Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 28
Um trio sempre será formado por três pessoas




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Hijikata Toushirou não poderia estar num humor melhor, na medida do possível e dentro de sua personalidade mais fechada. Sua contraparte do passado estava bem e Taichirou na verdade nunca chegara a morrer. Era como se a vida lhe desse mais uma chance para conhecer aquele homem, que naquele momento explicava como forjara sua morte na batalha em Kabuki.

― Foi um plano traçado pelo Yorozuya – olhou para as duas versões de Gintoki. – Pedi ajuda para sumir por um tempo e forjar a morte foi uma opção interessante. A ideia principal foi forjar minha morte e eu estaria disfarçado como um integrante do Joui para ter liberdade de agir e afastar um pouco quem estaria me investigando. Katsura-san fez contato com Takasugi-san e o Kiheitai. Combinamos com Kijima-san sobre os tiros e, por baixo da minha farda, eu vesti um colete à prova de balas; colado nele, estaria um saquinho com um pouco de catchup.

― E como é que você ficou daquele jeito, mortinho da silva? – Ginmaru questionou. – Nem se você fosse ator conseguiria se fingir tão bem de morto.

― Bom, isso foi porque mordi uma cápsula que escondi na boca e que tinha uma substância que me apagou por algumas horas. Fiquei nesse estado por tempo suficiente para que me tirassem de lá e levassem outro corpo como se fosse o meu para o QG do Mimawarigumi, sob supervisão da Comandante. Estando eu morto “oficialmente”, pude me infiltrar com a ajuda do pessoal do Joui e do comando do Mimawarigumi... Afinal, ninguém desconfiaria de um simples funcionário caladão de lavanderia.

― Então você descobriu mais coisas?

― Na verdade, estava meio difícil de descobrir. Veja bem, minha “morte” – Taichirou sinalizou as aspas com os dedos. – havia sido há dois ou três dias. Dois ou três dias de investigação como um funcionário de lavanderia não são suficientes pra descobrir muita coisa, e os demais contatos meus estavam cautelosos. Para ter uma ideia, Nobume-san teve que ficar ainda mais cautelosa por conta de sua posição. Tudo o que eu sabia era que iriam agir contra o Distrito Kabuki o quanto antes, mas faltavam detalhes.

― Detalhes esses que descobrimos meio que por acaso, enquanto resgatávamos Hijikata-kun. – o Gintoki do passado comentou.

― Parecia que você queria era me ferrar, Yorozuya. – o Hijikata do passado rebateu.

Shinpachi logo interveio para evitar uma troca de farpas, que ele sabia que logo viraria uma troca de insultos e, em seguida, viraria troca de socos:

― Nós fomos resgatar o Hijikata-san e na hora de sair, nos perdemos e fomos parar no laboratório em que são fabricados aqueles yatos artificiais. Eles estão fabricando mais daqueles, a partir de um clone da Kagura-chan... É uma produção em massa.

― Agora sabemos por que a Kagura é a chave para deter esses Yatos artificiais. – Gintoki disse. – Nós não conseguimos destruir o tanque onde estava o clone.

― Parece que precisaremos da pirralha não para quebrar o tanque – o Vice-Comandante do Shinsengumi acrescentou. – Mas para abri-lo para eliminar o clone. Além disso, há outra coisa que escutamos enquanto estávamos no laboratório.

― E o que é? – o Comandante Shimura questionou.

― Enquanto a gente se escondia no laboratório, os integrantes da Junta apareceram e conversaram com os cientistas. – o Shimura mais jovem respondeu. – Eles estão planejando um cerco ao Distrito Kabuki.

― Como assim? – Tae questionou.

― Eles planejam bloquear os acessos ao distrito. – Hijikata respondeu. – Cortariam a energia elétrica, o fornecimento de água e impediriam a vinda de suprimentos. Esperam vencer pelo nosso cansaço e possível desespero.

― Resumindo – o Gintoki mais jovem acrescentou. – Precisamos de um plano para sobreviver a esse possível cerco e pensar numa forma de aproveitar isso a nosso favor... Então os estrategistas de plantão podem botar a cabeça pra funcionar a partir de agora, porque sem açúcar minha cabeça não funciona.

 

*

 

Em um dos cômodos da casa de Hinowa, estava havendo uma pequena reunião entre alguns daquela época. Shinpachi chamara Kondo, Tae, Hijikata, Okita, Gintoki e Ginmaru. Estivera bastante reflexivo nos últimos dias, mas estava certo de que aquela decisão que tomara seria a melhor para todos e, principalmente, para si mesmo. E, com essa certeza que passara a ter, sentiu necessidade de comunicar sua decisão.

― Ei, Sensei... O que tem de importante pra falar? – Ginmaru indagou. – Por acaso é para comunicar que está saindo do armário?

― O quê? – Shinpachi ficou constrangido. – Claro que não!

― Larga de ser besta, Ginmaru! – Gintoki disse. – Deve ser pra dizer que ainda é um virjão apesar de estar perto dos quarenta anos.

― TAMBÉM NÃO É ISSO! – o Shimura rebateu como sempre, ou seja, gritando.

― Ora, ora... – o Yorozuya coçou o queixo como um pai compreensivo. – Então enquanto estive ausente, você finalmente perdeu a virgindade... Ei, Ginmaru, não seja como o Quatro-Olhos, um eterno virjão!

― Eu não sou virgem desde meus dezesseis anos, pai. – o jovem Sakata disse, um pouco constrangido. – Mas acho que não é sobre isso que o Sensei quer falar.

Gintoki passou as mãos pela permanente natural prateada e suspirou:

― Que seja... O que me consola é que meu filho, apesar de ser meio tsukkomi, não será um par de óculos ambulante.

Um forte golpe atingiu o cocuruto de Gintoki, que levara um forte cascudo de Shinpachi:

― NÓS ESTAMOS AQUI PARA QUE EU FALE ALGO IMPORTANTE, NÃO PARA DISCUTIR SOBRE PERDA DE VIRGINDADE!

Ele respirou fundo, buscando se acalmar de mais um surto de tsukkomi. Assim que recuperou sua compostura, disse enquanto olhava para cada um dos presentes:

― Pessoal, nesses últimos dez anos eu estive à frente do Shinsengumi e sou muito grato pelo apoio que recebi. Amadureci ainda mais nessa última década enquanto liderava nossos homens. Mas nos últimos meses venho sentindo que posso ajudar ainda mais nessa situação em que nos encontramos... Só que fora do Shinsengumi.

― E para onde vai, Shimura-san? – Hijikata questionou enquanto apagava a bituca de seu cigarro em um cinzeiro.

O olhar do Shimura recaiu sobre os dois Sakatas.

― Eu desejo voltar à Yorozuya Gin-chan. Também são minha família, há um bom tempo. Quero voltar, claro, se me aceitarem.

― Isso é com o fundador e presidente. – Ginmaru apontou de forma bem-humorada para o pai.

Gintoki sorriu:

― E você é capaz de trocar seu salário e sua carreira estável pela Yorozuya? Tem certeza de que não se sente melhor nesse bando de ladrões de impostos?

― Eles vão estar em boas mãos. – dirigiu seu olhar para Toushirou. – Desde o início, Hijikata-san deveria ser o Comandante. Ele sabe como liderar o pessoal. Okita-san será um bom Vice-Comandante.

Nesse momento, ouviu-se uma explosão, que fez um buraco na parede. Uma mão surgiu dos recentes escombros, para depois seu dono brotar deles e berrar:

― PRA QUE TÁ ME ALVEJANDO, SOUGO? VOCÊ JÁ CONSEGUIU O CARGO DE VICE-COMANDANTE DO SHINSENGUMI!

Okita calmamente abaixou a bazuca, de cujo cano ainda saía uma fumaça que denunciava o tiro recém-disparado. Disse com seu típico sorriso sádico:

― Novo cargo, novos objetivos. Agora quero o cargo de Comandante, Hijikata-san.

Ao agora Comandante do Shinsengumi, restava apenas fazer um facepalm e murmurar um “Francamente...”.

 

*

 

Após planejarem o que seria feito com relação ao cerco que ocorreria o quanto antes a Kabuki, todos voltaram ao distrito. Essa volta era parte do plano inicial para poderem superar o cerco e, ao mesmo tempo, contra-atacar para destruir o Projeto K1. Para tanto, era preciso que tudo aparentasse “normalidade”.

Entretanto, o Gintoki daquela linha temporal permanecera em Yoshiwara. Havia combinado de voltar para casa um pouco mais tarde, por isso Ginmaru também ficara. Em dias tão complicados e arriscados, não era bom andar sozinho por aí. O distrito estava meio deserto, poucos procuravam divertimento adulto naquela noite.

Sentados em um banco, o Yorozuya e Tsukuyo contemplavam uma lua prateada que iluminava aquele céu sem nuvens. Aproveitavam aquele momento para poder ficar juntos. E aproveitariam da melhor forma possível, pois ficariam separados por algum tempo quando o Distrito Kabuki fosse realmente cercado. E muito provavelmente o Distrito Yoshiwara também poderia sofrer um cerco ao mesmo tempo. Nenhuma possibilidade poderia ser descartada.

Cada um teria que proteger seu distrito. Seu lar.

Para isso, teriam que se separar por um tempo. Não sabiam por quanto tempo, mas para um casal que se relacionava há poucos meses isso não parecia ser bom. Mesmo sendo uma relação ainda em seus estágios iniciais, distanciamento não costumava ser uma coisa normal.

Gintoki pôs sua mão sobre a de Tsukuyo, procurando entrelaçar seus dedos aos dela, que não ofereceram qualquer resistência. Ela lhe dissera que esperara por uma década para se declarar a ele, que levara anos para perceber que a kunoichi o queria. Ele, idiota como era, não percebia ou duvidava dos sinais que ela dava de seu interesse.

Mas, assim que percebeu, foi se lembrando de cada um daqueles sinais, até mesmo quando saiu para a batalha na qual desaparecera. Ela ajudara Ginmaru e Shinpachi a procurá-lo e nunca deixou de acreditar que ele reapareceria.

E lá estavam os dois, ainda sem trocar sequer uma palavra, apenas aproveitando de mãos dadas aquela vista. Uma lua prateada, que parecia uma referência a eles. O primeiro kanji do nome de Gintoki era “prata”, e o do nome de Tsukuyo era “lua”. O homem da alma de prata, junto com a mulher que era considerada a Lua daquele distrito.

Coincidência, destino, ou as duas coisas? Quem sabe?

Apesar do distanciamento iminente, aquela lua com seu brilho prateado parecia avisar aos dois que nada seria capaz de separá-los. Palavras não eram tão necessárias para dizer isso àquele casal. A troca de olhares era uma forma de dizer que tudo ficaria bem, apesar da situação.

― Gintoki... Vê se não morre.

― Prometo que farei o possível pra não morrer, Tsuki.

― E não some também. Se sumir, eu te mato.

Ele riu.

― Eu não tô afim de sumir de novo, minha última experiência não foi nada boa. Prefiro mil vezes ter uma kunai sua cravada na minha testa àquilo.

Foi a vez da Cortesã da Morte rir.

― Farei questão de ficar viva pra fazer isso.

Os lábios de Tsukuyo roçaram levemente nos de Gintoki, que correspondeu. Logo o beijo ganhou mais intensidade, como se selasse a promessa que faziam de superarem mais um desafio para depois voltarem a se encontrar.

Fariam de tudo para cumprir essa promessa, custasse o que custasse.


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