Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 54
Capítulo 53




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Dallas não comemorou o seu aniversário. O mês de Outubro passou para ela como um borrão, o Dia das Bruxas nem foi registrado por sua mente porque ela estava ocupada demais fugindo de Cardiff com uma família de uma mãe bruxa e dois filhos pré-adolescentes mestiços que estavam sendo perseguidos por Comensais porque o marido dela foi um trouxa brutalmente assassinado pelos seguidores do Lorde das Trevas. 

Um feitiço mal bloqueado abriu um corte nas costas de Dallas que ia do quadril, cruzava as suas costas, até parar sob a omoplata esquerda, profundo o suficiente que atravessou músculos e permitiu uma visão grotesca de parte de sua espinha, conforme comentário chocado de Davon. Naquela empreitada, eles decidiram usar apenas uma picape. O grupo a ser resgatado era pequeno, não fazia-se necessário o uso de três carros, e enquanto Patrick dirigia enlouquecidamente pelo trânsito da cidade, as duas crianças choravam no banco detrás e eram fracamente consoladas pela mãe no banco dianteiro, que ocupava-se entre disparar feitiços contra os Comensais sobre vassouras que os perseguiam, e oferecer palavras de conforto. Também no banco detrás, junto com Dallas, Davon tentava estancar o sangue que manchava o assento em uma cor profunda de vermelho. 

Dallas não comemorou o seu aniversário porque ela passou por este inconsciente. Despertou somente dois dias depois, em seu quarto, na Mansão Winford, com a visão de Davon e Patrick cochilando agarradinhos em um pequeno sofá de dois lugares que foi instalado na primeira vez em que o aposento foi usado como enfermaria. Dallas esboçou um sorriso, ainda sonolenta demais e sentindo-se absurdamente cansada. A relação de Patrick e Davon era uma incógnita no momento, mas a cada dia que passava ela via os dois rapazes aproximarem-se mais e mais, mas não explorarem nada referente a isto porque o momento não era exatamente propício para investir em um namoro. Eles tinham outras prioridades em mente. 

Em algum lugar não especificado da Inglaterra, dentro de uma barraca de acampamento mágica e sob chuva forte, Harry assoprou uma pequena vela enterrada na massa socada de um muffin quando o relógio deu meia noite do dia 31 de Outubro, e desejou ao vento um “feliz aniversário, Dallas”. Este ano não teria presente que o embaraçaria na frente da garota da qual ela não tinha notícias há meses. Cada vez que Ron ligava aquele maldito rádio, Harry esperava ouvir o nome de Dallas na lista de desaparecidos e suspirava de alívio quando isto não acontecia. Em outras noites, passava a madrugada em claro olhando o ponteiro da bússola girando até finalmente estacionar em uma posição. Harry não sabia dizer se a mudança de localização deveria ser porque ele estava sempre em movimento ou porque Dallas estava em movimento também, mas consolava-se na ideia de que se a bússola ainda encontrava o seu lar, era porque Dallas ainda estava viva. 

Harry e cia. mantinham-se em constante movimento, tudo para despistar os Batedores e dentre esses momentos de fuga, acabaram cruzando com um grupo peculiar de fugitivos. Nascidos-trouxas e goblins que informaram estarem indo de encontro aos Receptores. Os goblins também informaram que a verdadeira espada de Gryffindor poderia destruir a Horcrux, o que era bom, porque o medalhão era uma péssima influência para eles. Tanto que dias depois Ron finalmente perdeu o controle e abandonou o grupo, para a completa desolação de Hermione.

Em Londres, Dallas apreciava com curiosidade mórbida a cicatriz em suas costas. Davon tinha feito um ótimo trabalho, a necessidade o fez evoluir em poucos meses com os seus dotes de cura, aprender coisas que levariam anos para serem aprendidas, mas ainda sim a marca permaneceu em sua pele, lembrando curiosamente as cicatrizes daqueles que sobreviveram a descarga elétrica de um raio. 

Na proximidade do Natal, o trio considerou voltar a Godric’s Hollow, a casa dos Gordon, ainda protegida pelo feitiço fidelius, para uma comemoração em família, um sopro de normalidade em meio ao caos, mas descartaram a ideia de pronto. O momento não era apropriado para comemorações e o trabalho que eles faziam não parava só por causa das festividades. Dallas sentia o cansaço pesar em seu corpo e mente, sentia-se envelhecer anos em dias. Às vezes, sob chuva intensa que aos poucos transformava-se em neve com a virada da estação, procurava um orelhão qualquer no centro de Londres e discava o número familiar da nova residência dos Winford, no Brasil, indiferente ao fuso horário entre os países. Amélia era quem atendia ao telefone, sempre ela, sempre de forma silenciosa e solícita a ouvir o desabafo da neta que só precisava falar. Dallas não procurava palavras de conforto e encorajamento, ela só queria falar, tirar aquilo do peito, aliviar-se daquele peso para então erguer os ombros novamente e seguir em frente.

A despedida delas também era curta. Amélia sempre encerrava a conversa com um “au revoir, mon cher. À bientôt” e desligava. Este era o encorajamento de Amélia, era a ordem dela subentendida naquela despedida, que dizia que Dallas precisava sobreviver para ver mais um dia, mais um nascer de sol, até o momento em que elas encontrariam-se novamente. 

Na véspera do Natal eles abriram uma garrafa de vinho da vasta adega dos Winford e beberam em frente a lareira, junto com algumas batatas chips e coxinhas de frango empanadas que compraram em um fast-food qualquer. O resgate da noite passada havia passado perto. Os Comensais estavam ficando espertos, ainda não tinham descoberto como a rede deles de comunicação e resgate funcionava, mas estavam ficando mais atentos, ainda mais no que dizia respeito à Hogwarts. Porque era óbvio que até o mais burro dos seguidores de Voldemort deve ter notado uma crescente queda no número de alunos da escola. 

Desta vez, do lado deles, não houve muitos feridos, ou baixas, mas houve o uso, pela primeira vez, de armamento pesado. Usar bombas e granadas caseiras e armas causava um impacto diferente do que usar feitiços. Deixava uma sensação estrangeira de que o que eles cometeram foi um ato covarde. Usaram uma vantagem a qual o inimigo não tinha e da qual não sabia proteger-se. Lá no fundo eles sabiam que fizeram o certo, era matar ou morrer e eles estavam salvando vidas inocentes, Comensais da Morte não eram o tipo de pessoas dignos de pena ou lágrimas, mas ainda sim deixou um vazio dentro dos três quando corpos de bruxos e bruxas foram desmembrados diante da explosão ou caíram com olhares vidrados quando Davon colocou uma bala bem entre os olhos deles. 

— Aaron, Abbey, Kayla, Leigh e Tanya. — Davon declarou em um ponto da noite, após horas de silêncio com eles encarando o fogo crepitando e bebericando o vinho. 

— O quê? — Patrick perguntou em um sussurro, ainda aturdido com tudo o que aconteceu poucas horas antes. 

— Esses são os nomes das pessoas que salvamos. — Davon continuou. — Já foram tantos, que eu nem lembro mais o nome de todos. Mas nós os salvamos. Homens, mulheres, crianças, criaturas mágicas. Eles estão vivos, graças a nós, aos nossos esforços, aos nossos sacrifícios. Nós derramamos sangue e suor para salvá-los, nosso e de nosso inimigo. Não me arrependo de nada disto. Não me arrependo de nada. — enfatizou. 

Davon tinha razão. Tudo o que faziam era para um bom maior. As mãos deles estavam manchadas de sangue, mas tudo por um bem maior. Dallas sabia que os anos seguintes após a guerra seriam difíceis, o seu corpo e mente no momento estavam sendo movidos pela adrenalina e a correria do dia-a-dia mas que, quando tudo isto acabasse, finalmente a realidade iria abatê-la e os traumas começariam. Mas isto era um problema para outro dia, um problema para o futuro, um futuro que eles precisavam lutar para garantir que ainda existisse. 

Então não, ela não arrependia-se de nada e brindava a isto.

 

oOo

 

O clima frio refletia o ar de terror e desespero que desceu como um manto pesado sobre o mundo mágico britânico. A cada novo resgate de alunos de Hogwarts, Dallas ficava tentada em perguntar à eles sobre Draco. Não tinha notícias do irmão e da mãe há meses e as edições d’O Profeta Diário na qual conseguia colocar as mãos não eram muito elucidativas. O jornal era pró-Lorde das Trevas, já tomado e controlado por Comensais, e estava mais aficcionado em publicar notícias sobre os inimigos de Você-Sabe-Quem do que sobre os aliados. Aurora também não tinha notícias. O único espião que eles tiveram, Snape, agora era uma incógnita desde a morte de Dumbledore e foi banido da Ordem, para a segurança de todos. 

Na Floresta de Dean, Ronald Weasley havia acabado de retornar para os amigos e sobrevivido ao ataque de fúria de Hermione, graças a proteção de Harry. Enquanto esperavam a amiga acalmar-se, ambos os garotos sentaram na beirada da cama e puseram-se a testar algumas varinhas que Ron surrupiou de Batedores, visto que a varinha de Harry agora era pedaços irreconhecíveis de madeira. 

— Eu participei de algumas reuniões da Ordem quando estava em Londres, de volta em casa. — Ron explicou baixinho para Harry. — Sabe os Receptores? — Harry assentiu. Os Receptores estavam tornando-se a dor de cabeça de Você-Sabe-Quem. Nos poucos sonhos que transpassaram as barreiras da mente de Harry, mostrando o que acontecia do outro lado, o Lorde das Trevas parecia bem frustrado com este grupo que estava conseguindo desaparecer com os seus inimigos e frustrando os seus planos de purificação da sociedade mágica. — Você não vai acreditar quem exatamente é um dos líderes do grupo… — Ron hesitou em um gesto de suspense. — Dallas Winford. — e Harry empertigou-se diante do nome.

— Você a viu? — perguntou com o coração acelerado no peito. 

— Não. Mas ouvi as histórias dos feitos dela. A maioria dos nomes que ouvi no rádio em nossas viagens? Essas pessoas não foram mortas por Você-Sabe-Quem. Elas foram tiradas da Inglaterra pelos Receptores. Eu tenho que confessar, amigo, eu sempre pensei que Winford fosse uma menina mimada e covarde e arrogante demais para importar-se com os outros. Me enganei. — Harry sorriu diante do pseudo pedido de desculpas do amigo.

Disto ele sempre soube. Sempre soube que lá no fundo, dentro de Dallas, sob camadas e mais camadas de arrogância sonserina, havia um pouco de estupidez grifinória movendo a garota. 

Harry queria ouvir mais histórias, saber de tudo o que Ron sabia, ouviu nas reuniões da Ordem, principalmente sobre Dallas, mas naquele instante Hermione os interrompeu sobre uma descoberta que fez em uma das páginas da biografia de Dumbledore. 

Em contrapartida, algumas semanas depois, Dallas, Davon e Patrick estavam estacionados em Carlisle, esperando um contato da Resistência de Hogwarts sobre o novo grupo que precisava ser retirado da escola, quando uma notícia diferente veio pela frequência de rádio usada pela Resistência, para contato com a Ordem e os Receptores. A voz de Finnigan tornou-se familiar o suficiente ao longo dos meses para eles reconhecerem o grifinório de pronto quando ele declarou com “o Raio tocou o chão, repito! O Raio tocou o chão”. Dallas ofegou atrás do volante diante da implicação daquelas palavras. 

— Vocês ouviram isto? — a voz de Patrick soou no rádio-comunicador e Dallas levou um segundo para responder ao amigo. 

— Sim. — disse, com a voz trêmula. Porque a mensagem era clara, era óbvia: Harry Potter estava em Hogwarts. 

— Vocês sabem o que precisamos fazer então, não? — Davon disse de forma firme, porque esta resposta também era óbvia e Dallas não retornou o questionamento dele, apenas girou a chave na ignição, ligou o motor do carro, manobrou o mesmo e retornou para a estrada. Pelo retrovisor, viu as outras duas GMC a acompanharem rumo a Hogsmeade. Foram quase cinco horas de viagem e a noite já caía quando eles finalmente aproximaram-se dos limites do vilarejo, que estava um caos. 

— Como nós vamos entrar aí? — Patrick questionou ao pararem ao pé do monte que sempre serviu de camuflagem para eles. Dallas deu um relance para a floresta densa a esquerda e acionou Davon pelo comunicador. 

— Davon! Você vai ser o nosso navegador. Vamos pela floresta, ativem a camuflagem e o feitiço de elasticidade, duvido que tenha Comensais vigiando a Floresta Negra. — esta era uma verdade, Patrick e Davon pensaram enquanto seguiam os comandos de Dallas e embrenhavam-se com os carros entre as árvores. A maioria dos Comensais estudaram em Hogwarts, sabiam dos perigos da Floresta e não iriam perder seu tempo patrulhando as árvores quando tinham problemas maiores - leia-se Harry Potter - com que lidar. 

Os carros conseguiram aproximar-se o suficiente do castelo para o trio desembarcar dos veículos, fazer o restante do percurso a pé e usar a entrada de um dos pátios internos para acessarem o inferior da construção, que estava com tudo tão caótico quanto o exterior. Alunos e professores corriam de um lado para o outro e Dallas parou ao lado de uma estátua pensando no que fazer primeiro. Bill Weasley os ajudou a chegar a uma decisão ao reconhecê-los no caminho.

— Ei! Precisamos de reforços na entrada principal! — declarou sem desacelerar os passos e a estátua ao lado de Dallas começou a tremer e sacudir e então mexer-se e a marchar em direção a entrada de Hogwarts. 

— Nós vamos oferecer os reforços necessários, você vai procurar o Harry. — Davon declarou, tomou a mão de Patrick com a sua e os três trocaram olhares silenciosos, uma conversa muda e cheia de promessas, em que diziam uns aos outros para tomarem cuidado e, por favor, para saírem vivos dessa história. 

Davon e Patrick desapareceram em uma esquina, Dallas ficou um minuto observando pela janela barreiras de proteção serem derrubadas sob ataque intenso e pela primeira vez amaldiçoou a grandeza de Hogwarts. Onde que iria encontrar Harry no meio daquela confusão? E então lembrou de meses antes, quando invadiu a escola para roubar o registro de alunos, quando quadros sempre atentos viam e ouviam tudo o que acontecia naquele castelo. Dallas torceu para que eles ainda estivessem lá, cobrindo cada centímetro quadrado das paredes do fosso das escadas moventes, sendo testemunhas daquele momento decisivo e histórico, quando tomou o caminho para o fosso. 

Hogwarts era literalmente um campo de batalha, atestou ao ganhar corredores e dobrar esquinas, em sua corrida. Dallas já tinha visto vários documentários sobre a Segunda Grande Guerra, mas experimentar uma situação dessas em primeira mão era uma coisa completamente diferente e assustadora. O embate daquela noite era completamente diferente e muito mais violento do que foi o ataque de um ano atrás quando Comensais invadiram Hogwarts graças a auxílio de Draco. 

Draco!

A lembrança do nome do irmão fez Dallas frear na corrida a meio caminho do fosso das escadas e a dúvida surgir em sua mente e coração. Quem era a sua prioridade? Harry ou Draco? A hesitação quase a fez perder a cabeça com um feitiço. 

— Merda! — xingou e não perdeu tempo duelando com o Comensal, disparou novamente em uma corrida e se ele queria tanto matá-la, que a alcançasse primeiro. Obviamente que a vontade do Comensal não era tão grande assim pois desistiu da perseguição poucos minutos depois e sumiu do encalço de Dallas quando ela aproximou-se do fosso. 

— Você voltou. — alguém comentou acima da cabeça de Dallas e ao correr os olhos pelas fileiras de quadros, encontrou o de Deirdre Prewett-Rosenberg. 

— Eu estou procurando por Harry Potter e Draco Malfoy. — Dallas pediu, sem preâmbulos. Não ia priorizar ninguém, não precisava priorizar ninguém. Ambos os homens eram safos e inteligentes, iriam sobreviver tempo o suficiente para ela encontrá-los. Precisavam sobreviver até ela encontrá-los ou cabeças iriam rolar. 

— Eu vi o jovem Potter ir em direção a Sala Precisa. Mas Malfoy, não tenho ideia. — Deirdre informou.

— Obrigada! — Dallas agradeceu, tomando o caminho da Sala Precisa que foi-lhe tão familiar em seu quinto ano. Batalhas aconteciam a sua volta, paredes e estátuas, quadros e armaduras, sendo destruídos sem nenhuma consideração, uma decoração mais velha do que a soma das idades de todos os homens e mulheres que lutavam ali naquele momento. Séculos de história sendo destruídos pela ganância de um único homem. 

Dallas levou mais tempo que o normal para chegar ao corredor da Sala Precisa e encontrou o completo caos ao aproximar-se do local. Uma língua de fogo tinha acabado de sibilar para fora das portas explodidas da sala e contra a parede oposta estava Harry, Weasley, Granger, Draco e Goyle, com expressões aturdidas e sujos de fuligem. Eles levaram alguns segundos para notarem a presença dela ali e Harry foi o primeiro a reagir, dando passadas largas na direção dela, a abraçando forte e finalizando o encontro com um beijo. 

— O que você está fazendo aqui? — Harry questionou ao finalizar o beijo e Dallas riu.

— Você esperava que eu estivesse onde? — ela perguntou com um ar de divertimento, enquanto as pontas de seus dedos mapeavam os traços do rosto de Harry de forma frenética. Ele havia mudado muito nesses últimos meses, crescido, amadurecido, havia a sombra de uma barba por fazer em seu rosto, olheiras sob as íris verdes, e ar cansado.

Harry suspirou. Não era o ideal, nunca seria o ideal. Para ele a sua preferência era que Dallas estivesse longe daquela confusão, mas desde quando a garota fazia algo que atendesse as expectativas dos outros? 

— O que aconteceu com eles? — Dallas perguntou com um menear de cabeça na direção de Draco e Goyle que pareciam catatônicos e olhavam com olhos vidrados a entrada da Sala Precisa que ainda era varrida por chamas. Algo no cenário incomodou Dallas, porque havia familiaridade e estranheza ali, até que ele percebeu o que estava errado. — Onde está Crabbe? — porque Draco não ia a lugar algum sem Crabbe e Goyle como as suas fiéis sombras. A pergunta causou uma reação instantânea, Goyle soltou um ganido de horror do fundo da garganta e abandonou o corredor sem dizer um único adeus a ninguém ali. Draco, por outro lado, soluçou e ficou mais pálido do que era o seu normal.

— Acho melhor você ficar com ele. — Harry sugeriu, divergindo o seu olhar do rosto angustiado de Draco para Dallas. — Crabbe… — ele não completou, mas o relance que deu para a Sala Precisa ainda sendo varrida em chamas foi resposta o suficiente.

Dallas afastou-se, postando-se ao lado de Draco e pousando uma mão sobre o ombro dele. O irmão não reagiu, o olhar cinzento ainda estava vidrado e cravado na entrada da Sala Precisa, enegrecida pelas chamas, vendo fantasmas que somente ele enxergava. Este era o choque de realidade que ela não queria que Draco sofresse, para finalmente amadurecer, porque sempre soube que o rapaz era fraco mentalmente para suportar uma situação dessas. O sexto ano deles foi prova disto, a forma como Draco definhou durante aquele ano, sob o estresse e o temor do que era ser um seguidor involuntário de Você-Sabe-Quem, mostrou que o homem não foi feito e educado para “aguentar o tranco”. Agora o trauma com certeza deixaria sequelas para uma vida e Dallas torcia que ao menos um ponto positivo surgisse disto, que Draco Malfoy finalmente crescesse. 

— Aonde vocês vão? — Dallas questionou quando percebeu a inquietação do trio de ex-grifinórios. 

— Nós ainda temos que destruir a última Horcrux. — Harry declarou ao estender a Capa da Invisibilidade para Ron. Não queria despedir-se de Dallas, afastar-se dela, não agora que a reencontrou, mas a guerra ainda não terminou, eles ainda tinham um trabalho a cumprir e o levaria até o fim. 

Dallas, felizmente, era compreensiva e inteligente demais para oferecer qualquer objeção. No máximo ela pediu que eles “tomassem cuidado” e Harry rapidamente virou sobre as solas dos pés e deu as costas para a garota, afastando-se dela a passos apressados pelo corredor. Precisava sair dali o mais rápido possível, porque deixar Dallas para trás naquele momento foi tão doloroso quanto no dia em que despediram-se em uma sala vazia do nº 4 da Rua dos Alfeneiros. Porque se não partisse agora, jamais partiria.


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