Sangue de Arthur II escrita por MT


Capítulo 8
8- Capítulo, O cavaleiro sombrio


Notas iniciais do capítulo

Obrigado por vir, hoje oferecemos um pouco do rei dos heróis e a verdade por trás de uma parte de Sangue de Arthur.
Espero que possa aproveitar.



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O cálice, Einzbern

— Ainda faltam dois. - deixou claro quando pararam na frente de uma loja de conveniência quase vazia.

Saber a encarou com um leve franzir de sobrancelhas. Estava suja, o rosto e o cabelo empapados por sangue e suor. Uma das mãos dela apoiva-se na vitrine de vidro enquanto respirava com certa pressa por ar. 

Parecia perigosa, mesmo sem a armadura e a espada. 

— Hã? 

Ela deve ser uma idiota, concluiu de súbito.

— O Berserker ainda tá inteiro no fundo do rio e há outro.

A cavaleira fez uma careta e se sentou.

— Qual a classe e localização? 

A menina Einzbern pôs a bunda no chão sujo da calçada e encostou as costas na parede que erguia-se antes do vidro. A cavaleira virou-se para também apoiar-se no revestimento de piso da loja.

— Não sei. - respondeu e recebeu um bufar desapontado. - Mas Elisa disse ter matado o Lancer, Rider e pensou ter matado um outro na noite que encontramos você e o Archer. Então se excluir esses, o Berserker e… espera, deveriam estar faltando três. Assassin, Caster e Berserker. - contou nos dedos.

— É o maldito mago. Assassin morreu pelas mãos do cara das flechas de fogo e este morreu pelas minhas mãos. Ou teria morrido se vocês não tivessem aparecido. - parecia culpar a Einzbern por não ter podido matar.

O pequeno cálice virou o olhar para a rua. Quase não havia ninguém além daqueles que passavam dirigindo um veículo, e até esses eram escassos. O sol já começava sua descida do ponto mais alto nos céus japoneses até algum outro no lado ocidental do mundo.

— Meu… - o servo parou após uma única palavra, um som que terminou como um sussurro. 

— Meu o quê? - Cali perguntou ainda fitando a sombra e a luz mudarem de lugar sobre as casas. 

A cavaleira a fitou com os lábios duros e retos, as sobrancelhas franzidas e os olhos apertados pelas pálpebras.

— Não é da sua conta.

— Mas eu quero saber. - respondeu virando a face para ela.

— Não me importa.

— A mim sim. - insistiu.

— Não.

— Por favor. - aquela era uma palavra mágica, dissera Elisa certa vez antes de ter levado um tiro.

— Não.

— Mas eu pedi por favor. - agora sentia-se confusa. Saber recusou mesmo após sua carta na manga. Talvez ela tenha alguma habilidade especial de resistência a magia.

— Eu vou acabar com sua raça se não calar a boca.

— Não seria difícil, não acho que tenham sobrado muitos de mim.

À esta última a cavaleira se limitou a voltar a encarar o horizonte como resposta.

Era uma garota magra com peitos pequenos. Também não tinha uma alta estatura, tanto que só pairava pouco maior que a Einzbern.  E naquele momento via-se coberta por líquidos fedorentos e por marcas roxas que enfeitavam-lhe a pele em alguns locais como barriga e braços.

Ainda assim, sob esse ângulo e luz, até que ela é bonita.

— Acho melhor começar a me mover. - Saber pronunciou elevando o tom ao ponto de quase soar a um grito enquanto esticava os braços na direção do céu. - O Caster deve tá num buraco escuro qualquer, que saco. Maldita seja aquela mulher que matou o Lancer e deixou esse para mim.

Cali abriu a boca, mas antes de começar a falar uma densa e enorme massa de energia fez seus sentidos ficarem arrepiados. 

Viu que a cavaleira parara no meio do caminho para se pôr de pé e abrira bem os olhos. Ela também notou. Uma explosão soou a distância, mas parecia a Einzbern estar se aproximando. 

Quando virou a cabeça para a esquerda entendeu o porquê e quase sentiu desejo por poder ter mais um dia.

Gigante aglomerado de poeira e ar num doentio tom marrom avançava implacável. Casas, postes e pessoas, podia o ouvir o barulho que faziam ao serem destroçados pela ruidosa massa de gases. 

Era como uma avalanche.

— Fique para trás. - ordenou Saber pondo-se entre ela e a fraca imitação da neve Russa.

Com uma rajada carmim de mana, a cavaleira dissipou-a. E cambaleou quase cedendo sobre o chão. O cálice perguntou-se quanto tempo ela ainda tinha e se conseguiria erguer a espada outra vez. 

— Acho que o mago pode estar no centro daquilo. 

— Bom, não tenho nenhuma outra ideia. - recebeu como resposta a menina Einzbern enquanto observava a imensa negritude que erguia-se a sua frente.

 

Antigo rei de Uruk, Gilgamesh

— Não que me importe com um bando de vira-latas, mas ´´governar pelo povo`` não é seu cerne?

A corrente dos céus o cobrira a tempo do impacto, caso contrário… mesmo ele poderia ter acabado como mais uma das manchas escuras que tornara-se todo o resto. Nenhuma casa ou plebeu ou animal sobreviveu, nem aos pedaços, ao balançar daquela sombria espada negra.

Armadura escura, cabelos e pele claros, eram exatamente como naquela ocasião onde lutaram pela última vez. 

— Irá matar e matar até não poder mais? Pensei que quisesse viver uma vidinha qualquer com sua filha e aquele vira-lata falsificador. Não estou dizendo que me desagrada, apenas estou curioso pelo motivo. Decidiu tornar-se finalmente minha?

Fez Enkidu recuar para dentro do tesouro e disparou espadas, lanças e flechas de balista que poderiam ferir bestas divinas e destroçar bunker´s como se fossem feitos de papel. Enquanto isso, enviava a corrente dos céus outra vez, esgueirando-se em meio a confusão das centenas de armas que caiam sobre a lenda britânica.

Uma vez pega por meu velho amigo é o fim.

Sentiu antes de ver. A pele tremeu fazendo os pelos erguerem-se e os nervos ficarem ainda mais agitados. Vai fazer isso de novo?

Cogitou pegar EA e dar batalha direta, porém o resultado da última vez fora por pouco e agora a energia mágica que ela possuía era terrivelmente superior a de antes.

A espada negra brilhou envolta em bruxuleante mana negra e vermelha acertando os tesouros lançados sobre si enquanto fazia a luz sombria aumentar. Gilgamesh retrocedeu Enkidu, mas a cavaleira negra já partia para o balanço final sem dar tempo para trazê-lo suficiente perto.

  Com um ranger de dentes removeu o cabo de EA do tesouro e tentou alcançá-la antes do golpe vir.

A enorme montanha preta aproximou-se tão temível quanto antes. 

Então o impacto. Gilgamesh ouviu o bater dos próprio dentes e o esquentar da pele junto a um derramamento generoso de suor. 

Mas as correntes tinham unido-se alguns metros a vanguarda do rei dos heróis e levado o pior daquilo.

As pernas gemeram e balançaram, mas Gilgamesh se recusou a deixá-las ceder aos encantos de repousar no chão. Não, tudo menos se ajoelhar diante tal pretendente pífio a rei que pensa em tolices como vida plebeia. 

Quando as correntes baixaram outra vez, Arthuria caminhava em sua direção. Sem a armadura. Um vestido tão negro quanto tomava-lhe o papel porém. Com um decote modesto e ombreiras infladas.

Tinha a pele pálida como o prata alvo da lua e dos olhos pendia o dourado viciante da ganância e do mal.

Muito mais bela do que quando brincava de casinha com o vira-lata falsificador.

— Puxe sua melhor arma e lute. Nenhum dos brinquedos que atirar vai conseguir me tocar agora. - a voz era um pouco menos fria e estava centenas de quilômetros mais perversa, como a Saber da última guerra costumava falar quando se enfrentaram. - Ou ajoelhe-se e espere a morte, bem como fez quando aquele boneco foi destruído pelos deuses.

Uma centena de veias pareceu expandir e engrossar com um fluxo violento de sangue enviado para tentar irrigar os músculos recém super tensionados. Agora essa puta conseguiu.

Gilgamesh puxou EA e a linhas carmim ascenderam aos céus antes de descerem sobre a forma cilíndrica e negra da lâmina.

— Se me lembro bem, você ficou como a cadelinha que é, gemendo no chão, após um pouco disto. - o rei dos heróis pronunciou pondo seu sorriso mais cruel na face.

— Isso só tornará mais divertido quando eu pisar na sua cara. - o rei dos cavaleiros estava agora a cinco metros dele. - Supondo que restará uma.

Não houveram mais palavras além daquelas que um marcou no outro em seu último confronto. 

Como numa performance sincronizada, pularam para trás em uníssono e dos lábios vieram suas frases mais aterradoras. Aquelas que punham terror no coração dos que ousavam opô-los.

Contemple, Enuma Elish.

Excalibur Morgan.

O mundo desapareceu por um instante em meio a profusão de negro e carmim para toda criatura viva no lado oriental do mundo. 

 

Pendragon, Arthuria - Dez anos atrás, logo após o término da batalha pelo graal.

De repente acordou com a cabeça sobre o colo de alguém. As cochas eram quentes e macias. O sono a deixava tentada a fechar os olhos. Mas negou-se a isso.

Vislumbrou turvamente o rosto de quem a aparava. Um borrão pálido com íris brilhando douradas.

Percebeu o coração bater no peito mais vigoroso ao notar o vestido negro. Só um nome lhe ocorreu naquele momento. Não tinha certeza sobre a cor dos cabelos, soavam-lhe de um tom claro. Mas ainda sentiu o nome pousar na ponta dos lábios.

O nome de sua amante. De sua pior inimiga. De sua meio-irmã. Aquela que era-lhe todas estas numa única existência.

— Morgana…? 

Por um momento o silêncio tenro do ar batendo em seus corpos. Então o balançar de cabeça.

Uma negação.

— Então… - ainda estava fraca, com memórias feito bolhas no mar, esparsas e desconexas.

Mas a pessoa pareceu ouvir o restante da frase que ela sequer conseguira compor.

— Isto deveria ficar óbvio com um único olhar.

Porém não conseguia ver. A imagem era como uma complicada pintura a óleo feita por algum pintor com gosto para um bom mistério. Por mais que tencionasse as pálpebras e a testa não pôde desvendar a figura. E sua mente não tinha consistência o bastante para deduzir uma resposta.

Sentia falta do Merlim, ele sorriria diante sua tentativa e bagunçaria seus cabelos logo depois dando-lhe outra pista. Como o que nos tempos modernos acredita-se ser parte do pacote chamado ´´pai``.

— Bem, não importa. - concluiu a pessoa sob as brumas. - Viva. Estou lhe dando uma vida nova, uma chance longe das suas responsabilidades. Seja uma garota, uma mulher. Chega de rei Arthur a menos que o queira ser.

Eu nunca fui obrigada, aceitei o dever, nunca…

— Reclamou, fraquejou ou pensou duas vezes sobre uma vida diferente. Mas agora o faça. Já não há mais dever. Não há mais coroa. Pegue tudo que deseja sem pensar em qualquer um além de si. - a voz pareceu cansada e triste, a cavaleira começou a notar. E também zangada, rancorosa. 

A clareza aos poucos retoma seu posto, percebeu Arthuria quando notou aqueles sentimentos na voz da mulher.

— Você é… - a face começava a ficar exposta, escapava do manto manchado.

— Feche os olhos. - o corpo dela obedeceu sem questionar sua consciência. - Não lembre do nosso breve encontro, apenas tenha minha vontade gravada em si.

Quando voltou a abrir os olhos Emiya Shirou tinha as pernas como sua almofada. 

Sempre fora ele, começou a perceber. Nunca outra pessoa naquela era teria-lhe tamanho apreço. Vi-o sorrir com lágrimas escorrendo pela bochecha e por algum motivo também o fez.

Estava feliz por enxergar o rosto jovem do rapaz vivo e corado. Sentia que o havia perdido para sempre um instante atrás. E de fato o tinha, a certeza lhe pegou pelo calcanhar e balançou sua cabeça.

Eu havia morrido, outra vez

Todos eles também, percebeu olhando para os servos e mestres contra os quais lutara que erguiam-se meio atordoados. 

— Você… por que? Poderia ter tudo, qualquer coisa.

Ele balançou a cabeça e fitou as outras duplas.

— Como um herói que zela pela justiça, matá-los não me soou certo. - disse e tornou a encarar o olhar da cavaleira com um sorriso de genuína alegria nos lábios. - E perder você foi doloroso demais para que eu vivesse com isso.

Arthuria quis abraçá-lo e abraçá-lo até que não pudesse mais temer não ver seu sorriso. 

Mas havia algo mais proeminente para o momento.

Levantou o tronco, pegou o cabo da espada e pôs-se sobre os pés. Aquelas pessoas ainda representavam perigo, em cada semblante dos derrotados havia a ameaça de vingança. Do Berserker ao rei dos heróis. E as paredes do templo não os inspiraria o mínimo a evitar confronto.

O amplo espaço cercado em frente a construção principal, em verdade, tinha a tendência a ter o efeito contrário.

— Acabou. - proclamou pousando a ponta da lâmina no concreto. - Emiya Shirou deu-nos nova vida. Pode não ter sido o que desejavam, não teria sido meu desejo. Mas é o que recebemos. E o que iremos usar. Viveremos em honra a estar vivo. Cessaremos qualquer intriga e aproveitaramos está era. Mas, se alguém ainda não entendeu, - Arthuria fez a espada reluzir e pequenas esferas douradas começaram a ascender do solo. - diga e resolverei o problema.

As negociações não demoraram muito até chegar no ponto que almejava. Em maioria, não havia vontade ou razão para prosseguir com hostilidades. 

Arthuria sentiu-se devidamente grata por aquilo. Queria a paz e tomou-a nos braços. Precisava agarrar tudo que desejava, alguma parte dela parecia sussurrar.

— Vamos para casa, Saber. - Shirou disse olhando-a nos olhos.

— Sim. - respondeu com um sorriso bobo erguendo-se sem pedir permissão.

 

Kotomine, Kirei - Antes dos eventos da batalha entre Gilgamesh e Arthuria no tempo atual da história

Aquela era a pior situação possível e Kirei temera-a desde o primeiro dia em que começara a planejar sua libertação.

Esperar a guerra pelo santo graal avançar até três mestres sobrarem, escolher o mais fraco entre eles e apoiá-lo até o momento de apunhala-lo e roubar seu desejo. Três passos simples.

Tinha o problema do carcereiro que pensei ter resolvido prendendo Arthuria… mas no fim ela estava separada da versão ´´leve`` do sombrio servo que lutou ao lado de Emiya Shirou.

— Ao que devemos esta honra? - tentou manter a compostura. 

— Você foi um erro. - a resposta o fez recuar instintivamente.

Isto é ruim, meu corpo está tenso e minhas mãos duramente mantenhem-se quietas. Mas ele respirou o mais fundo que ousava e forçou-se a permanecer calmo.

— Ouvi isso algumas vezes. Aceitaria um café, chá? Sou conhecido por fazer uma exemplar xícara de qualquer um deles.

Emiya e Assassin estavam tensos em seus bancos no saguão da igreja. Tinham as espadas prontas, mas Kirei duvidava que qualquer um deles pudesse se opor a cavaleira.

— Solte-a.

Então foi isso. Pensou tentando raciocinar friamente. Bom, sendo apenas este o caso, talvez ainda haja alguma esperança. Libertar a versão sem conhecimento do que está acontecendo é um problema menor do que lutar.

— Claro, o farei imediatamente.

Virou-se em direção ao corredor que levava as escadas para o porão. Eles o seguiram. Da cavaleira escura aos dois ex-servos que ficaram na igreja.

Aquela situação o fez agradecer pela demora que vinham tendo a bruxa e Medusa. Se aquela mulher possuísse esse cálice, seria fim de jogo para suas ambições. Acabaria  eternamente como um boneco senciente assombrado pelos gritos e gemidos das maldições humanas sempre que fechasse os olhos. E daqui a alguns anos isso talvez até piorasse. Como já acontecera. 

No começo só era perturbado a cada dois meses.

— O que tem feito? - perguntou. - Não é comum vê-la por aqui. Mesmo reis deviam demonstrar alguma reverência pela religião, creio, precisa vir mais a igreja. - Kirei começou alimentando a esperança de ser possível fazê-la baixar a guarda.

Desciam um lance de escadas e a única resposta foi o som dos passos ecoando sobre os degraus e as mãos tateando a parede. A iluminação ficava a cargo de duas lâmpadas. Ambas localizadas nas extremidades do percurso.

Quando chegaram à sala onde ficava a prisão mágica do rei Arthur, Kirei foi até a porta. Mas diante dela hesitou.

Estamos em três, dois com o poder de servos, contemplou enquanto subia vagarosamente a mão até a roda de ferro negro que servia como maçaneta, Se atacarmos agora…

— Eu mataria Emiya primeiro, depois Kojiro, que resistiria um pouco antes de ter a cabeça dividida ao meio, e você eu deixaria morrer por perda de sangue após tirar-lhe os braços e pernas. - a voz o fez sentir um leve tremor balançar a mente enquanto um arrepio dava uma visita a sua espinha. - Perguntou o que eu vinha fazendo. Pois bem, te direi dessa vez. - ela parou por um instante antes de continuar. - Estive observando. Vi minha nova família, senti sua felicidade, sua dor. Mesmo tendo desejado ...

Uma grande gota de suor formou-se nas costas do pescoço do padre. Ele não conseguia mover um dedo, sua dor, mas ainda assim…

— Desejado? - não pôde deixar de incitá-la a continuar.

Ouviu o escapar de ar que antecede um sorriso cruel e virou a face. Quando olhou-lhe o rosto pálido e mesmo o visor negro que tapava suas íris, percebeu que todo seu devaneio fora tolo. Ali estava o cerne da sua existência. Não importa o quanto de Kotomine Kirei dominasse sua mente. Aquela pessoa dominava mais.

Ela é deus, e nenhum homem pode almejar sobrepor um deus.

— Que não fossem os pobres tolos que acabaram por ser. Para não me darem motivos de vir aqui, que entendessem as consequências de me desafiar. - e riu, algo que era mais que a perversidade pura de um demônio e o gelo de um brutal inverno. - Têm sorte por não terem tocado na criança. Shirou podia ser só um amado boneco, mas a menina é tão real quanto aqueles cuja imagem e mente as suas foram espelhadas.

Kotomine afastou as mãos da porta, subitamente tomado por uma certeza. Uma certeza frágil e pouco sólida nascida de uma pergunta simples. Mais um talvez, um punhado de luz atravessando os buracos de uma parede velha e desgastada.

— Por que?

O sorriso dela murchou de volta a firme e reta linha. Aquilo fez o padre feliz. Vê-la recuar sua postura era-lhe o melhor sinal desde que a Caster descobrira o paradeiro da mestra do Berserker.

— Porque não pode, é claro. - disse com um toque de riso ao final. - É sua intenção nos matar por insubordinação, mas não se atreve. Não antes que façamos isso. - falou e deu um tapinha na borda superior da maçaneta.

A vitória encheu o paladar de Kirei com um sabor doce. Mas não posso deixar subir a cabeça, ainda tenho de virar o jogo, mesmo que só o bastante para conseguir algumas horas ou minutos.

— Que tal um trato. - perguntou para a figura trajando armadura negra. - Liberte-nos e deixe-nos ir. Em troca sua outra ´´eu`` é solta para… viver a vida que você deseja.

Viu um dos cantos do lábio dela envergar sutilmente para baixo e  tensão atravessar-lhe a pele da testa.

Kotomine andou em sua direção e colocou a mão no ombro da cavaleira escura.

— Sou paciente, mas creio que seja melhor darmos logo início as trocas. Primeiro os reis, é claro.

Ela balançou abruptamente o membro tocado pelo clérigo fazendo a mão do padre sair e girando pôs às costas a fitá-lo.

O resto aconteceu mais rápido do que Kirei poderia supor ser possível. Emiya e o Assassin caíram no instante de uma transpiração. Emiya primeiro e Kojiro com a cabeça dividida ao meio, em seguida.

— Eu não faço acordo com bonecos.

O olhar de Kirei encheu-se de terror ao vislumbrar o que havia sobre sua manopla, preso entre seus dedos. Uma taça dourada.

— Como… você tem isso?

A espada negra acertou primeiro seu ombro esquerdo e depois o direito, fazendo os braços caírem sobre o piso. A ponta de aço da bota acertou o estômago do padre e o fez bater as costas contra a porta onde prendera Arthuria. A grande roda acertou exatamente no início da coluna e fez soar um ´´crak`` de quebra.

— Não acabou ainda. - as palavras de algum modo conseguiram chegar aos ouvidos de Kirei sob o zumbido agudo que enchia seus tímpanos.


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Notas finais do capítulo

Uou... sem palavras para dizer o tanto de nego que acho vai se ferrar ainda... me pergunto se vai sobrar alguém em Fuyuki...
Obrigado por assistir e até o próximo capítulo!



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