Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 17
Vai ficar tudo bem


Notas iniciais do capítulo

Oie pra quem chega! @Ocarina aqui postando o último capítulo dessa fanfic linda. Que emoção!
Queria agradecer à @LuisaPoison por ter me chamado pra esse projeto que eu tanto AMEI participar. Nossa parceria foi tudo ♥

Obrigada a todos que leram e nos acompanharam! Esse é o último capítulo, mas AINDA NÃO ACABOU. Logo mais a @LuisaPoison aparece aqui com um epílogo pra vocês!

beijos e boa leitura ♥



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Todos se calaram diante da presença de Yue. No entanto, a admiração que os kamaitachi ostentavam pela herdeira real de seu Clã se despedaçou ao notarem a presença do youkai que a acompanhava. Kurama estava parado ao seu lado, aliviado por Yusuke, Kuwabara e Hiei estarem bem. Shinohara, por sua vez, estava incrédulo pela fuga dos dois prisioneiros. Os seus planos estavam indo por água abaixo.

— Parem com essa briga! — Yue protestou, descendo as escadarias, apressada — Como podem estar guerreando entre vocês? Somos todos da mesma raça. Devemos permanecer unidos.

Daichi aproximou, analisando-a com cautela. 

— O que Shinohara disse é verdade? Você está do lado desse kitsune

Yue engoliu em seco, criando coragem para responder.

— É verdade. 

Indignados, os kamaitachi se exaltaram, proferindo xingamentos.

— Eu o vi destruir o nosso Clã. Muitos de nós vimos.

— Eu sei. Mas agora ele está devolvendo tudo o que nos tirou. A prova é essa aqui — Yue ergueu o braço, evidenciando a relíquia de seu povo. 

— Não minta para eles! — Shinohara interveio — Quem lhe devolveu a relíquia fui eu! Ou se esqueceu que o kitsune mantinha tanto você, quanto o bracelete, escondidos de nós? Ele nunca sequer te falou que estava com a jóia! 

— Não me esqueci, Shinohara — ela retrucou — Mas se Kurama quisesse acabar com todos nós, ele a teria arrancado de mim naquela maldita cela em que você nos aprisionou! Ao invés disso, ele me salvou de lá. Se dependesse de você, eu ficaria pra sempre em cativeiro, como você me garantiu que seria! Por que não conta a todos do seu plano de fingir que Kurama me fez uma lavagem cerebral para que você tivesse a desculpa perfeita para me manter presa pelo resto da minha vida? 

Novamente os kamaitachi protestaram indignados.

— Isso é um absurdo! — um youkai—doninha gritou dentre a multidão. 

— Já chega desse teatro, Shinohara — Daichi disse, antecipando o que o atual líder dos kamaitachi diria a seguir — Não adianta mais fingir! 

— Como pode ter certeza que estou fingindo, seu idiota?! Não vê que ela está maluca?

— Não sou tão tolo quanto você pensa. É evidente que Yue está perfeitamente bem da cabeça. Quem está louco aqui é você! Eu nunca ficarei do lado de quem ameaça a legítima comandante do meu povo. E vocês aí... — o velho se dirigiu aos demais youkai—doninha que até então lutavam ao lado de Shinohara —... deveriam fazer o mesmo!

Os demônios se dispersaram, afastando-se de Shinohara. Ao perceber que a situação estava a seu favor, Yue aproveitou a oportunidade.

— Chega de tudo isso. Parem de lutar uns com os outros. Já não foi o bastante tudo o que nossa raça passou no passado? 

— Yue está certa. Essa desavença entre vocês não tem nenhum fundamento — Kurama tomou a palavra, arrancando expressões enfurecidas de seus antigos inimigos mortais — Se quiserem mesmo recuperar a vida que tinham antes, terão que ser mais unidos do que nunca.

— E o que você sabe? Toda essa desavença é culpa sua! — uma kamaitachi retrucou — Eu respeito você, Yue, por ser a nossa herdeira. Mas jamais poderemos aceitar a sua aliança com esse ladrão!

— Não estou pedindo que perdoem Kurama. Também sei que o que ele fez foi errado. É algo que nenhum de nós poderá esquecer — Yue rebateu, a fazendo arquear as sobrancelhas surpresa — Só peço que confiem em mim. As lições do passado servem para não repetirmos os mesmos erros no presente. Vamos recomeçar, mas não com vingança. 

Yue caminhou até Yami, Ban e Hiro, que aos poucos recobravam a consciência perdida na luta com Yusuke, Hiei e Kuwabara. Ela se inclinou diante de Yami, lhe estendendo a mão para ajudá-la a levantar. Confusa, a youkai aceitou o gesto, surpresa pela inesperada mudança da princesa. O primeiro encontro das duas havia sido um desastre, e a única coisa que Yami fez foi aterrorizar Yue. Agora tudo era diferente. Yue sorriu para ela, contente por vê-la bem. A diferença entre Yue e Shinohara era gritante.

Yue voltou ao centro da sala, pronta para dar um fim àquela história. 

— Quero reerguer o nosso Clã, mas preciso de vocês. De cada um de vocês — ela revezou os olhares entre os kamaitachi ali presentes — Não posso fazer isso sozinha. Por favor, digam que estão comigo. Digam que estão dispostos a seguir os meus passos. Dessa vez, vamos fazer o que é realmente certo, pelos nossos antepassados. Pela nossa história!

A princípio, se fez o silêncio.  Em seguida, porém, os kamaitachi assentiram em resposta, sem hesitação. A nova liderança havia se concretizado, unindo o povo que há pouco estava dividido. Todos os youkai—doninha estavam contentes. Todos, exceto um.

— E você, Shinohara? — Yue perguntou, percebendo que ele ainda não havia se manifestado — Não pense que estou te excluindo. Você é um de nós. Você sabe muito mais sobre o nosso povo do que eu, por isso, eu preciso de você. Vamos deixar tudo o que aconteceu pra trás. Eu entendo os seus motivos e te perdôo.

Shinohara escondeu o rosto, cabisbaixo. Quando ergueu a cabeça, os seus olhos brilhavam dourados, num semblante maligno de quem acumulava a sua energia ao máximo. A resposta era óbvia. 

Ágil, ele saltou em direção a Kurama, golpeando Daichi que estava no meio do caminho. O mais velho caiu ao chão, com um corte no peito. Rapidamente alguns kamaitachi o ampararam, enquanto os demais observaram o impacto de Shinohara com Kurama, que culminou numa explosão estrondosa. Yue permaneceu boquiaberta, encarando o rombo aberto no teto, por onde os dois haviam simplesmente desaparecido. Ao ver Yusuke correr atrás do amigo, ela soube que precisava fazer o mesmo, antes que fosse tarde demais. 

~*~*~

Lançado pelos ares junto a Shinohara, Kurama tentava se desvencilhar da investida de seu oponente. Eles estavam agora bem longe de todos, e de certa forma o kitsune até preferia assim. Tinha se segurado muito no último embate, ocorrido na frente de Yue. Mas agora, que estavam sozinhos, ele não teria piedade alguma. Shinohara não merecia a compaixão da princesa de seu Clã, nem dos demais kamaitachi.

kitsune então aterrissou numa montanha qualquer, cujo topo era plano o suficiente para manter o seu equilíbrio. Shinohara o seguiu, sem poupar tempo. As suas foices já manchadas de sangue, continuavam golpeando Kurama de todos os lados, num surto de quem estava completamente tomado pelo ódio. No entanto, apesar de sua agilidade, Kurama já havia percebido a previsibilidade em seus movimentos. Shinohara seguia um padrão bem óbvio, especialmente quando estava irritado.

Ao invocar o chicote, num movimento brusco o jogou em direção ao youkai—doninha. 

A planta  enroscou o alvo pelo pescoço, dando voltas sufocantes em sua pele. Sem ar, Shinohara não teve outra alternativa a não ser ficar parado. O chicote o estrangulava cada vez mais, forçando-o se ajoelhar no chão, incapaz de respirar. 

— Dessa vez não pegarei leve com você — Kurama o alertou, transformando-se em Youko.

Shinohara se enfureceu com a arrogância de seu adversário. Superando a dor agonizante causada pela hipóxia, conseguiu cortar o chicote com o auxílio de sua foice. Todo o seu esforço, no entanto, teve um preço. Obrigado a recuperar o fôlego perdido, ele ficou vulnerável por alguns instantes, dando a oportunidade perfeita para Kurama atacar. A cotovelada o atingiu direto no rosto, o fazendo despencar montanha abaixo. 

Controlando a força do vento, ele conseguiu evitar o choque com o chão, segundos antes de ser golpeado novamente. Dessa vez, as suas costas foram atingidas, envergando a sua coluna em direção ao solo.

youkai—doninha gritou de dor, agitando o ar ao seu redor para criar lâminas de vento. Kurama se afastou, obtendo sucesso para escapar daquele ataque nada refinado. Em seguida, colunas de ar se desprenderam do céu escuro em vórtices violentos e destrutivos. O chão se partia graças aos tremores provocados pela força e velocidade dos ventos, impedindo Kurama de se movimentar. De longe, Shinohara agitou as suas foices, e dois feixes de luz cortantes avançaram em direção ao kitsune. O ataque foi interceptado quando uma enorme árvore cresceu diante do seu conjurador. 

A casca grossa o protegeu, bloqueando a visão do kamaitachi. Antes que Shinohara tivesse a chance de repetir o golpe, outras árvores enormes cresceram rapidamente. Em poucos instantes, o local inóspito e sem vida, havia se transformado num matagal, florestado por toda a sua extensão. As rachaduras feitas no chão foram remendadas pelos galhos e os vórtices cortantes e mortais simplesmente desapareceram quando as copas das árvores bloquearam a conexão que aquelas colunas de ar possuíam com o céu.

Perdido em meio àquela mata, Shinohara se concentrava em procurar por Youko. No entanto, pela sua retaguarda, uma espécie de planta sanguessuga se prendeu à sua nuca. O efeito foi imediato. A mando de Kurama, o vegetal penetrou as suas curtas raízes na região basal do Sistema Nervoso de seu hospedeiro, conectando-se aos nervos ali presentes. Shinohara congelou, perdendo o domínio sobre os seus próprios movimentos. 

Quando o kitsune apareceu em seu campo de visão, caminhando despreocupado até o ex-líder dos youkai—doninha, Shinohara lutava contra si mesmo, tentando vencer o controle que a planta exercia sobre ele.  Porém, a luta foi em vão. Contra a sua vontade, o seu braço direito se moveu em direção ao seu próprio pescoço, fazendo a lâmina de sua foice rasgar a sua pele superficialmente.

— Você falou tanto sobre eu ter usado um controle mental na Yue que me deu vontade de te fazer experimentar como seria a sensação de não poder viver livremente. O que achou? — Kurama debochou, próximo o bastante para ver a si mesmo refletido nos olhos cheios de ódio do kamaitachi. A foice tremulava, evidenciando que ele ainda lutava contra a sua própria arma — O que acharia de ser deixado aqui pelo resto de sua vida? Uma hora vai se cansar de lutar contra o impulso de se matar, e então essa lâmina vai ser enterrada na sua garganta. 

Shinohara cedeu quando a provocação o atingiu. A foice, de fato afundou ainda mais em sua carne. No entanto, quando pensou que seria o fim, retomou o controle de si próprio. Confuso, percebeu que o vegetal parasita havia se desprendido de seu corpo, e então encarou Youko, em busca de uma explicação.

— Eu não teria problema algum em matar você, Shinohara. Até desejo fazer isso. Mas, por algum motivo, sei que a sua sobrevivência é importante para Yue. Sendo assim, te pouparei. Por ela. Mas desista dessa vingança e aproveite a chance que estou te dando. Não é sempre que sou assim tão piedoso.

— Desgraçado! — Shinohara exclamou ao ver Kurama lhe dar as costas — Eu não preciso da sua pena! As coisas só terminam quando eu decido!

Ele avançou com as suas foices, no entanto, dessa vez teve os seus movimentos bloqueados por armas tão ou mais poderosas do que as suas. Rápida como o vento, Yue havia se colocado entre eles, defendendo Kurama ao jogar Shinohara para trás. Nervoso, o kamaitachi então percebeu que, além de Yue, os três amigos de Kurama também haviam chegado ali. Ainda assim, apesar da desvantagem numérica, ele não estava disposto a se dar por vencido.

— Chega, Shinohara. Você não tem chance contra nós! — Yue disse — Se não quer se aliar a mim, então vá viver a sua vida longe daqui. Vá embora!

— De jeito nenhum. Não ficarei satisfeito enquanto não eliminar esse imbecil!

Ele se posicionou para um novo golpe, forçando Yue e Kurama a assumirem uma postura de defesa. Porém, o inesperado aconteceu. Por trás de Shinohara, uma lâmina atravessou o seu corpo, o erguendo do solo. Seus olhos se arregalaram ao ter o seu núcleo youkai partido em dois. Quando a arma foi retirada de seu tronco, Shinohara enfim foi ao chão. Em seu último suspiro de agonia, pôde ver o autor de seu assassinato. 

Daichi observava o cadáver de Shinohara com um enorme desprezo, retraindo a sua foice suja de sangue. Atrás dele estavam os demais kamaitachi, dando suporte ao ancião do Clã que ainda lutava para se manter de pé após o último ataque de Shinohara. Yue levou as mãos à boca, abafando um grito. Junto a Kurama, retornou à sua forma humana, cujas pernas pareciam incapazes de sustentar o seu próprio peso.

— Sinto muito, Yue — Daichi, disse. Não havia outra alternativa. Shinohara jamais desistiria disso tudo. Ele mataria até mesmo você para conseguir o que queria. 

Uma lágrima escorreu pelo rosto da garota no mesmo instante em que Kurama a abraçou.

— Acabou, Yue. Agora vai ficar tudo bem.

Ela o encarou uma última vez e, em seguida, retribuiu o abraço. 

Kurama estava certo, afinal.


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