(Re) Nascer escrita por EsterNW


Capítulo 22
Epílogo: Renascendo


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo!
Bem, vocês devem estar pensando "o que essa doida está fazendo aqui tão cedo? Não faz nem doze horas do último capítulo", exato. Maaass, como já está tudo pronto e não consigo me conter, decidi fazer essa aparição surpresa e postar logo o epílogo pra vocês :~ Espero que gostem ♥

Música do capítulo: Houve do Carlinhos Brown.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/785932/chapter/22

 

Vale dos Jucás, 24 de dezembro de 2023

Quatro anos e meio depois

 

Lysandre entregou a nota de cinquenta para seu Joaquim no caixa, pagando pelas carnes que comprou. 

— Professor? — Jamily, filha do dono do açougue, apareceu por trás do balcão, vinda da parte de trás do estabelecimento. — Que surpresa ver o senhor por aqui! 

Ela saiu de trás do balcão, abraçando Lysandre, que curvou-se para alcançar a menina. 

— Como tem passado as férias? — ele questionou, separando-se da menina e vendo que Joaquim entregava-lhe o troco.

— Aqui ajudando o pai no açougue — ela respondeu, enquanto o dono do estabelecimento os observava atrás do caixa com um sorriso. — Mas semana que vem a gente vai viajar pra Minas — finalizou empolgada.

Lysandre trocou olhares com Joaquim, que entregou-lhe a sacola com as carnes que usaria para a ceia.

— Jamily sempre fala de você, Lysandre — o dono do açougue comentou. — Diz que é o professor preferido dela. — O fazendeiro se voltou para a menina no exato momento, vendo que ela parecia sem graça. 

Lysandre apenas sorriu para Jamily, que parecia sem jeito para continuar aquela conversa.

— Feliz natal para vocês — desejou por fim, saindo do açougue sob acenos de pai e filha.

Se já não bastasse ser conhecido por sempre se apresentar em eventos da região, Lysandre agora era o professor de Língua Portuguesa e Literatura da única escola da cidade. Isso porque fazia apenas seis meses que o docente recém-formado lecionava na única instituição de ensino de Vale dos Jucás. Talvez a fama como cantor houvesse atraído para sua pessoa os olhares curiosos por saber do desempenho do cantor de rock em outra área. 

Depois da insistência de Leigh e Clarice — e também Chico — anos atrás, Lysandre cedeu suas teimosias e acatou a sugestão das pessoas tão queridas a ele, formando-se na faculdade à distância meses atrás. Apesar de totalmente fora de seus planos, não poderia estar mais feliz. Seu novo destino, desenhado por suas próprias mãos.

O fazendeiro guardou as compras no banco do carona da caminhonete, revisando mentalmente se não faltava mais nada para a ceia mais tarde. Almir já trouxera as bebidas quando chegou no dia anterior, portanto, cabia a ele levar apenas a carne. Fechou a porta, subindo no lado do motorista e colocando o veículo para funcionar. 

Ligou o rádio do carro, aos poucos deixando para trás as casinhas da vila. Da estação sintonizada, o locutor anunciou a música do álbum mais recente da banda Crowstorm. Castiel estava realmente fazendo sucesso, conseguindo o feito de colocar sua música nas rádios, coisa que quase nenhuma banda de rock conseguia no cenário musical atual.

Lysandre cantarolou a melodia da introdução, até chegar na letra, que ele mesmo compôs. Os versos românticos inspirados naquela que se tornou sua inspiração nos últimos anos, sempre o incentivando a dedicar-se às Letras. Seria um poeta publicado algum dia? Clarice desejava que sim. Porém, por enquanto se contentaria em apenas ser o letrista da Crowstorm. E talvez participar de mais um feat, como aquele que fizera para uma das músicas daquele mesmo álbum, pela primeira unindo sua voz grave à rouca de Castiel.

Após alguns minutos de estrada — que continuavam sem asfalto por todos aqueles anos —, Lysandre chegou à sua fazenda, estacionando a caminhonete do lado de dentro. Descendo do veículo, encontrou o irmão retornando com o próprio filho no colo. O estilista parou, mostrando para o menino onde estavam Julieta e Fausto pastando mais ao longe. Fausto mugiu à distância e a criança bateu palminhas e riu em alegria. 

— Georgie parece empolgado toda vez que vem para a fazenda — Lysandre comentou, passando pelo irmão com as sacolas de carne nas mãos.

Leigh começou a subir os degraus da varanda junto do cantor.

— Algumas pessoas parecem ter gosto pelo interior — respondeu com leveza, enquanto George acenava para os animais ao longe, ainda no colo do pai. — Chegou em boa hora, Lysandre. Está uma confusão na cozinha.

Os dois irmãos entraram na casa e Leigh ficou na sala, onde Rosa e Clarice abriam e dobravam diversas toalhas de mesa, decidindo qual seria a decoração da ceia na parte da noite. Leigh se juntou à esposa e Clarice dirigiu-se ao marido, deixando que Rosa e Leigh cuidassem da decoração por alguns momentos, enquanto George tentava voltar para o lado de fora.

— Meu pai e minha vó tão quase se matando lá na cozinha — informou, enquanto os dois atravessavam o corredor dos quartos.

— O que está acontecendo? — questionou para ela, contudo, a veterinária sequer precisou responder.

— Mas tem que ter um tender, um chester, um peru que seja, meu filho! — a senhora tentava argumentar com Marcos, pai de Clarice. — Onde já se viu ceia de natal sem nada disso? 

— Lysandre vai trazer carnes para o churrasco, mãe! — o homem retrucou, desligando o forno elétrico que a senhora fez questão de acender. — Eu já trouxe até o carvão!

— Por que não deixamos o nosso Masterchef decidir? — Almir provocou, vendo que o casal dono da casa adentrava a cozinha. O personal trainer bebia uma lata de cerveja, apenas observando todo o debate de mãe e filho de camarote, sentado à mesa. 

— Trouxe um peru para assarmos — Lysandre indicou, deixando as sacolas sobre a mesa. Marcos fuzilou o genro com o olhar. — Mas também trouxe outras carnes. Podemos assá-las para o ano novo, por que não? — Tentou consertar, porém o homem apenas balançou a cabeça, resignado a aceitar.

— Vou deixar vocês fazerem o que tem que fazer e ver se a Dani e a Mar já cuidaram da farofa e da salada — Marcos anunciou, saindo da casa e indo para a fazenda dos Guimarães, onde a esposa e a irmã preparavam o restante das comidas da ceia.

— Que diplomático — Clarice brincou, olhando com um sorriso divertido para o marido. 

— Deixa ele! — dona Gleice interviu, começando a verificar os conteúdos das sacolas sobre a mesa. — Agora, deixa eu te ensinar a receita do meu tempero, Lysandre! — soltou empolgada, começando a se movimentar pela cozinha atrás dos ingredientes.

— Acho que não vão precisar da minha presença aqui, só sirvo mesmo pra comer — Almir riu, amassando sua latinha de cerveja vazia e atirando-a ao lixo.

 

"Então é natal e o que você fez?

O ano termina e nasce outra vez"

 

— Eu não acredito que meu pai colocou esse CD de novo! — Almir exclamou, assim que os versos da música natalina que todos estavam cansados de ouvir chegaram à cozinha. — Todo ano a mesma coisa. — Bufando, saiu da cozinha em busca do pai e do seu CD natalino da Simone.

 

"Então bom Natal e Ano Novo também

Que seja feliz..."

 

— Quem souber o que é o bem — dona Gleice cantarolava enquanto abria os armários em busca de potes e panelas, já sendo de casa.

— Apenas mais um Natal na fazenda de Clarice e Lysandre — a veterinária brincou, passando os braços ao redor do marido.

Lysandre deu um beijo rápido na esposa, acariciando suas costas.

— Como vocês estão? — ele questionou.

— Não precisa ficar me perguntando isso toda hora, sabe? — Ela riu e logo ouviu seu nome sendo chamado por Rosa na sala. — Deixa eu ir que ainda temos que colocar ordem nessa casa.

Clarice saiu do abraço de Lysandre, indo para junto da cunhada na escolha de decoração. Não que ela tivesse muito o que fazer, já que Rosa fazia questão de comandar tudo.

— Vai guardar essas carnes? — dona Gleice questionou, já preparando um pote para o tempero.

Deixando de lado a sua observação do corredor por onde Clarice passou, Lysandre voltou-se para sua obrigação daquele momento. 

...

Rosa anunciou a pessoa que tirou no amigo secreto, entregando o embrulho em papel de presente colorido para Daniele, mãe de Clarice. 

—Tá quase na hora da ceia? — a veterinária questionou para Lysandre, que estava ao lado dela, com o braço sobre seus ombros, a mão deslizando por ele em um carinho. — Só falta a minha mãe pra entregar o presente dela.

O fazendeiro percebeu um ruído vindo do lado de fora e Dragon começou a latir, cortando rapidamente o trajeto da sala em uma corrida.

— Chegou um carro? — Clarice questionou, percebendo que o canino latia sem parar e arranhava a porta da frente, querendo sair.

Alguns dos presentes — ocupando todos os sofás, poltrona e até o chão, próximo à árvore de natal — não deram muita importância, mesmo que fosse óbvio a pessoa que Daniele tirou.

— Feliz natal, filha — ela anunciou, abrindo os braços para receber um abraço e Clarice sorriu para a mãe.

— Vou ver quem chegou — Lysandre anunciou assim que a esposa se levantou.

Ele foi o único a deixar a comemoração, abrindo a porta e permitindo Dragon partir na frente, em uma corrida até a Eco-Sport vermelha estacionada ao lado do Corsa de Leigh. Apesar da idade, Dragon ainda mantinha certo vigor. Ainda mais para receber seu antigo dono. Lysandre sequer precisou ver o veículo em sua fazenda para saber quem era seu novo convidado.

Castiel desceu do lado do motorista e logo foi recepcionado pelo Pastor de Beauce, pulando em suas pernas e balançando o rabo em euforia.

— Acreditei que fosse passar esse natal com a Mirela. — Lysandre quebrou o silêncio, referindo-se à namorada de Castiel. Era o primeiro ano juntos do casal de músicos.

— Ela sobrevive sem mim até amanhã — Castiel rebateu com uma resposta clássica de sua personalidade e abaixou-se para afagar Dragon, em uma saudade mútua.

— Ouvi sua música na rádio essa tarde — o fazendeiro trouxe à baila o primeiro assunto que veio a mente naquele momento. — Fico feliz que a Crowstorm esteja fazendo tanto sucesso.

O ruivo bufou e levantou-se, com Dragon e seus poucos pelos brancos às suas pernas.

— Eu vim pra cá pra descansar e você ainda fica falando de trabalho, Lysandre? — ele respondeu de maneira ríspida, abrindo os braços como se dissesse "tá de brincadeira?". — Como você tá, cara?

A postura do músico mudou em questão de segundos e os dois amigos trocaram um abraço rápido à meia luz que vinha da janela da sala. Dragon observava tudo de camarote, com o rabo ainda balançando de felicidade.

— Consegui um emprego na escola, como te disse — o fazendeiro respondeu e ambos separaram-se do abraço. — Clarice reabriu a clínica, agora que doutor Luís se aposentou — finalizou contando algumas das últimas novidades da casa. — E você?

Ele devolveu a pergunta enquanto começavam a se aproximar da casa, as vozes dos presentes audíveis conforme subiam os degraus da varanda. 

— A banda tá bem, eu e a Mirela paramos de bater cabeça, finalmente terminei aquela droga de TCC e me formei… Agora que te dei o relatório, posso comer, certo? — questionou após a explicação rápida e entraram na sala, o cheiro de comida tornando-se presente conforme Clarice e Marcos colocavam os pratos sobre a mesa.

— Chegou na hora certa — Lysandre devolveu com um riso e balançar de cabeça.

As cabeças dos presentes voltaram-se para os dois recém-chegados, ainda em seu bate papo após o final do amigo secreto e ansiosos pela ceia. 

— Castiel! Como você tá, querido? — dona Gleice logo se levantou do sofá, pronta para dar um abraço no músico. 

Era praticamente uma tradição o vocalista da Crowstorm passar as vésperas de natal na fazenda do amigo. Às vezes, os presentes ainda eram agraciados com uma breve sessão de música acústica. Após quatro anos, Castiel era praticamente de casa e a senhora o tratava como um velho conhecido.

— Tá magrinho, hein? Precisa comer um pouco mais.

Lysandre se afastou, rindo sozinho da conversa que a senhora iniciava com Castiel. Ao se aproximar da mesa que armaram no espaço livre da sala, afinal a da cozinha não teria espaço suficiente para todos, viu que a ceia estava completamente posta.

— Pode vir, pessoal! — Marcos exclamou, já tomando seu lugar. 

Os presentes foram ocupando as cadeiras disponíveis, absortos em suas próprias conversas. A sala era tomada por uma mistura de vozes em assuntos diversos. Sentando-se na cabeceira e na cadeira lateral da mesa, Clarice e Lysandre trocaram um olhar de mútuo entendimento. A moça levantou-se, erguendo a voz para ser ouvida.

— Pessoal. — Após alguns segundos de espera, as vozes cessaram, deixando para outra hora seus respectivos assuntos. — Como vocês sabem, todo ano a gente tira esse momento antes da ceia pra fazer aquele discurso sobre união, amor e blá blá blá. — Alguns riram com o final da frase.

Clarice trocou um olhar com o marido, o sorriso dançando pelos lábios de ambos. Descendo a mão para a barriga, ela continuou a falar.

— Esse ano, antes de começar todo o discurso de praxe, tenho um anúncio pra fazer. — Deixou alguns segundos de suspense, a curiosidade pairando pelo ar. — Ano que vem teremos um novo morador na fazenda. Eu e o Lysandre estamos esperando um bebê.

A mesa toda se manifestou em comemoração, com alguns se levantando na direção dos anfitriões junto de seus abraços e felicitações. 

Clarice e Lysandre trocaram mais um sorriso, cientes do desafio que teriam pela frente no ano que chegaria em breve. Juntos, abraçariam a nova vida que logo se uniria a deles. Um novo nascimento estava a caminho, acabando ainda mais com o silêncio daquela casa. 

Olhando para seus amigos e sua esposa, Lysandre tinha certeza que nunca estaria sozinho. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Houve, Carlinhos Brown: https://youtu.be/MvhccUGE5JM

É isso, aqui termina a (Re) Nascer e o Lys finalmente tem seu final feliz, com agora a família que vai aumentar na fazendinha, onde acorda o bezerro e a vaquinha.
Muito obrigada a todos que acompanharam até aqui, que favoritaram e principalmente aqueles que deixaram seus comentários ao longo dos capítulos: Biax, Camélia Bardon, Boorlyz e Alaska ♥
Mas esse não é o momento que eu direi adeus às fics de AD! Pra quem quiser, estou escrevendo uma fic de comédia e romance com a Biax. Chega lá: https://fanfiction.com.br/historia/786641/Click_et_Brille/
E também uma shortfic com o Castiel e a Mirela, que é citado brevemente nesse epílogo: https://fanfiction.com.br/historia/788648/Noturno/

Até mais ver, povo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "(Re) Nascer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.