Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 2
Quando eu deixei você partir


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui com outro capítulo meninas. Não vou me alongar muito, agradeço de coração a quem está favoritando, comentando e compartilhando a história. O feedback de vcs tem sido tudo pra mim, me motiva a continuar. OBRIGAAAAADAAAAA.



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Boston, Universidade de Direito de Harvard, 5 anos atrás... 

 

— Regina, você está bem? – Emma perguntou da porta do banheiro – Já tem uns dias em que acordo contigo com a cara no vaso. 

Apertando o botão da descarga, Regina levantou e caminhou até a pia lavando o rosto e a boca, encarando o espelho em seguida. Sua imagem estava horrível, vivia enjoada e suspeitava o porque, sua amiga se colocou do lado dela e tocou seu ombro. 

— Acho melhor irmos até a enfermaria e conversar com o médico de plantão – Regina lançou-lhe um sorriso aguado e suspirou tomando coragem. 

— Eu acho que sei porque estou assim Emm... – a loira a olhou confusa ainda não entendendo onde sua amiga queria chegar – Eu... eu acho que estou grávida. 

— OH MY GOD REGINA!!! OH MY GOD! Você está brincando comigo não é? GRÁVIDA? O que você e aquele imbecil do Robin tem na cabeça? Vocês não usavam camisinha? 

— Sim, usávamos, mas as vezes confesso que acabávamos esquecendo – Regina continuou olhando o chão enquanto mexia impaciente os dedos sobre o balcão. 

— Merda, merda, merda... Mil vezes merda! Como você achou que sexo desprotegido fosse dar em algo bom? Como vocês vão criar uma criança? Você está no meio da faculdade e seus pais? Se fossem os meus iam me matar! Pelo menos você não foi estúpida o bastante para engravidar de um qualquer, seu filho terá a sorte de ter um pai rico – ela sorriu totalmente sem humor – Isso se ele não for deserdado, porque do jeito que aquela cadela da mãe dele te odeia, agora que terão um bebê... 

— Pare de falar Emma! – elevou a voz para conseguir calar a amiga – Eu sei que vacilamos, mas agora preciso ter absoluta certeza, vou comprar uns testes de farmácia e depois fazer um hemograma.  

 

* * *

 

— Então? – Emma perguntou ansiosa. 

— Deram positivo todos os 4. 

— Ferrados! Vocês estão ferrados! 

— Obrigada pelo lembrete – revirando os olhos, Regina suspirou, andou pelo quarto até sua cama e se jogou encarando o teto. 

— Desculpas?! Eu só estou preocupada como nunca estive antes, parece até que o pai sou eu – Emma sorriu e a morena também, mas totalmente sem humor. Sentando-se ao lado dela na cama, ela bateu de leve sobre suas coxas e  Regina se deitou em seu colo, deixando as longas mechas escuras livres para os afagos da loira e esperando que lhe trouxessem o conforto de sempre – Você é minha melhor amiga e isso é uma grande responsabilidade. Vai ligar para o Robin? 

— Vou, mas não agora, primeiro vou fazer um hemograma, esperar passar todo esse processo que envolve a formatura dele. Ele está atolado com a tese e o exame da Ordem. Agora eu preciso me concentrar nos meus exames finais. 

— Se eu fosse você não esperava não, o quanto antes melhor... E parabéns! –ela a abraçou apertado – De verdade, afinal, eu vou ganhar um sobrinho lindo para mimar. 

 

* * *

 

Um mês havia passado e Regina não tinha conseguido contar a Robin sobre a gravidez. Com toda a agitação com seus exames e ele com seus compromissos, tese e uma viagem de uma semana a NY para resolver um caso da sede da Locksley Advogados e Associados de lá, o casal de namorados tinham se visto apenas 3 rápidas vezes dentro daqueles 30 dias. Regina tinha recebido o resultado do hemograma há alguns dias e se sentiu tentada a contar. Precisava que ele a tomasse em seus braços e a tranquilizasse quanto ao futuro deles e daquela vida que ela estava gerando.  

Manter aquele segredo de Robin estava acabando com ela. Porém decidiu esperar até depois da festa de formatura que aconteceria aquela noite. Pois, se ela lhe daria aquela notícia, seria melhor que eles estivessem com suas cabeças livres das últimas pressões que os envolviam para pensarem bem no que fariam. 

 

* * * 

 

A noite soprava uma fresca brisa de verão, Regina agradeceu quando a sentiu sobre seu rosto assim que saiu de dentro do salão chique onde acontecia a festa de seu namorado. Precisava de um pouco de ar, sua pressão baixou e ela jurou que iria desmaiar no meio de todos. Era o que faltava para piorar sua noite. Passou a maior parte desta sentada ao lado da família Locksley, que fazia questão de deixar claro o quão insignificante ela era para eles não lhe dirigindo a palavra. 

Ela nunca tinha se sentido mais alheia a um lugar como estava se sentindo ali naquela mesa. “Oh merda! Como vai ser quando aquela mulher descobrir que estou grávida do neto dela? Vai me odiar mais do que já faz”. Robin estava seguindo a cerimônia com os outros formandos e ela estava ali, a mercê de sua família aristocrata mesquinha. E tinha ainda Marion, a noiva prometida de seu noivo, que por incrível que pareça foi a única pessoa a ser cordial com ela. 

Regina começou a se questionar porque admirava tanto os pais de Robin, eles eram profissionais respeitadíssimos na área do direito. O escritório Locksley era aclamado e exibia diversos prêmios em suas prateleiras. Em Londres, eles tinham o respeito de defender a família real em qualquer problema jurídico que lhes ocorresse. Entretanto, cercados de tanto luxo e riqueza, aquelas pessoas sentadas ali, haviam esquecido coisas básicas como educação, cordialidade e gentileza. 

Suspirando, ela passou a admirar as luzes que dançavam no lago diante dela, a sintonia entre o vento e as águas, formando pequenas ondas, balançando alguns veleiros ancorados ali. Escorando na barra de proteção, ela puxou fundo a respiração e fechou os olhos, agradecendo novamente pela brisa que tocava sua pele, se sentindo um pouco menos enjoada. 

Estava tão concentrada em não vomitar, que não percebeu quando alguém se aproximou e tocou sua cintura de leve. Dando um salto com o susto, seu coração se tranquilizou ao ver que era Robin. 

— Está tudo bem com você meu amor? – ele a encarou preocupado, já deslizando a mão em seu rosto e acariciando sua bochecha. 

Ele sabia que tinha algo de errado. Podia ler em suas orbes tão escuras quanto o lago a frente deles, mas que para ele eram sempre tão claras quanto a lua que os iluminava aquela noite. 

— Não, não está tudo bem Robin. Sua família me trata como se eu fosse absolutamente um nada, ninguém me dirigiu a palavra naquela mesa, com exceção de Marion, e agora vou até ter que começar a gostar dela – ela soprou um sorriso amargurado e Robin subiu a outra mão pelo seu corpo, até encontrar aquela que embalava seu rosto. 

— Por que você se preocupa tanto com eles meu amor? O que eles pensam sobre você não me interessa. 

— Como não Robin? Como vamos ter um futuro juntos se serei um eterno motivo de discussão entre você e seus pais? – ela tentou puxar o rosto de suas mãos, mas ele não deixou. 

— Regina, não estou entendendo porque tudo isso? Eu já disse a você que abriria mão de tudo por ti, incluindo minha família. Então, por que toda essa preocupação com eles agora? – Robin passou a encará-la um tanto intrigado, esperando por uma resposta, descendo as mãos para a cintura para lhe dar um pouco de liberdade. 

“Porque antes eu não estava esperando um filho seu!” 

Ela pensou, mas não disse. Todavia, era seu momento. Ela deveria simplesmente soltar a bomba agora. 

— Porque...   

“Droga Regina! É Robin, seu Robin parado ali, não tinha porque todo aquele medo”

Puxando um respiro profundo, ela reuniu toda a coragem dentro de si e abriu a boca, mas foi interrompida por um grito: 

— ROBIN? Cadê você meu amigo? Eles já vão chamar nossos nomes. 

— Estou ocupado Kilian! - suas mãos continuavam presas a cintura de Regina, seus olhos buscavam os seus atrás de uma resposta. Ignorando completamente o chamado de seu amigo. 

— Eu acho melhor você entrar Robin. Não quero que sua mãe diga que além do seu futuro, também estraguei sua formatura. 

— Você vem comigo então? 

— Não. Eu não volto mais ali dentro. Meu lugar não é ali com aquelas pessoas. 

— Seu lugar é ao meu lado Regina aonde quer que eu esteja – Robin começou a fazer um olhar pidão que ela não sabia resistir. 

— Não faça esse olhar para me convencer – ela o repreendeu – não estou me sentindo bem e voltar ali vai me deixar pior. Me perdoe por não estar com você nesse momento tão importante da sua vida, mas isso me fez refletir sobre o nosso futuro juntos. 

— Você está querendo terminar comi... – ela logo o cortou. 

— Não, não quero terminar com você, mas estou muito confusa agora, eu só... acho que eu só preciso de espaço. 

— Robin – dessa vez foi Marion quem apareceu na porta o chamando – sua mãe pediu que eu te chamasse, pois já iniciaram a chamar os nomes. Tudo bem com você Regina? – ela questionou simpática. 

— Vá Robin! – ela sussurrou sobre os lábios dele, usando sua voz de comando e ele derrotado se virou para Marion. 

— Estou indo Marion, obrigada por me avisar – voltando-se para sua namorada ele a encarou triste – Me manda uma mensagem quando você chegar em casa para eu saber se chegou bem. Nós precisamos terminar essa conversa, Ok? – ela se virou para olhar o lago, incomodada, sem saber direito se era pela presença de Marion ali, se pela família dele ou por todo o conjunto – Regina? 

— Ok Robin. Agora me deixe ir, tchau – ele se inclinou para lhe dar um beijo e ela permitiu um pouco a contragosto, porém, quando seus lábios se encontraram, ela se lembrou o motivo de ser tão apaixonada por aquele homem, pois, após o contato, ela se sentiu um pouco menos chateada com toda a situação.  

— Vamos? – era Marion o chamando novamente. 

Robin bufou pela intromissão, mas era cortês e britânico demais para ser mal educado com ela. 

— Eu te amo – sussurrou beijando seus lábios mais uma vez – não desista de mim e nem de nós – Regina assentiu se afastando, lhe direcionando um último sorriso aguado. 

Aquela noite, após a cerimônia solene, Robin enviou várias mensagens para Regina e não obteve resposta de nenhuma, com exceção da primeira, onde ele questionara se ela tinha chegado bem em casa. Frustrado e procurando um alento para seu coração ferido, ele começou a beber como há muito tempo não fazia, o que ele não sabia é que se arrependeria muito disso até a manhã seguinte. 

 

* * * 

 

 Eleanor se aproximou de Marion, enquanto fitava Robin sentado sozinho no bar, pela quantidade que havia bebido, era melhor alguém pará-lo, ou ele poderia ter uma overdose. Ela realmente não conseguia entender como aquela garota tinha enfeitiçado seu filho a ponto dele se permitir ficar assim, bebendo como um vadio qualquer só pelo fato dela ter ido embora. 

Entretanto, ela usaria isso a seu favor. Quem sabe assim seu filho não colocaria a cabeça no lugar, perceberia quem ele era e a que estava destinado. Ninguém atrapalharia o futuro brilhante que ela havia projetado para ele, ninguém. 

— Querida, por que você não tenta convencer Robin a ir para casa?  

— Eleanor, se seu filho se levantar daquele banco, ele certamente cairá. 

— Eu não duvido. Veja bem, meu Robin não é assim, isso é o efeito que aquela garota causa nele. 

— Ele está apaixonado e sofrendo – ela sorriu revirando os olhos. 

— Então use isso ao seu favor e o faça se lembrar quem ele é e o que o futuro tem guardado para vocês. Ou você vai simplesmente abrir mão dele para aquela garotinha? 

Marion a encarou enquanto Eleanor a fitava de volta, o olhar desafiador que instigou a jovem a se levantar e se aproximar de Robin envolta em uma falsa áurea de compreensão e apoio. E inocentemente, ele ia sendo fisgado pela teia de uma aranha e se tornava uma presa pronta para ser devorada. 

 

* * * 

 

A batida na porta fez com que Regina despertasse de seus devaneios. Ela estava inquieta desde a formatura. Depois das mensagens que ele havia mandado na madrugada e ela tinha ignorado, não tinham mantido contato até ela ligar aquela tarde e pedir para que eles conversassem a noite. Existia algo pairando entre eles, Regina sabia que mantinha um segredo, mas agora, acreditava que ele possivelmente guardava algo e temia descobrir o que era.  

— Oi Rob, entre – ela deu espaço para que ele passasse, se inclinando e bicando seus lábios em seguida. 

— Oi meu amor – ele a abraçou apertado, beijando o topo da sua cabeça e respirando o cheiro de maçã tão familiar. Regina correspondeu na mesma medida – senti saudades suas! 

— Eu também, odeio a distância que se formou entre nós, parece que passamos uma eternidade distantes... – ela fez um biquinho doce de indignação, os lábios torceram de leve e ele se derreteu. Mas tinha ido ali por um motivo, precisava tirar o peso de seus ombros, encarando-a com os olhos cheios de pesar, ele foi direto. 

— Regina, tenho algo para te contar. 

— Que bom, eu também tenho, foi por isso que pedi para você vir. 

— Você primeiro – Robin disse. 

— Não Rob, você. Afinal, quem pediu primeiro começa – assim ela acumulava mais coragem. Ela o guiou até sua cama e eles sentaram-se, o hemograma estava no criado mudo, bem próximo dela. O pegou enquanto ele se acomodava, escondendo embaixo do travesseiro para que não visse, até o momento em que ela revelaria sobre o bebê. 

— Regina... – ele cruzou os dedos de uma das mãos deles, engolindo a seco – na noite da formatura, depois daquela conversa que tivemos, eu deveria ter ido contigo, a festa havia acabado para mim ali. Mas você insistiu pra que eu ficasse e evitasse mais problemas com minha família – ela concordou com a cabeça, acariciando seu braço com a mão livre, o incentivando a continuar – Eu bebi, permaneci contra minha vontade, tinha planejado algo especial para nós dois depois da cerimônia e tudo foi por água abaixo. Você tinha ido embora chateada comigo e eu estava tão frustrado que bebi como um desesperado. Depois disso eu só me lembro de acordar em casa na manhã seguinte – ele desviou o olhar do dela, a inocência que ele estava vendo ali, a confiança, tudo, estava prestes a ser quebrado. 

— Desculpe Robin, mas eu não entendi o que você está querendo me dizer. 

A garganta dele secou devido o desespero, um nó se formando tamanha a angústia que ele teve dificuldade de engoli-lo. 

“Deus, como ele contaria aquilo para ela?!”. 

— Quando eu acordei naquela manhã, eu não estava sozinho. Marion estava ao meu lado – ele fechou os olhos e suspirou derrotado, sentido-a se enrijecer e afastar-se dele como se tivesse levado um choque. 

Regina pareceu ter recebido um soco no estômago, o ar lhe faltou e o coração agora pesava toneladas.  

“Como ele pode fazer aquilo com ela?” 

— Você... você transou com ela? – indagou ferida e com a cabeça baixa. Ele voltou a encará-la, ela havia se afastado e agora parecia um animal ferido, encolhido num canto escuro. 

— Eu não lembro Regina, eu juro que não tenho uma memória se quer, a última coisa que me recordo foi que eu mal conseguia ficar em pé, Marion se aproximou e disse que me levaria para casa. Nós acordamos sem roupas, Marion me disse que aconteceu. Porém eu... – ele suspirou outra vez – não tive desejo ou intenção de levá-la para cama enquanto estava consciente, eu sei que fui desonesto porque acordei com outra mulher do meu lado enquanto tinha um compromisso de lealdade e amor com você.  Eu sinto tanto por quebrar sua confiança, seu coração, juro que não quis fazer isso, por favor, me perdoe, eu te imploro. 

— Você dormiu com a garota que deveria ser sua noiva, você tem noção do que isso significa para mim Robin? Ou para sua família? Que a essa altura com certeza está planejando os detalhes do casamento de vocês. 

— Eu sinto muito, não quero desviar minha culpa por causa da bebida, sei que fui um traidor covarde, só que eu nunca tinha bebido a ponto de não ficar consciente dos meus atos dessa forma. Não era meu objetivo te machucar amor, eu venho me sentindo um lixo desde então... Regina eu te amo e ter que admitir isso para ti está me ferindo também. 

    - Eu não sei o que dizer Robin – ela o encarou, a dor era visível nos olhos de ambos – Você dormiu com outra e isso colocou uma barreira entre nós. 

— Regina, será que você pode encontrar uma forma de me perdoar? Eu não posso te perder. 

— Não – assustado, Robin a olhou, o coração perdeu uma batida de tanto medo – Pelo menos não agora, você poderia ir embora e me deixar sozinha? Preciso de um tempo para pensar. 

— Claro – levantando-se derrotado, ele caminhou em direção a porta, mas parou no meio do caminho, colocando as mãos nos bolsos frontais da calça – O que você queria me dizer? 

Dando um riso triste e balançando a cabeça, falou: 

— Esquece... 

Abrindo a porta, ele olhou mais uma vez para a cama, ela brincava com o anel que ele havia lhe dado, seu olhar preso no giro da joia de prata. 

— Regina – ela o fitou – Nunca se esqueça que eu a amo e que meu futuro é você, sempre será, minha promessa é eterna – ao bater porta, num movimento sincronizado, uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dos dois. 

 

* * * 

 

  - Regina, por favor, saia dessa fossa horrível, você vive nessa cama, quando não está no sanitário vomitando. Eu sei que o que Robin fez te machucou, mas perdoe o pobre homem, ele estava inconscientemente bêbado, foi impensado, ele não foi canalha, não fez por querer e ele te ama. Você sabe que eu seria a primeira a fritar as bolas dele se ele fosse um babaca contigo. Responda ao menos um telefonema ou mensagem, eu cansei de ser carteiro dele – Emma apontou para a pequena pilha de bilhetes que ela mandava todo dia, buscando redenção –lembre-se que você precisa contar a ele sobre o bebê. Mesmo que não o queira mais, vocês compartilham um filho e ele deve ajudá-la.  

— Emma, se Eleanor já acha que quero o filho como uma forma de ascender na vida, quando descobrir sobre o bebê terá certeza. Não sei qual a cisma dela comigo, meus pais não tem a conta bancária deles, é claro, mas vivemos bem, sempre tive uma boa educação, fiz cursos auxiliares de linguagens e arte, isso tudo porque eu não tenho sangue nobre? É ridículo! Talvez isso seja um sinal para que eu me afaste dele de vez... 

— Não seja ridícula Regina! O único sinal latente é que você precisa contar sobre o bebê. Eleanor é uma mulher egocêntrica e mesquinha que acha que o mundo gira em torno dela. O tipo de gente que eu detesto – revirando os olhos ela prosseguiu – Robin te ama, mesmo que tenha sido estúpido o suficiente para te engravidar agora. Ligue para ele, marque um encontro e resolva isso por favor – abraçando a amiga, ela apertou sua mão tentando lhe confortar um pouco – eu quero minha amiga divertida de volta. 

— Você tem razão, preciso dizer para ele. Até porque daqui uns dias começará a ficar evidente e eu preciso contar aos meus pais também, oh God

— Ei, vai dar tudo certo – Emma permaneceu com os braços ao redor dela – se não der, eu estarei aqui com você, te dando todo suporte que você precisar – sorrindo, Regina agradeceu a quem quer que fosse por seu caminho ter cruzado com o da loira desbocada.  

— Obrigada Emm por estar ao meu lado – Regina se afastou do abraço levantando-se da cama, lavando o rosto e ligando para o número de Robin. 

 

* * * 

 

    - Robin dear... Você está aqui? – Eleanor entrou no quarto do filho e o procurou. Ao ver a porta do banheiro aberta, ela escutou o chuveiro ligado, percebeu que ele estava no banho. Quando ia fechar a porta o telefone começou a tocar, a foto da estudante morena que tinha atrapalhado seus planos apareceu na tela. Cogitou desligar, mas esperou a chamada terminar com o aparelho em mãos. 

O sinal da caixa postal apitou e ela ouviu o recado: 

“Robin, bom dia. Eu sei que não tenho respondido você ultimamente, mas eu precisava de um tempo depois da história com Marion... Será que nós podemos conversar pessoalmente? Vou mandar uma mensagem com o endereço de uma cafeteria, me liga quando ouvir o recado.” 

O telefone vibrou, uma notificação de mensagem apareceu e o horário para o encontro. Eleanor sorriu, o filho era igual ao pai, não se preocupava em colocar senha nos eletrônicos. Destravou a tecla de segurança automática e apagou as mensagens, tanto de texto como de voz. Ela mesma iria ao encontro da tal de Regina e resolveria essa situação, aproveitaria que o coração de Robin já estava sofrendo pela separação momentânea da namoradinha e faria aquilo se tornar permanente, ele sofreria de uma vez só. Quem sabe depois disso seu juízo não voltasse e seguisse os planos que foram estabelecidos para ele. 

Saiu do quarto ao escutar o chuveiro sendo desligado e foi até a outra ala da casa, aquela destinada aos hóspedes onde Marion estava acomodada. 

— Olá querida, cancele todos os seus compromissos dessa tarde, você irá comigo a um lugar as 16h.

 

* * * 

 

Sentada numa mesa próximo a grande janela de vidro, Regina apreciava a vista do jardim aconchegante do lugar, alguns beija-flores enfeitavam o ambiente, seduzidos pelas flores radiantes da primavera. Eleanor e Marion andaram até a mesa e sentaram-se, a estudante estava tão distraída com os pássaros que só notou quando as cadeiras de vime foram arrastadas. 

Encarando as duas mulheres vestidas elegantemente, com duas bolsas Chanel da nova coleção penduradas nos ombros, ela tentou empurrar a apreensão que se formava em seu estômago.  

“Aonde Robin estava e o que elas faziam ali?”. 

Por longos segundos elas apenas se olharam, até que Regina se pronunciou: 

— Boa tarde. O que vocês duas fazem aqui? 

— Viemos conversar contigo querida – Regina sentiu a ironia expressa em cada silaba da última palavra. 

— Desculpe, não quero ser grosseira, mas eu não tenho nada para conversar com a senhora – fitando Marion ela continuou – nem com você.  

— A questão é que eu tenho algo para falar e você vai me ouvir. 

Regina se levantou, pegando sua bolsa na única cadeira que ficou fazia na mesa de 4 lugares, depois que suas “companhias” sentaram-se. Eleanor a puxou pelo pulso, fazendo-a sentar-se outra vez, sua bolsa caiu no chão com o movimento brusco, recolhendo-a rapidamente, a depositou aonde estava apoiada antes. 

    - Diga logo o que a senhora quer, por favor, e me deixe ir embora, não vim aqui para encontrar vocês – Regina começou a sentir muito incomodada e com toda a sensibilidade que havia ganhado com a gravidez, estava lutando para não chorar. 

— Você veio para encontrar meu filho, então é meu assunto. Quero que o deixe em paz, trouxe Marion para que a conhecesse melhor. É com ela que Robin vai se casar, isso está acordado desde quando eles eram apenas crianças e você está atrapalhando o relacionamento deles. 

— Veja bem Sra. Locksley, Robin e Marion não tem relacionamento nenhum, além desse criado pelas mentes de vocês, não estou atrapalhando nada! Robin é um homem adulto e livre para decidir o que bem quiser da vida dele. Eu o amo e não vou desistir dele – voltando a encarar Marion, ela continuou – Me admira você, uma moça tão elegante participar de algo tão obsoleto quanto este acordo ridículo. 

— Eu sei bem o que você ama no meu filho. 

— A senhora está muito enganada. Não preciso do dinheiro de Robin, meus pais não são ricos, nobres e nem temos um grande patrimônio, mas vivemos bem e não sou o tipo de mulher que será sustentada por homem nenhum, eu estudo e muito, para me dar um futuro bom. Então tire essa ideia da sua cabeça, como já disse, eu amo Robin, não o dinheiro ou o status que o sobrenome Locksley carrega. Agora por favor, me deixe ir embora – ela deu um impulso para se levantar, quando finalmente Marion abriu a boca. 

— Então você já perdoou Rob por ter dormido comigo? – Marion disse e Regina sentiu uma onda horrível de náuseas. 

— Isso é algo que nós estamos conversando. E não devo satisfações a você sobre minha decisão. 

— Nem se eu lhe dissesse que aquela noite deixou consequências maiores do que a separação de vocês?! 

Franzindo o cenho, Regina a encarou estudando-a. Demorou dois segundos, até ela perceber o que Marion queria dizer.  

“Não!”  

“Não...” 

— Você está grávida?! – Regina sentiu o ar faltar, parecia que o mundo ao redor dela tinha parado apenas para escutar a resposta àquela pergunta. 

— Sim, descobri não tem mais que uma semana. Só contei ao Robin, nem Eleanor sabia – a senhora loira a olhou e ela realmente estava tão surpresa quanto ela, só que de uma forma agradável.  

Regina sentiu a cacofonia da revelação zumbindo em sua mente, o estômago revirando “bebê, essa não é uma boa hora”, o coração se contorcendo, batendo rápido, liberando pancadas e mais pancadas de dor – Eu espero que você permita que o meu filho tenha um pai – mentalmente indagava: “e o meu?” – e que nós possamos criá-lo como uma família. 

— Isso não sou eu quem vai decidir, e sim Robin. Mas não se preocupe, “não ficarei mais no caminho de vocês” – zombou revirando os olhos – Acredito que tudo tenha ficado resolvido entre nós 3, portanto estou indo embora. 

— Adeus! – Eleanor falou.  

Regina saiu tão apressada rumo ao banheiro, na ânsia de vomitar, que não viu seus pés arrastarem o envelope do hospital que havia caído de sua bolsa, deixando-o no campo de visão de Eleanor, que estava sentada ao lado dela. Pegando o papel ela se surpreendeu ao notar o exame de sangue marcando BHCG positivo. “Robin tinha sido estúpido e irresponsável para engravidar a garota”

— Marion, como você me escondeu que estava esperando meu neto? – perguntou extasiada. 

— O que é isso que você tem nas mãos? 

— Nada com o que você deva se preocupar – enfiando o envelope com exame em sua bolsa, ela se sentou mais perto de Marion, com um sorriso enorme no rosto – Agora nós precisamos contar a Robin, tenho certeza que ele vai adorar. 

— Não Eleanor, não faça isso! Disse aquilo sobre a gravidez apenas para fazer com que Regina desistisse de vim atrás de Rob, não estou esperando bebê nenhum. 

— Mas mantenha a história, vamos usá-la como um impulso para Robin se casar contigo, ele é muito honrado para deixar um filho sem uma família.  

 

* * * 

 

Duas semanas depois... 

 

— Regina, por que você está arrumando suas coisas? Vai viajar? 

— Não, eu conversei com meus pais, depois que vi o anúncio oficial do noivado de Robin estampado em todas as colunas sociais, percebi que ele decidiu brincar de casinha com Marion, então eu não preciso ficar aqui e assistir. 

— Mas você o ignorou completamente... – Emma disse sentindo a adrenalina acelerar dentro dela.  

“Sua melhor amiga estava indo embora?”  

— Continuando Emma – Regina lançou um olhar ferido para a amiga – Meus pais só concordaram em me ajudar se eu cortasse ligações com Robin e fosse recomeçar em outro lugar. Não quero que ele me veja grávida e tente reatar só pelo bebê, se Robin escolheu o conforto que a família lhe oferece em meu lugar, nada posso fazer. 

— Venha cá – ela abriu os braços e Regina a abraçou apertado – Quero que você chore, que grite, que libere todas as emoções que tem guardado ultimamente, ouvi dizer que não faz bem para o bebê, comigo você não precisa se fingir de durona. 

Mills seguiu o comando da amiga e chorou, chorou as lágrimas guardadas durante toda essa confusão. Chorou pela traição e por ter sido trocada, chorou pela covardia de Robin, por sua falta de convicção, por tê-la enganado, porque agora seu bebê não teria um pai, uma realidade tão comum da qual ela jamais se imaginou refém... Todos os seus medos foram colocados para fora, Emma sentiu o coração da amiga se quebrando em pedaços, compaixão inundando o dela própria, ela afagou as costas e cabelos de Regina até que ela se acalmasse e depois beijou sua bochecha, sentando-as na cama. 

— Você não vai dizer que eu estraguei tudo? Que ferrei minha vida e tomei um chute na bunda? 

— Não, você já sabe disso – ela sorriu – Agora vou dizer algo que você ainda não sabe. Primeiro, você está sendo muito mais corajosa do que eu teria sido no seu lugar, talvez eu tivesse optado pela escolha mais viável e teria feito um aborto. Segundo, eu vou sentir muito sua falta, muito mesmo. Terceiro, eu amo o seu bebê tanto quanto eu amo você. Mesmo que ele venha ter os genes do imbecil do Robin – Regina abriu a boca – E não me venha defendê-lo. 

— Eu não ia, não teria argumentos. Pensei em ir para o Canadá, mas meus pais conhecem alguns professores em uma universidade em Paris, como eu falo a língua e eles gostaram das minhas notas, fui aceita. Só vou parar de estudar quando o bebê estiver perto de nascer. Assim que eu estiver fixa, te mando o meu endereço. Vou sentir sua falta também Emm. Obrigada mais uma vez. Eu amo você dona encrenca. Ah, por favor me prometa uma coisa... 

— Diga. 

— Não conte ao Robin sobre o bebê em hipótese alguma, essa criança vai ser apenas minha. 

— Como você desejar. 

 

* * * 

 

— Mamãe, por que você anunciou um noivado que não existe? – Robin jogou a revista estampando uma manchete com fotos dele e Marion – Eu não vou me casar com ela, já disse! 

— Querido e quanto ao seu filho? 

— Eu vou dar todo meu amor e apoio a ele, vou assumi-lo e dar-lhe meu sobrenome, me tornarei totalmente responsável por essa criança, mas não tenho que fazer o mesmo por Marion. Estou cansado de repetir que não a amo, não posso viver uma vida ao lado de uma mulher por quem não sinto nada! Deve ser por isso que Regina está me evitando de todas as formas possíveis... Droga! Imagina quando descobrir sobre o bebê... Eu sou mesmo um idiota! 

Eleanor manteve-se calma ao ouvir o nome da garota, sentiu seu estômago se encher de antecipação, lembrando que seu neto, na verdade, crescia nela e não em Marion como falsamente tinham contando. 

— Regina deve ter percebido que nunca o amou e por isso se afastou, entendeu que o melhor para você é Marion.  

Ele suspirou irritado, bateu as duas mãos sobre a mesa de mogno do escritório da mãe, assustando-a. 

— O melhor para mim é a mulher que eu amo! – vociferou – Eu já coagi demais com esse teatrinho de vocês, não me admira que Regina me odeie, mas vou lutar por ela. Se quiser me deserdar, vá em frente. Não vou abrir mão dela, nem por Marion, por um título idiota ou por todo o dinheiro e conforto que existirem. Espero que tenha ficado claro – ele se retirou da sala sem olhar para trás, deixando a poderosa advogada sem palavras ou argumentos. 

 

* * * 

 

— Regina abra essa porta, por favor! Você vai falar comigo hoje, por bem ou por mal – ele dizia ofegante. Tinha saído do escritório, entrado no carro e corrido até o dormitório dela. 

— Regina não está aqui – disse Emma com uma cara de poucos amigos ao abrir a porta, o suficiente para que apenas sua cabeça tivesse passagem. 

— Eu não acredito. Regina – chamou outra vez – precisamos conversar! Eu nunca pedi Marion em casamento, aquilo é coisa da minha mãe... 

— Eu já disse que ela não está aqui, que merda!  

— Eu só acredito vendo – ele empurrou a loira com o máximo de delicadeza possível até que conseguiu entrar no quarto, quando viu o espaço que pertencia a sua verdadeira noiva vazio, ele temeu – Onde estão as coisas dela Emma? 

— Regina não mora, nem estuda mais aqui, ela foi embora. 

— O que? Para onde? Quando? – seu coração cheio de adrenalina da corrida de poucos minutos atrás, começou a ficar ainda mais agitado, misturando-se ao crescente desespero em seu sistema. 

— Já faz uns dias e não adianta me perguntar, pois mesmo que eu soubesse onde ela está não lhe diria. Você é um canalha imbecil, um traidor covarde! Eu deveria socar suas bolas por ter usado Regina como fez! Minha amiga sempre foi tão alegre e por pouco você não a destruiu, se não fosse pelo – ela mordeu a língua.  

“Controle-se Emma!” 

— Se não fosse pelo que? 

— Se não fosse o fato de você ser um moleque medroso, que põe o rabo entre as pernas cada vez que seus pais lhe dão uma ordem, tudo poderia ter sido diferente. Você acha que Regina não me contou sobre a gravidez de Marion? Onde você estava com a cabeça?  

— Ela já soube?! Merda! Não acredito, era para eu ter contado.  

— Claro que soube! – Emma revirou os olhos inconformada – Guarde melhor a prova da sua masculinidade dentro das calças, vire um homem de verdade Robin, aprenda a ser independente e depois procure Regina, ou melhor, deixe-a em paz, com certeza está bem melhor sem você! Agora saia do meu quarto – ela andou até a porta e a segurou aberta, o dedo estirado inflexível indicando a saída.

 

* * * 

 

— Oi, bom dia – Robin disse quando um homem de meia idade atendeu a porta da casa dos Mills – Eu gostaria de falar com Regina. Ela está? Sou... 

— Deixe-me adivinhar? – O homem, que ele sabia ser o pai dela, Henry, era calvo e muito mais baixo que ele e estava com um semblante irritado – Robin Locksley. Você deve ser o rapaz que partiu o coração da minha filha. 

— Sr. Mills, eu gostaria de conversar com Regina justamente para explicar o que aconteceu, foi tudo um mal entendido. Nunca foi minha intenção magoá-la. 

— Olha aqui meu rapaz – Henry saiu e bateu a porta atrás de si, parando em frente a Robin, olhando profundamente em seus olhos – eu não sei que tipo de educação seus pais lhe deram, mas os meus, me ensinaram que quando uma garota não quer vê-lo ou conversar contigo, você deve deixá-la em paz.  

— Por favor, só me diga onde ela está ou o número do telefone, Regina precisa saber o que realmente aconteceu. 

— A única coisa que minha filha precisa é ficar longe de você! Eu conheço seu tipo, faz de conta que é um cara legal para conquistar o coração das garotas inexperientes, depois parte os corações delas. Agora, se você veio aqui na esperança de que eu lhe desse qualquer informação sobre ela, perdeu seu tempo. Não direi, seu joguinho com Regina acabou, foi assim que ela mesmo quis. 

— Quem dera todos os pais pensassem como o senhor, minha vida teria sido mais simples... Obrigada e desculpe qualquer má impressão. Diga a Regina que meu futuro sempre estará com ela – virou-se e caminhou até seu carro. 

Henry esperou até o carro virar na esquina, quando entrou encontrou Regina descendo a escada com uma mochila, as outras malas estavam próximo a porta. 

— Quem era papai? – ele a admirou um pouco, sua menina se tornaria mãe em alguns meses, a barriga discretamente boleada não negava, mas ele ainda não conseguia acreditar. 

— Um vizinho pedindo uma ferramenta emprestada – sorrindo quando ela se aproximou dele, pediu – Pronta? 

— Sim – ela deu um sorriso aguado, como sempre fazia ultimamente beijando sua bochecha.

 

* * * 

 

Paris, França, 4 meses depois...     

 

— Meu amor, acalme-se e deixe a mamãe estudar – Regina massageou a barriga de 34 semanas, enquanto lia um livro para o último exame do semestre – você esteve inquieta o dia inteiro, o que está acontecendo aí dentro? 

Ela sorriu e foi tomar um chá de camomila para ver se sua filha conseguia relaxar e a deixava estudar. Estava sonolenta e começando a entender o quão ruim poderia ser o último trimestre de uma gravidez. Alguém bateu na porta do apartamento. 

— Emma! – exclamou feliz puxando a amiga para dentro, a abraçando em seguida – Estou tão feliz em tê-la aqui – seu sorriso não negava. 

— Eu não vim por você, vim pela minha sobrinha – acariciou a barriga de Regina e a olhou de cima a baixo – A propósito, você está linda grávida. 

— Obrigada – ela respondeu com um sorriso e as bochechas coraram pelo elogio.  

— Como estão as coisas por aqui? 

— Fora o fato de que minha filha não me deixa dormir está tudo bem – ela sorriu e encaminhou-as para o sofá – E por lá? Como vão as coisas? 

— Você não vai acreditar... Sr. Collins finalmente casou! – Emma riu e Regina formou um O com a boca. 

— Não acredito! Quem aceitou tal calvário? 

— Professora Charlotte, de Literatura Inglesa. 

— Pobre mulher – soltou uma gargalhada. 

— Realmente! E já aviso que vou ficar o fim de semana, então se não tiver uma cama extra vou dormir na sua. 

— Tenho um quarto de visitas – Mills revirou os olhos – acho que você não vai querer dormir comigo, principalmente quando o bebê começar a chutar, coincidentemente ela adora fazer isso quando me deito. 

— Azar seu! 

Sorrindo, ela se aproximou e pegou a mão de Emma colocando-a sobre sua barriga, aonde sua filha dava pontapés fortes. 

— Acho que ela gosta de você, converse com ela. 

— O que eu devo falar? – ela perguntou aflita. Regina sorriu. 

— O que quiser. 

— Ehh... Oi pequena – ela se inclinou, ficando com a boca bem perto da barriga de sua amiga – Você não vai demorar muito né? Se eu fosse você ficava aí dentro para sempre, aqui fora tem muitas coisas ruins... 

— Não diga esse tipo de coisa para minha filha Emma! Vai assustá-la – Regina disse dando um tapa de leve na amiga. 

— Me deixa continuar... – ela voltou sua atenção para a barriga novamente – Aqui fora tem muitas coisas ruins, mas também muita coisa legal. E, como sua tia postiça, é minha obrigação protegê-la de tudo, então, quando você estiver preparada, pode vim. Vou tomar conta de ti e da sua mãe. 

As duas amigas conversaram por horas. Contra todas as restrições médicas, Emma obrigou – pelo menos foi assim que a morena alegou – Regina a comer chocolate e a pipoca que ela tinha feito e elas colocaram um filme na TV ao qual nem prestaram atenção. 

— Vamos lá Regina, faça a pergunta que você realmente quer fazer... Sei que estás esperando por isso desde a hora em que eu entrei aqui. 

— Sou tão transparente assim? 

— Às vezes... 

— Você o viu? Ele realmente casou? – Emma percebeu o olhar de sua amiga se encher de antecipação. 

— Não o vi e também não sei dizer se ele casou. Uma recomendação: esqueça o cara e viva sua vida! 

— Ele foi atrás de mim alguma vez? – Emma também não deixou passar os fios de expectativa em sua voz 

— Para que você quer saber disso agora? 

— Porque eu preciso saber se ele sofreu pelo menos um pouco do que eu sofri! Caramba Emma... É difícil esquecê-lo... – ela suspirou – todos os dias eu olho para o meu corpo mudando, porque carrego um filho dele, um pedacinho de gente que eu amo mais do que qualquer outra coisa na minha vida, e vai ser assim até eu morrer, porque quando ela estiver aqui, todo dia eu vou olhar para uma parte minha e dele, sabendo que ele não me escolheu, que sou a segunda opção. Isso dói. 

— Ok, ok... – Emma cedeu – Ele foi, alguns dias depois que você se mudou. Mas eu o expulsei, xinguei, falei umas verdades e ameacei socar as bolas dele. Essa foi a única vez que ele apareceu por lá – Regina abaixou a cabeça e começou a rodar o anel que ganhara de Robin em seu dedo – Está tudo bem? 

— Sim – ela deu um sorriso aguado – Vamos mudar de assunto. 

.

.

.

E ela tentou tão valentemente esquecê-lo, tentou ser forte, mas quando sua filha nasceu algumas semanas depois, a olhando com grandes e brilhantes olhos azuis como os dele, ela chorou quando a tomou nos braços, chorou por que tudo o que queria naquele momento era Robin ao lado dela, para ver o quão linda era a garotinha que eles tinham feito. A perfeita combinação deles dois.  


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Notas finais do capítulo

Não me matem, não matem o Robin ou qualquer outro personagem da fic, eles são essenciais para resolvermos essa bagunça toda hauha Beijos, até o próximo e me sigam no no tt (@horadya), vou tentar postar spoilers por là enquanto escrevo os caps.



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