Beast Hunters escrita por HAlm


Capítulo 11
O templo de Rá


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO: Este capítulo pode conter elementos que acionem algum gatilho, especialmente no ponto de vista de Sarah. ♥



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O trio chegou ao amanhecer na densa floresta. A única sinalização que tinham sobre o horário era através dos raios de rol que abriam caminho pelas árvores apontando na direção do templo, uma construção sob as raízes de uma grande árvore, mantendo-nas como pilares da construção. 

Não muito distante dali, em meio às moitas, quatro pequenos olhos cochichavam enquanto encaravam os três sorrateiramente.

— Quem são eles? Estão perdidos? - perguntou um deles.

O outro não respondeu nada enquanto ele continuava analisando cautelosamente o trio que se aproximava do templo.

— Não... eles não são os que atacaram um tempo atrás... Eles são outros... - Abraçou o mais novo. - Não se preocupe. Ninguém vai nos machucar de novo, irmãozinho. Eu vou nos proteger... Mas temos que proteger ela também. A moça que tá lá no templo...

— Ei, Vael! - Lully apontou para um pequeno cemitério ao lado do templo. Todas as cruzes fincadas na terra marcavam uma mesma data. - O templo... será que ele ainda tá totalmente inteiro?

— Eu não sei... - Kelsier intervil enquanto investigava o lugar. Passou os olhos pelas cruzes do cemitério feitas de alguma madeira improvisada até que seus olhos passaram em duas pequenas lápides. Seus olhos se atentaram a elas e começou a ler em voz alta: - "Aqui estão enterradas os que serviam Rá, alvos de um massacre. Em memória aos protetores do templo.". 

— Não precisa de muito mais para sabermos o que houve aqui - Vael interviu. - O exército real, logo quando foi ordenado o fim da religião. 

— E pelo tamanho desses dois, Vael. Arrisco dizer que eram crianças. Mas quem os enterrou? - O lobo manteve seus olhos nas lápides, notando cada vez mais os traços infantis nas letras.

— Seja como for, Kel, nós temos que continuar - Lully segurou levemente o ombro do amigo. - Sair daqui o quanto antes, não sabemos se aqui é seguro. 

— Ela tá certa - Vael respondeu com os pés na entrada do templo. - Se ele era quem dizia realmente ser, as pessoas que buscamos podem estar aqui dentro.

— Mas Vael, ninguém em sã consciência buscaria um templo como refúgio. Ou se parasse aqui por acidente, não acha que as comunidades locais teriam visto? Quero dizer... - Kelsier levou as duas mãos até a cabeça, coçando forte. - Ah, esquece. Não tem comunidade local aqui perto...

— Tá com um mau pressentimento? - Lully perguntou dando passos lentos, adentrando a construção e passando os olhos pelas paredes adornadas com as pinturas clássicas atrás das manchas do que teria sido antes o sangue derramado. - Faz sentido se estiver, parece que alguém tentou limpar aqui, mas deve ter levado alguns dias para finalmente vir aqui e limpar. Enterrou as pessoas e talvez se preocupou mais em limpar as balas e os cartuchos. Em tornar esse lugar bom para viver?

— Não sei, mas é um bom chute até. 

Vael tentou se atentar nos detalhes que mereciam sua atenção. Que podiam levá-lo a quem buscava. Alguma passagem para o andar acima ou portas, qualquer coisa.

Andando mais um pouco, deixou os amigos falando sozinhos. Sua cabeça parecia girar tentando se concentrar.

***

Sarah tinha a impressão de que seus pés estavam mais rápidos que seus pensamentos. Sua missão havia começado naquela manhã logo ao acordar com objetivo em mente: encontrar o Willy. Se ele soubesse de alguma coisa com certeza iria contar a quem fosse inimigo do rei, mas não poderia deixar que o serval caísse em mãos erradas. O rei tinha inimigos demais, mas nem todas as organizações além dos Beast Hunters eram "bonzinhos".

Debaixo do sol escaldante do deserto sem uma sombra sequer para aliviar o calor e Sarah começava a sentir o efeito do calor. Suas patas começavam a ficar úmidas como o queixo, seus lábios exalavam o suor salgado e o mesmo suor dava uma sensação desconfortável entre suas nádegas. 

Ela parou alguns segundos, respirou fundo e continuou sua corrida.

Mais pra frente no deserto conseguiu ver rondas de motos ao redor de uma fortaleza formados em maioria por felinos aparentemente. Jaguares em seus carros puxavam com cordas um carro de polícia que haviam encontrado. Provavelmente reutilizariam as peças.

Pararam, saíram do veículo, abriram as portas traseiras de um dos veículos e empurraram uma figura conhecida pela memória de Sarah.

— Willy? - soltou o sussurro.

O serval estava amarrado, sendo empurrado provavelmente como prisioneiro dos que estavam armados com rifles. Todos com exceção do prisioneiro andavam despreocupados com as armas cruzando os peitos.

— Preciso dele... Agora...

A tropa começou a se dispersar. A conversa estava baixa demais para que naquela distância pudesse ouvir alguma coisa.

Em primeiro lugar, como Sarah poderia encontrar uma entrada? Como poderia fazer algo para também fugir do calor excessivo do deserto em conjunto de sua velocidade. Tudo se tornava ainda mais quente com ela.

À medida que Sarah se aproximava daquilo que aparentava ser um acampamento, mais o som das vozes aumentavam, o que dava impressão de haver mais gente que geralmente teria por lá... Mas quem eram? Ela reconheceu dois policiais com quem já havia trabalhado antes de tudo começar a cair para um abismo. Policial este que havia acabado de nocautear, golpeando-o contra a parede do lado de fora da fortaleza improvisada.

Pela forma que os tijolos foram colocados no solo, de maneira firme, porém não protegendo-os do frio da noite... Os soldados que ficariam de guarda provavelmente bebiam até se sentirem quentes o bastante para suportarem a noite, e pelo início da manhã, ou estariam acordando ou bêbados.

Quando Sarah olhou para os equipamentos das pessoas que estavam por lá notou um padrão. Eram da polícia... Mas por quê um posto no deserto? Eles estariam se protegendo do rei? A opção foi descartada rapidamente, afinal Sarah sabia de uma estrada poucos quilômetros dali. E se servissem ao rei? Seriam os que interceptavam entregas de armas e o tráfico? Sarah odiava tirar conclusões precipitadas.

O combustível não parecia ser problema. Uma enorme reserva estava ali, perfeita para carros e motos de patrulhas a longas distâncias.

Olhando para cima, a torre de vigia, Sarah viu quem não esperava ver naquele dia. Seus pelos cintilavam com o sol da manhã, seu corpo bem esculpido apontava orgulhosamente ao horizonte. A leoa que havia sido sua chefe... Claro que Sarah não gostava muito dela, mas não havia o que fazer sem provas de que ela facilitava ao tráfico.

Sarah a detestava... Mas a leoa chamada Bruna sentia algo diferente pela gueparda. Várias vezes no passado tentou chamá-la para sair e Sarah não conseguia definir se era tesão que ela sentia ou desejo de controlá-la para não vazar nenhuma possível informação. Ambas eram prováveis uma vez que sozinhas geralmente a situação se tornava constrangedora.

Sarah desvencilhou-se das memórias. Precisava se concentrar, salvar Willy.

***

Vael gritou quando encontrou a passagem atrás de uma estante antiga. Uma espécie de caverna pelos sons de água ecoando em gotas.

— Kelsier! Lully! Me ajuda aqui! - Vael se encostou colocando todo o peso sobre o móvel pesado.

Os dois foram rapidamente ajudá-lo a empurrar e o fizeram até o móvel tombar para o lado e mostrar para eles a passagem para uma caverna subterrânea.

— Como você encontrou isso? - Lully analisava cautelosamente a entrada.

— Só prestei atenção. Não notaram nenhum som?

Lully e Kelsier se entreolharam.

— Bom, eu não... - Kelsier disse pausadamente. 

— Parados! - uma voz rouca rugiu de trás da estátua destruída. A voz se revelou uma figura mascarada de pelo menos o dobro da altura de Vael. - Saiam do templo agora! - esbravejou cambaleando.

O trio esboçou um breve susto antes de voltar os olhos para a fantasia de sacerdote esburacada e manchada.

— E quem seria você? - Kelsier perguntou com desdém.

— Eu sou o espírito de Menny e de Rouge! Éramos irmãos antes de morrermos no ataque ao templo, agora somos só um...

— Ok, pode parar de forçar essa voz... Fala logo, quem é você. Nós não somos do exército real pra fazer algum mal a vocês - Lully tentou explicar.

— Se vocês são sacerdotes daqui, se conhecem os símbolos dos deuses então conhecem meu colar, não? - Vael mostrou o colar dado por Anúbis. - Anúbis me mandou nessa missão para resgatar três pessoas que estariam aqui. Ele mesmo me disse, mas... precisamos de ajuda para encontrar as outras duas. 

— Vael... - Kelsier chamou, mas não obteve resposta. Vael iria fazer aquilo.

— Vamos lá. Se ele foi falar comigo, acho que os sobreviventes daqui estão em perigo e mesmo se estiver ainda tudo bem, o nosso acampamento é um lugar seguro para ficarem. Ele disse que vocês dois iriam reconhecer o colar.

— "Nós dois"? Mas eu sou um só! - O sacerdote cambaleou de novo. Os gemidos da parte inferior de seu corpo se tornavam mais intensos como se não pudesse aguentar mais carregar alguém em seus ombros. 

— Sério? Tava bem na cara antes que vocês são crianças... - Lully puxou as roupas sacras e um morcego e um rato caíram de costas no chão. - São crianças que fariam isso, agora... o que vão fazer?

O morcego que se chamava Rouge se recompôs e ficou entre seu irmão e os três.

— Vo-vocês não vão pegar ele! Para trás!

— Você não entendeu, menino? - Lully se aproximou do morcego, ficou de joelhos e lhe deu um peteleco na testa. Ele em resposta apenas juntou as mãos na região atingida. - A gente não quer fazer mal nenhum a vocês! Até temos a prova de que viemos por causa de Anúbis!

— M-mas... Anúbis nos trazia comida aqui... Por que ele mesmo não veio?

Uma ideia surgiu na cabeça de todo o trio ao mesmo tempo. Quando disseram que ele trazia comida a eles, todos lembravam imediatamente do velho morcego que pegava as oferendas para Anúbis... Não era apenas um velho aproveitando da bondade das pessoas e agora tudo fazia sentido... O próprio ajudava os necessitados com aquilo que lhe era oferecido.

— Olha, menino, eu não faço ideia do motivo de ele ter escolhido o Vael para esta missão, mas... Caramba, tudo faz sentido agora... Bom, ele quer que vocês fiquem em segurança. 

Rouge recuou. Sua expressão dura suavizou e então se acalmou. Olhou desesperadamente para o irmão atrás de si como se esperasse alguma confirmação e em resposta um aceno com a cabeça.

— A-a gente concorda... Vamos com vocês... Aliás... eu me chamo Rouge e esse é Menny, meu irmão... - Apontou para o ratinho olhando para o templo com tristeza.

— Que bom... - Vael agachou. - O Anúbis também falou sobre uma terceira pessoa. Sabem onde ela está?

— S-sim! É uma moça que deixamos escondida aqui. 

— No caso, eu... - disse a moça encapuzada na entrada da caverna, encostada à parede, acenando com uma das mãos.

Todos se assustaram ao ouvir a terceira voz repentinamente. Era como se ela tivesse surgido da própria caverna, o que seria a única explicação.

Seu capuz não permitia ver a totalidade de seu rosto. Conseguiam notar pelo formato que se tratava de uma jovem sergal com pelos dourados. As mãos estavam em maior parte cobertas por uma luva de escalada bastante desgastada e o corpo todo coberto por roupas escuras.

— Não sei o que Anúbis quer conosco lá, mas realmente temos de ir agora. Lá no telhado eu vi há alguns minutos uma patrulha. Eles estavam correndo.

— Então eles viram nossas motos? - Vael correu para verificá-las. Estavam na mesma posição que haviam deixado.

— Eles nos viram chegando talvez... Temos que ir por outro caminho... A caverna deve ajudar, mas pela entrada podemos passar um por vez - Kelsier disse indo pegar sua moto e levá-la sem ligar para dentro do templo. - Alguém aí quer ir na garupa da minha? Um em cada é suficiente.

***

Sarah tomava cuidado para não ser vista. Esgueirava-se por trás das construções. Passou pela garagem das motos, por trás do tanque cilíndrico de gasolina branco e dos banheiros. 

Os homens e mulheres bêbados pela noite começavam a dormir no lugar dos que pela manhã começavam a assumir rapidamente seus postos. E pelas reações naturais, ninguém viu ainda uma pantera enterrada até a cabeça nocauteada.

No canto oposto do acampamento, lá podia ver uma jaula. Ali estava Willy, fugindo do reino para ser pego assim. Mesmo que fosse rápida, seria vista, o que tornaria a fuga mais limitada em questão de tempo e mesmo assim, onde estaria a chave?

A chave... 

Ali!

Um tamanduá saiu da cela, trancou com a chave após deixar alguma comida e água para o prisioneiro e arremessou com força o molho de chaves para a torre, na sacada onde Bruna estava. 

Se Sarah fosse lá e fosse pega, muito provavelmente teria que fazer algo para que Bruna mantivesse o silêncio.

Esgueirando escada acima, desconfiou com razão não ver ninguém ali. Já que estaria lidando com uma leoa e seu instinto, com toda certeza ela já havia visto ou sentido seu cheiro no momento em que se aproximou dali...

No momento em que Sarah entrou aos passos lentos e cautelosos, a porta fechou em suas costas e foi trancada.

— Sarah... faz tanto tempo.

— Bruna... - a respiração de Sarah intensificou. - O que querem fazer com ele?

A chita se virou vendo a leoa vestida apenas com o roupão com diversas aberturas e decotes.

— Oh... O que houve? Pegaram seu namorado? - A leoa acariciou Sarah atrevidamente. E Sarah visivelmente detestava cada toque.

— Eu preciso dele. Ele sabe de algo que preciso.

— Ele sabe? Sabia que posso gritar a qualquer momento e alertar a todos né?

— Vagabunda!

— Olha como fala, querida - Bruna replicou agarrando o rosto de Sarah, mostrando seu tamanho em comparação a ela. - Agora tenho dois em minhas mãos e vocês dariam uma boa recompensa.

— Está trabalhando para Varl'la?

— Mais ou menos... para ele e outras organizações, qualquer coisa que pague alguma coisa para interceptar entregas e passar para outras mãos - ela sorriu sadicamente e agachou para ficar na mesma altura que Sarah e sussurrou próximo ao seu ouvido, deixando a outra felina sentir seu hálito quente em seu rosto. - Se quer ter ele, posso dizer que alguém invadiu e levou você furtivamente se você fizer algo por mim... - Sua mão direita a segurava pelo pescoço enquanto a esquerda descia pelo interior das calças da outra.

— M-me solta...

— Tem razão... Você vai fazer um trabalho melhor se for solta...

Bruna tirou seu roupão deixando-o escorregar pelo corpo até o chão e se assentou na cadeira próxima da banheira, afastou as pernas e olhou para Sarah como se quisesse convidá-la para algo com a mão direita em seus cabelos curtos deixando que a gueparda a olhasse bem... e Sarah, por sua vez, segurava a expressão de desprezo, mas teria que fazer aquilo para ter o apoio dela e não fazer mais um inimigo em um momento não oportuno.

— Você sabe o que quero que faça, Sarah... vai ficar aqui até conseguir fazer eu me sentir satisfeita com você, o que aposto que vai ser rápido... E não se preocupe, vou tentar não gritar...

— Vai tentar não gritar é? Eu vou fazer você implorar para que eu pare! - exclamou conseguindo esconder bem a raiva e o medo.

— Aí está o espírito da coisa, gatinha... - Ela levou a mão esquerda para sua coxa. - Lembra de quando estávamos todo o grupo de mulheres da polícia no bar? Você ficou alegre e confessou sua bissexualidade... Aí achei que teria uma chance com essa gostosona.

— Mas não teria... - Sarah abraçou o próprio corpo, querendo fugir dali, sentindo pela primeira vez em muito tempo sua insegurança com a situação atacá-la por completo. - Sabe que não gosto de todo mundo só por ser quem sou, eu... eu acho você nojenta... vamos acabar logo com isso!

Seja o que fosse obrigada a fazer, Sarah sabia que teria vingança... cedo ou tarde teria.

E como prometido, Bruna cumpriu o que prometeu. Todos os soldados foram obrigados meia hora depois a item para um extremo e, antes de conseguir sair da torre, Sarah colocou de volta sua roupa, parou alguns segundos em pé tentando se firmar, secou suas lágrimas por mais que voltassem, tentou impedí-las ao máximo possível para se recompor.

— Pode ir gatinha - Bruna agarrou a nádega direita de Sarah com força, o que a fez engolir em seco, odiá-la com tudo que podia. - Algum dia você será minha - sussurrou.

— P-pro in-inferno - Sarah gaguejou tentando não ser atacada por si mesma de novo. Tentando não deixar a tremedeira e o medo tomarem conta.

— Por mim tudo bem - ela respondeu antes de lamber o rosto da menor, o que a fez sair dali em disparada.

Não havia como manter as lágrimas dentro de seus olhos. Elas despencavam como duas cachoeiras.

— S-Sarah? - Willy tremia com medo. Agarrou as grades para se manter em pé e arregalou os olhos ao ver que ela estava chorando muito. - Sarah? O que houve?

A chita se sentou encostada na grade, abraçou as pernas e enterrou o rosto entre os joelhos.

— Sarah... Nós temos que sair daqui. A gente tem que pegar um carro e então podemos sair pra algum lugar...

— I-isso... sim - respondeu secando as lágrimas. - P-podemos ir logo. Sair logo daqui, mas antes...

Sarah pegou uma faca que estava próxima a uma das camas, seguiu ao cilindro de gasolina e furou a superfície de forma que ela começasse a vazar.

Bruna pegou um cigarro de um bolso, colocou em seus lábios e saiu para a varanda novamente apoiada na varanda e com a outra mão buscou no outro bolso seu isqueiro... Arregalou os olhos, rodopiou para ver onde estava supondo que havia deixado cair...

Mas não era o caso.

Sarah jogou o isqueiro para trás antes de entrar no carro da polícia.

***

As cavernas já passaram. Os túneis todos davam nas mesmas saídas. 

Vael estava com a mulher encapuzada atrás. Segurava o próprio assento. Rouge com Kelsies e Menny com Lully. 

— Então, como é que acharam uma boa ideia fazer do templo uma casa? - Kelsier perguntou pelo rádio. - Parece que rolou um massacre por lá.

— Bom... sim e nós estávamos nele - lembrou Rouge.

— Presenciaram o massacre? E sobreviveram? - Lully perguntou.

— Não... não sobrevivemos... - a voz do morceguinho soou tristonha, se atentando à expressão de surpresa de todos. - Todos aqueles no cemitério, incluindo dois menores, somos nós... Éramos todos humanos.

— Vocês eram humanos? - Vael perguntou com a voz um pouco mais elevada que o normal. Algo que incomodou os outros no rádio acidentalmente. - Achei que eram um mito.

— Bom... no mundo não existem muitos, eles são... raros... mas nós... depois dos barulhos e luzes... depois do medo todo... eu finalmente senti paz e tudo estava escuro. Estava numa fila andando para o mundo dos mortos, mas Anúbis parece que queria que a gente voltasse... Ele nos trouxe de volta como somos agora.

— Entendi. Por isso ele me chamou... - Vael disse pensativo. - Agora estão a salvo. Vão ver o templo dele.

O ratinho olhou para Vael com olhos saltando de curiosidade.

— Sim, ele tem um templo inteirinho! É a nossa base!

Os seis iam a toda velocidade na direção da Mão de Anúbis. Os olhos das crianças faltavam saltar das órbitas para completar a surpresa deles ao verem o formato das torres.

Cada metro rodado era uma sensação que eles sentiam ao ver pouco mais do mundo. 

Ao descerem a rampa escura, os coraçõezinhos quase saltaram de suas bocas. Eram tantos veículos aglomerados, tanta gente andando e fazendo suas coisas... E metade deles curiosos ao redor de Anúbis. 

A atenção deles totalmente desviada do grupo que saiu secretamente para a missão de madrugada.

— Estão seguros agora... - Vael disse baixinho. - Aproveitem aí, vou dormir um pouco.

 


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