Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 17
Chegada da tempestade




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― É sério que vocês se prestam a isso...? – Hijikata perguntava a Okita e Yamazaki enquanto olhava para a garota que se entretinha ouvindo música. – A serem guarda-costas de uma pirralha...?

― Não é muito diferente de quando bancávamos os guarda-costas da filha do velho Matsudaira. – o Capitão da Primeira Divisão do Shinsengumi respondeu enquanto dava um polimento básico em sua bazuca. – E desde que o Shinsengumi foi fundado, sempre fizemos coisas bastante incomuns.

Não tinha como discordar de Sougo, realmente desde a sua fundação o Shinsengumi já fizera muito para garantir a segurança de Edo, mas também já tivera missões bastante inusitadas a pedido do velho Matsudaira e de Kondo. Apesar de que não era a primeira vez que via os homens de preto serem encarregados da segurança de uma criança.

Certo, não era uma criança qualquer. O pai era o comandante “aposentado” do Shinsengumi e o tio, o atual. A garota, desde sempre, corria riscos pelos vínculos familiares que possuía. E isso era o que Toushirou queria evitar com relação a Mitsuba, que ela corresse os riscos que Ichiko e Tae corriam constantemente naquela linha de tempo.

Mas era aquilo. Ele fizera suas escolhas, assim como sua contraparte praticamente as manteve, a não ser pela questão que envolvia Taichirou. Kondo fizera as dele, independente dos riscos. Aquele era o jeito dele de amar Tae. E ele amara Mitsuba à sua maneira, logo não se sentia em posição de julgá-lo.

O que o levava de volta àquela tarefa de ajudar a proteger a garota que era quase uma cópia da mãe, que fizera questão de ir a Kabuki acompanhar o marido e o irmão para defender o distrito. Como subordinado de Kondo, já fizera tantas outras tarefas que a princípio não competiam a policiais, então mais uma não faria diferença.

Viu Yamazaki concentrado com sua inseparável raquete de badminton, usando-a para rebater uma peteca imaginária. Lembrou-se de seu questionamento à juventude do espião, que aparentava ter bem menos do que meio século de vida. Ou era dieta baseada em anpan aliada a exercícios com raquete de badminton, ou tinha uma genética boa demais pra ser verdade... Ou tomava banho de formol para manter aquela aparência jovem.

Esperava que a batalha de Kabuki não se estendesse até o QG do Shinsengumi, pois sabia muito bem dos riscos que seriam aumentados em caso de um possível ataque. Enquanto isso, Ichiko cantarolava as músicas que estavam no smartphone emprestado do tio.

Músicas daquela Terakado Tsuu, que certa vez fora Comandante do Shinsengumi por um dia.

Definitivamente, certas coisas jamais mudariam...

 

*

 

Ginmaru havia feito uma entrada triunfante e saboreava a visão de vários rostos surpresos ao seu redor. Apoiava a katana por sobre o ombro e exibia um sorriso extremamente confiante de quem se autodenominara “Príncipe do Distrito Kabuki”. Entretanto, o clima de triunfo foi quebrado por um carrancudo Gintoki, que não gostou de um detalhe:

― É sério mesmo que você tá usando meu quimono pra isso?

― Se você fica fodão com ele, eu também fico, não acha? – Ginmaru continuava sorrindo.

― Ei, você sabe o quanto tá custando um uniforme zunborano?

― Uniforme “zun-o-quê”?

― Um uniforme zunborano agora custa caro, porque Edo tá fora da rota zunborana de comércio de roupas! – Gintoki começava o seu sermão de pai dando bronca. – Sabe o quanto ficou caro para manter minha identidade visual? O preço da roupa, junto com o preço do frete? O dinheiro que antes servia pra pagar o aluguel da velha defunta agora custeia minha identidade visual!

Shinpachi deu um facepalm para depois gritar:

― EI, VOCÊS ESTÃO BRINCANDO? ESTAMOS NO MEIO DE UMA BATALHA E VOCÊS DOIS ESTÃO DISCUTINDO SOBRE UNIFORME ZUNBORANO?!

O Trio Yorozuya também pausava o combate e assistia à cena. Foi quando o albino vindo do passado murmurou coçando o queixo:

― Então quer dizer que manter a identidade visual pode custar caro com o tempo...? Cara, eu realmente vou ter problemas com isso...

Kagura suspirou:

― Será que é por isso que só cresço e ganho peitões em versões alternativas?

O Shinpachi mais jovem distribuiu cascudos nos dois companheiros e berrou:

― COMO VOCÊS CONSEGUEM PENSAR BESTEIRA DURANTE UMA BATALHA?!

Taichirou só encarava o grupo discutindo e dando bronca, enquanto Hijikata encarava o filho como se o estudasse. Com aquele uniforme, o Miyojin conseguia guardar uma semelhança ainda mais forte com ele. Os olhos azuis focados na batalha e os longos cabelos presos agitados pelo vento, além da franja, lembravam muito os seus próprios traços. Após o breve contato visual entre pai e filho, o Capitão da Quinta Divisão do Mimawarigumi bloqueou rapidamente um ataque com a katana.

A partir de agora, começava um combate entre o filho do Baragaki e o filho do Shiroyasha. A julgar por aquele início, era imprevisível o resultado.

Enquanto tudo isso se desenrolava, a luta para expulsar os invasores seguia ainda mais intensa. Kyuubei, Tae e Kondo abatiam impiedosamente os homens do Mimawarigumi e os amantos aliados, sem nenhum descanso. A Yagyuu esbanjava técnica refinada e grande velocidade. Tae lhe dava a cobertura necessária com a naginata, assim como Kondo também ajudava. Ao mesmo tempo Katsura e Elizabeth lideravam o Joui na batalha, abatendo mais e mais inimigos. Ainda assim, não paravam de chegar reforços para defender Kabuki. Sacchan e Hattori jogaram kunais e abateram mais inimigos. E até mesmo Hasegawa também chegava para ajudar e desta vez estava realmente armado com uma pistola, lembrando seus tempos como empregado no Departamento de Imigração.

Todos que por alguma razão haviam saído de Kabuki regressaram para defender o distrito com unhas, dentes, punhos, espadas, naginatas, pistolas, metralhadoras e qualquer coisa que fosse usada como uma arma... Ou até mesmo um cão gigante, pois Sadaharu também estava distribuindo mordidas e patadas sem piedade.

Naquele combate caótico para defender o Distrito Kabuki, Hijikata continuava a distribuir golpes e mais golpes com a katana Muramasha, lutando como uma fera indomável. Gintoki lhe dava cobertura e ambos conseguiam lutar em equipe num timing perfeito. Eram verdadeiros demônios que conseguiam aterrorizar ainda mais nas batalhas quando deixavam suas diferenças de lado e se uniam contra inimigos em comum.

― Ei, Hijikata-kun! – o albino golpeava um adversário no queixo com a bokutou e o nocauteava.

― Que é? – o moreno causava um grande corte no peito de outro adversário com a katana.

― Acho que o Ginmaru vai chutar o traseiro do Mayojin-kun! – mais um inimigo abatido.

― Duvido! – outro inimigo caía. – Seu filho ainda é um pirralho!

― Um pirralho é mais perigoso do que parece! – outro golpe de bokutou em um oponente.

― Experiência também conta, sabia? – a Muramasha abatia mais um.

Shinpachi continuava a lutar contra os demais inimigos e dois homens do Mimawarigumi iriam atacar o Comandante do Shinsengumi por trás. Gintoki e Hijikata não perderam tempo e, em total sincronia, derrubaram os dois e abateram mais três cada um, justificando os apelidos que tinham, respectivamente, de Demônio Branco e Vice-Comandante Demoníaco do Shinsengumi.

Diferentemente dos pais, os filhos continuavam lutando entre si, chocando suas katanas. Ambos tinham força física e habilidade suficientes para transformarem o duelo em algo imprevisível. De fato, os dois lutavam de igual para igual, apesar da diferença considerável de idade. Ambos haviam crescido em dojos e sabiam como atacar e defender com certa maestria.

Ginmaru bloqueou mais um contra-ataque de Taichirou, travando as duas lâminas de aço. Olhos rubros encararam os olhos azuis enquanto um tentava forçar a espada do outro. Embora o Miyojin fosse mais velho e tivesse uma carreira no Mimawarigumi, o jovem Sakata não se deixava intimidar. Apesar da pouca idade, havia acumulado uma curta, mas relevante experiência em batalhas. Herdara a força do pai e havia adquirido habilidades tanto dele, quanto de Shinpachi e, posteriormente, de Kondo. Tivera bons senseis em seu aprendizado.

― Cara... – o jovem albino disse. – Você tá causando uma péssima impressão no seu pai, sabia?

― Só porque visto uma farda de cor diferente? – o moreno ironizou. – Até parece!

Taichirou conseguiu se livrar do bloqueio adversário e fez um novo ataque no intuito de desarmá-lo. Ginmaru conseguiu se esquivar e contra-atacou, encontrando novamente resistência e, pra sair daquela situação, acertou um chute na barriga do Capitão da Quinta Divisão do Mimawarigumi, que se curvou ante a dor do golpe recebido e recuou alguns passos para recuperar o fôlego.

O garoto era forte. Realmente forte, pensou o Miyojin. Um pouco mais de força e poderia ter-lhe feito algum estrago.

Os dois pausaram por alguns instantes para dar um breve respiro enquanto caíam as primeiras gotas de chuva. Perceberam a situação ao redor. Mesmo em meio ao caos, já era possível perceber que os invasores estavam em desvantagem. Dos vários corpos caídos no chão, a grande maioria era de gente fardada. O Distrito Kabuki acuava e abatia seus inimigos sem qualquer piedade, mostrando que seus habitantes e aliados jamais deveriam ser subestimados.

De alguma forma, Taichirou sabia que isso poderia ocorrer. Sua Quinta Divisão e os amantos estavam sendo praticamente massacrados no que poderia ser considerado uma missão suicida. O Rei de Kabuki tinha uma capacidade enorme de agregar aliados e fazer até com que os demais Reis Divinos regressassem para defender o distrito. Mesmo assim, não iria se render.

Correu de encontro a Ginmaru, que corria também em sua direção. As katanas se colidiram novamente, gerando um grande deslocamento de ar. As lâminas se chocaram repetidas vezes, mostrando que ambos queriam acabar com aquele duelo o quanto antes. Foi quando o moreno tentou perfurar o albino que, por instinto, se antecipou e golpeou o adversário.

A lâmina da katana de Ginmaru acabou por fazer um grande corte no peito de Taichirou, que tentou revidar. O jovem albino conseguiu se esquivar, não queria danificar o yukata branco que vestia e tomar uma bronca ainda maior do pai. O moreno tentou dar uma nova investida, atacando por cima, mas Ginmaru posicionou a katana na horizontal, com um novo bloqueio.

― Ei, garoto...! – o Capitão do Mimawarigumi sorriu ofegante. – Pra um moleque, você luta muito bem!

― Gostei do elogio... – o jovem também ofegava da luta exaustiva. – Pena que você tá do lado errado!

Taichirou se abaixou rapidamente e surpreendeu Ginmaru com um potente chute próximo ao tórax, que o surpreendeu e o lançou longe. O Sakata lutava para recuperar o ar após o golpe inesperado, enquanto tateava com a mão o chão enlameado a fim de alcançar a katana que soltara devido à surpresa e ao impacto do golpe. A espada estava fora do seu alcance e o Miyojin erguia sua katana para, enfim, atravessá-la em seu peito.

Porém, Taichirou não conseguiu seu intento, pois dois disparos o atingiram, manchando o colete branco de vermelho-sangue na altura do peito.


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