Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida escrita por Ocarina, LuisaPoison


Capítulo 13
O início do fim


Notas iniciais do capítulo

Olá, @Ocarina aqui. Desculpem a demora! Esse capítulo era pra ter saído em outubro, mas não rolou :(

Mas antes tarde do que nunca. Então, boa leitura!



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— Então, quer dizer que estávamos ajudando a nossa inimiga todo esse tempo? — Kuwabara estava atônito com a revelação de Hiei.

— Acha mesmo que Yue é uma inimiga? — Kurama perguntou com um tom de reprovação. 

— Kurama, você não está achando que essa mulher será sua aliada mesmo sendo uma kamaitachi, não é? — Hiei perguntou antes que Kuwabara tivesse a chance de responder a pergunta que lhe fora feita — Com certeza vão dizer toda a verdade para ela. O que acha que vai acontecer depois?

— Hiei tem razão, Kurama. Por mais que ela tenha confiado em nós até agora, depois que os kamaitachi falarem tudo, principalmente a parte que você foi o responsável por destruir o clã deles, duvido que ela não fique com raiva. Duvido que eles não tentem colocá-la contra nós — Yusuke respondeu.

kitsune se limitou a ouvir o que os amigos diziam. Sabia que, em parte, eles estavam certos, embora na realidade nem eles mesmo soubessem o que seria toda a verdade a qual se referiam. Kurama havia guardado para si os cruéis detalhes sobre a destruição do clã Kamaitachi. Ninguém além dele, e das doninhas remanescentes, tinha propriedade para falar sobre o assunto. O que os kamaitachi contariam para Yue, porém, não lhe preocupava, pois ele mesmo já havia lhe dito que o clã havia sucumbido por sua causa. Na realidade, ele temia ao imaginar o que poderiam mostrar a ela. O peso das palavras nunca poderia superar as imagens do passado. 

— Mas pelo menos uma coisa boa a gente pode tirar dessa história  — Yusuke continuou. Dessa vez, um sorriso debochado se formava em seu rosto.

Kazuma o olhou, intrigado. 

— O quê? 

— Kurama enganou o Koenma direitinho. Já percebeu que ele sempre quer controlar tudo, mas nunca consegue?

Em uníssono, os dois gargalharam divertindo-se com a situação. 

— Como são idiotas. Não é momento pra isso! — indignado, Hiei que se colocou diante dos dois — Não entendem a gravidade do problema?

— Deixa eles, Hiei — Kurama o interrompeu, já que a descontração dos amigos fez com que relaxasse um pouco — Vendo de fora, até que parece engraçado mesmo. Só acho que o Koenma não terá o mesmo senso de humor. Não sei o que ele fará quando descobrir.

Ao refletir sobre as possibilidades, Yusuke e Kuwabara pararam de rir, encarando-o preocupados. Koenma obviamente ficaria uma fera, e todos eles sabiam disso, mas o que realmente lhes afligia era imaginar a possível repressão do Mundo Espiritual. Estando sob comando do Reikai, Koenma precisava julgar imparcialmente cada caso, ainda que o autor do crime se tratasse de um amigo próximo. 

— Se o problema fosse o Koenma, eu não estaria aqui perdendo o meu tempo com vocês — Hiei rebateu — O bracelete está nas mãos da herdeira legítima do clã kamaitachi. Para outras raças, isso pode significar o início do fim. Não é um problema unicamente do Reikai.

— Tem razão — Yusuke concordou — Dane-se o Koenma agora! Depois a gente lida com ele. Temos que ir atrás dos kamaitachi.

— Só tem um problema — Kuwabara se adiantou — Kurama mesmo já disse que eles não podem ser rastreados, então como faremos? 

— Isso é muito simples. Não seria a primeira vez que eu detectaria o esconderijo deles. Afinal, como acha que consegui roubar a relíquia? — Kurama o respondeu, arrancando um semblante confuso de Kazuma —  Sem que Yue soubesse, implantei uma espécie rara de semente rastreadora nela enquanto dormia. Está em seu corpo desde o primeiro dia que ela esteve em minha casa. Uma vez germinada, a semente libera esporos ainda dentro de seu hospedeiro, sem causar dano algum a ele. Esses esporos geram um rastro imperceptível aos olhos de vocês, mas eu aprendi a detectá-lo. Felizmente, eles ficam um bom tempo suspensos no ar, então tudo que precisamos fazer é segui-los.

— Genial! — Kuwabara vibrou, ainda espantado — Você não cansa de me surpreender.

— Na verdade, é algo bem simples, como eu já disse. Acontece que o óbvio às vezes passa despercebido. A questão é que consigo localizar Yue onde quer que ela esteja. 

— Então, o que estamos esperando? — Yusuke perguntou — Vamos acabar logo com isso.

~*~*~

— Shinohara, você está sentindo? Essa energia é do kitsune. Está vindo pra cá, e não está sozinho. Não acredito que ele realmente nos encontrou! — incrédulo, Ban comunicou ao seu líder.

— Eu já percebi, mas não sei por que você está surpreso. Se ele nos rastreou uma vez, não seria difícil nos rastrear de novo. Eu já tinha alertado vocês que seria assim.

— E o que faremos, então? Não temos tempo pra perder com esses imbecis! Temos que ir atrás dos outros.

— Não. Nós não vamos a lugar algum.

 — Do que está falando, Shinohara? Achei que a prioridade era reunir o nosso povo! Prefere mesmo lutar do que aproveitar a oportunidade de nos reerguer?

Shinohara o encarou, furioso pela forma com que o seu subordinado o contrariava.

— Não seja idiota, Ban. Eu também já disse que os outros nos encontrarão, por isso não precisamos ir atrás deles. Por hora, o melhor a fazer é enfrentar esse maldito kitsune de uma vez. Ou você acha que poderemos ter paz, enquanto ele estiver vivo?! — Ban recuou, incapaz de discordar — Agora, com o poder do bracelete, tudo será diferente. Todos os youkais voltarão a nos temer, como sempre foi. Como nunca deveria ter deixado de ser — ele exibiu uma expressão cruel em seu rosto, embora em sua voz houvesse uma entonação um tanto ressentida.

— Mas e Yue? 

— Ela já sabe quem ele é de fato e vai nos ajudar, embora esteja tendo um pouco de dificuldade para se acostumar com o próprio youki. De qualquer forma, como ela continua usando a relíquia, nosso poder está completamente restaurado. Não teremos dificuldade alguma para enfrentá-los. 

— Fico com receio de uma coisa, Shinohara — ele engoliu em seco antes de continuar. Incerto sobre o que iria dizer — Que ela acabe nos traindo. Não é arriscado? Não deveríamos levá-la pra bem longe?

— Não. Tenho certeza que isso não acontecerá. Ela já viu como aquele imbecil nos destruiu. O bracelete lhe mostrou tudo o que Youko nos fez. Ela já sabe o real caráter que ele esconde por detrás daquele inocente rosto humano. Eu vi a dúvida ser plantada em sua alma. Ela não confia mais nele. 

— Mas será que...

— Chega, Ban! — Shinohara o interrompeu, ainda mais nervoso do que antes  — Já disse que não há com o que se preocupar. O que você deve fazer agora é se preparar para dar uma ótima recepção aos nossos convidados. Chame Yami e Hiro e se livrem dos outros três. Do kitsune eu mesmo cuidarei. 

Ban obedeceu, ainda que a contragosto. Sozinho em seu aposento, Shinohara, por sua vez, projetou as lâminas de suas foices em seus braços, ansioso pela chegada de seu adversário. Se tudo ocorresse conforme o planejado, aquele seria o início de uma nova era para toda a sua espécie. 

~*~*~

— Tem certeza de que é por aqui, Kurama? — Yusuke perguntou, hesitante — Esse lugar parece um deserto.

Em cima de uma colina, ao seu lado, Kuwabara também sondava a paisagem que se formava ao horizonte, procurando qualquer indício de que estavam no caminho certo.

— Absoluta. O sinal vem do norte — o kitsune respondeu, instantes depois de rastrear Yue pela trilha de esporos deixada no ar.

— Existe uma fortaleza em ruínas nessa direção — Hiei comentou, cobrindo o Jagan em seguida — Devem estar lá.

Preocupado, Kuwabara reparou que o caminho a ser percorrido era íngreme e cheio de obstáculos. Enormes pedregulhos e árvores retorcidas o faziam desejar poder ir embora dali o quanto antes. Para piorar, a atmosfera densa e tóxica do mundo dos demônios o deixava ainda mais cismado, mesmo sabendo que não seria atingido pelos seus efeitos devastadores. Ao ver a preocupação do amigo, Yusuke o incentivou a não desistir, dando-lhe um leve tapa nas costas.

Juntos, os quatro seguiram em frente. Porém, antes mesmo de atingirem o ápice do sinal de rastreamento de Yue, que culminava nas ruínas já citadas por Hiei, tiveram o caminho interceptado. Por detrás de uma enorme formação de rochas, Yami, Ban e Hiro se revelaram. Como se pudessem formar uma barreira, se posicionaram lado a lado, com o intuito de impedir a passagem dos quatro. 

— Essa não, lá vem eles de novo! — Kuwabara resmungou irritado, materializando a sua espada dimensional — Saiam da frente, senão acabamos com vocês! 

— É muita presunção pra um simples humano. Vocês três estão sobrando aqui — Yami varreu os olhos por Yusuke, Kuwabara e Hiei — Não podemos deixar que passem. Shinohara quer ver apenas o kitsune

Desconfiados, os quatro se entreolharam, compreendendo que os três kamaitachi tinham intenção de deixar Kurama prosseguir. 

— Tudo bem Kurama, pode ir na frente — Yusuke encorajou — Nós te alcançamos depois.

— Tem certeza que ficarão bem? 

— Qual é? Não confia na gente? Por acaso acha que não somos capazes de acabar com esses otários? 

— Não é isso, mas vai ser mais difícil do que na última vez, Yusuke. 

— E você acha que eu não sei? Já deu pra perceber que estão mais fortes do que antes. Mas Yue precisa mais de você do que nós. Não fica perdendo o seu tempo aqui, vai logo embora!

Preocupado, o kitsune olhou uma última vez para os companheiros antes de decidir seguir o seu próprio caminho. Ao deixá-los para trás, torceu para que a toda aquela confiança de Yusuke não fosse apenas um blefe. Rapidamente se desvencilhou dos pensamentos ruins, e voltou a sua atenção para o resgate de Yue, desaparecendo completamente da vista de todos ao invocar a sua Floating Leaf (1) para se deslocar mais rapidamente.

Em seguida, Yusuke semicerrou os olhos ao encarar Yami. Sentiu a energia fluir pelo seu corpo, crescendo exponencialmente ao se preparar para a luta. O ar preencheu os seus pulmões numa última tomada de fôlego.

Dali em diante, nada mais foi dito. Segundos depois de Kurama desaparecer, a batalha já havia se iniciado, mais rápida e intensa do que a anterior.

~*~*~

Enquanto isso, no Reikai, Koenma estava atônito. Ele sabia exatamente o que havia acontecido, ainda que não tivesse visto nenhum kamaitachi pessoalmente. O radar espiritual capaz de controlar o fluxo de energia presente no mundo detectou uma súbita alteração no pico de youki existente, seguido de uma estagnação repentina. Era como se, de repente, diversos youkais tivessem magicamente surgido no planeta. Isso, porém, era impossível. Koenma sabia que aquilo só podia significar que um grupo de demônios havia aumentado radicalmente o seu poder de um segundo para o outro. Esse fato, aliado aos estragos na cidade — causados por ventanias e tornados misteriosos — só podia significar uma coisa: os kamaitachi retomaram o seu poder. 

Mas Kurama tinha lhe garantido que a relíquia estava segura na Floresta Sangrenta, então como as doninhas conseguiram recuperá-la? Confuso, Koenma então se deu conta de que, ou Kurama havia mentido ou a Floresta Sangrenta já não era tão segura quanto eles imaginavam. Cansado, ele esfregou os olhos, iludindo-se com a possibilidade da primeira alternativa ser a correta, caso contrário, as consequências seriam severas. 

Ele deu uma última lida no relatório que haviam acabado de deixar em sua mesa, reportando uma batalha num local abandonado da cidade. Ao que tudo indicava, Yusuke e os outros estiveram envolvidos. Sendo assim, o líder espiritual tinha urgência em contacta-los para descobrir o porquê de toda aquela desordem. Prestes a sair dali, porém, Koenma estancou os passos quando a porta de sua sala de abriu num estrondo. Nervoso, o capitão do esquadrão de defesa do Mundo Espiritual entrou acompanhado de Botan, que, desesperada, tentava impedi-lo de ter uma abordagem agressiva.

— Espere! Precisa de permissão para entrar aqui! — ela o repreendeu inutilmente, enquanto, furioso, ele seguia em direção ao líder do Reikai.

— Pode explicar isso, Koenma? Uma luta dos kamaitachi contra os seus protegidos pelo mundo dos humanos! O que eles pensam que estão fazendo?! 

— Acalme-se, Otake — ele o respondeu.

— Como vou me acalmar? A minha função é proteger os humanos! Já pensou em quantas vidas inocentes devem ter sido prejudicadas hoje? Eles estão mais poderosos do que antes! Você não tinha dito que a relíquia estava protegida? Então, como eles conseguiram pegá-la de volta?!

Koenma engoliu em seco, sem resposta. 

— Ela estava protegida. Eu ainda não sei o que aconteceu. Preciso entrar em contato com Yusuke e os outros pra saber.

— Eu sei o que aconteceu, seu idiota. Você confia demais nesses infelizes!

— É melhor abaixar o tom, Otake. Eu vou agora mesmo conversar com Kurama. Ele vai saber me explicar tudo isso. 

— Senhor Koenma…— Botan o chamou. A voz fraca e hesitante casava perfeitamente com o seu semblante preocupado — Não vai encontrar o Kurama. 

Koenma e Otake a encararam sem entender. 

— Nem ele, nem Yusuke e nem Kuwabara. Eles não estão aqui no Ningenkai. Devem ter ido pro Makai.

— Como assim? E Yue?

— Também não está na casa do Kurama. Eu fui verificar e o apartamento dele estava uma bagunça. Abandonado e com sinais de arrombamento. Aconteceu alguma coisa...

Koenma desabou na cadeira estofada que ocupava naquela ampla sala, derrotado, perdido e desacreditado pela reviravolta de toda aquela situação. O líder espiritual sentia como se o mundo houvesse desmoronado em cima dele. Sem piedade, Otake se aproximou irritado, apoiando-se sobre a mesa que os separava para curvar-se em sua direção.

— O que quer que aconteça agora, será sua culpa, Koenma. 


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Notas finais do capítulo

(1) Floating Leaf é aquela planta que o Kurama usa pra voar assim que vai pro Makai enfrentar o Sensui. Parecem umas asas e tudo mais...
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O esquadrão de Defesa do Mundo Espiritual também aparece nesse mesmo arco, com o intuito de separar o Ningenkai do Makai, e também destruir o Yusuke, que passa a ser visto como uma ameaça. O Capitão do esquadrão é o Otake, que pouco apareceu no mangá.

Enfim, muita coisa acontecendo nesse capítulo, mas nos próximos terá muito mais. Esperamos que tenham gostado o/



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