Fionna

— Idiotas! - Ouvimos Jujuba gritar de repente. Nunca a tinha visto tão brava assim antes. Até Chiclete estava surpreso. - Isso é idiota. Desliguem essa máquina! Vocês ouviram o que eu disse?

Marcy cruzou os braços, tão irritada quanto a outra.

— Isso é perigoso, blá, blá, blá, é arriscado, blá, blá, blá, tem consequências, blá, blá, blá. - Ela resmungou. - É... acho que não...

— Deviam ter escutado. Vocês devem saber o risco que estão correndo ao ligar essa máquina. - Ela insistiu.

— E vocês deveriam estar cientes do risco que estão correndo de serem expulsos daqui por excesso de chatice. - Marcy retrucou.

Era nesse momento que Finn, como o bom cavalheiro que ele é, a defenderia. Ele, com seu eterno crush na Jujuba, iria intervir entre as duas e dar razão à ela. Era o esperado. Ele sempre fazia isso. Dessa vez, porém, ele estava absorto a esse debate, completamente hipnotizado por Flame, que passava os olhos pela tela da máquina sem se importar com a bagunça.

Quando me virei de novo para as duas, vi Jujuba corar ao olhar para meu irmão e Flame e quase acreditei que a vi chorar. Finn, o eterno defensor da justiça e da Jujuba, tinha deixado o 'emprego' de lado para dar mais atenção à garota de fogo. Em vez de chorar, Jujuba gritou.

— Que seja!! Se der ruim, a culpa não vai ser minha!!! Eu e o meu primo fomos os únicos que tentaram fazer alguma coisa!!! Idiotas. - Tenho certeza de que nunca a vi tão alterada. Em dias comuns, ela sempre mantém sua postura de princesa perfeita, mas acho que tem horas que simplesmente nada dá certo. Acontece até com as melhores pessoas...

Senti um toque no meu ombro e vi Marshall ao meu lado. Quando ele está de boca fechada eu sinto que até poderia gostar dele. Simon tinha finalmente escolhido uma opção com a ajuda do Finn e da Flame (se bem que eu acho que o Finn só ficou babando pela Flame o tempo todo) e Marshall tinha vindo se aconchegar do meu lado. Eu gosto muito quando ele está assim. Quieto e calado.

Eu tinha pensado que essa geringonça esquisita serviria apenas para acabar com a luz do bairro e encher a escola de fumaça, mas ela é surpreendentemente maneira. No visor de computador, podemos escolher o que queremos que mude na realidade, para que ela reproduza na tela de TV. É quase como um cinema. Eu tenho a leve impressão de que a Jujuba e o Chiclete deram alguns avisos sobre ela, mas eu estava animada demais para prestar atenção.

Depois do que pareceram ser horas, a tela brilhou, uma imagem foi se formando aos poucos e eu apareci.

Quer dizer, não era exatamente eu, porque a menina da imagem tinha os cabelos curtos na altura do queixo e usava uma coisa eu nunca usaria: óculos redondos fundo de garrafa. Preferiria morrer cega a usar esses óculos. Mas tinha inconfundivelmente o meu rosto.

A primeira coisa que senti foi o Marshall rindo ao meu lado.

— Tá linda, Fionna. - Ele me disse entre os risos. - Seus olhos estão 50 vezes maiores.

Vermelha de vergonha, soltei um 'cala a boca' e o soquei no estômago, só para lembrar que comigo não se brinca desse jeito. Ele se curvou e gemeu com dor, sendo silenciado imediatamente pelos demais. Ele ficou se remexendo dramaticamente, mas o ignorei.

Minha eu de óculos estava entrando na escola, mas não vi Finn em lugar algum. Nós dois sempre vamos à escola juntos. Franzi a testa, por um instante preocupada com o quer que tenha acontecido com meu irmão nesse outro mundo.

— Eu não menti. - Marshall continuava enchendo o saco ao meu lado. Queria que ele voltasse a ficar adoravelmente em silêncio como antes. Pelo menos agora ele falava bem baixinho, para não atrapalhar os outros. Percebendo que eu o ignorava com prazer, ouvi sua movimentação quando ele se aproximou. - Você fica linda de todos os jeitos, Fionna. - Ele sussurrou no meu ouvido, mais perto do que eu pensava que estava.

Talvez eu possa gostar dele mesmo sem estar de boca calada.


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