Pokémon - Unbroken Bonds escrita por Benihime


Capítulo 10
Elo sombrio




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O barulho da porta se abrindo fez Calista se assustar e virar-se com um pulo. Era apenas Malva, porém, e a jovem relaxou ao ver sua amiga.

— Caramba, Mal! — A morena exclamou, levando uma das mãos ao peito enquanto falava. — Que susto! Você quase me matou do coração!

— Preciso que você venha comigo. — Malva disse simplesmente. — Agora.

A irmã de Ash estava a ponto de protestar, mas calou-se ao ver a expressão de sua amiga. Sem palavras, Calista simplesmente deixou que a mulher kalosiana liderasse o caminho.

— Não vai nem sequer me dizer o que aconteceu? — A morena inquiriu após alguns segundos.

— Isso importa?

— Importa, ou você não estaria tão nervosa. — A Rainha de Kalos rebateu. — Anda, Mal, sabe que pode confiar em mim. O que aconteceu?

— É, você tem razão. — A repórter soltou um longo suspiro, obviamente tentando se acalmar. — Foi um grupo de caçadores ilegais. Parece que atiraram em um Talonflame na reserva ao norte de Geosenge. Jane queria persegui-los, mas eu a convenci a me deixar lidar com o caso.

— Você?!

— Ok. — Malva respondeu, finalmente cedendo a um pequeno sorriso. — Nós. Detesto admitir, mas não confio em mim mesma para lidar com isso. Não sozinha.

— Eu confio. — Calista declarou calorosamente. — Você já lidou com oponentes piores.

— Não é a isso que me refiro. — A mulher de cabelos cor de rosa fitou-a com uma súplica muda nos olhos, num de seus raros momentos de sinceridade. — Caly, eu não quero ser aquela pessoa de novo. Se eu perder o controle ...

— Não acho que seja uma possibilidade. Você é mais forte do que isso. — A Rainha de Kalos argumentou. — Mas se é o que quer, está bem. Estarei ao seu lado.

— Obrigada.

Malva não disse mais nada, mas o fervor daquela única palavra foi o bastante para que Calista entendesse que o agradecimento era por mais do que somente sua concordância.

A repórter a conduziu para fora do quartel-general secreto da Equipe Flare. Uma vez que se viram a sós, a morena se permitiu tirar a máscara em forma de asas de Butterfree que escondia suas feições.

— Assim é melhor. — A mulher de cabelos cor de rosa comentou. Tanto suas palavras quanto o tom afetuoso em sua voz foram uma surpresa. — Prefiro mil vezes ver você sem a máscara.

— Você sabe que a máscara é necessária.

— Discutível. — Malva rebateu jocosamente. — Essa belezinha nunca me enganou.

— Você é um caso à parte. — A jovem admitiu com um breve sorriso. — Agora me diga por que resolveu se envolver nesse caso. Não é algo muito típico de você.

Antes que Malva pudesse responder, seu Talonflame voou ao seu encontro, pousando na frente das duas mulheres. A repórter se adiantou para acariciar a cabeça plumosa da majestosa ave.

— Encontrou alguma coisa, garota? — Talonflame balançou a cabeça em negativa, parecendo desapontada. Malva lhe deu uma palmadinha carinhosa, relanceando um olhar por sobre o ombro para a mulher que a acompanhava. — Sabe, Calista ... Talonflame salvou minha vida mais vezes do que posso contar. É por isso que estou me envolvendo.

A repórter se manteve de costas, mas Calista pôde perceber que ela aguardava uma resposta.

— Nesse caso ... — A morena disse, tirando IceFire de sua pokebola. — Vamos lá garota, nos ajude também.

Talonflame e IceFire decolaram juntas, voando em direções opostas para cobrir uma área maior. Malva, para surpresa da jovem kantoniana, estendeu uma das mãos para segurar a de Calista. A morena percebeu que a repórter estava tremendo.

Num gesto quase instintivo a jovem puxou Malva para si de forma que caminhassem lado a lado. A mulher de cabelos cor de rosa não pareceu se importar. Na verdade, pareceu até gostar do gesto, segurando a mão da morena com mais força. 

As duas mulheres foram distraídas por uma coluna de chamas  disparada na direção do céu. Ao longe, um rugido familiar se fez ouvir.

— É IceFire. — Calista declarou com sombria satisfação. — Ela os encontrou.

— Então o que estamos esperando? — Malva abriu um sorriso sinistro. — Isto é, se conseguir me acompanhar.

— Aposto corrida. — A morena rebateu. — A primeira a chegar dá um soco no líder desses vermes.

— Quanta inocência. — A especialista em pokemon tipo Fogo ergueu uma pokebola, revelando logo em seguida que o dispositivo continha um Rapidash. — Eu vou fazer muito pior do que isso, menina fada.

Calista rebateu esse comentário também erguendo uma pokebola. Blaze relinchou ao ver um pokemon da mesma espécie, como que pressentindo o que viria a seguir.

As duas dispararam juntas em seus Rapidash. Calista era uma excelente amazona por natureza, mas jamais teria esperado que Malva e seu pokemon conseguissem manter o ritmo. Blaze era, assim como IceFire, treinado para ser o mais rápido possível. Com dois pokemon tão fenomenais, as treinadoras não demoraram a chegar à reserva, uma área ao norte da cidade de Geosenge cercada por um denso bosque. 

O som de um tiro soou por entre as árvores, fazendo com que os Rapidash acelerassem ainda mais sua corrida, seus cascos mal tocando o chão, seguindo na direção dos rugidos furiosos de IceFire.

Logo chegaram a uma clareira. Calista viu o rosto de Malva ficar branco ao ver a cena: sua Talonflame inconsciente, caída entre as raízes de uma árvore com uma das asas encolhida junto ao corpo e IceFire em posição defensiva ao lado da companheira, dentes expostos em um rosnado ameaçador.

— Merda! — Calista exclamou. — Os desgraçados devem ter fugido quando nos ouviram chegando. Para que lado, Fire?

IceFire relaxou minimamente, erguendo uma de suas patas cheias de garras para apontar a direção certa. A morena assentiu gravemente em agradecimento.

— Talonflame!

Malva saltou desajeitadamente para o chão, caindo de joelhos ao lado de sua pokemon. Ao examinar a ave, as mãos da repórter se ergueram manchadas de sangue, o líquido escarlate contrastando com a palidez espectral em seu rosto.

— Talonflame ... — A mulher de cabelos cor de rosa balbuciou. — Talonflame, não.

Com mãos trêmulas a mulher kalosiana tentou fazer com que Talonflame estendesse sua asa ferida para que pudesse ver a gravidade da lesão. Um momento depois, porém, desistiu completamente e se rendeu às lágrimas.

— Malva. — Calista disse gentilmente, apeando e ajoelhando-se ao lado de sua amiga. — Mal, por favor. Tente se acalmar. Desmoronar agora não vai ajudar em nada.

— Se ... Se ela morrer ... — Malva ergueu os olhos, e Calista viu o desespero naquelas íris cor de âmbar. — Não sei o que vou fazer.

— Eu cuido da Talonflame. — Calista disse. — Vá atrás daqueles caçadores.

— Mas ...

— Vamos, Mal, não podemos deixá-los ganhar terreno. — A morena instou. — Uma de nós tem que ir.

— Não posso.

— Por favor. — A Rainha de Kalos tomou as mãos de sua amiga entre as suas, sem nunca desviar os olhos dos dela. — Não confia em mim, Mal?

Devagar, após fitá-la por um longo segundo, Malva assentiu. Calista a soltou e a repórter se pôs de pé. Sua expressão agora estava mais dura. Determinada.

— Vá com ela, Fire. — A jovem kantoniana ordenou. — Rasgue aqueles desgraçados em pedacinhos.

A Charizard assentiu, já decolando acima da linha das árvores. Malva montou em seu Rapidash com movimentos rápidos, tirando mais dois pokemon de suas pokebolas.

— Lyse. — A repórter disse, sua voz agora mais firme. — Houndoom ... Comigo.

Os dois pokemon assentiram, rosnando enraivecidos ao ver sua companheira caída. Calista não os viu se afastar, apenas ouviu o som dos cascos de Rapidash enquanto o cavalo flamejante galopava.

A jovem imediatamente começou a procurar o que precisava em sua bolsa: o kit de primeiros socorros que sempre levava consigo. 

— Blaze, venha cá. — A morena chamou. — Temos que parar o sangramento primeiro, ou tratá-la não vai adiantar.

O Rapidash de Calista assentiu, aproximando-se e encostando a ponta de seu chifre no local. O ferimento cauterizou quase imediatamente devido à sua chamas. Mesmo inconsciente, Talonflame estremeceu de dor com o procedimento. Calista a acariciou gentilmente.

— Eu sei, garota. — A jovem disse. — Me desculpe por isso. Mas está tudo bem agora, o pior já passou.

A morena segurou o rosto plumoso da pokemon com uma das mãos, usando a mão livre para induzi-la a abrir o bico. Assim que ela o fez, Calista colocou um pequeno biscoito na forma de uma estrela de seis pontas em sua boca. Aquele doce era conhecido como Máximo Reviver, usado para restaurar a saúde de um pokemon devido a sua alta concentração de nutrientes.

A ave pokemon abriu os olhos devagar, piando baixinho ao ver Calista. A morena acariciou sua cabeça plumosa.

— Quietinha. — A irmã de Ash disse. — Ainda preciso terminar de tratar seu ferimento. Não se mova, ok?

Talonflame a encarou como que decidindo se iria ou não obedecer. Enfim a ave assentiu imperiosamente, afastando devagar a asa ferida para que Calista inspecionasse a lesão.

— Muito bem, parece que está tudo em ordem. — A morena sorriu, satisfeita ao ver Talonflame bater as asas para testar a força da musculatura. — Você está oficialmente nova em folha.

Para sua surpresa, a majestosa ave pokemon piou e lhe deu uma bicada gentil na mão, quase como que agradecendo.

— De nada. — Calista disse calorosamente. — E então, vamos atrás da nossa garota? Acha que pode me mostrar o caminho?

Talonflame assentiu e levantou voo com duas batidas rápidas de suas asas. Calista montou em Flare e saiu a galope.

Encontrou Malva antes do que esperava. Ela e seus três pokemon haviam formado um cerco ao redor do grupo de caçadores, cerca de oito homens. Calista sentiu arrepios ao ver a expressão de sua amiga. Ao ver aqueles olhos dourados chispando de ódio, teve medo dela pela primeira vez desde que a conhecera.

— Malva!

A repórter se virou, toda a fúria desaparecendo de seu rosto. A gratidão e o alívio em seu olhar chegavam a ser de cortar o coração.

— Talonflame!

A ave voou ao seu encontro, piando alegremente e juntando-se a seus três companheiros logo em seguida. Calista apeou e juntou-se a eles.

— E então, qual é o plano?

— Você decide.

— Vamos levá-los para Jane. — A morena respondeu imediatamente. — Deixe que ela cuide dessa escória.

— Por mim, tudo bem. — Malva cedeu. — Houndoom, sabe o que fazer.

O cão pokemon rosnou e emitiu um jato de chamas que se enrolou ao redor dos homens como uma serpente.

— Eu não tocaria nisso se fosse vocês. — A repórter advertiu sombriamente. — As queimaduras causadas pelas chamas de Houndoom jamais cicatrizam. Agora andem.

Sem tirar os olhos dos homens, Malva montou em seu Rapidash. Calista fez o mesmo, emparelhando Blaze com o pokemon da mulher kalosiana. Com Houndoom, Lyse, IceFire e Talonflame flanqueando o grupo de bandidos como se estes fossem um rebanho de Mareep, as duas mulheres foram deixadas livres para cavalgar lado a lado. Atrás de si ouviam xingamentos e resmungos, além do rosnado feroz de algum de seus pokemon sempre que o grupo masculino se mostrava hostil demais. Sem poder correr a toda velocidade, demoraram muito mais no caminho de volta.

— Já contatei Jane. — Malva quebrou o silêncio subitamente. — Ela está nos esperando na saída do bosque.

— Perfeito. — Calista aprovou. — E ... Bom, você foi incrível. Assustadora, mas de um jeito bom.

— Assustadora, eu?

— Extremamente. — A morena respondeu. — Eu não gostaria de estar contra você.

— Ora, por favor. — Malva bufou ironicamente. — Eu jamais ergueria um dedo contra você, e você sabe disso.

— 'Tá. — Calista riu baixo. — Mantenha isso em mente, ok?

— Engraçadinha.

Alcançaram o final do bosque e, logo além da linha das árvores, puderam ver a oficial Jane e um grupo de outros policiais aguardando. Num acordo comum e silencioso, as duas mulheres apearam. Foi quando o inferno se instaurou.

Começou com o rugido das pokemon, e logo em seguida ambas viram o perigo: um dos caçadores, um homem gigantesco que lembrava um Walrein, havia sacado uma pistola. Os olhos de Calista se arregalaram ao perceber que a mira da arma estava diretamente em seu coração.

Malva foi a primeira a reagir: com um rugido de ódio que superava até mesmo o de Lyse, a repórter saltou através das chamas e agarrou o pulso do bandido, que soltou um grito de dor. 

— Talonflame, tire-a daqui!

A ave reagiu imediatamente ao comando, dando um rasante. Segundos depois Calista estava montada em Talonflame e disparava para o alto, fora de alcance. O tiro foi disparado momentos depois, indo acertar uma árvore vários metros adiante.

Num movimento fluído, sem nunca soltar o pulso de seu adversário, Malva acertou-lhe um chute nas costelas que o deixou indefeso, curvado de dor. O restante do grupo, ao ver aquele que aparentemente era seu líder cair, nem sequer tentou resistir. Covardes, todos eles, exatamente como Malva imaginara.

A pistola caiu e o Rapidash de Malva agiu rapidamente, reduzindo a arma a pedaços com seus poderosos cascos. Jane e seus policiais então os alcançaram, assumindo a situação. Com um simples gesto de mão Malva fez com que o círculo de fogo ao redor dos malfeitores desaparecesse, permitindo que a polícia se aproximasse.

— Você está bem? — Jane inquiriu enquanto seus homens algemavam os caçadores.

— Sim. — Malva assentiu. — Ele foi desarmado a tempo.

— Um feito impressionante. — A policial declarou, estendendo uma das mãos. — Meus parabéns, Malva.

— Foi um prazer. — A reporter kalosiana aceitou o aperto de mãos da oficial de polícia. — Você e seus homens podem assumir daqui?

— Com certeza. — Jane assentiu solenemente. — Esse grupo vai estar em ótimas mãos.

— É bom ouvir isso. — Malva se permitiu um breve sorriso. — E obrigada por me permitir assumir esse caso.

— Eu é que agradeço por sua ajuda.

 Bom ... Foi um prazer. — Malva abriu um de seus já conhecidos meio sorrisos. — É melhor eu ir. E ... Jane? Vamos manter isso entre nós duas, está bem?

 É claro. — A policial assentiu. — Se achar melhor.

— Sim, eu acho. — Foi a resposta. — E, mais uma vez, obrigada.

A repórter se afastou a passos largos. Talonflame, vendo que o perigo já havia passado, pousou novamente a poucos metros de sua treinadora. Calista imediatamente saltou para o chão e correu ao encontro de Malva.

— Você está bem? — A morena inquiriu. — Ele a acertou?

— Não. — A mulher de cabelos cor de rosa respondeu. — Nem sequer passou perto.

— Tem certeza? Ele não a machucou?

— Certeza, menina fada. — Malva disse calorosamente. — Nem um arranhão.

— Ainda bem!

— Eu que o diga. — A repórter respondeu. — Como é possível que você não tenha visto a arma?!

— É claro que eu vi a arma. — Calista rebateu. — Não sou idiota, Malva.

— Então por que diabos não saiu do caminho? — A mulher kalosiana inquiriu. — Que droga, Calista, ele poderia tê-la matado!

— Assim como a você. — A morena esbravejou em resposta. — Não devia ter se arriscado por mim.

— Por quem, então? — Malva praticamente rosnou. — Não há mais ninguém que eu considere valer o risco.

As palavras inesperadas acalmaram a raiva de Calista,  em grande parte causada pela atitude irrefletida de sua amiga. Surpresa, a morena simplesmente a encarou por um longo momento.

— Quer dizer ...?

— Que eu faria de novo? — Malva a interrompeu. — Sim, eu faria. Sem pensar duas vezes.

— Mal ... — Calista disse suavemente. — Eu não preciso que você me proteja.

— O que aconteceu aqui prova o contrário.

— Não. Se tanto, prova que eu preciso proteger você. — A irmã de Ash declarou. — Desse seu desejo de morte. Acha que quero ser protegida às custas de uma amiga? Se você acabar ferida, ou pior ... Por minha causa ... O que acha que aconteceria comigo? A culpa me mataria!

O rosto da repórter ensombreceu como o céu antes de uma tempestade. Não com raiva, porém, mas com compreensão. Culpa era algo que ela conhecia bem.

— O que você queria que eu fizesse? — Ela inquiriu enfim, em voz baixa. — Deixasse aquele canalha matar você?

— Eu teria sobrevivido.

 Ele estava mirando o seu coração, Caly. — Malva declarou sombriamente. — Nós duas sabemos que isso é mentira.

— Você tem razão. — Calista admitiu. — Só ... Nunca mais me assuste desse jeito de novo, está bem?

Antes que a mulher de cabelos cor de rosa pudesse responder, uma sombra caiu sobre elas. Olhando para cima, viram uma ave já conhecida que investia em rasante. Lyse e Houndoom agiram rápido, rechaçando Yveltal com suas garras.

— Vá. — Malva ordenou. — Monte em IceFire e saia daqui. Eu vou distraí-lo.

— Não, Mal. Não adianta tentar me afastar. Eu não vou a lugar nenhum. — Calista declarou. — Juntas ou nada. E então, o que vai ser?

A repórter a encarou por um longo momento, parecendo prestes a protestar. Ao invés disso, porém, seus lábios se curvaram nos cantos. Era apenas a sombra de um sorriso, mas muito mais expressivo do que mil palavras.

— Está bem, sua teimosa. — Ela disse enfim. — Vamos pegá-lo.

Calista assentiu. IceFire e Talonflame tomaram a frente, prontas para o combate. Blaze, Lyse e Houndoom se puseram à frente de suas treinadoras, em prontidão para defendê-las caso o inimigo chegasse perto demais.

Yveltal tentou usar Investida do Dragão, mas IceFire e Talonflame voaram em direções opostas para confundi-lo. Momentos depois o falcão tipo Fogo investiu vindo de cima, num movimento Pássaro Bravo. IceFire, que havia voado para o ponto cego abaixo do inimigo, disparou como um míssil e usou sua Garra das Sombras para atingir as asas do Pokemon Destruição, que soltou um grito agudo de dor.

As duas pokemon encerraram o ataque em conjunto: enquanto Talonflame acertava o inimigo no peito com Blitz de Labaredas, IceFire deu um loop em pleno ar de forma a usar sua poderosa cauda como uma marreta, acertando Yveltal diretamente na cabeça e mandando-o para o chão de uma vez por todas.

— Isso! — Calista comemorou quando sua Charizard voou ao seu encontro. — Boa batalha, parceira.

— Vocês foram fenomenais. — Malva concordou, acariciando a cabeça plumosa de Talonflame enquanto falava. — É assim que se faz!

As duas mulheres, porém, congelaram de pavor ao ver o Pokemon Destruição erguer-se devagar.

— Essa coisa não desiste nunca?!

— Huh ... Não. — Malva respondeu, embora parecesse estranhamente satisfeita com o fato. — Parece que vamos ter que obrigá-lo.

Mais uma vez as duas pokemon voadoras assumiram posição. Yveltal, porém, apenas as encarou. Um ferimento em sua asa esquerda pingava sangue profusamente. Dessa vez, porém, aqueles olhos azuis não mostravam nenhuma hostilidade.

— Ele está ferido. — Calista declarou. — É arriscado continuar atacando.

— O que você sugere, então?

 Que tal uma pokebola?

— Sabe ... — Os lábios da repórter se ergueram em um sorriso diabólico. — Você às vezes é simplesmente genial, Calista. Vá em frente, ele é todo seu.

— Tem certeza?

— Tenho. Se eu o capturasse, Lysandre descobriria. É arriscado demais.

Yveltal, porém, aparentemente tinha outros planos. A ave se pôs de pé com dificuldade, enfim conseguindo se equilibrar ao deixar que sua asa ferida arrastasse inutilmente atrás de si. Só então o Pokemon Destruição deu um pequeno passo à frente. Mesmo estremecendo de dor com o gesto, a criatura não parou até estar frente a frente com Malva, encarando-a firmemente o tempo todo.

— Eu ... —  A repórter balbuciou baixinho, claramente surpresa. — Não. Isso não é possível. Não pode ser.

Mas é, milady. Uma voz masculina profunda soou. Pergunte à sua amiga, ela comprovará o que digo.

Malva se voltou para Calista e foi a vez de a morena se surpreender. Tirando o momento em que perdera o controle devido a sua preocupação com Talonflame, a irmã de Ash nunca vira uma expressão tão vulnerável naqueles olhos cor de âmbar.

— Calista ...

— Vou arriscar um palpite. — A morena disse, dirigindo-se a Yveltal. — Você a escolheu, não foi?

De fato. O Pokemon Destruição assentiu.

— Não confie nele, não importa o que essa coisa lhe diga. — Malva disse acidamente. — Yveltal foi enviado para capturá-la. Isso é simplesmente mais um truque.

— Não vejo como, Mal. — Calista respondeu. — Além do mais, eu diria que se Yveltal realmente quisesse me ferir, já o teria feito. Não é, Yveltal?

Precisamente, senhorita. A voz profunda do Pokemon Destruição foi ouvida pelas duas mulheres. Minha intenção jamais foi lhe causar mal.

— Acredito em você. — A morena declarou. — Mas ... Como é possível que eu possa ouvi-lo?

O elo, Calista. Foi a resposta. A morena não se importou em perguntar como o pokemon sabia seu nome, surpresa demais para uma curiosidade tão trivial. O elo entre vocês é tão forte que permite que nos comuniquemos se assim desejarmos.

Sim, é verdade. A voz cristalina de Angel soou. Embora tenham se passado séculos desde a última vez em que algo assim aconteceu.

— Quer dizer que não tenho escolha a não ser aceitar este elo?

Claro que não. Angel disse delicadamente, tornando-se visível na frente da repórter. Quer aceite o elo ou não, a escolha é totalmente sua.

Malva nada disse por alguns segundos, mas enfim assentiu e deu um passo à frente. Yveltal baixou a cabeça e tocou sua testa com o bico, envolvendo a repórter em uma aura sombria que espiralou ao seu redor por alguns segundos antes de desaparecer. Estava feito. Malva havia sido Escolhida.


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