Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 34
Capítulo 33




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787448/chapter/34

 

— O que ela está fazendo aqui? — a pergunta de Ron estava refletida nos rosto de todos que reuniam-se ali no Cabeça de Javali. Dallas era uma figura destoante, entre grifinórios, lufas e corvinais, mesmo que nenhum deles estivesse usando as cores e os brasões de suas casas. 

— Eu achei que a reunião estivesse aberta para todos. — Patrick comentou com um dar de ombros e nem um pouco preocupado com os olhares atravessados que recebia. 

— Patrick, ela é uma sonserina. — Cho comentou quando o colega sentou ao seu lado. 

— Se o problema é a minha casa, eu posso ir embora. — Dallas respondeu, inabalada pela demonstração explícita de preconceito.

— Não! — Harry respondeu enfático ao sair de seu lugar em um pulo e os olhares de todos foram para ele, muitos curiosos e confusos pela reação do grifinório. Hermione, no entanto, dava ao amigo um sorriso de canto de boca. — Quanto mais gente melhor, não? — Harry tentou explicar o seu arroubo, sentindo as bochechas esquentarem gradualmente quanto mais tempo ele passava sob o olhar julgador dos colegas. 

— Harry, eu tenho que concordar com o Ron. — Fred comentou e recebeu um olhar chocado do gêmeo e outros amigos grifinórios. — É, eu sei, é chocante, mas há uma primeira vez para tudo neste mundo. Mas eu concordo com o Ron. É uma boa ideia ela estar aqui? Ela é uma sonserina. 

— É! Quem garante que ela não é uma espiã da Umbridge? Ou de seu pai Comensal da Morte? — um lufa comentou e Dallas lançou ao infeliz um olhar longo, o reconhecendo de algum lugar. 

— Você não é o garoto para quem eu disse “não” quando me convidou daquela maneira tosca para o Baile de Inverno? — o garoto corou até a raiz do cabelo ao ser lembrado deste momento vergonhoso. Ele praticamente tinha berrado o convite para Dallas enquanto empurrava um buquê de rosas contra o rosto dela. — Jeffrey Smith? George Smith? 

— Zachary! — Zachary enfatizou com raiva. — Zachary Smith! 

— Ah, é. Isto. Então, Jeffrey... — Dallas continuou, ignorando completamente o lufa, o que arrancou risadas de muitos ao redor deles. — Se você tivesse um neurônio que fosse nesse crânio vazio saberia que é impossível o meu pai ser um Comensal da Morte, não é mesmo?

— Por quê? — Zachary continuou, cruzando os braços sobre o peito e empinando o nariz de forma desafiadora para ela. — Porque ele considera-se melhor do que todos, acima de todos, o suficiente para não rebaixar-se como mero seguidor de Você-Sabe-Quem?

— Isto e o fato de que a não ser que Voldemort — Dallas enfatizou o nome só para ver com prazer Zachary encolher-se por completo como se tivesse levado uma chicotada. — esteja abrindo exceções, acho que ele não está recrutando trouxas, não é mesmo?

— Retiro o que eu disse. — Fred foi praticamente saltitando na direção de Dallas e passou um braço sobre os ombros dela. — Ela pode ficar. 

— Não sabia que eu precisava da sua autorização, Weasley. — Dallas comentou com desdém e saiu do abraço de Fred. — Não levarei isto em consideração para ocasiões futuras. — completou, indo sentar-se na cadeira vaga ao lado de Patrick. 

— Eu acho que estou apaixonado. — Fred entoou de forma dramática, levou as mãos fechadas ao peito, sobre o coração, e fingiu um desmaio. — Case comigo, por favor! — continuou em seguida, colocando-se de joelhos aos pés de Dallas e tomando as mãos dela entre as suas.

— Fred! — Harry praticamente vociferou o nome e foi até o amigo, o levantando do chão com um puxão pela gola do casaco.  

— Harry, por favor, não interrompa o meu momento! Eu encontrei a mulher da minha vida! — Fred comentou, brincalhão, mas ao olhar para o rosto de Harry viu que o garoto não estava entrando na piada como ele pensou que entraria. Harry tinha as sobrancelhas franzidas e os lábios crispados, os seus olhos verdes brilhavam de forma perigosa e algo estalou sobre a cabeça deles, ao redor e aos pés de todos e Fred rapidamente notou que era uma descarga mágica. Uma descarga mágica vinda de Harry. 

— Fred. — Hermione aproximou-se do rapaz e segurou na mão dele, o puxando para longe de Harry ao mesmo tempo em que lançou um olhar significativo para Dallas. Dallas, por sua vez, saiu de seu assento com um suspiro sofrido e foi até o grifinório, pegando uma das mãos dele entre as suas. 

— Potter, não é de bom tom fritar os seus amigos com magia descontrolada. — ela sussurrou ao pé do ouvido dele e Harry sentiu um arrepio gostoso percorrer por todo o seu corpo e acumular-se de maneira vergonhosa em seu baixo ventre. Harry pigarreou para disfarçar o seu incômodo e falou com uma voz em um tom mais agudo do que gostaria.

— Dallas fica! — pigarreou de novo para recuperar-se desta gafe. — Quem não gostou da ideia, a porta da rua é serventia da casa. — completou em um tom normal e sem surpresa alguma, alguns alunos levantaram de seus assentos silenciosamente e deixaram o Cabeça de Javali. — Mais alguém? — Harry questionou e percorreu os olhos por todos  os que ficaram e depois de um minuto sem protestos, Hermione deu continuidade à reunião.

— Vocês terão que assinar o pergaminho, é uma garantia de confidencialidade. — ela declarou e aproximou-se de Dallas com o pergaminho em mãos, o estendendo para a colega junto com uma pena tinteiro. 

Armada Dumbledore? — Dallas leu o nome do topo do pergaminho. — Não tinha como ser menos óbvio? — criticou, mas Hermione apenas deu de ombros e sorriu quando a outra garota assinou o nome na lista. — Quantos feitiços de sigilo têm este pergaminho?

— Vários. — Hermione respondeu de forma vaga. 

— Quantos deles garantem humilhação pública se forem violados? — porque Dallas sabia que Granger conseguia ser sagaz quando queria. O sorriso maroto da grifinória foi resposta o suficiente.

Patrick assinou o seu nome no pergaminho após a assinatura de Dallas e com isto a reunião prosseguiu normalmente. Hermione, Ron e Harry explicaram a razão de estarem ali, sobre a volta de Você-Sabe-Quem e a necessidade deles aprenderem a se defender contra a Arte das Trevas. Obviamente que houve alunos céticos, muitos ecoando a falácia do Ministério e dos próprios pais que diziam que Harry Potter estava louco e que não havia necessidade para tanto alarde. Outros, no entanto, estavam convictos de que o retorno de Voldemort era a verdade e mostraram verbalmente o seu apoio à Harry. No fim, todos concordaram que Umbridge era uma professora de nada e aceitaram fazer parte da dita Armada, somente para verem os seus planos irem por água abaixo no dia seguinte quando foi baixado o Decreto Educacional Nº 24.

— Quais são os outros vinte e três decretos? — Dallas perguntou sem realmente querer saber a resposta, enquanto Patrick e ela observavam Filch pregar o dito decreto na parede ao lado da entrada do Salão Principal. 

— Você sabe o que isto significa, não sabe? Alguém deu com a língua nos dentes para Umbridge. — Patrick comentou em voz baixa, para não ser ouvido pelos alunos que os rodeava e também liam o decreto.

— Não exatamente. O decreto proíbe clubes, congregações de alunos e semelhantes. — Dallas voltou-se para o amigo e o acompanhou enquanto eles abriam caminho por entre os colegas, até verem-se em um corredor vazio. — A reunião deu-se no Cabeça de Javali. Embora pouco frequentado por alunos e professores de Hogwarts, ainda sim é um lugar público. Qualquer um pode ter nos visto juntos, considerado a atitude suspeita e dito a Umbridge. O decreto não menciona a Armada, mas proíbe clubes em geral. Esperto, temos que admitir. Umbridge é intragável, mas não é estúpida. 

— Você está ciente de que os integrantes da Armada vão culpar você, não é? — Patrick profetizou e acertou em partes quando a Armada Dumbledore reuniu-se pela primeira vez na Sala Precisa e os olhares avessos que Dallas recebia mostravam claramente o que os seus colegas pensavam dela. 

— Eu ainda acho que isto é uma péssima ideia. — Ron comentou enquanto observava os alunos que conversavam em grupinhos ao longo da sala especialmente pensada para aquele treinamento. Dallas Winford estava junto ao garoto da Corvinal que a levou para o encontro no Cabeça de Javali. — Eu sei que você é apaixonado por ela, Harry, mas ela ainda é uma sonserina. — se Harry estivesse tomando algo, com certeza ele teria engasgado naquele momento diante da acusação do amigo. 

— Qu-quem disse que eu sou apaixonado por ela? — ele perguntou aos gaguejos e recebeu olhares incrédulos de Ron e Hermione. 

— Harry, é tão óbvio que até um cego pode ver. — Hermione comentou. — Por que você continua negando isto? — insistiu, não entendendo o porquê do garoto rejeitar este sentimento. Dallas poderia ser uma sonserina mas, comparada aos seus colegas de casa, ela não era de todo ruim. Sim, ela tinha a pompa e arrogância característica dos alunos da casa da serpente, mas ela não praticava bullying descarado como Malfoy. Não era intragável como ele. 

— Por quê? — Harry virou-se para os amigos e continuou em um tom baixo de voz. — Olhem para ela. Realmente olhem para ela! — ele incitou e Ron e Hermione deram um relance por sobre os ombros de Harry para a colega do outro lado da sala. — Tudo nela grita dinheiro, classe, boa educação. Eu sou apenas o garoto que morou no armário sob a escada, que por anos usou as roupas puídas do primo, que herdou os brinquedos quebrados dele. Ela é a Dama, eu vou o Vagabundo. A minha realidade não se compara à dela. 

— Harry. — Hermione soltou um suspiro sofrido diante do drama que o amigo estava fazendo. — A vida de Dallas parece glamourosa, mas não é. A pobre nem sabe quem é a própria mãe. 

— Narcissa Malfoy. — Harry declarou sem preâmbulos. 

— Como é? — Hermione perguntou, sem entender o porquê do nome da mulher ter entrado na conversa. 

— Narcissa Malfoy, nome de solteira? Narcissa Black. Sabia que há uma tapeçaria com a árvore genealógica dos Black na casa de Sirius? — Harry abaixou ainda mais o tom de voz, somente para os amigos o ouvirem. — E adivinhem atrelado ao nome de quem está o de Dallas?

— Isto não faz sentido. — Ron deu outro relance para a sonserina, vendo agora algumas semelhanças distantes entre ela e a sra. Malfoy. — Se Dallas é a filha bastarda de Narcissa, ela não teria sido criada pela família trouxa. A primeira opção seria Lucius assumi-la como uma Malfoy, mas como ele é um sangue-puro orgulhoso, esta possibilidade estaria fora de questão. A segunda opção seria Dallas ser despachada para longe, sob a guarda de tutores, para nunca mais voltar para a Inglaterra. Ninguém jamais saberia que ela é uma bastarda ou integrante da família Black. 

— Como é que você sabe disso tudo? — Hermione perguntou a Ron, surpresa pelo relato dele. 

— Bastardos provindos de relacionamentos extraconjugais em casamentos sangue-puro existem aos montes. Assim como um sistema especialmente criado para lidar com eles. _ Ron explicou. 

— Por que não simplesmente… sei lá, matá-los? — Hermione estava aprendendo o suficiente sobre a comunidade mágica, suas tradições, benevolência e crueldade para não achar que a morte de um bastardo dentro de uma tradicional família sangue-puro, ainda mais um bastardo com sangue trouxa, fosse incomum. 

— Seria uma opção. Mas séculos atrás, quando pragas e pestes assolavam a Europa, ter um filho bastardo vivo era um plano de contingência bom para seguir com a linhagem da família caso o herdeiro oficial viesse a falecer, e a tradição permaneceu. — Ron esclareceu. 

— Viram o que eu quis dizer? — Harry os interrompeu, atraindo os olhares dos dois amigos para ele. 

— Não. Eu não entendi, Harry. — Hermione continuou.

— Ela não somente faz parte de uma família tradicional e nobre trouxa, como também de uma família tradicional e nobre bruxa. Eu não chego nem aos pés dela. — ele finalizou com um muxoxo e Hermione rolou os olhos diante do drama grego que o garoto fazia. 

— Isto é ridículo, Harry. Até porque, é claro que ela também gosta de você. 

— Hermione… — Harry resmungou, não querendo que a amiga alimentasse as suas ilusões. 

— Oh! O que é aquilo que ela está usando no cabelo? — Hermione apontou para a sonserina ao longe. — É a presilha que você deu à ela de presente? E… Espera? Aquela não é a pulseira que você também deu à ela de presente?

— Só porque ela usa os presentes que eu dei não significa que ela goste de mim. 

— Harry, nenhuma garota usa joias dadas por quem elas detestam! — Hermione rebateu com ferocidade, já cansada daquele momento de auto-piedade do amigo.

— Ainda sim... — Ron resolveu retornar ao assunto que abriu aquela conversa antes que Hermione perdesse a paciência de vez diante da estupidez de Harry e azarasse o garoto só para colocar algum bom senso na cabeça dele. — Ainda não entendo por que ela está aqui. 

— Porque nós não dissemos em nenhum momento que alunos da Sonserina não poderiam participar da Armada. E, além do mais, Dallas é a melhor aluna de nosso ano, é bom tê-la aqui também. — Hermione comentou. 

— Melhor aluna do nosso ano? — Ron disse com incredulidade. — Esta não seria você, Hermione?

— Eu sou boa aluna, mas Dallas consegue me superar muitas das vezes. — Hermione declarou em um tom de finalidade e finalmente eles aproximaram-se do grupo de alunos e deram início a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, da Armada Dumbledore.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Extremos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.