Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 14
O pedido de Taichirou




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Dentro da sala o silêncio reinava entre os presentes, um encarando o outro e o Trio Yorozuya encarando o recém-chegado no sofá oposto ao que estavam sentados. O homem de yukata vermelho-escuro, cabelos negros longos e presos em um rabo-de-cavalo baixo e olhos azuis parecia pensar no que tinha a lhes dizer. Aquele homem que mais parecia um clone do Mayora irritante deixava Gintoki intrigado desde o primeiro momento, e pelo o que conhecia do Vice-Comandante de sua linha temporal, sabia que ele também ficara um tanto desconfiado. A pergunta que martelava em sua cabeça era sobre o que ele pretendia fazer na Yorozuya.

― E então? – o albino perguntou.

― Bem, eu esperava encontrar o real dono da casa, mas talvez vocês possam me ajudar.

― Com o quê?

― Soube o que houve em Kabuki. Queria saber como está a situação atual.

― Espera aí, você aparece, some e reaparece querendo saber das coisas. Não dá pra confiar num cara tão suspeito como você.

― Me acha suspeito?

O Yorozuya respondeu enquanto fazia sua higiene nasal com o dedo indicador:

― Você tem cara de suspeito e age como suspeito. E não sou o único a achar isso.

Taichirou sorriu enquanto Gintoki concluía a limpeza de salão e assoprava de seu dedo a caquinha de nariz.

― Meu pai desconfia também, não é?

― A sua cara me entrega que você realmente é um Mayora Junior, mas até que ponto a sua história é verdade?

― Tudo o que contei em Yoshiwara é verdade, mesmo tendo omitido alguns fatos. Eu me chamo Myojin Taichirou. Myojin, por meu pai de criação. Filho biológico de Hijikata Toushirou e Okita Mitsuba. Nasci em Bushuu há trinta anos. Vim a Edo com o desejo de ingressar no Shinsengumi.

― Ou os Myojin têm um prestígio equivalente ao dos Yagyuu aqui em Edo, ou você deve ter um bom motivo para portar uma katana mesmo com a proibição de espadas ainda em vigor nesta época, não? Não me parece que você seja o tipo de civil que faz isso porque os outros fazem vista grossa.

Taichirou nada respondeu. O Yorozuya prosseguiu:

― Essa katana é o padrão de quem trabalha ou trabalhava para o Bakufu, ou qualquer que seja o governo, certo? Sem contar que você tem uma postura bem parecida com a daquele cara. Um samurai de dojo não tem a postura que você tem.

Ao mencionar a expressão “samurai de dojo”, Gintoki dirigiu um rápido olhar para Shinpachi. O garoto de óculos era a melhor definição desse conceito, mesmo após algumas batalhas. Ele tinha um bom domínio de katana ou bokutou, mas não tinha a postura de batalha de um combatente numa guerra e nem a postura militar de sua contraparte do futuro, em função de seu cargo de Comandante do Shinsengumi. Taichirou tinha, de fato, uma postura semelhante à de Hijikata.

― Certo, certo... Admito que sou realmente um péssimo ator. – o moreno disse. – De fato, eu não sou um civil. Como disse antes, não menti em nada a meu respeito, tanto que até hoje tenho vontade de ingressar no Shinsengumi e vestir a farda preta. O que eu vinha omitindo até o momento era o fato de ser o Capitão da Quinta Divisão do Mimawarigumi. Eles me chamam de “Hijikata da Elite”. Vocês devem estar se perguntando o que um cara como eu, que é filho adotivo de uma família prestigiada e goza de uma boa posição no MImawarigumi, está fazendo aqui, não é? A verdade é que nunca quis vestir a farda branca. Parece bobagem, mas desde que soube de quem era filho, senti em mim o desejo de ser do Shinsengumi, perto do homem de quem herdei as mesmas características físicas. Sempre o admirei e também ao meu tio Sougo, além de Kondo-san... Três caras abnegados que saíram de Bushuu para Edo e fundaram o Shinsengumi. É meio idiota pagar de herói, mas desejo proteger de alguma forma o Shinsengumi, para que não veja seu fim nas mãos de tiranos como os que tentam destruí-lo. Por isso, venho ajudando como informante de seu espião. A esta hora, o comandante já deve ter em mãos o relatório completo de Yamazaki-san.

O Trio Yorozuya vindo do passado se entreolhou em mais um breve momento de silêncio. Mesmo com tudo o que Taichirou dissera, sabiam que não poderiam confiar em qualquer um... Ainda mais alguém que teoricamente estaria no lado do inimigo. Não poderiam cair em uma armadilha e colocar a perder tudo o que fora feito até então. Esperavam até que Taichirou se irritasse, mas isso não ocorreu. Ao contrário, ele apenas cruzou os braços e disse:

― “A Junta”, que é como se denomina o grupo darkeniano que está governando Edo, já está colocando em prática o Projeto K1. Eu soube que Kabuki foi atacado e que já utilizaram o primeiro Yato produzido em laboratório.

Mais uma vez, Gintoki, Shinpachi e Kagura se entreolharam, se recordando do ataque da véspera e de Ginmaru sendo atingido por tiros. A ruiva se lembrava muito bem das feições bestiais daquele Yato ensandecido quando protegeu o jovem de receber ataques piores.

― O que não pude informar a Yamazaki-san é que o Distrito Kabuki será novamente atacado dentro de dois dias. Vim pedir ajuda para avisar o Shinsengumi. Começaram a desconfiar de mim e corro riscos. Já me arrisquei muito vindo para cá.

― Basicamente você quer que passemos a informação aos ladrões de impostos, não é?

― Sim. E que o próximo alvo da Junta é o Shinsengumi.

O Yorozuya coçou o queixo pensativo e encarou os dois companheiros de viagem no tempo, para depois seus olhos rubros encararem os olhos azuis do Capitão da Quinta Divisão do Mimawarigumi:

― Acabo de ter uma ideia, Mayojin*-kun... Tenho um plano pra passar a informação adiante e ao mesmo tempo salvar a sua pele.

― É Myojin – Taichirou contestou, corrigindo seu sobrenome.

Neste momento a porta corrediça se abriu, fazendo com que todos ficassem alertas. Mas logo relaxaram ao ver que naquele momento chegava o verdadeiro dono da casa, que encarou Taichirou:

― E você, o que tá fazendo aqui?

Antes que o moreno respondesse qualquer coisa, Gintoki respondeu à sua contraparte do futuro:

― Ah, o Mayojin-kun veio te procurar para um serviço... E estávamos pensando em topar, mesmo sem garantia de pagamento.

― É Myojin – Taichirou corrigiu novamente, já se perguntando se havia feito a coisa certa ao ir à Yorozuya.


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Notas finais do capítulo

* Mayojin: Trocadilho misturando o apelido "Mayora" com o sobrenome "Myojin".



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