Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

oi gente!!
me perdoem pela demora, tive um probleminha com minha internet e a raiva que eu passei vcs nem imaginam...

mas enfim, estou de volta com mais um capítulo pra vcs e espero que vcs gostem!

boa leitura :)



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— Você encontrou o diário que achamos que Voldemort havia deixado para os Comensais... – Draco falou. – Como?

— Estava em uma das páginas falsas dentro do livro de feitiço dos Nott. – Hermione respondeu, se sentindo animada. – Precisamos trabalhar nisso.

Ela viu o olhar de Draco indo para a janela, provavelmente para a escuridão da noite lá fora e talvez ele estivesse cansado por ter ido sabe-se lá aonde, mas eles tinham respostas e precisavam fazer algo com aquilo, não podiam simplesmente ir dormir.

— Sim, claro. – Draco disse, passando a mão pelos fios loiros do cabelo molhado, realmente parecendo cansado.

Ele se sentou na sua cadeira atrás da mesa de mogno escuro e Hermione se sentou em uma das poltronas bem a frente da mesa, colocando o diário ali em cima de modo que os dois conseguissem lê-lo.

— A caligrafia dele. – Draco falou, olhando para a primeira página com aquela única frase de Voldemort.

Hermione assentiu e virou a página.

As primeiras três páginas pelo menos eram apenas rabiscos, desenhos da Marca, provavelmente testes do símbolo que Voldemort fez até chegar no modelo final, com a cobra e a caveira. Logo depois, o antigo Lorde das Trevas escreveu uma pequena história de como ele foi adquirindo seguidores ainda na primeira guerra, antes mesmo da morte de Lily e James Potter, e de como chegou a conclusão de que precisava de uma maneira rápida e eficiente que pudesse juntar todos os Comensais quando ele precisasse, mas que também fosse uma ameaça.

Em uma parte, Voldemort começa a falar sobre seus planos para o mundo bruxo e toda a descrição do que ele faria com os trouxas e os “sangue-ruins” era simplesmente desesperador e nojento.

— Acho que podemos pular isso. – Draco disse, pulando algumas folhas quando via que o assunto ainda era os trouxas diante da expressão de terror de Hermione – Ele...Ele sempre falava essas coisas, para ser sincero. Adorava falar bem e, pelo visto, escrever bem também. Totalmente político.

Hermione não respondeu nada, ainda assustada por ler a mente de Voldemort de tão perto e realmente se certificar de que ele pensava tudo aquilo e acreditava fielmente que era superior a alguém.

Eles continuaram lendo até o momento em que tudo ficou mais interessante. Voldemort começou a relatar que havia pensado nas horcruxes como a sua forma de sempre perseverar, de sempre existir, mesmo com as tentativas inevitáveis de o destruírem. Contudo, se alguém descobrisse sobre elas e as destruísse, ele deixaria uma forma para que seus seguidores mais fiéis continuassem disseminando suas vontades e pensamentos por todo o mundo e essa forma era através da conexão da Marca Negra.

Começou a contar sobre a sua trajetória ao redor do mundo nos ambientes mais conhecidos quanto ao contato com magia negra procurando por algum feitiço, maldição ou poção que pudesse manter seus seguidores próximos e submissos, mas que chegou rapidamente a conclusão de que teria que fazer uso de magia antiga, o que tornaria tudo bem mais complexo.

— Ele gosta de contar histórias... – Hermione murmurou, impaciente, querendo pular algumas páginas para tentar encontrar algo útil, mas com medo de pular algo relevante.

— Hermione, eu preciso dormir. – Draco falou, de repente, após mais alguns segundos de silêncio e leitura de ambos. – Simplesmente preciso. Estou exausto.

Hermione olhou para ele um pouco frustrada e olhou pela grande janela do escritório. Já estava totalmente escuro lá fora, algumas estrelas no céu. Pelo que apontava o relógio na parede já passava das onze da noite.

Ela não se sentia exausta; pelo contrário, sentia-se totalmente pronta para ler todo aquele diário, colocar seu cérebro para raciocinar com quaisquer informações que encontrasse ali e tentasse resolver tudo aquilo para então sua cabeça, seu corpo e seu coração voltassem ao normal...Longe de Draco. Entretanto, Hermione teria o dia seguinte todo para resolver aquilo já que não tinha mais trabalho e nem poderia sair daquela casa. Além disso, ela ainda sentia seu corpo todo doer um pouco por causa da pequena “aventura” com seu ex-chefe no dia anterior, principalmente a região do pescoço então talvez ir deitar realmente fosse uma boa ideia.

— Certo. Continuamos amanhã. – ela disse, fechando o diário.

Draco ficou de pé e alongou os braços.

— Vou guardar no cofre no meu quarto. – ele disse, pegando o diário do antigo patriarca Nott – Amanhã vou tentar resolver o máximo que eu conseguir durante a manhã e na hora do almoço venho para casa, trago as roupas que eu conseguir para você.

— Certo. E onde eu... vou dormir?

— Pode dormir no quarto ao lado do meu.

Hermione assentiu e eles saíram do escritório. Draco ia na frente pelo caminho até o segundo andar e Hermione o seguia, o silêncio predominando entre eles. Era um silêncio estranho, porque havia o peso gigantesco e inegável de todas as coisas ditas por ele. Se ela havia entendido direito – e Hermione acreditava que havia – Draco havia afirmado que Hermione havia significado muito para ele, que ela havia sido mais do que ele jamais conseguiria admitir para si mesmo, que a pior decisão de sua vida havia sido não voltar para ela.

Tudo aquilo era demais para Hermione. Estava ficando cada vez mais difícil evitar que sua cabeça trouxesse esses pensamentos à tona, quase impossível evitar que sua memória voltasse para os poucos momentos bons deles há seis anos. Ela não podia voltar para aquele lugar, não podia se deixar pensar em Draco de outra maneira, porque só Hermione sabia o quanto ela ainda se sentia traída e machucada por acontecimentos antigos, cicatrizes que ainda não haviam sido curadas completamente.

Eles chegaram até o segundo andar da casa e Draco abriu a porta do quarto de hóspedes para Hermione.

— Tem toalhas no banheiro e tudo o que você precisar. – ele disse e então Hermione reparou que Draco mal a encarava. – Tem mais cobertores no armário também caso sinta frio.

Hermione assentiu. Pensando agora, definitivamente um banho cairia bem.

— Pode me emprestar uma camisa ou algo do tipo? Estou com essas roupas desde ontem. – Hermione falou, totalmente sem graça.

— Ah. Certo.

Draco entrou no quarto ao lado e após alguns segundos voltou com uma camisa lisa e branca que provavelmente ficaria como uma camisola em Hermione, o que seria suficiente.

— Então... Boa noite. – Draco disse.

— Boa noite. – Hermione respondeu.

Ele levantou os olhos para ela por apenas alguns mínimos segundos, parecendo envergonhado e então apenas entrou no quarto e fechou a porta.

Hermione entrou no quarto de hóspedes e olhou ao redor, sentindo-se confusa, totalmente perdida. O quarto era bem decorado e ela já havia ido até ali mais cedo, observado a vista para a frente da casa, com a fonte, o grande jardim e os portões de ferro ao longe. Fechou as cortinas pesadas e acendeu os abajures que ficavam ao lado da cama, a iluminação alaranjada e aconchegante.

Foi para o banheiro e deixou a água encher a banheira. Então entrou na água quente e deu um longo suspiro, relaxando todos os seus músculos e sua mente.

Não conseguia parar de pensar nas palavras de Draco. Hermione agora tinha a confirmação de que ela havia significado algo para ele e isso já era demais, porque, durante seis anos, ela colocou em sua cabeça que Draco o motivo de ele ter ido embora e nunca mais ter voltado e nem mesmo mandado notícias era apenas porque ela havia sido somente uma diversão passageira, mas agora ela sabia que isso não era verdade.

O seu pensamento mais sólido, o que a mantinha longe dos pensamentos relacionados a Draco, agora havia caído por terra. Saber que ela havia significado algo para ele era informação demais para seu cérebro.

Hermione deixou seu corpo afundar na água, molhando completamente o cabelo e fechando os olhos, concentrando-se apenas em manter seu ar guardado por mais algum tempo, tentando evitar qualquer outro pensamento e então voltou a superfície.

Saiu da banheira, secou o corpo e lançou um feitiço rápido no cabelo para que ele secasse instantaneamente e então vestiu a camisa de Draco.

O cheiro forte amadeirado e com um fundo de canela chegou ao seu olfato e ela inconscientemente fechou os olhos, apenas inalando o cheiro bom e totalmente reconhecível que Draco tinha. Quando percebeu que fazia isso, ela abriu os olhos assustada.

Não, não podia mergulhar nisso de novo.

Já era demais saber que Draco se arrependia de não ter voltado para ela, que havia sido a pior decisão que ele havia tomado. Apesar de tudo, ela sabia que não era apenas ela que estava ficando mexida em passar todo aquele tempo ao lado dele – detestava admitir, mas sabia que tudo dentro de si estava uma bagunça por causa de Draco, mas saber que ele também se sentia assim quanto a ela era ainda mais perturbador.

Mas ele se sentia assim. Então havia algo ali e agora Hermione sabia que ele também sentia, então certamente não estava ficando doida. Ela não tem ideia do que isso pode significar, nem a curto prazo e muito menos a longo. Uma parte de si sentiu um leve arrepio por isso, por agora saber que ele não se arrependia dela, por saber que os sentimentos dele eram verdadeiros.

Hermione se sentia...feliz com isso?

Balançou a cabeça e tirou aquela ideia de sua mente. Não podia se iludir com essas ideias, afinal tudo aquilo, toda essa mistura de sentimentos que é estar convivendo com Draco é totalmente passageira, é tudo um trabalho, nada mais do que isso.

Apesar de pensar dessa maneira, Hermione se viu parada segurando a maçaneta da porta do quarto, totalmente tentada a sair e bater na porta do quarto dele, perguntar o que tudo aquilo mais cedo havia significado, perguntar se ela realmente estava causando algo nele como ele dizia que sim.

“Você. Você está acontecendo comigo.”

Essas palavras dele continuavam estampadas na sua mente como uma tela fixa.

Ela podia sair, podia ir até ele. Estavam lado a lado, afinal de contas. Mas então Hermione recuou e foi para a cama, o cheiro de Draco ao seu redor de uma maneira que a fez se sentir acolhida.

Não podia ir até ele, porque uma parte de si tinha medo do que ele iria falar, do que poderia acontecer, de como ela ficaria. Outra parte não queria ser ainda mais confundida pelas palavras de Draco Malfoy, uma pessoa em quem ela ainda não tinha total confiança de que não iria partir seu coração e abandoná-la outra vez.

Hermione se sentia confusa, frustrada, ansiosa por respostas e pelo futuro. Tudo isso era cansativo e então em questões de segundos, depois de inconscientemente respirar fundo para sentir o cheiro de canela amadeirado outra vez, ela dormiu.

 

 

Quando Hermione abriu os olhos, sentiu uma preguiça como nunca havia sentido antes. O colchão macio, o lençol de algodão com um número imensurável de fios, os três travesseiros ao seu redor, o cobertor quente na medida certa... era tudo tão confortável que ela realmente não sentiu vontade de ficar de pé.

Foi somente quando viu que já era quase hora do almoço que Hermione se assustou e se levantou, chegando à conclusão de que ficar confortável demais nunca era um bom sinal. Foi até o banheiro, lavou o rosto e prendeu o cabelo no topo da cabeça de um modo bem mal feito e apressado e então saiu do quarto, descendo as escadas apressada, nem mesmo reparando que apenas usava uma camisa, só preocupada com o fato de que Draco estaria em casa em pouco tempo e ela não podia parecer que havia acordado há poucos minutos.

Entrou na cozinha e o Profeta Diário estava sobre o balcão de mármore, mas Hermione ignorou o jornal momentaneamente e começou a preparar um café e procurar mais comida pela cozinha para pelo menos parecer que estava indo almoçar ao invés de indo tomar café.

Decidiu fazer apenas um macarrão, algo bem rápido e prático, mas para Draco pareceria planejado e era isso que Hermione queria, pois não queria ver o sorriso sarcástico no rosto dele ao entender que ela havia perdido a hora.

Depois de colocar o macarrão na água fervente e se servir de uma xícara de café, Hermione se sentou no balcão e pegou o Profeta Diário.

— Oi. – Draco falou, parado na entrada da cozinha, olhando para ela de um jeito estranho enquanto segurava duas sacolas laranjas nas mãos.

Hermione o encarou e então sentiu seu rosto esquentar porque somente nesse momento reparou que estava usando apenas uma camisa que cobria um pouco mais além de suas coxas consequentemente deixando suas pernas totalmente a mostra; e o pior: uma camisa dele.

Ela desceu do balcão rapidamente e usando o Profeta Diário para tentar tampar suas pernas foi para trás da ilha da cozinha, de modo que Draco não conseguisse vê-la, porque já estava envergonhada demais.

— Oi. É... eu estou... fazendo um macarrão. – Hermione disse, nervosa, mexendo na panela que continha a massa, apenas tentando se distrair do rosto que queimava de vergonha.

— Ah. – Draco parecia um pouco vidrado, os olhos fixos nela, mas então pigarreou, piscou algumas vezes e levantou as sacolas que estavam em suas mãos – Suas roupas.

— Sua secretária não desconfiou de nada? – Hermione perguntou, voltando os olhos para o Profeta novamente, porque era melhor manter os olhos em qualquer outro lugar do que nos olhos cinzas dele.

— Eu disse que era para uma funcionária da empresa que havia perdido suas coisas em um incêndio.

Hermione deu uma pequena risada.

— E ela acreditou?

— Totalmente. Deixei o diário do pai de Theodore no porão, você conseguiu avançar em algo?

É claro que não, afinal, ela não estava acordada há tanto tempo assim.

— Ainda não. Decidi esperar por você. – falou.

— Tudo bem, mas tenho uma reunião às três, então não vou passar a tarde toda aqui.

Hermione assentiu e continuou folheando o jornal.

— E como você passou a noite? – Draco perguntou, deixando as sacolas sobre o balcão no lado oposto ao que Hermione estava.

— Bem. E você?

— Normal.

O silêncio estranho novamente. Foi a vez de Hermione pigarrear.

— Pelo visto já esqueceram sobre a minha demissão. – ela disse – Não tem nada aqui.

Draco não disse nada e então Hermione virou a página, entrando na secção de entretenimento do jornal, ou, como Hermione e todos os bruxos viam, a secção de fofocas.

A primeira manchete continha o nome de Draco seguido por “noite com morena misteriosa (que não era Hermione Granger!)”. Os olhos dela leram rapidamente o pequeno parágrafo que dizia apenas que Draco Malfoy havia se encontrado com uma mulher morena desconhecida no dia anterior, em Hogsmeade, desmentindo todos os rumores de um possível relacionamento com a melhor amiga do Eleito, e que fontes seguras disseram que eles alugaram um quarto da hospedagem e demoraram algumas horas e Draco quem havia pagado.

Os olhos de Hermione continuaram no jornal. Então agora ela sabia onde ele havia ido na noite anterior. Depois de todas as coisas que ele havia dito que fizeram com que Hermione acreditasse que ele a valorizava, de que ela ainda causava algo nele, mesmo que um sentimento qualquer... Depois de ter dito tudo isso, ele foi transar com outra.

Bem típico.

Dizer várias coisas que mexiam com a cabeça dela, que faziam com que Hermione contestasse sua decisão de se manter longe, coisas que fizeram com que ela acreditasse que ele sentia algo realmente por ela... Para nada. Para simplesmente mostrar, minutos depois de toda aquela discussão deles, que nada do que ele havia dito ele realmente sentia.

Hermione levantou os olhos para ele e naquele momento ela não sentia nada, sua expressão estava fixa e totalmente indiferente. Draco a encarava do mesmo modo e então ela soube que ele realmente parecia não se importar com as coisas que havia dito a ela no dia anterior, que para ele não havia peso nenhum naquelas palavras.

— Gosto de cozinhar sozinha, se você não se importa. – Hermione disse, sem mudar a expressão e mantendo o tom de voz distante e neutro.

Draco pareceu hesitar por alguns segundos. Os lábios dele se abriram minimante, como se ele pensasse em dizer algo, mas então reconsiderou e simplesmente assentiu, logo depois saindo da cozinha e do campo de visão de Hermione.

Eles almoçaram juntos, cada um em uma ponta da mesa, Hermione ainda lendo o Profeta Diário, só que agora na secção de economia britânica, evitando qualquer tipo de contato e diálogo com Draco, apesar de ele não ter tentado nada.

Ela sentia uma certa raiva. Não tinha o direito, é claro, afinal a relação deles era estritamente profissional – e Hermione gostava de lembrar a si mesma disso frequentemente, para que ela mesma não se confundisse com nada mais -, mas as coisas que Draco havia dito no dia anterior haviam significado alguma coisa para ela.

Eram coisas demais. Eram sentimentos. E ela realmente havia caído em todo aquele papo, porque agora Hermione conseguia ver o que tudo aquilo era: só uma conversa insignificante para Draco. E ela havia sido estúpida o suficiente por acreditar na honestidade dele, por acreditar nos sentimentos e por chegar a se questionar se algo mais poderia sair de tudo aquilo.

Bom, Hermione tinha certeza de algo agora: isso não aconteceria mais. Draco voltaria para o lugar em seus pensamentos de onde jamais deveria ter saído, juntamente com todas as coisas ditas no dia de ontem. Isso não iria mais mexer com ela, já estava com a cabeça formada, a decisão tomada.

Ao terminar de almoçar, ficou de pé e foi para a cozinha, deixando o prato e os talheres lavando magicamente dentro da pia e então pegou as sacolas alaranjadas com as roupas que Draco havia conseguido para ela e subiu para o segundo andar, sem nem mesmo dirigir o olhar para Draco quando passou por ele na sala de jantar.

Chegou ao quarto de hóspedes e começou a tirar as roupas das sacolas, com medo do que a secretária dele poderia ter escolhido, mas se surpreendeu. Havia várias calças jeans, regatas e camisas, alguns casacos finos e suéteres, todas as peças em cores bem neutras, como Hermione gostava, porque nunca foi o tipo de mulher que gostava de chamar atenção usando roupas em cores chamativas, sentia-se até mesmo desconfortável.

Havia somente um tênis e uma pantufa, o que Hermione achou engraçado, porque agora ela definitivamente passaria todo o dia usando aquela pantufa bege de pelos, porque sempre prezaria pelo conforto.

Trocou de roupa, colocando uma camisa verde clara lisa e uma calça e, ao contrário do que havia imaginado segundos antes, optou pelo tênis. Havia um espelho que ocupava grande parte da parede no banheiro e Hermione foi até lá e observou seu reflexo. Achou totalmente engraçado, porque parecia a Hermione adolescente e não a Hermione jovem adulta que usava roupas mais justas e rígidas como o trabalho pedia.

Parecia ter 18 anos de novo. Mas o que ela esperava? Essa era a imagem que Draco tinha dela ainda, é claro que ele pediria a sua secretária roupas que ele sabia que em algum momento Hermione já havia usado constantemente. Ela não achou ruim e ainda gostou do jeito que se sentiu.

Quando voltou para o primeiro andar Draco não estava mais na sala de jantar então Hermione seguiu direto para o porão. Ele estava lá, sentado em uma das duas cadeiras, os pés sobre a mesa, a gravata solta ao redor do pescoço, o blazer pendurado no corrimão da escada. Estava com o diário na mão, os olhos fixos nas páginas e no que quer que estivesse lendo.

— Venha ver isso. – Draco disse, antes mesmo de Hermione se sentar.

Ela parou ao lado dele e leu o que Draco apontava.

Voldemort começava a contar o jeito que havia descoberto uma maneira de marcar seus seguidores em uma viagem até a Itália e foi lá que desenhou a Marca Negra, decidindo que aquele seria seu símbolo, o crânio representando a morte iminente e a cobra o seu poder e por ser ofidioglota, o que Voldemort aparentemente valorizava acima de tudo.

Foi lá também, aparentemente através de livros de uma biblioteca apenas de magia negra que ficava no subsolo de um estabelecimento que vendia alguns artefatos desse mesmo tipo de magia, no centro de Roma, que descobriu uma maneira de marcar seus seguidores através da criação de um feitiço.

Draco virou a página e eles leram a descrição da criação do feitiço que criou a Marca Negra. Voldemort precisou fazer uma oferta de seu sangue, deixando que o líquido vital caísse em cima do desenho da Marca e então pronunciou as palavras “meo usque in sempiternum”.

— Eu para sempre. – Draco falou, passando o dedo indicador sobre as palavras.

Hermione franziu o cenho.

— Você sabe latim? – perguntou, surpresa.

— Um pouco. Tive aulas particulares mais novo, mas parei porque achei que não usaria para nada, o que obviamente eu estava errado. Parei de fazer latim e troquei por aulas de piano.

Ela nem mesmo sabia que Draco entendia latim e agora havia descoberto que ele tocava piano. É claro que ela não o conhecia.

Hermione continuou a leitura. Voldemort então falava que o sangue formava no ar as palavras “Macula mantenor” que Hermione e Draco já sabiam que era o feitiço usado para que o antigo Lorde das Trevas passasse sua marca para seus seguidores. Ele fala logo em seguida que todo o fortalecimento e alteração da Marca só é feita usando o sangue dele, por isso ele, como Voldemort terminava a página, era dono de todos eles.

— Patético. – Draco disse, um tom raivoso na voz e fechou o diário.

Hermione começou a andar ao redor do porão, pensando.

— Então se esse feitiço criou a marca, revertê-lo vai dar um fim na Marca, certo? – ela disse.

— Aparentemente sim. Hermione, reverter um feitiço é uma das coisas mais difíceis que existe, além de serem poucos os feitiços que realmente pode ser defeitos.

Ela franziu o cenho e encarou Draco.

— O que quer dizer com isso?

Draco suspirou.

— Eu não sei muito sobre o assunto, porque sempre me interessei mais em poções do que me feitiços, mas reverter feitiços também é magia antiga e desde então a magia vem evoluindo a ponto de os próprios feitiços bloquearem feitiços de reversão.

— E existe alguma poção?

— Não. Existem poções que enfraquecem um feitiço, como as poções que diminuem os efeitos da Maldição Cruciatus, mas nada que reverta.

— Então podemos fazer isso. Podemos tentar criar uma poção que enfraqueça esse feitiço.

— Podemos. Mas existem poções também que fortalecem o feitiço, provavelmente a poção que esses Comensais estão tentando fazer...

— O que deve estar nesse diário. Podemos bloquear essa poção que os Comensais estão tentando fazer para reativar a Marca, porque por mais que a Marca nunca vá embora, eles nunca conseguirão utilizá-la.

Draco assentiu várias vezes enquanto assimilava a ideia.

— Acho que isso é possível. – falou por fim. – Mas preciso pegar alguns ingredientes básicos de poções bloqueadoras na Empresa para podermos começar. – Draco começou a ajeitar a gravata, mas continuou falando: - Vou mais cedo para a empresa, mas volto assim que minha reunião acabar e então podemos começar.

Hermione assentiu.

— Vou continuar lendo o diário, ver como a Marca está sendo fortalecida.

Draco ficou de pé e a encarou, mas Hermione já o olhava. O silêncio recaiu sobre eles novamente e era um silêncio estranho.

Ele pigarreou e alisou a camisa.

— Você quer...conversar? – ele perguntou, para a surpresa de Hermione.

É claro que ela sabia que Draco se referia ao jornal, ao encontro dele com outra mulher na noite anterior, mas também se referia as coisas que ele havia dito para ela, os sentimentos dele, toda aquela conversa no escritório do primeiro andar.

Ela não tinha direito de cobrar nada dele quando ao encontro de Draco com outra mulher, porque não havia absolutamente nada além do profissional ali. Ao mesmo tempo, por mais que pudesse cobrar dele o que ele quis dizer no escritório ao falar que a pior decisão que ele já tomou foi não voltar para ela, Hermione não queria saber. Queria manter seu cérebro focado e o que quer que Draco tivesse para falar sobre aquelas palavras do dia anterior com certeza a deixariam confusa e era o que Hermione menos precisava.

— Não tem nada para ser conversado. – Hermione disse, o tom de voz baixo, mas firme.

Draco ficou sem reação por alguns segundos, os olhos cinzas apenas focados nela e Hermione pôde ver que ela o havia dado a resposta que ele menos queria, mas não sabia dizer como se sentia percebendo isso. Mas então Draco simplesmente pegou o blazer e subiu as escadas.


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Notas finais do capítulo

é, as coisas estão começando a se resolver... exceto o relacionamento desses dois haha

me digam o que acharam, o feedback é sempre importante!!

até mais :)



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