Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 1
Louise


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, sou nova no ramo de escrita de fics e essa é também uma tentativa de adaptar um plot de uma história original minha em uma fic OQ. Espero que dê certo e desde já me perdoem se alguns nomes aparecem trocados.
A ideia inicial era ser apenas uma oneshot, mas conversando com a Julia ela me incentivou a continuar. Obrigada lindeza. Sem mais delongas, se vc é um OQ shipper, essa história também é pra ti, desfrute.



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Boston, Universidade de Direito de Harvard, 6 anos atrás. 

 

— Ei Rê – Emma chamou fazendo a amiga se distrair da pilha de livros que lia – Quero que vá comigo na festa da irmandade dos veteranos hoje – Quando Regina começou a abrir a boca para recusar a loira se antecipou e continuou sua sentença – É uma ordem porque esses convites me custarão caro! 

— Quando você diz caro, se refere a dormir com um deles não é?! – ela enviou um sorriso maroto para a amiga – Eu sei que com certeza é Kilian Jones, você tem uma queda por ele desde o primeiro semestre só não admite... Então não será esforço nenhum, aliás, você vai fazer com muito gosto que eu sei. 

— Ok, talvez não tenha sido tão difícil assim o “preço” pelos convites – Emma riu desdenhosa – mas ainda sim você não pode recusar. O anfitrião é o herdeiro da Locksley Advogados e Associados – os olhos da jovem brilharam, era o sonho de qualquer acadêmico de direito estagiar naquele escritório – ele está no último ano e todas as festas que oferece são incríveis, calouros quase nunca são aceitos, vamos lá, me diga que não está tentada a relaxar um pouco?! 

— Emm, eu tenho uma pilha de exercícios para fazer, leis para aprender e um seminário para apresentar na segunda feira. Não posso me dar o luxo de ir a festas e encher a cara, você é uma péssima influência e vai me fazer passar da conta, amanhã terei uma enxaqueca horrível e não produzirei nada. 

— Regina please! Vamos lá, é só uma festa, quem sabe você não faz amizade com um deles, alguns dos caras do último ano tem muita grana, boas influências e podem te ajudar com os estágios mais na frente. 

 A garota passou a mão pelos longos fios ondulados negros, pensando, suspirou se jogando na cama do dormitório que dividia com amiga, um semestre na sua frente. Emma era uma ótima companheira, divertida e sempre pronta para qualquer programa, fizeram o ensino médio juntas e se tornaram inseparáveis, mas Regina trancou um semestre por conta de um curso que ganhou dos pais na França para aprender o idioma. Agora a loira estava finalizando o terceiro período, enquanto ela ainda no segundo. 

Elas se encaixavam tão bem na vida uma da outra que pareciam irmãs, se não fossem tão diferentes fisicamente todos até acreditariam, pois a sintonia entre elas era visível, era como se uma completasse a outra. Sentando-se ao lado dela na cama, Emma a importunou até que a amiga se rendeu e aceitou a proposta. 

— Você não vai se arrepender, tenho certeza! 

— Mas você vai, porque vai ter que me ajudar com toda a atividade que eu acumular. 

— Oh merda! – elas sorriram e se levantaram para procurar uma roupa. 

 

* * * 

 

— Relaxe Regina – Emma disse assim que elas passaram pela porta da irmandade – procure se enturmar e quem sabe até achar alguém, você precisa, aquele seu último namoradinho era um otário. 

— Oh Emm, não diga isso, Jefferson tinha um ego muito grande, mas seu coração era bom. 

Revirando os olhos ela rebateu: 

— Só você que enxergava isso... O garoto se achava o mundo e não era nem a metade dele, fiquei feliz que a universidade que o aceitou era bem longe daqui e que você resolveu pensar corretamente e terminar com ele... Porque as vezes você é tão ingênua que não acredito que seja minha amiga. 

— HEY! – ela deu um tapa no braço da amiga, que se desviou ao mesmo tempo em que avistou Kilian vindo em sua direção – Não voltarei para nosso quarto hoje, tome – ela sussurrou estendendo a chave do carro – quando achar que deve, vá para casa, mas curta a festa pelo menos um pouco, qualquer problema me chame – ela beijou sua bochecha no momento em que o rapaz parou ao seu lado a cumprimentando. Depois de apresentá-lo a Regina, os três desapareceram no meio dos convidados. 

 

* * * 

 

Sentada na escada de poucos degraus, que unia o casarão a calçada, ela olhava sem interesse para a rua e para os casais se agarrando pelo gramado e varanda. Ela se afastou da amiga meia hora atrás para dar um pouco de privacidade ao casal, pelo menos uma coisa ela tinha que admitir, a playlist era muito boa e estava curtindo enquanto deliciava-se da visão do céu estrelado. Sempre gostara, lembrava de quando era menina e seu pai a levava para acampar, ou quando subia para o telhado da casa escondido e ficava contando estrelas, entretida junto com sua amiguinha da rua, imaginando cenários e mundos encantados através o universo sem fim esculpido na imensidão do céu.  

— Você vem a uma festa e não bebe nada? Precisa me dizer onde encontro mais convidados como você, porque assim não vou a falência depois de bancar as bebidas – a primeira coisa que ela percebeu e gostou naquela pessoa foi o sotaque, o francês que ela tanto amava era charmoso, mas o modo como os britânicos falavam era extremamente sexy. Depois sorriu, virando a cabeça 180° graus para avistar quem falava com ela e lhe estendia um coquetel. 

— O tipo que não conhece ninguém e que foi trocada pelo cara que a amiga queria pegar há tempos – aceitando o copo mas não bebendo, Regina se afastou convidando o estranho para sentar – Mas não se engane, no momento eu não estou afim, entretanto poderia lhe causa um belo prejuízo. 

— Duvido! Perto desses marmanjos você não teria chance. A propósito, não tenha medo, não coloquei nada na bebida. Eu apenas te vi sozinha aqui e imaginei que talvez um drink te alegraria. 

Concordando, ela tomou um gole, o encarando com um meio sorriso e erguendo uma sobrancelha: 

— Você pagaria para vê?! – devolvendo o sorriso, o jovem bebeu mais um pouco do que ela acreditou ser whisky pelo tipo de copo que ele segurava. 

— Só se for outro dia, hoje minha conta já sofreu um baque grande demais – ele jogou um convite discreto e ela não era tola para não perceber... - Então? 

 - Hum... – segurando o queixo ela fez um biquinho que ele achou muito atraente enquanto pensava – Não costumo sair com quem não sei nem o nome... 

— Não seja por isso – estendendo a mão vazia ele prosseguiu – Robin de Locksley, a seus serviços senhorita... 

Surpresa porque não esperava conhecer justamente aquele cara, porém disfarçando bem, ela sorriu e apertando a mão do homem. 

— Mills. Regina Mills. 

— É um prazer Regina... Agora que sabemos os nomes um do outro, quando será que terei o desprazer de vê-la me fazer falir ao pagar suas bebidas...? 

— Oh, se depois que essa matéria acabar e eu ainda estiver viva – Robin a interrompeu gentilmente.  

— Deixe-me adivinhar... Sr. Collins está lhe dando aula? 

— Como você...? 

— Oras, eu já passei por ele e realmente é o pior dos professores. O que lhe falta em tamanho lhe sobra em palavras, o homem não cala a boca... Ele ainda faz aqueles... 

— Elogios ensaiados a reitora Katherine? – eles reviraram os olhos juntos e Regina acenou com a cabeça. 

— Sempre me causaram essa reação automática – sorrindo juntos, eles se olharam pela primeira vez, na verdade, Regina parou para olhá-lo pela primeira vez, porque desde que chegara Robin a observou de longe. Sua beleza era avassaladora e o fato dela não fazer ideia era o que a realçava.  

Os cabelos escuros como ébano estavam soltos e desciam pelas costas em ondas suaves e tinha os olhos castanhos, densos como chocolate líquido, lhe convidando para uma prova.  Ela vestia jeans escuro, botas ankleboos marrons de salto médio, uma blusa branca soltinha que deixava sua clavícula e ombros expostos, mas que agora estavam cobertas pela jaqueta de couro preta. 

Robin entretanto usava jeans “caros com certeza” ela pensou, coturnos e uma camisa da Jhon&Jhon. Diferente do perfil que tinha traçado, Regina se surpreendeu ao ver que ele não era um narcisista metido, pelo contrário, era extremamente divertido e espontâneo. Os olhos azuis eram o mesmo tom do mar numa manhã ensolarada, os cabelos loiros eram lisos e um pouco indisciplinados, ela até tinha notado uma mecha que insistia em cair pela testa dele e a barba por fazer lhe atribuíam um charme a mais. Para um playboy como o taxavam, ele tinha um estilo bem despojado. 

— Próximo sábado. 20 horas. 

— Ok, vou me preparar para a falência então – ele entregou seu celular nas mãos dela que o olhou confusa – Seu número ou você me deixa te dar uma carona até em casa? 

— Estou de carro – enfiou a mão no bolso e puxou o chaveiro balançando-o – vou te dar meu número, mas por favor, não distribua para os jogadores bêbados ali no gramado com intuito de me ‘trolar’ depois – brincou. 

— Oh, e correr o risco de algum deles embebedá-la antes de mim?! Ah, eu não sonharia com isso – ele sorriu abertamente e Regina sentiu uma sensação de euforia nova crescendo dentro dela, devolvendo o sorriso ela se levantou e se despediu. Até que a festa não tinha sido em tudo uma ideia estúpida, ainda sentado na escada observando-a entrar no carro, ela lhe deu um último sorriso quando entrou no veículo e jogou tchau pela janela.  

 

* * * 

 

Sábado seguinte... 

 

— Não, pela milésima vez Robin, eu não vou pular nessa piscina com você às 1h da manhã com o frio que está faze... – ele não a deu a oportunidade continuar, segurou-a pela cintura e pulou na água. 

Emergindo, Regina quis ficar brava, mas não conseguiu e os dois riram, ela começou a tremer, realmente fazia frio, afinal já era outono e Robin envolveu os braços ao redor dela. 

— Você é louco – ela riu e saiu vapor quando o fez. 

— Eu estou louco por uma coisa nesse momento – fitando a boca dela, ele se inclinou e parou a milímetros, dando-lhe tempo de se afastar caso ela não quisesse. Regina passou os braços ao redor do pescoço dele e com um pequeno movimento uniu suas bocas, que se encaixaram perfeitamente, numa mescla de movimentos, ora suaves, ora cálidos, deixando aquele infindável sabor de “quero mais”. O frio outrora esquecido, começou a incomodar, então saíram da água e Robin envolveu-os com as várias toalhas que encontrou ali. Deitando-se em uma espreguiçadeira, ela se acomodou sobre o peito dele coberto pela camisa molhada. Em meio a carícias discretas e tímidas, eles passaram a contemplar o céu. 

— Acho que estou me apaixonando por você. Isso é um problema? – ele perguntou depois de um longo silêncio. 

— Não... – Regina corou, feliz por ele não poder ver seu rosto, um sorriso tímido apareceu, a mão dele desceu para encontrar a dela que descansava sobre seu peito deixando o polegar deslizar suavemente ali – Porque se fosse, eu também estaria com problemas. 

 

* * * 

 

4 meses depois... 

 

— Eu não quero forçá-la a nada – Robin dizia ofegante após interromper o beijo para puxar uma respiração, depois de senti-la tirando seu casaco. 

— Eu sei, não me sinto forçada – ela riu e encostou seus lábios no dele – mês passado quando tivemos aquele momento intenso e eu hesitei, eu te disse não estar preparada para perder minha virgindade ainda, também lhe disse que quando estivesse pronta eu deixaria você saber... – levando sua mão até a bochecha dele e afagando-a continuou – Rob sei que é cedo, que sua mãe me odeia, mas... eu amo você. 

— Regina, por favor, retire o que disse – encarando-o assustada ela viu o canto da boca do namorado formar um sorriso – Eu queria ter dito primeiro – o jovem mordeu o lábio inferior tentando esconder um sorriso maroto – Acho que esperei tanto o momento certo que acabei perdendo a vez – eles sorriram. 

— Idiota! 

— Linda! – ele sorriu e beijou sua testa gentilmente. 

— Você me deu um susto... 

Sorrindo Robin segurou o rosto dela entre as mãos e prendeu seus olhares. 

— Você faz meu coração bater num compasso apenas seu, realmente aconteceu rápido e não sei o que tem de tão especial em você Regina, talvez sejam seus olhos castanhos e sedutores como chocolate, ou a forma como suspira quando estou para te beijar, ou quem sabe o jeito como você sorrir quando está envergonhada ou como você é inteligente e pode falar devotamente por horas sobre algo que ama e acredita... Você se encaixou na minha vida como mais ninguém, eu não sabia, porém, você era exatamente o que me faltava. E posso não saber como cheguei a tudo isso, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza: te amo minha garota da boca esperta. 

— Eu te amo tanto – respondeu com os olhos lacrimejantes o encarando emocionada depois de tudo o que tinha ouvido – e confio em você Rob, então me faça sua. 

— Nada me deixaria mais feliz – ele se inclinou para beija-la e quando viu o fogo em seus olhos suspirou para se controlar. 

Robin tinha convidado Regina para acampar no fim de semana, sua família tinha uma propriedade rural no Maine, sua intenção com a viagem não tinha sido essa, mas agora com sua namorada o olhando tão ardentemente e distribuindo beijos nada doces pelo seu pescoço, como poderia ele negar-lhe algo? 

Eles estavam deitados sobre um colchão inflável, estirado sobre a carroceria da sua Dodge ram, cobertos por uma manta grossa e aconchegante. Regina adorava o fato de que Robin também amava admirar a noite estrelada, o som da natureza e seus aromas. 

— Hey linda, se vamos mesmo dar esse passo hoje, não vamos fazer isso aqui no carro como se ainda estivéssemos no colegial – eles sorriram – Quero que seja especial para você e para mim também, vou te levar lá para dentro, colocá-la sobre a cama da suíte e amá-la como você merece. 

E assim ele fez, deixou as cortinas do cômodo abertas e acendeu algumas velas aromáticas que encontrou no banheiro. Apenas a luz do luar e a fraca chama das velas lhe deixavam apreciar a graciosidade de Regina. Ele despiu-a vagarosamente, deixando um caminho de marcas avermelhadas sobre a pele clara, onde ele não resistiu beijar e sugar.  

— Você é tão linda meu amor, tão perfeita. Eu te desejo tanto – ele suspirou, voltando a ficar em pé agora que já a havia deixado apenas em lingerie, mas sem soltar as mãos de sua cintura.  

Ainda que totalmente envolvida e rendida pelas carícias, Regina fez questão de participar do momento, puxou a camisa de Robin até expor seu peito definido, nada muito tonificado e cheio de músculos, ela agradeceu porque não fazia seu tipo, preferia músculos no cérebro e ele já era bastante sexy do jeito que era. 

A conexão entre eles crescia a cada toque, podiam jurar que era quase mágico a maneira como se encaixavam em cada espaço um do outro, o próximo passo apenas testificaria isso. Ao contrário do que achou que sentiria, a jovem não tinha receio ou ansiedade alguma, cada vez que as mãos de Robin descobriam um novo caminho pelo seu corpo, ela só tinha mais certeza do quanto aquilo era certo e do quanto o amava. 

Quando enfim o desejo que construíram ao longo dos meses se consumou, ela sentiu um pequeno lapso de dor, que Robin foi paciente e doce para extermina-lo. Quando continuaram, ele se viu sentindo muito mais que prazer, a sensação era nova até para ele que perdera a conta de com quantas garotas tinha ficado. Precisaria conversar seriamente com Kilian, seus dias de ‘pegação’ chegaram ao fim, na verdade haviam chegado desde quando beijou Regina naquela piscina. Não saberia mais viver sem ela, sem o sabor dos lábios, a sutileza dos toques, o cheiro de maça dos cabelos escuros, o sorriso elusivo e o calor que enchia seu coração quando estava com ela. 

Prestando atenção sobre cada movimento e expressão, cuidou para que nada lhe fosse desagradável e nem a excedesse, explorou e amou cada parte que lhe era revelada e permitida. Regina lhe entregou tudo, sem reservas e sem receios. Ele se movimentava sobre ela, perdido na forma como se encaixavam, “ela estaria sentindo o mesmo que ele?”, o coração batendo fortemente contra o seu e os sons que ela fazia lhe confirmaram. Quando finalmente ela gemeu satisfeita cruzando as pernas ao seu redor ele a seguiu, eles se abraçaram ainda unidos, se beijando até que a euforia do momento se esvaiu.  

— É possível que eu te queira ainda mais depois de agora? - ele a beijou mais uma vez, saindo dela e se colocando ao seu lado, a puxando para se deitar sobre seu peito.  

— É recíproco minha linda, foi realmente bom pra você? Eu me esforcei para ser.  

— Você foi perfeito Robin, me sinto conectada a ti de uma maneira muito especial. 

   Eles continuaram trocando caricias e desfrutando da intimidade recém descoberta, até que Regina se elevou sobre Robin, beijando e mordiscando seu peito, reacendendo a chama que queimava baixinho dentro e entre eles. Ele a girou e lhe ensinou um novo tipo de prazer ao usar sua boca nela até que ela se desfez com as mãos nos cabelos do loiro. E depois, seus corpos ainda continuaram a conversar por horas, sem palavras, numa linguagem que só o amor conhece com intensidade. 

 

* * * 

 

7 meses depois... 

 

— Mamãe, por favor, pare com isso! Regina é minha namorada e a senhora precisa aceitá-la! Eu a amo! 

— Robin, por favor, seja realista, você não a ama, só está encantado com aquela moça. Entendo, ela é realmente muito bonita, mas você precisa crescer e assumir suas obrigações. Marion está esperando que a peça em casamento. 

— Mãe! Pelo amor de Deus, não vou fazer isso, quantas vezes tenho que dizer? Eu não gosto mais da Marion, nunca gostei de verdade, a senhora, o papai e os pais dela alimentam um desejo que é infundado, quando éramos crianças tudo bem, era bonitinho vocês planejarem nossas vidas, mas agora é simplesmente ridículo! Eu não a vejo há anos e tenho certeza que nem ela concorda com essa história.  

— Robin Louis Locksley! Eu não te criei e eduquei nas melhores escolas para você terminar se casando com alguém de classe inferior à nossa. Eu não permitirei! Meu filho, nós fazemos parte da nobreza britânica, a rainha te dará um título mais cedo ou mais tarde. Desista dessa ideia! Se divirta o quanto quiser com a garota, mas tenha em mente que essa aventura está com os dias contados, assim que acontecer sua formatura você irá à Inglaterra e oficializará seu pedido de noivado a Marion. 

— Nunca! A senhora está se ouvindo? Não sou mais um garotinho a quem a senhora pode manipular mamãe, se vocês continuarem insistindo com essa história estúpida vou embora dessa casa. 

— E vai viver de que? – ela riu desdenhosa – Robin, meu filho, assim que você der de cara com o mundo real voltará correndo para o conforto... Como foi mesmo que você disse? Ah, lembrei...  “dessa casa”. Vou marcar um jantar com os Bonnet. 

— Faça o que a senhora desejar, não vou me casar com Marion, não podem me obrigar! – fechando a porta do escritório que a mãe tinha em casa, ele foi até seu quarto, entrando no closet. 

Robin saiu de casa totalmente irritado com as imposições de sua mãe, ele não se casaria com Marion só para satisfazer os desejos de suas famílias em continuar a linhagem “nobre” deles. “Ela com certeza não concordava com aquilo, não é?”. Eles não se viam desde que decidiu fazer faculdade nos Estados Unidos, apesar de bonita, não lhe despertava interesse além da amizade que construíram quando crianças. Ele se lembrava de um beijo na época do colegial, no baile de formatura e de alguns drinks, e depois desse episódio, teve certeza que eles não poderiam ter um futuro juntos. 

Ultrapassando alguns sinais, se apressou para chegar ao seu destino, só havia uma pessoa que podia acalmá-lo agora, ele precisava dela, precisava acreditar que ficariam juntos, que a teria, precisava da segurança que só o amor de Regina lhe proporcionava. 

 

* * * 

 

Regina estava deitada com um livro de filosofia em mãos, quando ouviu fortes batidas contra a porta. Não seria Emma, ela dormiria na irmandade de Kilian aquela noite. Estranhando devido a hora avançada, olhou no olho mágico, sorrindo ela destrancou a porta.  

— O que vo... – não pode continuar, Robin a puxou pela cintura e beijou-lhe, não um comum beijo de recepção que ele costumava dar-lhe e sim um sofrido e lânguido, que pegou-a desprevenida. Se afastando para deixá-la respirar, pois Regina ainda estava um pouco atordoada com o beijo, ele encostou a testa na dela e a encarou. A estudante não deixou de notar a apreensão transbordando de seus olhos azuis e a tensão alojada em toda sua postura. Acariciando sua bochecha, Regina abriu a boca para perguntar, mas ele se antecipou. 

— Vamos embora Regina, a gente se casa escondido e começamos a nossa vida juntos em outro lugar. Eu não teria nada para te oferecer, porque seria deserdado, mas posso vender meu carro e alguns relógios que tenho, eu também trabalharia duro para te dar uma boa vida – o amor que ele exalava com os olhos era tão puro e determinado que se ela sentiu seu coração se derreter no peito. 

A morena sorriu emocionada, o puxou para dentro e fechou a porta, pegando na mão do namorado o guiou até a cama e sentou-se de lado no colo dele. Começou a massagear seus ombros até senti-lo relaxar aos poucos. 

— O que sua mãe aprontou agora? 

— Ela está ficando louca... Você não tem ideia do que eles estão me obrigando a fazer. 

— Me diga Rob, estou aqui para te ouvir – ela beijou sua bochecha e diminuiu os movimentos dos dedos, prestando atenção ao que ele iria dizer. 

— Meus pais querem que eu peça Marion em casamento após a minha formatura – Robin sentiu Regina estremecer, mesmo que ela tenha tentado disfarçar. Olhando-o séria, mas compreensiva ela perguntou: 

— E o que você disse? 

— Eu me recusei é claro, não posso me casar com alguém enquanto estou tão apaixonado por outra pessoa... Regina... – começou a afagar sua cintura – eu falei sério quando propus a você que fosse embora comigo – ele enfiou a mão no bolso da jaqueta e puxou uma blue box da Tiffany – Case comigo e vamos fugir para um lugar onde possamos ser felizes juntos, onde ninguém possa nos impedir de viver a nossa vida. 

Regina aceitou o anel, pegando-o e lendo a inscrição nele: “Você é o meu futuro...”. Uma lagrima desceu pelo seu rosto e depois de alguns segundos ela finalmente conseguiu responder com a voz carregada de uma emoção sem medidas:  

— Por que tem 3 pontos no final da frase? – ela perguntou enquanto deslizava suavemente a mão pela bochecha dele. 

— Porque a continuação está na minha aliança – ele puxou do bolso um outro anel em ouro branco, com um corte simples e modesto, como ele, com outra inscrição: “...como eu sou o seu.”  

— São perfeitas Rob – devolvendo o anel ao seu namorado, ela estendeu a mão, deixando-o colocá-lo no dedo anelar da mão direita, era clássico, mas com uma pitada de exuberância, perfeito! Depois pegou a dele e colocou o anel no mesmo dedo em que ele havia posto o seu – Meu amor, é claro que eu aceito, porém não vejo necessidade que seja agora, veja bem, nós não podemos fugir, temos responsabilidades aqui das quais não podemos abrir mão, tenho meus pais e um curso para terminar, você não pode desistir do seu diploma, falta tão pouco. 

— Sua boba, eu desistiria de qualquer coisa por você! – tocada, ela o abraçou, aproveitando para beijá-lo outra vez – Eu te amo tanto Regina. 

— Eu também. Por isso passaremos por qualquer obstáculo. Juntos – ele acariciou seu cabelo, arrumando atrás da orelha. 

— Você não conhece meus pais meu amor, quando decidem algo, não descansam até conseguirem. 

— Você não pode pedir outra em casamento, não quando já tem uma noiva – ela piscou apontando o anel para ele – Eu te entendo Rob, mas você já disse que não vai aceitar e eu confio em ti, eles não podem obrigá-lo, só tentarão dissuadi-lo e tenho certeza que não conseguirão, pois – ela parafraseou a frase dos anéis que agora compartilhavam e simbolizavam seu amor – “eu sou seu futuro assim como você é o meu”. 

 

* * * 

 

Paris, tempos atuais... 

 

— Mamãe – a garotinha pulou no colo de Regina assim que a mulher passou pela porta do apartamento em que as duas moravam, soltando a pasta de processos no chão abraçou a filha. 

— Oi minha princesa! O que você e seus avôs estão aprontando? Tem um cheiro maravilhoso vindo da cozinha... 

— Nós estamos preparando o jantar. Lasanha de carne, a vovó disse que é a especialidade dela. 

— Soa tão bom quanto cheira – Regina sorriu e beijou a bochecha da filha, ainda suspensa em sua cintura. Habilidosamente como só uma mãe conseguiria, sem tirar a menina do colo, descalçou os saltos e caminhou até a cozinha. Henry e Cora riam de algo enquanto misturavam ingredientes numa panela. 

— Pai, mãe. Boa noite.  

— Oi filha – disseram juntos e com um sorriso. 

— Louise já tomou banho? 

— Não, nós dispensamos a babá mais cedo e nos distraímos com o jantar, ela estava nos ajudando – sua mãe falou. 

— Vá ficar com sua filha um pouco, deixe a cozinha por nossa conta hoje. Afinal, com essa distância, não é todo dia que podemos fazer um agrado para vocês. 

 

* * * 

 

— Mamãe, esse seu anel é tão lindo. De quem você ganhou? – a menina de 4 anos perguntou, enquanto sua mãe ensaboava seus bracinhos. 

A respiração de Regina se desestabilizou, mas antes que a menina percebesse, ela suspirou se acalmando. 

— Do seu pai.  

— O moço bonito da foto que você me deu. 

— Sim. 

— Eu gostaria de conhecê-lo, por que ele nunca veio me ver? 

— Por que seu pai não sabe onde a gente mora. 

— Mas você sabe onde ele mora não é? 

— Si... Sim – ela engoliu a seco. 

— Poderíamos ir até ele. Eu queria muito conhecê-lo mamãe. 

—Eu vou pensar sobre isso, prometo – ela sorriu e deu-lhe um beijo de esquimó. 

— Mamãe? 

— Oi Lou Lou... 

— Você e meu pai se amavam? 

Regina  nunca se sentiu mais sem resposta para uma pergunta. Sua garganta secou e quando abria a boca, as palavras lhe faltavam. 

— Por que a pergunta meu bem? 

— Porque a babá Belle disse que quando duas pessoas se amam, elas se olham diferente, naquela foto que você me deu, vocês dois se olhavam como o vovô olha para a vovó. 

— Sweet... Eu amei tanto seu pai que não pude deixá-lo ir, não sem que antes ele me deixasse um pedacinho dele – ela deu dois toques gentilmente o nariz da filha. 

— Mas eu sou bem parecida com você, nossos cabelos são da mesma cor – sorrindo, ela fez com que a pequena se levantasse da banheira e pegou a toalha. 

— Sim, você se parece bastante comigo, mas seus olhos são iguais aos do seu pai, o mesmo tom de azul, a mesma doçura – ela beijou a testa da filha e a pegou no colo enrolada na toalha e a menina sorriu – e essas covinhas fofas, você herdou dele, porque como pode ver, a mamãe não as possui. Agora, o que você acha de nos aprontarmos para o jantar com seus avôs senhorita curiosa?!  

— Eba, eu amo passar tempo com meus vovis! 


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Notas finais do capítulo

Então, gostou ou paro por aqui mesmo? Me deixa saber e comenta aqui. Beijo.



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