O Beijo das Sombras escrita por Mei Terume


Capítulo 5
Consequências Irreversíveis


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo a minha primeira leitora Aymee
Espero que não desista da História e permaneça comigo até o fim.
Boa Leitura!



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24 de Julho de 2003

Logo estávamos na estrada novamente, retornando para sua cidade Ambrose.

Eu imaginei muitas coisas sobre ela, mas nenhuma delas correspondia ao que encontrei a princípio, apenas uma cidade vazia. Mas eu estava cega naquele momento, Bo estava lá comigo, e isso era tudo que importava.

Eu não era do tipo de garota que se entregava fácil, nunca havia me apaixonado antes, não sabia se era isso que eu estava sentindo agora, apenas que não queria ir embora, e que não prestei atenção nos detalhes ao meu redor, por mais estranhos que fossem.

Tudo que eu sei, é que eu estava fugindo de casa, e havia encontrado em um estranho tudo aquilo que nunca tive, e sempre quis. Nunca senti nem em meus pais a preocupação que aquele estranho teve comigo, e misturado a um desejo profundo, não fui capaz de ver que nenhum estranho com boas intenções chegaria tão longe, não pude perceber a teia se formando em volta de mim.

Bo era doce em suas palavras, como um sublime veneno, era firme em seus gestos, era profundo em seu olhar e na cama era arrebatador.

E por falar em profundidade, à palavra que com toda a certeza definia Bo, talvez aí estivesse o problema, não são coisas que se encontrem em um estranho numa primeira noite de sexo casual. Se eu não estivesse ávida por ele, talvez tivesse percebido o transbordar de sua parte.

...

Bo saiu da estrada e estacionou no posto em que havíamos nos conhecido.

Já ia zombar dele novamente, por um dono de posto precisar tanto de outro posto.

Desci do carro e fui até ele.

Ele sorriu pra mim de maneira cativante.

— Lindo esse lugar não acha, muito agradável, conheci não faz muito tempo, uma garota aqui, mas ela me roubou alguma coisa. Ele falava agora acendendo um cigarro. _ Ela roubou meu coração.

Eu não me segurei e tive que rir do clichê. Devo admitir que, eu esperava mais de um cara sedutor como ele.

— Não ria, isso é sério. Não tem nada de romântico nisso, quando uma mulher rouba o coração de um homem é uma coisa trágica.

Achei graça na maneira como ele falou, todo sério e convicto.

— Você tem que achar ela então, e puni-la por isso! Se eu soubesse do impacto que essa frase traria em sua mente, jamais teria dito. Pois foi exatamente o que ele fez por mais de dois anos.

Não se permitiu me deixar ir embora, não se permitiu me matar, mas também não admitiu entregar-se a mim. E ficamos oscilando entre extremos. Medo, paixão e obsessão.

Era como se ele quisesse me punir, por ter despertado sentimentos nele. Pra Bo ter um sentimento bom era quase inconcebível, como se esse fato o fizesse parecer fraco. Como se, ter sentido algo por uma mulher pudesse destruí-lo e eu estava certa, entenderia isso mais tarde.

Ele me encarou fixamente ao ouvir minha resposta. Jogou seu cigarro no chão e o amassou com os pés.

— Carly, garota esperta. Você tem toda a razão. É exatamente isso que vou fazer. Bo era pouco mais alto que eu, em meus 1,70 de altura. Ele colocou as mãos sobre meus ombros e me encaminhou para a porta da lanchonete.

— Não vai ter nada em casa pronto para comermos, então como já passa das 4 da tarde é melhor que a gente faça um lanche por aqui mesmo, e depois eu posso preparar um jantar mais tarde.

— Tudo bem! Estamos muito longe da sua cidade?

— Não, só mais umas duas horas.

— Não tem restaurantes na sua cidade? Sempre zombei de cidades pequenas, apesar de ter vindo de uma.

— Você vai perceber Carly, que não tem nada de muito bom em Ambrose. Como eu havia lhe falado antes, é uma cidade tranquila, pacata, apesar de ter seu charme, não tem nada de muito atrativo para uma jovem como você. Mas dado as circunstâncias, creio que seja o que você precisa no momento para colocar a cabeça no lugar.

— Entendo. Tudo bem!

Teria Bo lá, o que para mim já era mais do que atração suficiente.

Pedi uma porção grande de batata frita o que fez com que Bo se espantasse.

Ele riu muito ao perceber que eu consegui comer tudo.

— Fico feliz em saber que não vamos precisar viver se salada.

Meu celular começou a tocar estridente em minha bolsa, e pela insistência só podia ser uma pessoa.

— Me dá licença um minuto. Disse interrompendo Bo, que não parecia muito contente com a interrupção. _ Cheryl, oi!

— Onde é que você está? Como pode me deixar aqui sozinha com essa gente medíocre? Cheryl gritava tanto que precisei afastar o celular da orelha.

Bo sorriu amarelo e desviou o olhar me dando privacidade.

— Cheryl está tudo bem, fica calma, logo eu volto pra casa, eu só preciso de um tempo.

— Por que você não me disse quando voltou de Nova York, a gente podia ter fugido para o Brasil de novo, eu sei lá, você só não podia ter me deixado aqui sozinha com esses abutres. Cheryl estava ensandecida comigo.

Eu sei o quanto era difícil pra ela também, desde cedo compartilhamos muitas coisas peculiares, como por exemplo, dois irmãos gêmeos e pais ricos, detestáveis e no meu caso, ausentes.

— Cheryl, eu logo volto pra Riverdale, e quando eu voltar nós fugimos, pra Tailândia, pro Marrocos, desta vez você escolhe ok?

— Eu acho muito bom mesmo Carly Jones. E não demora. Disse desligando o celular em minha cara como era de praxe, vindo de Cheryl Blossom.

Sorri ao desligar o telefone, e nesse momento me dei conta das coisas que eu nunca disse.

De como eu amava Cheryl!

...

10 de Janeiro de 2006

— Cheryl, eu preciso ver a Cheryl. Carly se levantou da mesa histérica.

— Quem é Cheryl, nome completo. Disse o Observador.

— Minha melhor amiga, Cheryl Blossom. Carly disse abandonando a sala.

Carly andava de um lado pro outro no corredor, logo foi amparada pelo Winchester mais velho.

— O que foi Carly. Indagou Dean atencioso em seus profundos olhos verdes.

Sam e Dean Winchester haviam encontrado Carly em Ambrose, e a libertado do pesadelo, e a forte dependência que a Carly sentia por Bo se transformou em um medo crescente, após seu desaparecimento, que só se abrandava quando Dean estava por perto.

Com o desaparecimento de Bo, e a não conclusão do caso para Dean, ele sentia que Carly ainda estava em perigo, e ele não podia e nem queria deixá-la sozinha nesse momento, visto que ele se sentia responsável por ter deixado Bo escapar de suas mãos, embora talvez estivesse morto.

Dean matou Vincent e atirou em Bo no rio, próximo a Ambrose, mas eles não haviam achado o corpo dele ainda, o que deixava todos apreensivos, e o caso inacabado.

— Cheryl é minha melhor amiga, eu preciso vê-la, pode trazer ela aqui.

Dean encarou Sam que pegou o celular e ligou para Nick.

Fazia três dias que Carly havia sido encontrada em Ambrose, e Nick não havia saído do lado dela, exausto foi para o Hotel descansar um pouco, e a deixou aos cuidados dos irmãos Winchester.

Os pais de Carly estiveram ali de imediato, logo que ela chegará, foram fotografados pelos repórteres do país todo, como os pais que enfim tinha encontrado sua doce filha desaparecida á muito tempo. O caso de Carly havia tido muita repercussão pela mídia, graças a Nick Jones.

Os pais de Carly logo se foram alegando não ter psicológico para ouvir os horrores pelos quais ela tinha passado, quando na verdade apenas não se importavam e queriam estar em outros lugares mais importantes para eles.

E então a deixaram com Nick e ofereceram dinheiro para os heróis Winchester cuidarem dela, dinheiro esse é claro que Sam e Dean não aceitaram, mais ainda assim se comprometeram em protegê-la.

A cara de Sam ao telefone, ao falar com Nick sobre Cheryl Blossom, era a pior de todas.

— Eu só preciso dizer a ela, tudo que eu não disse antes, o quanto eu a amo, e que nunca mais vou deixá-la. Ela repetia as palavras chorosas a Dean, que encostou Carly em seu peito, vendo Sam desligar o telefone desolado.

O observador ao analisar a situação da porta percebeu que precisariam de tempo, então adiou a seção de psicoterapia intensiva pra o dia seguinte.

— Dean, preciso falar com você um minuto. Carly encarou Sam percebendo pela reação estampada em seu rosto que as noticias não eram boas.

Dean já afastado de Carly arregalou seus olhos e se voltou pra ela, no virar do corredor.

Ela estava lá parada sentada na cadeira, esperando inocentemente pela amiga de infância que jamais viria.

— Como é que eu vou contar isso pra ela Sam? Contar o que Dean. Carly o surpreendeu atrás de si.

Dean ficou sem reação, pensando em como era fácil pra ele se colocar em uma bela trajédia.

— Talvez seja melhor o Sam te contar isso. Disse segurando Carly pelos ombros. Ele é muito bom com essa coisa toda.

Sam arregalou seus olhos pra Dean.

— Dean é você quem tem que me contar. Carly pediu suplicante._Eu suportei tanta coisa, acho que posso suportar mais isso, seja lá o que for.

Dean fez Carly se sentar na cadeira, e sentou-se ao seu lado. Sam atento ao lado de ambos, com seu doce olhar de sempre.

— Jason foi assassinado logo após seu desaparecimento pelo próprio pai Clifford Blossom.

Somente Carly sabia como Jason era vital para Cheryl, assim como Nick sempre foi vital para ela. Ela suspirou pesadamente.

—Acontece que Cheryl não aguentou a pressão e se afogou no rio Sweet Water.

Carly chorou alto e se debateu contra Dean.

Carly via agora as consequências irreversíveis de seu desaparecimento. De tudo que podia ter feito, de lugares onde precisava ter estado se não tivesse se permitido prender-se por um psicopata, física e psicologicamente.

O tempo, e as chances que ele roubou dela, que jamais recuperaria, e foi nesse momento que Carly enfim começou a sentir real ódio de Bo.

— Se eu estivesse aqui, a Cheryl estaria viva, nos teríamos superado essa desgraça toda juntas como sempre fizemos. Maldito Clifford Blossom. Esses psiquiatras ficam o tempo todo querendo me acusar de alguma forma, eu sei o que eu fiz, eu fui tão idiota, mas só eu sei do que eu estava fugindo, minha família não está muito longe dos Blossom.

Carly cuspia as palavras entre soluços.

— Os psiquiatras estão fazendo o que? Dean indagou Carly seriamente.

Carly não respondeu.

— Espera aqui só um minutinho. Dean disse se desprendendo dos braços de Carly.

Dean já se preparava pra tirar satisfação com os médicos, mas Sam o segurou.

— Dean Não! Replicou Sam. Segurando-o. _ Ela precisa mais de você agora. Deixa que eu converse com eles amanhã.

Eles encararam Carly irremediável na cadeira, então os Winchesters levaram-na para o Hotel para descansar.

...

Dean a deitou sobre a confortável cama de lençóis brancos e a cobriu delicadamente com o edredom. Admirando a beleza de seus traços, embora tristes.

Dean se pegou olhando para Carly por tempo demais, então tentou deixá-la sorrateiramente.

— Dean. Carly segurou sua mão.

— Fica aqui comigo. Carly ainda chorava baixinho.

— Fico. Dean respondeu apreensivo, deitando-se ao seu lado na cama.

Então Dean viajou nos olhos marejados de Carly por alguns minutos. Tentando imaginar as coisas pelas quais aquela frágil criatura teve que suportar. Logo Carly se enterrou em seu peito em prantos e assim adormeceu.

E aquela foi a primeira vez que Dean dormiu ao lado de uma mulher que não tocou.


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Notas finais do capítulo

Não estou conseguindo colocar os personagens de Riverdale na descrição dos personagens. Mas não vai fugir disso.
Espero que tenham gostado até aqui.
Até o próximo!



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