organizar a renovação dos seus votos durante minhas folgas, nos deixou ainda mais unidos.

—Porque ele não veio, Leah? Porque Ethan insisti, em se manter longe? -questionei triste por nosso afastamento e ela suspirou.

—Queria muito poder lhe dar as respostas que tanto deseja, querida, mas só o meu filho pode fazer isso. Só peço que tenha calma e paciência, porque isso não durará por muito tempo.

—É o que espero, porque não sei se vou conseguir suportar ficar longe dele por mais tempo. - disse suave e ela concordou antes de me abraçar com carinho, enquanto me dizia palavras de conforto.

Depois que terminei de receber e agradecer as felicitações de todos voltei para a minha sala, disposta a dar o expediente como encerrado e seguir direto para casa, onde minha cama e uma panela de brigadeiro estariam à minha espera enquanto chorava novamente de saudade, após reler as duas cartas que Ethan havia me mandado.

—Como foi a cerimônia? - Eleonor questionou gentil, assim que me aproximei de sua mesa para liberá-la.

—Graças a Deus, deu tudo certo. Se quiser ir para casa está liberada, pois não precisarei mais de você. Aproveite o final de semana com seu noivo. - disse e ela sorriu feliz por saber que poderia voltar para casa, ou melhor, para o noivo mais cedo.

Eu também estaria sorrindo dessa forma, se meu pseudo namorado estivesse no mesmo país que eu e pudesse correr para os seus braços, depois de um dia exaustivo de trabalho.

—Obrigada Cíntia, vou aproveitar sim o final de semana, espero que aproveite o seu também e chegaram umas flores e um envelope para você enquanto estava na reunião, os deixei na sua sala. - Eleonor disse e segurei a respiração, torcendo para que fosse de Ethan.

—Como são essas flores e o envelope, Eleonor?

—As flores são lírios cor de rosa e o envelope é preto. - ela disse e sorri feliz, antes de sair praticamente correndo para a minha sala.

Me aproximei da minha mesa e senti o perfume doce dos lírios, antes de pegar o envelope preto, tirando a carta de dentro dele e sorrindo ao reconhecer a caligrafia elegante de Ethan,  começando a ler o que estava escrito.

“Estou tão orgulhoso de você, meu amor.

Conseguiu realizar seus sonhos e ser reconhecida, pela profissão que tanto ama e escolheu para exercer. Tenho certeza que será a melhor Contadora, que o Conglomerado Thompson já teve.

Desejo que sua caminha profissional, seja cheia de sucesso, felicidade e realizações. Esse é o seu momento de brilhar, minha Aurora.

Queria muito poder estar com você, apoiando-a nesse momento, mas além de ter um ultimo trabalho para entregar da especialização desejo que nosso reencontro seja especial, para que se lembrar sempre dele para a vida toda.

 Não vou lhe contar o que estou aprontando, porque é segredo e adoraria ver a sua reação, espero ansiosamente que goste.

Está é a última carta que lhe escrevo, meu amor, mas não quero que fique triste ou pense que esqueci de você. Penso em você todos os dias desde que a conheci, da hora que abro os olhos até o momento em que sonho.

Não importa o que aconteça, Cíntia Lopes, nunca vou deixar de amá-la e nem quero. Espero que esteja tão ansiosa quanto eu estou, para vê-la.

Sonho em abraçá-la novamente, sentir seu cheiro natural de pitanga, ouvir o som da sua voz e da sua risada... Anseio desesperadamente matar a saudade que sinto de tudo que se resume a você, amor.

Espero que também sinta a minha falta, tanto quanto senti a sua durante esse último mês.

Voltando ao início da carta, para comemorar sua grande conquista e celebrar o nosso reencontro depois de um mês separados, use os ingressos que lhe mandei no primeiro envelope preto.

Se não se lembra, hoje será o show do seu cantor preferido no Brasileiro.

Pode chamar de coincidência ou destino, mas algo me diz que era assim que deveria ser o nosso primeiro encontro. Não que o primeiro não tenha sido bom, ele foi inesquecível, amor, nem que viva mil anos esqueceria do momento em que vi seus lindo olhos verdes, cor de esmeralda, pela primeira vez.

Estou contado os minutos, para vê-la novamente no show hoje à noite.

É melhor se preparar, pois essa noite será magica.

Sinto saudades, amor.

Sempre seu, Ethan.”

Mal podia acreditar, que veria Ethan depois de todo esse tempo.

 Era como se meu sonho estivesse se realizando, mas acabei ficando temerosa com esse encontro, pois um mês era capaz de mudar as pessoas, eu era o grande exemplo disso.

—Vou ser corajosa. Não posso perder o homem que amo novamente. -disse para mim mesma, pois não permitiria que nos separássemos de novo.

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Como havia ganhado quatro ingressos para o show, convidei minha irmã e meu cunhado e dei o outro para Pedro que comprou mais um ingresso, para que pudesse levar a nova namorada como sua acompanhante.

Assim que chegamos ao Brasileiro, perguntei para todos os funcionários sobre Ethan, mas parecia que ninguém sabia onde ele estava o que me deixou preocupada, pensando na possibilidade que ele não estivesse ali.

Conformada de que ninguém ali me contaria onde o chefe estava, aceitei acompanhar meus amigos em direção a área vip que correspondia aos nossos ingressos, logo o show começou fazendo todos gritarem e cantarem, acompanhando todas as músicas.

Pedro decidiu ir para a pista com a namorada e concordamos, combinando que ele nos ligaria no final do show para que voltássemos juntos, enquanto isso meu cunhado foi até o bar que ficava na área vip, para trazer algumas bebidas para nós.

—Tenta se animar um pouco, Ci. Estamos no show do seu cantor preferido, comemorando o seu sucesso profissional. - Susan disse feliz me abraçando pelos ombros e me senti péssima, por não compartilhar da mesma animação que ela.

—Eu sei Su, mas e se o Ethan, não estiver aqui? - questionei preocupada e minha irmã sorriu pra mim.

—Ci, ele disse que estaria aqui na carta, não disse?

—Disse, mas já perguntei para todos os funcionários daqui e ninguém sabe dele. E se ele pensou melhor e desistiu de mim? - questionei apavorada com essa possibilidade e minha irmã abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida por uma voz que chamava o meu nome.

—Cíntia? Você está aqui? - o cantor questionou do palco e pisquei confusa, enquanto Susan sorriu concordando apontando eufórica para mim.

—Ela está ali, pessoal. Cíntia, quero que preste atenção nessa letra, pois essa música agora, é um pedido especial do meu amigo, Ethan. Cíntia, Ethan dedica essa música a você. -o cantor disse e fiquei sem reação antes dele começar a cantar.

—Não acredito que ele fez isso. - disse emocionada enquanto ouvia a música, que era praticamente uma declaração de amor dele a mim.

—Ethan, sabe como emocionar uma mulher. - Susan brincou e sorrimos.

—Ele me ama mesmo, Susan. - disse entre lágrimas para a minha irmã, enquanto ainda ouvíamos a música que Ethan havia dedicado a mim.

—E você ainda duvidava, meu amor? -ouvi uma voz conhecida atrás de mim, que provocou arrepios por todo o meu corpo mesmo de longe, me fazendo virar para ver o seu dono.

—Ethan? - questionei sem acreditar que estávamos no mesmo lugar novamente, depois de um mês separados.

—Sou eu, amor. - ele disse entre lágrimas e não pensei duas vezes, antes de correr em sua direção abraçando-o com força, como se minha vida dependesse disso.

Estar nos braços de Ethan, sentir seu calor e seu perfume de madeira e hortelã, me deu a sensação de volta ao lar, como se tivesse procurado por ele a minha vida inteira sem ao menos saber, me fazendo chorar de alegria por finalmente estar nos braços do homem que amava.

Sem dizer uma palavra, Ethan me abraçou mais forte antes de acariciar minhas costas com carinho, tentando me reconfortar da emoção em vê-lo novamente.

—Promete...Que nunca mais, vai me deixar de novo, amor. -implorei com a voz rouca devido ao choro, assim que me afastei dele para ver seus olhos escuros e Ethan sorriu amoroso para mim, depois que ouviu a forma como lhe chamei.

—Prometo, meu amor, nunca mais irei deixá-la. Vamos ficar juntos pra sempre. - Ethan jurou com sua testa encostada na minha e sorri ao ouvir a sua resposta.

—Não desejo menos que isso. - segredei sorrindo a ele, que acariciou a ponta do meu nariz com o seu. Com carinho Ethan beijou a ponta do meu nariz, antes de nos separarmos e ele olhar para a minha irmã, que sorriu feliz por nos ver juntos.

— Posso roubar sua irmã um pouquinho, Susan? - Ethan questionou para a minha irmã que sorriu para nós.

—Ela é toda sua, nem precisa devolver. - Susan disse maliciosa para Ethan e corei sem graça, enquanto ele agradecia sorrindo antes de voltar sua atenção para mim.

—Quer ir comigo para um lugar mais sossegado, amor? Afinal, temos muito o que conversar. - Ethan pediu olhando nos meus olhos, enquanto nossas mãos ainda entrelaçadas enviavam uma corrente elétrica prazerosa por todo meu corpo.

—Eu quero. - disse sem desviar os olhos dos seus, me deixando ser levada para a nossa tão sonhada conversa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da surpresa.
Beijos e até quarta.



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