Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata
Hijikata continuou meio desnorteado quando se levantou e viu o ambiente ao seu redor. De um instante ao outro, o Distrito Kabuki ia de um local peculiar em seus dias normais para um cenário de fim de batalha. E, para completar, não conseguia entender por que via o Yorozuya duplicado.
― Mas que diabos aconteceu por aqui? – murmurou enquanto acendia um cigarro para tentar acalmar seus nervos.
― Eu nunca vi o Distrito Kabuki desse jeito! – Shinpachi exclamou. – E olha que já tivemos umas batalhas bem sérias por aqui!
― Ei – Gintoki chamou sua contraparte mais velha. – Foi por aqui que você estava quando foi à nossa época?
O mais velho respondeu que sim, enquanto localizava sua bokutou cravada em um cadáver Amanto. Arrancou a espada de madeira de onde estava e sacudiu o sangue que dela começava a escorrer. Como se lembrasse algo, acelerou o passo e seguiu até a Yorozuya. Subiu as escadas e encontrou a porta aberta e a sala toda revirada, além de algumas manchas de sangue. Ouviu um choro e encontrou Sadaharu, que parecia assustado com alguma coisa, apesar de estar ileso.
Olhou ao seu redor e, além do grupo do passado, que o seguira, não encontrou o que ou quem procurava.
― Cara, que bagunça... – o Sakata mais jovem disse enquanto enfiava o dedo mindinho no ouvido para tirar a cera. – O que aconteceu aqui? Um assalto?
― Não, Yorozuya. – o Vice-Comandante do Shinsengumi, mesmo sem entender nada do que estava acontecendo, respondeu com seus conhecimentos policiais. – É um cenário de invasão e alguém tentou defender este lugar.
― O Ginmaru-san? – Shinpachi perguntou.
― Quem é Ginmaru?
― Longa história, Mayora. – o Gintoki do passado respondeu.
― Afinal de contas, o que aconteceu aqui? Onde exatamente estamos? Ou melhor... “Quando” estamos?
― Podemos responder a essas perguntas se me seguirem até Yoshiwara. – uma voz feminina disse. – Aqui, por enquanto, não está seguro.
― Eu imaginava. – o Yorozuya mais velho concordou enquanto pegava um smartphone caído no chão e olhava para a recém-chegada. – Faz tempo que você tá aí, Tsukuyo?
A loira sorriu.
― Cheguei aqui bem na hora em que vocês vieram do passado. Vamos!
Apesar de a Cortesã da Morte ter chamado todos a saírem, ninguém pôde avançar. A entrada estava obstruída por Amantos diversos, com uniformes militares na cor amarela, o que indicava que a discrição não era algo desejável para quem integrasse tal grupo.
O líder do grupo era um alien com cara de sapo e deu um passo à frente enquanto desembainhava a espada:
― Bem que dizem que os humanos sempre voltam para casa... Não é? Já conseguimos expulsar os outros três chamados “Reis Divinos” deste distrito, só falta você... Shiroyasha!
Com o ataque iminente, Tsukuyo preparou as kunais a serem lançadas, enquanto os dois Gintokis sacavam suas espadas de madeira e Kagura apontava seu guarda-chuva, pronto para atirar. Sem muita alternativa, Hijikata viu-se obrigado a também se preparar, sacando sua katana, enquanto Shinpachi era o único desarmado...
... Ou pensava que estava, pois encontrou, em meio àquela bagunça, outra katana.
― A katana do Ginmaru-san... – murmurou com várias interrogações brotando em sua mente.
Entretanto, precisavam deter aquele ataque que não se fez esperar. O líder com cara de sapo se lançou ao ataque com seu grupo, mas acabou se detendo quando pareceu reconhecer o Vice-Comandante do Shinsengumi... Que agora não entendia mais nada.
― Você não deveria estar aqui.
― Por quê?
― Você sabe muito bem.
O moreno mordeu o cigarro de raiva. Não bastava estar perdido naquele lugar, época, ou algo parecido, estava se envolvendo sem saber em algo que parecia perigoso, a julgar pelo tom de voz do cara de sapo, que chamou seus comandados para irem embora, com um aviso:
― Depois do Distrito Kabuki, será o Shinsengumi.
Um silêncio absoluto dominou a todos após a partida daqueles seres de farda amarela. Enquanto os pertencentes àquela época absorviam a ameaça contida naquelas palavras, os demais não entendiam do que exatamente ela se tratava. E, quebrando o silêncio, Hijikata esbravejou:
― MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI, AFINAL?!
― EU É QUE PERGUNTO! – rebateu o Gintoki da mesma linha temporal. – O QUE VOCÊ VEIO FAZER AQUI, SEU PASSAGEIRO CLANDESTINO?
― VOCÊS ME ATROPELARAM E ME ARRASTARAM PRA CÁ!
A discussão acabou não se prolongando, pois, os dois homens foram atingidos por kunais na testa – cortesia de Tsukuyo:
― Se continuarem fazendo esse escândalo todo, eles voltam pra nos matar.
― Isso se você não me matar antes... – Gintoki tentava conter o sangue jorrando da testa após retirar a kunai. – Não basta eu ter que conviver com isso na minha linha temporal, e no futuro vou mesmo ter que aturar isso?
― Era o único jeito. Vocês dois nunca mudam.
― Eu não acredito que ainda vou tomar kunai na minha testa, mesmo depois de tantos anos...!
*
Durante todo o trajeto até Yoshiwara, Shinpachi pacientemente explicou a Hijikata tudo o que acontecera na primeira vez em que viajaram no tempo, contando quem era Ginmaru e como ele fora até o passado pedir por ajuda. Ao final, mencionou a dura batalha contra Kasler e a volta para casa.
Ao chegarem até a casa de Hinowa, encontraram-na junto com um homem, que após os cumprimentos, indagou:
― Tsukuyo-nee, alguma pista do Ginmaru?
Tsukuyo encarou o rapaz de olhos verde-oliva, cabelos castanhos curtos, bom porte físico e altura mediana. Respondeu:
― Parece que o levaram, Seita-kun. O telefone e a katana dele ficaram no meio da bagunça. Já fiz contato com o Shinsengumi, eles vão investigar mais a fundo.
― Tomara que o encontrem.
― Ei, ei – o Gintoki vindo do passado atalhou. – Será que alguém pode explicar pra gente o que aconteceu depois que voltamos pra casa?
― Seita-kun – o Gintoki mais velho disse. – Dois chás bem doces pra nós! Eu preciso repor meus açúcares!
Hinowa foi preparando os chás para todos, enquanto Seita os entregava. Hijikata, ao receber o seu, não perdeu tempo e sacou de seu casaco um frasco de maionese, com a qual cobriu o chá da xícara e o bebeu, sob os olhares de nojo dos albinos ao seu lado.
― E então? – o Yorozuya perguntou à sua contraparte mais velha. – O que exatamente tá acontecendo por aqui?
― Lembra que antes eu mencionei sobre os darkenianos?
― Os inimigos mortais dos enjilianos? Eles usariam o Terminal pra um desvio intergaláctico pra explodir os darkenianos, se não me engano...
― Isso. Depois que vocês voltaram ao passado, eles apareceram, isso já faz uns dois meses, mais ou menos. Acharam interessante dominar nosso mundo, começando por Edo. E eles acham que pra conseguir dominar Edo, têm que começar pelos lugares que resistiram aos Amanto.
― Então é por isso que Kabuki tá daquele jeito?
― Sim, eles estão atacando Kabuki e tentando expulsar os Quatro Reis Divinos.
O Gintoki mais jovem entendeu do que se tratava. Os Quatro Reis Divinos do Distrito Kabuki eram os responsáveis pelo delicado equilíbrio daquele distrito. Os antigos Reis Divinos eram a Princesa Kada, Doromizu Jirouchou, Saigou Tokumori e Otose. Depois da verdadeira batalha entre os quatro setores por eles representados, os sucessores assumiram seus respectivos lugares foram Kurogoma Katsuo, Azumi, Shimura Tae e Sakata Gintoki (que se tornou sucessor de Otose por livre e espontânea pressão).
Perguntou:
― Expulsaram quantos?
― Quase três. A irmã-gorila do quatro-olhos ainda tem como aliado o Shinsengumi.
― Claro, claro... Por isso a ameaça também ao Shinsengumi.
― E por que o Shinsengumi se meteria numa coisa dessas? – Hijikata questionou. – Agora entendo a ameaça. Provavelmente devo ter mudado pouco nesta época e me confundiram com a minha contraparte.
― Continua o mesmo chato de galocha de sempre e comendo a mesma comida de cachorro de sempre.
O Vice-Comandante do Shinsengumi apenas se limitou a soltar um “tsc!” para se segurar e não partir para cima do “mestre-da-irritação” de sua linha temporal. Não estava disposto a correr o risco de ter outra kunai enfiada na cabeça.
Shinpachi olhou para Kagura e perguntou para o Gintoki mais velho:
― Gin-san, agora entendi que aqueles darkenianos querem derrubar o Distrito Kabuki, mas... Onde a Kagura-chan entra nessa história?
― Será que não é pela minha força? – a Yato questionou toda confiante, mostrando seu muque enquanto Sadaharu latia em aprovação.
― Não. – respondeu o Gintoki que fora questionado. – Ela vai ser importante pra ajudar a impedir que liberem um novo projeto dos darkenianos.
― E que projeto é esse? – o Sakata mais jovem indagou.
― O “Projeto K1”. – disse o Shinpachi daquela linha temporal, acabando de chegar junto com mais duas pessoas.
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