Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 6
Quebra-cabeça


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, amores!

Antes de irmos ao próximo capítulo da história, queremos agradecer todo o apoio e carinho que temos recebido. Vocês são demais ♥️
E esperamos que vocês continuem conosco.



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Kurama, Yusuke e Kuwabara sabiam que precisavam sair dali o quanto antes. Observando os policiais entrarem armados no prédio para investigar o que havia ocorrido no apartamento de Yue, apressaram a fuga.

— Vamos por aqui. — Yusuke disse ao se dirigir para a janela quebrada na sala.

— O quê?! — espantada, Yue exclamou —  Está pensando em pular?

— Qual o problema? São só dois andares.

— Mesmo assim! Pode ser perigo...

Yusuke não deu ouvidos. Antes que Yue terminasse de falar, ele já havia saltado, deixando a jovem boquiaberta. Kuwabara o seguiu, desaparecendo de vista em seguida. Assustada, ela encarou Kurama, prestes a desistir daquela ideia absurda.

— Eu não consigo fazer isso. — o alertou.

— Eu sei. — o kitsune respondeu.

No mesmo instante, ele rapidamente a puxou para perto de si, a retirando do chão ao segurá-la em seus braços. Quando Kurama saltou pela janela, Yue fechou os olhos e o agarrou com força, temendo as consequências da queda. No entanto, nada aconteceu. Quando se deu conta, o kitsune já corria em direção aos seus amigos, se afastando do apartamento da jovem.

 ~*~*~

Yue não tinha ideia de como agir diante daquela situação. Durante todo o caminho percorrido até o apartamento de Kurama, ela se manteve calada, pensando se havia tomado a decisão correta. Apreensiva, observava os três amigos se despedirem, enquanto envolvia a si mesma num abraço. Yusuke e Kuwabara haviam sugerido interrogá-la sobre tudo o que havia acontecido, mas, para o seu alívio, Kurama os impediu com o pretexto de que a garota precisava descansar.

De fato, Yue sentia-se exausta e não estava em condições de ser pressionada. Dessa forma, Kuwabara e Yusuke deixaram a residência com a promessa de retornarem no dia seguinte. Ao ver Kurama fechar a porta da casa e se dirigir a ela, Yue engoliu em seco um tanto assustada, sem saber o que viria a seguir.

— Está mais calma? — Kurama perguntou.

— Um pouco...— ela murmurou — Mas eu tenho muitas perguntas. Tudo isso que está acontecendo é muito estranho pra mim.

— Eu imagino. Deve estar muito confusa, não é?

— Você não faz ideia de quanto.

— Melhor ir descansar, o seu dia foi muito agitado e...

— Não. — Yue o interrompeu — Apesar de estar cansada, a verdade é que não sei se conseguirei dormir hoje. Minha mente está pilhada. Eu preciso entender tudo o que está acontecendo. Sei que vocês me explicaram há pouco lá na minha casa, mas...

— Posso te dar mais detalhes se quiser.

— Eu não quero te incomodar, Shuuichi. Você também deve estar cansado...

— Eu estou bem. E se estivesse na sua pele, também não conseguiria descansar. Por que não se senta? — ele indicou o sofá — Vou te preparar um chá para conversarmos melhor, o que acha?

— Pode ser. Obrigada.

Yue o obedeceu, acomodando-se no sofá da sala. Enquanto aguardava o retorno do anfitrião, aproveitou para observar cada detalhe daquela residência. O apartamento em si não era enorme, mas o espaço era mais do que suficiente para se levar uma vida solitária. Examinando todos os cantos do cômodo à distância, Yue se fixou em um porta-retrato depositado sobre a estante ao lado da televisão. Nele, a foto de uma família alegre se destacava. Abraçados, um homem e uma mulher sorriam ao centro, enquanto que nas extremidades dois jovens preenchiam a fotografia: à direita um moreno sorridente, e, à esquerda, o ruivo cuja identidade ela já conhecia, ou pelo menos pensava conhecer.

— Tome Yue. — ao chegar de repente Kurama lhe entregou o chá, sentando-se ao seu lado.

— É a sua família? — Yue perguntou dirigindo-se à foto.

— Sim. Minha mãe, meu padrasto, o filho dele e eu. Por quê?

— Só curiosidade — ela deu de ombros.

Por mais estranho que parecesse, aquela fotografia deixou Yue mais tranquila. Depois de ter visto o kitsune lutar com uma força sobre-humana, saber que na realidade ele possuía uma família comum como qualquer outra, era reconfortante.

— Então, o que você quer saber? — ele perguntou a ela.

Yue encarou o chá fumegante em suas mãos, imaginando se seria prudente aceitar uma bebida dada por um estranho. “Dane-se, Yue! Você já está na casa dele! Se algo tiver que dar errado, dará de qualquer jeito”, ela pensou em seguida. Tomando coragem, bebeu um gole antes de respondê-lo.

— Aquela coisa...— disse ao se lembrar do kamaitachi que a atacou — Pode me contar de novo o que era? Vocês disseram algo sobre um Clã extinto, certo? Eu não sei se entendi bem...

Paciente, Kurama lhe explicou a história mais uma vez, dessa vez com mais calma e atento aos detalhes. Lhe contou sobre o Makai e o fato de ser um youkai, fazendo com que Yue recuasse um tanto apreensiva. Ao perceber a sua reação, Kurama tentou tranquilizá-la.

— Não se preocupe, Yue. Eu não sou uma ameaça pra você.

— D-desculpe. — ela desviou o olhar envergonhada — É que...

— Não precisa se desculpar. Eu entendo a sua reação.

Aos poucos, Kurama foi tirando todas as dúvidas que Yue possuía, a deixando à par daquela situação.

— Quer dizer então que toda aquela história das Lâminas de Vento que estão perturbando a cidade na realidade é obra desses youkais?! — impressionada, ela perguntou.

— Isso mesmo.

— No hospital em que trabalho ninguém conseguia explicar como vento era capaz de cortar a pele e os músculos de tal maneira. Nem os melhores médico conseguiram decifrar o mistério! Isso é inacreditável...

— Imagino que vocês tenham tido muito trabalho nesses últimos dias.

— Sim! Foi uma loucura! — ela exclamou — Mas eu não consigo entender.

— O quê?

— Pelo que você falou, estão atrás da antiga relíquia roubada, certo?

— Sim.

— Então, por que me atacaram? O que eu tenho a ver com isso?

Kurama se recostou no sofá, acomodando-se melhor.

— De verdade, não tenho a mínima ideia. Achei que você me ajudaria a entender essa parte. Você tem certeza que nunca tinha visto nenhum youkai em toda a sua vida?

— Absoluta. Minha vida sempre foi muito...—  pensativa, procurou pela melhor definição —...trivial.

De fato, Yue não se lembrava de nada incrivelmente fantástico acontecer em sua vida antes. Seus pais e amigos eram excessivamente normais, a ponto de passarem despercebidos numa multidão. O subúrbio onde costumava viver era sem graça e entediante, assim como a escola que havia frequentado. A renomada faculdade na qual obteve o diploma de médica não lhe permitiu vivenciar grandes emoções. Naquela época somente os estudos lhe importavam.

— Estou com medo. — ela admitiu de repente, fixando-se na xícara já vazia em suas mãos.

— Eu estranharia se não estivesse. — Kurama riu, fazendo com que Yue voltasse sua atenção a ele — Mas não se preocupe. Vamos descobrir o que eles querem com você.

— Mas se tentarem me atacar de novo?

— Estarei aqui para impedi-los. Não deixarei que façam nada com você.

Yue corou, desviando o olhar mais uma vez.

— Schuuichi, como você sabe de tudo isso sobre esse clã kamaitachi? Qual a sua relação com esses youkais? Quero dizer...por acaso você já os conhecia?

Ponderando se deveria contar a ela toda a verdade, Kurama emudeceu por alguns instantes, detalhe que não passou despercebido por Yue.

— Não precisa dizer se não quiser. — cabisbaixa, ela se apressou a dizer, temendo deixá-lo zangado.

— Yue...— Kurama a chamou, fazendo com que ela o encarasse diretamente nos olhos — ...fui eu quem roubou a relíquia dos kamaitachi.

Yue arregalou os olhos, espantada.

— O quê?! Você é um ladrão?!

— Não. Eu fui um ladrão.

Num reflexo, ela franziu o cenho ao se afastar, desconfiada do caráter do kitsune.

— Antes de tirar qualquer conclusão precipitada sobre mim, primeiro escute o que tenho a dizer — ele pediu com seriedade.

A contragosto, Yue concordou, decidida a dar uma chance a ele. Kurama então lhe explicou toda a sua história, desde a vida como ladrão Youko, até a reencarnação no corpo de Shuuichi Minamino. Atenta, ela se impressionou com o relato, tentando decifrar se ele estava falando a verdade quando disse não ser mais o mesmo do passado.

— Então quer dizer que você é um kitsune? E essa não é a sua verdadeira forma?

— Exatamente. Eu assumi a forma humana de Shuuichi Minamino, mas na verdade me chamo Kurama Youko.

Yue franziu o rosto numa expressão ofendida e desacreditada.

— Me desculpe. Minha intenção não era enganá-la, Yue. Mas não posso simplesmente sair falando a verdade pra todas as pessoas que conheço. Nem minha própria mãe conhece minha real identidade.

— É sério? — ela indagou surpresa — Não contou a ela?

— Se estivesse no meu lugar, você contaria?

A jovem desviou o olhar, denunciando a resposta.

— Confie em mim, Yue. Eu já não sou o mesmo de antes. Minhas prioridades mudaram — ele encarou a imagem de sua família no porta-retrato — Não precisa temer a mim, nem aos meus amigos. A prova disso é que estou sendo o mais franco possível com você. Se eu quisesse te fazer mal, já teria feito há muito tempo.

Ela o encarou surpresa, analisando a veracidade daquelas palavras.

— Tem razão. Apesar de estar assustada com tudo isso, desde que você me encontrou, tudo o que fez foi me ajudar. E eu aqui toda desconfiada...— ela lamentou balançando a cabeça em negação — Como sou idiota!

— Não precisa se martirizar. Sua reação é mais do que justificável.

— Se pelo menos eu pudesse retribuir tudo o que está fazendo por mim... — pensativa, ela suspirou.

— Não precisa se sentir obrigada a me retribuir nad....

— Já sei! — Yue exclamou de repente, interrompendo a fala do kitsune — Tinha me esquecido de que você está ferido!

Kurama olhou para o braço atingido pela foice daquela kamaitachi. O sangue que havia escorrido pelo corte manchou a manga da camisa que usava. Ao se voltar para Yue, conseguiu adivinhar o que a jovem pretendia apenas pelo brilho que ostentava em seu olhar.

— Sou médica! É meu dever cuidar de você. — ela sorriu amigavelmente.

— Não precisa, Yue. Eu me recupero muito mais rápido do que os seres humanos. Logo estarei curado naturalmente.

— Mesmo assim, é um ferimento! Humano ou não, todo ser vivo precisa de cuidados. Além disso, pelo que pude ver o corte foi profundo. Ainda que você seja forte, esse machucado te causará problemas se não for tratado corretamente. Ou será que youkais são imunes a fraturas e infecções? — ela perguntou de maneira provocativa.

— Não. Não somos.

— Sendo assim, me deixa cuidar do corte. Nem que seja apenas para limpá-lo. É o mínimo que posso fazer por você.

Ao notar a expressão de súplica contida no rosto de Yue, Kurama cedeu, percebendo que aquilo era realmente importante para ela. Levantou então a manga da camisa para que a jovem tivesse acesso direto à ferida. Yue se aproximou para examiná-la cuidadosamente, verificando a profundidade dos estragos causados pela kamaitachi. Ao constatar que não haviam danos permanentes, limpou o corte utilizando uma solução antisséptica que Kurama guardava em sua casa e enfaixou o braço do kitsune, isolando o ferimento do contato com o ar.

— Obrigado. — ele agradeceu ao vê-la terminar o trabalho.

Ainda debruçada sobre o braço enfaixado, ela o encarou, fixando-se diretamente na cor esmeralda de seus olhos.  Envergonhada com a proximidade, se afastou num pulo, voltando a posição em que estava anteriormente.

— De nada!

Kurama sorriu ao notar que Yue lutava para manter as pálpebras abertas.

— Vamos dormir. A partir de hoje, você terá muitas preocupações. É melhor descansar o máximo que puder.

—  Tem razão. — ela respondeu — Posso ficar aqui na sala mesmo?

— Não. Fique no meu quarto — Kurama apontou na direção do cômodo — Lá será bem mais confortável. Eu ficarei aqui na sala.

— Não posso aceitar. Não me sentirei bem em tirar você...

— Não se preocupe, Yue. Eu não me importo.

Hesitante, ela aceitou. Direcionando-se ao quarto, deixou o kitsune para trás. Ao deitar sobre a cama, sentiu o seu corpo doer pela primeira vez no dia, consequência de toda a tensão que havia sido submetida. No silêncio da noite, ouviu a sua própria pulsação, descompassada e acelerada. Inalando o perfume de rosas do cômodo, fechou os olhos, forçando-se a relaxar. Depois de alguns minutos naquele estado, cedendo ao cansaço, ela enfim adormeceu.

Enquanto isso, repousando sobre o sofá da sala, Kurama observava o bracelete vibrar intensamente. Intrigado demais com tudo aquilo, ele tentava unir as peças do quebra-cabeça que envolvia Yue e os kamaitachi, no entanto, não conseguiu chegar a uma conclusão lógica. Por mais que tentasse, o kitsune não conseguia encontrar uma razão para que Yue tivesse sido atacada. Durante toda a conversa que tiveram, não sentiu nenhuma anormalidade vinda da garota. Ela era apenas uma humana comum.

“O que estamos deixando passar?”, frustrado, Kurama indagou a si mesmo, lembrando-se do instante em que Yue lhe contou sobre sua vida ser totalmente trivial. De repente, um novo pensamento lhe ocorreu, embaralhando a sua mente por completo.

“Haveria algo sobre si mesma que a própria Yue desconheça?”












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Notas finais do capítulo

No capítulo de hoje ficamos sabendo um pouco mais de Yue, mas agora ficou a pergunta no ar: Será que ela desconhece algo sobre seu passado?

Esperamos que vocês tenham gostado do capítulo.
Até o próximo!!!!



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