Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
De volta ao futuro




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Poderia muito bem ter implorado para Kagura decidir ajudá-lo, mas optou por não fazê-lo. Seria muito egoísmo da sua parte. Preferiu esperar pela resposta da garota ruiva. Enquanto essas novas informações eram processadas por todos, Shinpachi tratava de providenciar bandagens e pomada para a versão mais velha de Gintoki.

Kagura estava pensativa. Lembrava-se da aventura de meses atrás, em que soubera que, naquela linha temporal para a qual viajara, ela estava morta havia cerca de dezoito anos. Fora uma viagem surreal ao tempo, tão surreal que não havia como contar para mais ninguém, pois nenhuma pessoa, além do Trio Yorozuya, acreditaria. E, naquela viagem ao futuro, os três ajudaram o jovem Ginmaru a encontrar o pai e, de quebra, toparam derrotar o tal do Lorde Kasler, para evitar que o pior ocorresse àquele mundo.

Naquela viagem, a grande responsabilidade, a grande missão, estivera nas mãos de Gin-chan. E, meses depois, o Gin-chan do futuro precisava de sua ajuda. A julgar pelo o que ouvira dele, era como se o destino dele estivesse em suas mãos.

Era algo que lhe dava a sensação de que começava a perceber um peso em suas costas. O destino de um mundo estava nas mãos de uma garotinha.

Seu fluxo de pensamentos foi interrompido por um barulho nojento no banheiro. Mais precisamente, o familiar som de alguém vomitando. Em seguida, a torneira da pia sendo aberta e liberando água por longos minutos, o que denunciava que Gintoki estava sentindo com ainda mais força os efeitos da última bebedeira.

E, para completar o roteiro, ele saiu do banheiro com a permanente natural prateada ensopada. Havia enfiado a cabeça na pia para molhar com água fria e aliviar a ressaca e, após passar na cozinha para pegar na geladeira um copo cheio de iogurte de morango para repor os açúcares perdidos no vaso sanitário, sentou-se à mesa, massageando as têmporas.

― Nunca mais vou beber tanto... Essa ressaca é insuportável! Esse barulho todo tá fazendo minha cabeça latejar!

― Mas ninguém tava conversando até agora, Gin-san. – Shinpachi disse.

― O barulho dos esparadrapos me incomoda, a Kagura mascando o sukonbu me incomoda, a minha respiração incomoda, tudo incomoda alguém morrendo de ressaca!

Tão logo Gintoki terminou sua queixa, a campainha tocou. Atender ou não atender, eis a questão! Não poderiam revelar, sob hipótese alguma, a presença da contraparte do futuro do Yorozuya, pois muita coisa dependeria de o trio ficar de bico calado a respeito de algumas coisas que poderiam ocorrer no decurso dos anos.

A campainha tocou novamente, provando o quanto poderiam ficar sensíveis os ouvidos de alguém acometido por uma ressaca. Para o albino mais jovem, era como se dentro de sua cabeça estivessem repicando uns três sinos bem escandalosos.

Mais uma vez, tocaram com insistência a campainha. Clientes? Era uma possibilidade meio remota naquele momento e àquela hora. Zura? Não, ele não tocava a campainha antes de entrar enquanto fugia do Shinsengumi. Sacchan? A kunoichi stalker masoquista seguia a cartilha dos ninjas à risca, sempre o surpreendendo com sua furtividade. E o Shinsengumi só apareceria se Zura estivesse por aquelas bandas, mas derrubaria a porta para entrar.

Se não era nenhuma dessas alternativas anteriores, só poderia ser...

― Gintoki! Cadê o aluguel do mês?

― A bruxa velha?! – o Gintoki mais velho, mesmo depois de anos, reconhecia facilmente a voz de Otose.

― Tama! – a brux..., digo, Otose ordenou, do outro lado. – Atire na porta! Quero ver se esse enrolado vai fugir de mim desta vez!

― Shinpachi, Kagura! – o Gintoki mais jovem olhou para os companheiros. – Prontos?

― Ei, espera aí! – o Yorozuya mais velho protestou. – O que vocês vão fazer?

Não houve tempo para resposta, ele foi puxado por Kagura pelo quimono e todos saíram em desabalada carreira escada abaixo, atropelando quem estivesse na frente.

― Esqueceu do quanto fugia de pagar o aluguel? – Gintoki perguntou de forma zombeteira à sua versão mais velha. – Ah, e topamos o serviço!

― Somos a Yorozuya Gin-chan, fazemos qualquer serviço! – Shinpachi disse.

― Kagura? – o Gintoki vindo do futuro indagou.

A ruiva sorriu:

― E vou ficar aqui morrendo de tédio? Aperta o botão desse controle! AO INFINITO E ALÉM!

O portal para viajar pelo tempo foi imediatamente acionado pelo Gintoki mais velho, mas quando correram para entrar, trombaram em quatro homens que passavam e caíram do outro lado. E, após o portal sumir e o clarão de seu fechamento cessar, três dos homens de preto se levantaram do chão de terra batida de uma das ruas do Distrito de Kabuki.

― Alguém anotou a placa do caminhão que nos atropelou? – Yamazaki perguntou, ainda atordoado.

Kondo olhou para os lados, sentindo falta de alguém:

― Ei, Sougo, Zaki, vocês viram o Toshi por aí?

Okita ainda olhava de forma inexpressiva para o local onde estivera o portal momentos antes quando respondeu:

― Ele atravessou aquele portal esquisito com o Chefe Yorozuya.

 

*

 

E, no mesmo ponto do Distrito Kabuki, mas vinte anos no futuro, um clarão surgiu, jogando no chão o grupo de pessoa que entrara pelo portal de viagem no tempo. O Gintoki mais velho foi o primeiro a sair da pilha humana, reconhecendo com facilidade o ambiente à sua volta.

Estava em casa, por assim dizer, mas o cenário não parecia muito convidativo. Não era à toa, pois ainda havia destruição e corpos jogados ao chão, resultado de uma batalha travada nas ruas daquele distrito.

Kagura interrompeu seu fluxo de pensamentos:

― O que aconteceu aqui?

― Eu também quero saber, mas tem como sair de cima de mim? – Shinpachi questionou.

― Eu adoraria saber também, mas... DÁ PRA SAÍREM DE CIMA DE MIM OU TÁ DIFÍCIL? – Gintoki esbravejou.

― SAI DE CIMA DE MIM, YOROZUYA, QUE MEU OUVIDO NÃO É ALUGADO! – outra voz berrou furiosa.

Imediatamente, o Trio Yorozuya saiu de cima de quem havia gritado por último. Qual não foi a surpresa ao descobrirem o integrante extra do grupo de viajantes do tempo...

― Você...?! – Gintoki estava incrédulo.

― H-HIJIKATA-SAN?! – Shinpachi expressou a surpresa do restante do grupo.


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