Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 36
Nós somos o Distrito Kabuki! - Parte II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786634/chapter/36

No meio da confusão que ecoava a alguns metros de distância, havia um silêncio tenso enquanto alguém batia palmas num aplauso irônico em um dos focos de combate, mais precisamente em frente ao prédio da Yorozuya Gin-chan. Era Masaki, que aplaudia sarcasticamente a última frase dita por Ginmaru.

― Belo discurso, Sakata-kun... – ele disse enquanto terminava de bater palmas. – Sim... Vocês são o Distrito Kabuki... Mas serão todos riscados do mapa!

― Pensa que é fácil? – o jovem faz-tudo retribuiu a ironia enquanto se posicionava para lutar.

― Pensa que é difícil?

― Cai dentro... E tire suas próprias conclusões.

― Com muito prazer!

Mal terminou de falar, Masaki já avançou contra Ginmaru, que numa fração de segundos o bloqueou com sua katana. Esse foi o sinal para que o embate entre invasores e moradores de Kabuki daquela área em frente à Yorozuya fosse retomado com ainda mais força e violência. Tama novamente buscava defender aquele prédio com todas as suas forças, contando com sua fiel vassoura que lançava chamas e os robôs construídos por Gengai. Mutsu e parte dos comandados do Kaientai avançavam contra os soldados amantos de farda amarela com ferocidade. Sadaharu distribuía mordidas poderosas, cabeçadas potentes e golpeava os inimigos com suas unhas e se valia de seu tamanho avantajado para resistir aos ataques inimigos. Elizabeth distribuía golpes com uma placa na qual estava escrita “VAMOS DEITAR TODOS VOCÊS NA PORRADA!” e assim fazia strike nos adversários.

Enquanto isso, vários outros confrontos entre moradores de Kabuki e os invasores pareciam desembocar para aquela larga rua de chão batido, transformando-a numa imensa praça de guerra em sua extensão. O caos se tornava ainda maior, numa ensurdecedora mistura de gritos, impropérios, golpes, tiros, explosões e colisões de lâminas contra lâminas de aço, além do som seco da madeira presente em bokutous.

Em meio a essa bagunça, quatro homens lutavam novamente juntos, reeditando a parceria de trinta anos atrás. Sakata Gintoki, Katsura Kotarou, Takasugi Shinsuke e Sakamoto Tatsuma voltavam a lutar juntos desde a primeira guerra contra os amantos, quando eram adolescentes. Sakamoto, o líder do Kaientai, usava sua fiel pistola semiautomática para alvejar os inimigos. Alvejava-os com precisão, compensando uma séria lesão em seu pulso direito, que o incapacitou de voltar a empunhar uma katana desde aquela guerra. O homem de cabelo permanentado castanho possuía um brilho feroz em seus olhos azuis ocultados pelos óculos escuros e um sorriso determinado. Katsura, líder do Joui, avançava contra os invasores com sua katana, gritando palavras de ordem para seus comandados também fazerem o mesmo. O homem de cabelos longos mostrava que, por trás de um idiota aleatório, havia um brilhante líder que esbanjava habilidade. Takasugi, líder do Kiheitai, mostrava-se impiedoso contra os inimigos enquanto empunhava sua katana do tipo shikomizue. Os golpes do homem de escuros cabelos curtos e lisos eram precisos, dando pouca ou nenhuma chance para os inimigos sobreviverem. Tamanha precisão mostrava que a ausência do olho esquerdo pouco o afetava em uma situação de combate, o olho verde-oliva remanescente lhe bastava para ver mais do que caos naquela batalha. Gintoki, o lendário Shiroyasha, mostrava que por trás de um estúpido faz-tudo ainda existia um samurai feroz que, com sua fúria bestial, era capaz de derrotar dezenas de inimigos sem piedade. Os olhos rubros do homem de cabelos prateados brilhavam perigosamente como olhos de uma fera acuada por ter seu território invadido, determinada a liquidar qualquer ameaça.

Eram mais do que quatro sobreviventes. Eram quatro veteranos de guerra, que novamente se juntavam para enfrentar invasores alienígenas. Mas, desta vez, eles iriam vencer!

Eram inúmeros os invasores que traziam caos e destruição para o distrito, o qual era defendido ferrenhamente por seus moradores. E miríades deles cercavam aos poucos o quarteto de veteranos, que buscava repeli-los com o melhor de suas habilidades. Entretanto, como nem tudo é perfeito nem para os mais experientes, Sakamoto havia descarregado mais uma vez sua pistola e, enquanto pegava do bolso do casaco vermelho mais um pente de balas, o mesmo caiu no chão, sendo chutado acidentalmente por Takasugi para longe. Quando o líder do Kaientai se abaixou para pegar a munição, um dos aliens de farda amarela ergueu a katana para poder decapitá-lo, mas foi bloqueada a tempo.

― O QUE É QUE VOCÊ PERDEU, TATSUMA?! – Gintoki questionou enquanto travava sua bokutou contra a espada inimiga.

Nenhuma resposta. O homem alto usando óculos escuros já estava prestes a alcançar o pente de balas quando alguém tropeçou nele enquanto recuava para se defender de um ataque. Quem caía de costas no chão era Takasugi, que esbravejou enquanto se levantava e Katsura bloqueava um golpe direcionado ao líder do Kiheitai:

― MAS QUE MERDA É ESSA, SAKAMOTO?! – Shinsuke berrou, querendo cortar o pescoço do companheiro com a shikomizue.

No meio da bagunça, ele finalmente encontrou o que tanto procurava e se levantou, acertando a cabeça no queixo de Katsura, que recuou por conta do golpe inesperado. Recarregou a pistola e, vendo que estava cercado, disparou contra vários inimigos, abatendo-os com tiros certeiros.

― Vocês viram? – Tatsuma disse entre risos. – Estamos começando a ficar em vantagem!

As gargalhadas de Sakamoto acabaram sendo interrompidas por Gintoki, Katsura e Takasugi, que, enfurecidos, começaram a espancar o amigo com chutes e pisões. Mas não durou tempo, pois mais invasores apareceram para atacá-los, e o quarteto precisava se defender e revidar.

Kalad reapareceu para enfrentar Gintoki, havia deixado seus subalternos o enfrentarem, julgando que seria fácil derrotar o Yorozuya. O primeiro ataque foi do alien humanoide de pele alaranjada, prontamente bloqueado pelo faz-tudo e sua fiel bokutou Toyako. O albino revidou, para depois o amanto travar a espada de madeira. Assim permaneceram por alguns segundos, até que o líder dos soldados de farda amarela surpreender Gintoki destravando a espada e, numa fração de segundos, acertar-lhe o rosto com a bainha da katana e, em seguida, aplicar um chute em seu peito com força suficiente para o jogar com o impacto do golpe a alguns passos de distância.

Antes que Gintoki se refizesse do momentâneo atordoamento, Kalad já estava por cima do albino, segurando sua katana com a clara intenção de lhe causar uma perfuração. Sorria com prepotência e debochou:

―  Vou fazer o que Kasler foi incapaz de fazer, Shiroyasha... Não achei que isso seria tão fácil!

Kalad estava em pé, prestes a acertar o coração do faz-tudo que, em vez de se abalar e temer por sua vida, sorriu igualmente debochado:

― Não vai ser tão fácil como o que eu vou fazer agora!

Antes que o alienígena fizesse o movimento de perfuração, Gintoki havia percebido que a posição, embora aparentemente desfavorável, era possível de ser revertida. Com um rápido movimento, usou a perna direita para acertar os países baixos de seu oponente, ao mesmo tempo em que agarrava a lâmina da katana que ele soltava por conta da surpresa e da dor. Para finalizar, o Yorozuya rolou para o lado e deu-lhe uma rasteira, fazendo-o cair de cara no chão de terra batida. Quando Kalad se virou para levantar, deu de cara com sua própria lâmina a meio centímetro de distância da ponta de seu nariz e, empunhando aquela espada, estava o homem a quem muitos temeram no passado: Sakata Gintoki, o lendário Shiroyasha.

E o Demônio Branco voltava a estampar em seu rosto aquele mesmo sorriso irônico e, ao mesmo tempo, confiante.

― Viu como foi fácil?

― Maldito... – Kalad rosnou, aparentemente vencido. – Eu até posso perder de você, mas este distrito de merda vai cair!

Gintoki, sorrindo agora com uma leve dose de sadismo, encostou bem de leve a ponta da katana na ponta do nariz de Kalad.

― Eu não diria isso com tanta certeza, cara de cenoura. Olhe bem para o que tá acontecendo ao nosso redor.

Kalad praguejou quando viu que seus comandados caíam abatidos ante uma multidão furiosa que queria defender seu lar. Tsukuyo e a Hyakka cravavam dezenas de kunais em dezenas de inimigos, enquanto as okamas, junto aos hosts e às hostesses, derrotavam mais indivíduos de farda amarela com o auxílio de espadas e naginatas. Os jovens dos dojos Koudoukan e Yagyuu, junto com seus respectivos líderes, dominavam os numerosos invasores enquanto mostravam como eram bons em uma batalha, usando apenas espadas de madeira. Hattori e Sacchan, junto com outros ninjas aliados, encurralavam e derrotavam mais oponentes, tendo também apoio numérico dos yakuzas liderados por Katsuo.

Shinsengumi e Mimawarigumi, com espadas e bazucas, conseguiam deter um avanço ainda maior dos inimigos, mas a maioria das baixas naquele setor era causada pelo vice-comandante dos homens fardados de preto e a comandante dos fardados de branco. Ambos continuavam na disputa para saber quem era o mais letal, com o placar, naquele momento, indicando um empate de duzentos e quarenta e nove a duzentos e quarenta e nove. O ritmo de Okita Sougo e Imai Nobume era tão frenético que o sadismo da dupla era capaz de aterrorizar todos os adversários com quem eles cruzavam as espadas.

O comandante das tropas leais à Junta também testemunhou vários outros cadáveres e incapacitados de farda amarela espalhados pelo chão, graças ao Kiheitai, ao Joui e ao Kaientai, além dos robôs de Gengai e da Yorozuya, representada por Shinpachi e Ginmaru, que dava o golpe final em Masaki. Não o matara por pena, apenas o deixara inconsciente, desferindo o último golpe invertendo a lâmina de sua katana.

Os poucos amantos e aliados ainda em pé correram até onde Kalad estava caído e Gintoki lhe apontava a espada e os cercaram, para o atacar. O faz-tudo não se sentiu nada intimidado, pois um grupo ainda maior de amigos e aliados na luta por Kabuki cercou os invasores, apontando-lhes espadas, naginatas, armas de fogo, bazucas e qualquer outra coisa que fosse útil como arma.

― Você disse que este distrito de merda iria cair, não é? – Gintoki continuava a segurar firmemente a espada perigosamente perto do nariz de Kalad. – Pois saiba, seu idiota, que este distrito não vai cair... Porque NÓS SOMOS O DISTRITO KABUKI!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.