Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

oi gente!

mais um capítulo pra vocês e digno de dia dos namorados (não era a intenção, mas deu certinho então vou fingir que foi a intenção haha)

boa leitura :)



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Hermione demorou alguns segundos para realmente entender que os gritos vinham de dentro da casa.

Levantou-se rapidamente e saiu do quarto, os gritos angustiantes e desesperadores ficando mais altos – vinham do quarto de Draco. Ela entrou no quarto dele sentindo seu coração acelerado e quando viu Draco ainda com os olhos fechados e se debatendo na cama com os gritos altos saindo de sua boca, Hermione não soube como reagir.

Ficou alguns segundos apenas encarando Draco assustada, sem saber o que deveria fazer. Draco provavelmente estava sonhando com algo horrível, porque o desespero em seus gritos era de pura aflição. Hermione foi até ele e tentou segurá-lo, mas Draco se remexia muito, debatendo-se. Ela precisou praticamente subir na cama para conseguir segurar o rosto de Draco e então começou a chamá-lo.

— Draco, acorde! Acorde agora! – Hermione disse, assustada, enquanto dava tapinhas  na bochecha de Draco para que ele abrisse os olhos.

Draco abriu os olhos de uma vez, o par de olhos cinzas repletos de agonia e medo. Ele se sentou na cama, o rosto e o peitoral suados, enquanto tentava controlar a respiração ofegante. Hermione continuou o encarando, vendo a confusão na expressão de Draco, a angústia falando mais alto outra vez.

— O que aconteceu? Por que você está aqui? – Draco perguntou, olhando para Hermione.

Hermione franziu o cenho, não gostando da atitude.

— Eu estou aqui porque você estava gritando em desespero. – Hermione falou, saindo da cama e ficando parada ao lado, de pé – E não acordava. Não vim admirar o seu rosto dormindo se é isso que você está pensando.

Draco revirou os olhos, mas não disse nada, o cômodo caindo em silêncio outra vez.

Ele ainda parecia perdido, sem entender onde estava ou o que havia acontecido minutos antes. Draco olhava o quarto ao redor repetidas vezes, como se nem mesmo reconhecesse onde estava, e então olhava para si mesmo, o peito subindo e descendo ainda acelerado, ainda assustado.

— O que houve? – Hermione perguntou, sua voz suave no máximo em que ela conseguia; Draco franziu o cenho quando a encarou e Hermione revirou os olhos. – Pare de ficar tão na defensiva.

— Eu estou na defensiva? Tem certeza?

Hermione sentiu suas bochechas se avermelharem por saber que ele se referia ao “incidente” da noite anterior e ela apenas deu de ombros – na defensiva—, porque não queria entrar naquele assunto.

Draco suspirou e passou a mão pelo cabelo loiro que tinha alguns fios grudados na testa molhada de suor.

— Depois que recuperei as memórias da minha iniciação é a única coisa com a qual sonho. A mesma memória, todas as noites. – ele começou – Hoje foi diferente. Ao invés de eu sonhar com tudo o que aconteceu naquele dia, a única coisa que acontecia era Nagini passando por mim e picando meu braço. E essa mesma imagem se repetiu várias e várias vezes. Como se meu cérebro estivesse... Travado. E agora eu sentia tudo de novo, todas as sensações, a queimação no meu braço só foi aumentando e... – Draco olhou para o braço esquerdo. – Droga.

Hermione moveu os olhos para o braço de Draco somente para ver a Marca Negra mais escura – a borda do símbolo já estava totalmente escura e alguns pontos do interior do desenho começavam a apresentar manchas pretas. Os Comensais estavam se fortalecendo, estavam alcançando sucesso na poção depois do roubo a empresa de Draco.

— Eles estão conseguindo. – Hermione sussurrou, ainda encarando a Marca no braço de Draco.

Ele ficou em silêncio alguns segundos, apenas encarando o próprio antebraço.

— Eles não têm todos os ingredientes ainda. – Draco disse após algum tempo – Quando analisei o inventário hoje mais cedo eu consegui ver tudo o que eles roubaram. Comparei com os ingredientes que Voldemort colocou no diário. – Draco apontou para o diário do antigo patriarca Nott que estava no criado-mudo ao lado da sua cama – Eles não têm tudo ainda, pelo menos não os mais difíceis. Ligústica, sangue de salamandra... São só algumas das coisas que eles não têm. Mas eles têm a maioria dos ingredientes, então explica... isso. – Draco levantou o braço com a Marca Negra mais escura.

— Precisamos ser mais rápidos. – Hermione disse.

Draco assentiu.

— Está sentindo alguma coisa? – ela perguntou.

— Só está ardendo. – Draco deu de ombros – Provavelmente vai piorar muito nos próximos dias, à medida que forem melhorando a poção e usando todos os ingredientes. Pelo menos agora tenho certeza de que eles não conseguirão roubar outra vez, não com os novos feitiços de proteção e as novas medidas de segurança que instaurei. Não vou ser o garoto desatento outra vez.

— Não foi culpa sua, Draco.

— Como não foi culpa minha, Hermione? – ele aumentou um pouco o tom de voz – Eu sou o dono de tudo aquilo, eu tenho o dever de proteger a minha empresa. Também sou um dos únicos que sei que há Comensais soltos tentando fortalecer a Marca Negra e a comunicação entre os antigos seguidores do Lorde e também sei que eles precisam de ingredientes para criar uma poção que vai fazer isso. Eu só precisava ligar uma coisa a outra... E não fui capaz de fazer isso, não a tempo de impedi-los de me roubarem. Eu praticamente dei na mão deles esses ingredientes!

— Você não tinha como adivinhar, Draco. Existem outras fábricas de poções, outros lugares com ingredientes que também poderiam ter sido roubados. Eu, por exemplo, nem mesmo pensei que eles poderiam roubá-lo, até porque eles sabem que tudo o que estão fazendo com a Marca no braço deles está acontecendo também com você. Pensei que eles seriam mais discretos.

Draco deu uma risada sarcástica.

— Os Comensais? Discretos? Você já viu as Máscaras que erámos obrigados a usar? Nada de discreto naquilo. As entradas teatrais que Voldemort gostava? Nada de discreto naquilo também.

Hermione deu uma risada fraca quase sem querer.

— Pelo menos conseguiam assustar. – ela disse e era a verdade; as roupas poderiam ser patéticas, mas tinham efeito.

Eles ficaram em silêncio alguns segundos e então Hermione pigarreou e disse:

— Bom, já que você está bem, eu vou para o quarto. Boa noite.

Draco assentiu e Hermione já estava quase na porta do quarto, quando ele voltou a falar:

— Eu andei pensando em uma coisa hoje.

Hermione se virou e o encarou, temendo pelo que viria. Não queria que Draco trouxesse à tona os acontecimentos “quentes” do dia anterior, porque eles estavam no meio da madrugada e era algo que, racionalmente falando, Hermione ainda não conseguia chegar à conclusão nenhuma.

Ela arqueou as sobrancelhas, mostrando a ele que escutava e que estava esperando que ele dissesse o que tinha para dizer.

— Se Potter e Weasley entenderem que devem falar com Kingsley... – Draco começou – Kigsley vai demitir o garoto Carrow, mas como Davies e Margareth ainda estão no Ministério, os Comensais vão saber que não devem mais se comunicar por cartas novamente. Certo?

— Sim. Acredito que essa seja a lógica. Acabamos com a comunicação deles.

— Certo, mas... Davies e Margareth continuarão sem suspeitas sobre eles e um dos dois pode se oferecer para encontrar um novo candidato ao emprego e com certeza será alguém que estará ao lado deles. Entende onde quero chegar?

Hermione franziu o cenho.

— Quer que Kingsley de alguma maneira passe a desconfiar deles? – ela perguntou.

Draco deu de ombros.

— Eu só acho que... Se queremos realmente que a comunicação dos Comensais seja cortada acredito que seja a melhor solução, não acha?

— Pensei que não queria envolver mais ninguém nisso.

Ele deu um longo suspirou e saiu da cama, ficando de pé.

— Conversamos sobre isso outro dia, Hermione. Estamos ficando para trás. Mas sim, você está certa, eu não queria envolver mais ninguém nisso porque não pensei que eles chegariam tão longe. Não queria envolver as autoridades porque se eu mostrasse tudo o que eu tinha a Kingsley ele prenderia Davies e Margareth e iria simplesmente deixar tudo por isso, entende? Só que claramente isso é maior do que pensamos. Eles nunca vão parar se a Marca não for destruída totalmente. – Draco cruzou os braços – Kingsley como um bom político só iria querer o conflito terminado do jeito mais rápido para evitar as páginas dos jornais. Entenda, não estou dizendo que ele estaria errado fazendo tudo isso, só estou dizendo que não é suficiente.

Hermione apenas suspirou.

— E o que você está dizendo agora, Draco?

— Estou dizendo que estamos ficando para trás. Fui idiota quanto a fábrica, não pensei direito e agora eles estão com quase tudo pronto para a poção de Voldemort. Não temos ideia do que a Marca consegue fazer, de como essa conexão realmente funciona. Não é um momento ruim para que eles sofram um certo atraso, entende?

Ela assentiu, entendendo aonde Draco queria chegar.

— Sim. – Hermione falou – Quando Kingsley receber os arquivos de Nott, vai demitir o garoto Carrow, vai entender que algo está acontecendo, por sorte chegar em Davies e Margareth. Sem o apoio desses dois, sem pessoas grandes dentro do Ministério e sem comunicação eles vão ter que se reorganizar.

— Exato. Mas apenas torcer para que Kingsley desconfie de Margareth e de Davies não é suficiente. Precisamos ter certeza de que ele vai entender que os dois estão envolvidos e que vai fazer algo quanto a isso.

— Quer implantar provas? Algo do tipo?

— Quero fazer uma visita a ele.

As sobrancelhas de Hermione se arquearam diante da surpresa, porque, naquele ponto, ela imaginava que eles estavam se mantendo longe de suspeitas por completo – e com toda certeza fazer uma visita ao Ministro da Magia não é um jeito de manter afastadas as suspeitas sobre si.

— Não acho que essa seja uma das suas ideias mais brilhantes. – Hermione disse e Draco revirou os olhos. – Draco, eles sabem que eu sei do que está acontecendo. Sabem que eu e você temos um...passado. Com certeza estão de olho em você, mesmo que tenham tido a coragem de roubar da sua empresa. Já estavam de olho em você mesmo antes de eu estar envolvida em tudo isso porque você traiu o maior líder deles e você continua com uma Marca no braço, sabe como eles estão se desenvolvendo, a que passo estão. Definitivamente não acho que seja uma boa ideia ir falar com Kingsley e, minutos depois, Kingsley aparecer demitindo ou prendendo Margareth e Davies. Não seria exatamente disfarçado.

— Eu sei disso, mas não tenho certeza se Kingsley vai chegar a Margareth e Davies tão rápido assim.

— Kingsley é inteligente. Ele não vai deixar o fato de que um garoto, um filho desconhecido de um ex-Comensal do círculo interno, estava cuidando das correspondências dos Comensais e que não estava reportando nada ao Ministério. Ele vai desconfiar de algo mais, provavelmente vai fazer algumas perguntas a esse garoto... Ele tem dezoito anos, Draco. Com certeza vai ceder a pressão. Kingsley com certeza vai chegar a algum lugar, vamos só esperar.

Draco franziu o cenho.

— Só porque ele tem dezoito anos não quer dizer que ele vá ceder a qualquer pressão.

O tom de voz dele parecia genuinamente afetado e Hermione não entendeu o motivo. Então, de repente, seu cérebro relacionou as palavras que ela havia dito: garoto de dezoito anos e ceder a pressão.

— Ah, por Merlin, não transforme isso em algo sobre você, Draco. – Hermione disse, revirando os olhos, sem paciência; Draco era definitivamente alguém com um ego elevado e afetado, então é claro que ele transformaria aquilo em algo sobre si mesmo, ainda mais porque ele ainda parecia genuinamente ofendido por conta dos acontecimentos da noite anterior.

— Não estou fazendo isso!

— Ah, não? Tem certeza?

Draco ficou tenso e coçou a barba, irritado.

— Voltando ao assunto... – ele falou - Acha melhor então esperar Theodore entregar as informações sobre o filho de Amico Carrow ao Weasley e vermos então como Kingsley vai agir?

— Sim. Acho que é o melhor. Se ele não chegar a nenhuma conclusão sozinho e rápido... Interferimos de um jeito que não chame atenção.

— Tudo bem. Já que sempre temos que fazer as coisas do seu jeito... – ele murmurou a segunda frase de forma quase inaudível, mas Hermione ouviu perfeitamente.

— Então faça do seu jeito! Se coloque em exposição e em perigo. Vai ser ótimo, vai ser uma ajuda e tanta para nós dois.

— E por que você se importa?

— Eu não me importo!

— Só queria que admitisse.

Hermione não estava nem mesmo entendendo mais do que eles estavam falando.

— Por que está agindo como criança? – ela falou, a voz cansada - Parece que estamos com onze anos, de volta a Hogwarts e que em cinco segundos você vai me chamar de sangue-ruim.

Draco pareceu ofendido, franzindo o cenho.

— Eu não te chamo disso há anos. – falou - Não chamo ninguém disso há anos, nem mesmo acredito nisso. Você deveria saber disso mais do que ninguém.

Hermione se sentiu mal por ter trazido aquilo à tona. Draco foi criado em uma família bruxa conservadora que desde o início de sua infância moldou o pensamento dele com esses tipos de preconceitos – ele nunca teve escolha de se libertar de sua criação, mas quando notou o quão errado era tudo aquilo, na primeira oportunidade que teve de fugir de tudo foi o que ele fez. Claramente o fato de ele ter se apaixonado por ela era a maior prova do quanto Draco havia deixado seu passado de preconceitos e opiniões formadas inseridas em sua cabeça totalmente para trás.

— Desculpe. – Hermione sussurrou – Não quis dizer que você pense assim. Sei que não pensa.

Draco se aproximou de Hermione um pouco, os olhos cinzas focados nela.

— O que você pensa de mim, Granger?

— Granger? – Hermione franziu o cenho minimamente, estranhando o sobrenome sair da boca dele ao invés de seu primeiro nome.

Granger. O que pensa de mim?

— Por que isso importa?

— Para de me responder com outra pergunta. E depois eu é que estou na defensiva... – ele revirou os olhos.

Hermione suspirou fundo, mantendo a paciência. Eles realmente pareciam as duas crianças implicantes de anos atrás.

— Realmente quer entrar nessa discussão agora? – perguntou. – Estamos no meio da noite.

— Na verdade, acredito que já adiamos isso tempo demais.

Hermione o encarou na mesma intensidade dessa vez. Se ele queria uma discussão, ele teria uma discussão.

— Então quer saber o que eu penso de você? – ela disse e Draco não fez nada, apenas manteve o olhar desafiador no rosto – Eu penso que você é uma pessoa que não teve uma criação incrível, não teve muita oportunidade para descobrir quem era até muito tarde. Acho que quando você viu quão fundo estava envolvido na lealdade cega que acreditava que deveria ter ao seu nome e a sua família já era tarde demais. Mas, ao contrário do que você pensa, eu não te acho um covarde por isso, te acho uma das pessoas mais corajosas que já conheci por realmente ter conseguido jogar fora todos os pensamentos e crenças sobre os quais foi criado e ter fugido daquilo na primeira oportunidade que conseguiu. Foi algo muito nobre o que fez e deveria ter orgulho, algo que eu não vejo muito em você. É isso.

Draco deu uma risada sarcástica.

— Você conseguiu ignorar totalmente o tópico. – ele disse.

— Eu acho que não, acho que me mantive totalmente no assunto. Você ficou ofendido por eu ter insinuado de que você me chamaria de sangue-ruim e eu pedi desculpas e mostrei que...

— Estou falando sobre nós dois. Quero colocar as cartas na mesa.

Hermione ficou em silêncio. Evitou aquilo de todas as maneiras possíveis e agora o conflito estava – literalmente – na sua frente.

Draco tinha um sorriso de canto cínico no rosto.

— Sabe, eu sabia que isso iria acontecer. – ele disse – Para uma pessoa que ajudou a salvar o mundo, você gosta muito de evitar conflitos, Hermione. Ou você acha que sou estúpido e não noto o que você está fazendo? Você deixa escapar algumas coisas, nunca esclarece nada sobre, não vai direto ao ponto. Desde o momento em que pisou nessa casa e começamos a nos ver você não fala nada, mas você deixa muita coisa aparente. E depois de nos beijarmos e você praticamente sair correndo sem me dar a mínima explicação, eu entendi tudo, consegui te decifrar mais rápido do que pensa.

Hermione abriu a boca para dizer algo, mas Draco levantou uma das mãos.

— Não, me desculpe, mas você não fala agora. É a minha vez. – ele disse e seu tom de voz tinha uma certa raiva – Eu consigo ver que você não me perdoou por ter ido embora, Hermione. Você está se impedindo de pensar em qualquer coisa relacionada a mim porque não consegue me desculpar por ter ido embora e ter te deixado. Você acha que foi difícil só para você? Você não tem ideia do inferno que eu passei, Hermione. Depois que a guerra acabou, tive que lidar com problemas no Ministério para conseguir colocar minha empresa nos eixos, tive que colocar meu pai em Azkaban e tive que lidar com minha mãe me detestando por isso, porque, por algum motivo que não entendo muito bem até hoje, ela realmente o amava! Passei meses morando em uma casa que praticamente exalava Voldemort e aquilo me consumiu.

Draco parou alguns segundos para respirar – ele soltava todas aquelas frases de uma só vez, como se temesse que ao pausar não conseguiria falar mais nada -, seu rosto pálido estava anormalmente vermelho e ele realmente parecia furioso.

Hermione, no entanto, estava começando a sentir sensações misturadas de culpa e surpresa ao ouvir tudo aquilo. Tudo aquilo a deixou estranhamente fraca e ela recostou na parede atrás de si, engolindo em seco quando notou que Draco se preparava para falar outra vez; será que ela realmente queria ouvir? Não tinha mais certeza.

— Você não sabe como eu me sentia. – Draco continuou, a voz diminuindo a agressividade – Eu ficava naquele lugar todos os dias e a cada momento que eu me olhava no espelho eu via o que eu era. Só um garoto com raiva e sem perspectiva. Alguém que sempre ficaria marcado por ter tomado as decisões ruins... Sempre marcado por isso. – Draco apontou para a Marca Negra – Sabe o peso que isso tem? Não conta que os jornais me chamassem de herói ou coisa do tipo, na minha cabeça eu só era um traidor da minha família, eu só era alguém que nunca conseguiu ser forte o suficiente para ter tomado minhas próprias decisões mais cedo e tudo por medo. Eu me olhava no espelho e eu via isso e... Eu sabia que não merecia você. – ele sentou na beirada da cama e começou a encarar as mãos – Eu sempre pensei isso, desde o momento em que me vi apaixonado por você, mesmo quando eu estava do lado certo da guerra. Eu lembrava das humilhações que causei a você e seus amigos, lembrava do quão nojento eu era em Hogwarts, das coisas que te chamava... Eu nunca mereci você. Quando me vi apaixonado por você e vi que você também estava apaixonada por mim... Pensei que fosse a minha chance de fazer algo totalmente certo desde o início e pela primeira vez. Mas eu estava um caco. Tudo na minha vida estava dando errado e eu só conseguia olhar para mim mesmo e ver o quanto eu era insuficiente para você. – Draco ficou em silêncio alguns segundos e então olhou para Hermione novamente - Eu tentei voltar várias vezes, sabia?

Hermione negou. Continuava sem saber como reagir e se deveria reagir.

— Eu tentei. – ele deu de ombros – Eu estava no Ministério quando você e Kingsley fizeram aquele jantar de gala que era uma cerimônia para as novas leis de libertação dos elfos... Lembro de você, estava com um vestido longo preto, o cabelo estava um pouco mais comprido. Eu esperei vários dias do lado de fora do seu apartamento esperando algum tipo de coragem para ir falar com você. Não conseguia porque eu não me sentia bom o suficiente para você. Eu passei seis anos longe da sua vida porque queria me sentir merecedor da única coisa boa que já me aconteceu. Você.

Draco ficou de pé e parecia que a raiva de antes havia retornado ao seu rosto.

— Se você não consegue me perdoar por isso, tudo bem. – ele disse – Só não fique ressentida antes de saber todos os fatos.

Um silêncio pesado caiu sobre o quarto. Draco parecia finalmente aliviado, ao contrário de Hermione que se sentia mais pesada do que nunca. Nunca pensou que Draco havia passado por tudo aquilo, quase não conseguia assimilar que ele havia sofrido tanto quanto ela. Passou tanto tempo criando uma imagem de Draco em sua cabeça para ajudá-la a lidar com a perda de uma maneira mais fácil que agora parecia quase impossível entendê-lo e vê-lo de outro modo.

Hermione engoliu em seco.

— Eu nunca... – ela começou, os olhos cravados no chão – Pensei que você tivesse ido embora porque não... Porque não me queria mais. Imaginei que eu tivesse sido uma diversão. Você nunca mandou uma carta, um aviso. Imaginei que eu merecesse isso.

Draco deu um longo suspiro.

— Eu sei. Você merecia, mas eu só não conseguia. Você sempre mereceu algo melhor.

Uma coisa se passou na cabeça de Hermione. Draco não voltou porque achava que não a merecia e não porque ele nunca a amou – na verdade, ele a amou até demais.

— Eu acho que não. – Hermione disse, seus olhos um pouco marejados diante das conclusões a que havia chegado.

Draco franziu o cenho, olhando para ela sem entender.

— Não acho que eu merecia algo melhor. – Hermione continuou, se aproximando um pouco - Acho que eu merecia você e toda a sua insegurança e seu jeito irritante. Acho que eu ainda mereço. Se você me quiser.


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Notas finais do capítulo

vou deixar as palavras pra vocês... haha

gente, comecei um novo projeto de Dramione, depois deem uma olhada no meu perfil, por favor, talvez vcs se interessem!

e mais uma vez obrigada pelos comentários!

até mais :)



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