Um Segredo Entre Nós escrita por Emma


Capítulo 18
Quando eu senti que perdi você


Notas iniciais do capítulo

Oie, voltei e não me alongarei aqui. Agradeço a quem tem acompanhado a fic deixo vcs com o capítulo. Nos vemos lá embaixo :)



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Então vamos, deixe para lá, apenas deixe acontecer
Por que você não pode ser apenas você?
E eu ser eu mesmo?
Tudo o que está quebrado
Deixe o vento levar
Por que você não pode ser apenas você?
E eu ser eu mesmo?

 

Let it go – James Bay

 

 

Naquele domingo quando Robin chegou com Louise era um pouco depois das onze e meia da noite. Ele estava muito cansado, era nítido em seus olhos. Pedindo permissão, seguiu um caminho já conhecido até o quarto da menina, deixando-a sobre a cama enquanto rapidamente Regina começou a tirar as roupas pesadas de frio e os sapatos.

O loiro foi até a cômoda, tirando um pijaminha quente, andando até Regina e lhe dando a parte do cima, enquanto muito habilidosamente  vestia a debaixo. Louise deveria estar exausta, porque geralmente acordava ou pelo menos abria os olhos quando a troca acontecia, dessa vez fora diferente. Em poucos minutos ela estava sob as cobertas quentinhas, rodeada de sua bichinhos de pelúcia preferidos.

Locksley deixou um beijo em sua bochecha e outro em sua testa. Sussurrando um “bons sonhos minha lindinha”, saindo do quarto seguido de Regina. Quando estavam na sala, Regina deu uma olhada ao redor, só então se atentando a transportadora que ela julgava ser de algum animal no chão.

What the hell???

— Robin, o que é aquela coisa? – seus olhos estavam tão arregalados que levou o loiro pressionar os lábios um contra o outro na tentativa de controlar o riso.

— Regina, me desculpe. Sei que deveria ter falado com você primeiro – começou a explicar-se enquanto ela o fitava com uma expressão de puro desespero – Mas eu tive que adotar o pobre animal. Ela não me deixou vir embora da ONG sem fazê-lo.

— Oh meu Deus! – pressionou as duas mãos contra as têmporas – Nós não podemos ter animais aqui! – exasperou baixinho olhando para o pequeno ser que agora reconhecia ser um coelho – E aquela pestinha sabe disso! Como vou fazer agora?

— Não, não se preocupe com isso – gesticulou com as mãos na tentativa tranquiliza-la a respeito da nova moradia do peludo – Lou Lou me disse e sugeri que ele ficasse comigo, na Inglaterra. Nós o trouxemos porque ela queria apresentá-lo a você – o suspiro de alívio que ela soltara fora tão melódico que levou um risada aos lábios dele.

— Graças a Deus. Eu já estava ficando desesperada – riu um pouco sem graça e ainda afetada pelo susto que tinha levado.

— Meu vôo é amanhã a tarde. Eu passo para buscá-lo antes de ir. Você me disse que ela não vai a escola, certo?

— Sim, ela não vai e eu trabalho de casa. Quero passar o dia com ela. Senti saudades.

— Eu entendo – sorriu solidário – Passo a semana toda com esse sentimento – a morena tombou a cabeça se compadecendo. Gostaria de uma solução que desse aos dois mais tempo.

— Quando ela tiver o recesso no final do ano, se você quiser, pode levá-la para passar a semana. Imagino que deva ser muito corrido o tempo que vocês passam juntos.

— Nossa – a mera possibilidade de uma semana inteira com sua senhorita curiosa lhe encheu de alegria – seria ótimo! Obrigado.

— Não precisa agradecer. Você é o pai dela, ambos merecem mais tempo de qualidade juntos – ela sorriu.

— Agora eu vou indo antes que fique tarde – o homem de olhos azuis começou a se encaminhar na direção da saída e a advogada abriu a boca na tentativa de lhe dizer algo. Ela deveria falar que queria conversar com ele? Aquele era um bom momento?

— Eh – suspirou e Robin virou-se encarnando-a, esperando a continuação. Regina continuava imóvel. Engolindo a seco e perdendo a coragem, disse apenas – boa noite Robin. Nos falamos?

— Claro. Boa noite.

 

 

* * *

 

 

Regina tinha preparado a mesa com tudo aquilo que Louise mais gostava de comer, então, quando ela chegou na cozinha ainda meio sonolenta e a viu, seus olhinhos brilharam e acelerou os passos pulando no colo da mãe que a esperava com os braços abertos e saudosos.

— Bom dia minha girafinha curiosa, eu estava morrendo de saudades!

— Eu também mamãe! Muuuuuuita saudade – espiando pelos ombros de sua mãe pode perceber os croissants sobre um prato e pediu feliz – você preparou meu café da manhã preferido?

— Sim, é seu café da manhã de bom retorno a casa – Regina beijou o topo de sua cabeça –  Devo confessar que os croissants foram um presente da senhora Payet do segundo andar. Depois vamos passar para agradecer – Lou Lou concordou com um sorriso e um aceno – Ela disse que sentiu sua falta esse final de semana.

— Mamãe eu também senti falta de todos os meus amigos do prédio – Regina sorria do modo como sua filha falava, pois a menina realmente tinha todos os velhinhos que moravam no prédio como amigos – eu tenho que mostrar meu papai para eles na próxima vez, prometi.

— Claro amor. Agora porque você não me conta mais a respeito desse tal senhor Batuffolo... – Regina acenou com a cabeça em direção a transportadora no chão da cozinha e Louise a olhou meio incerta sobre o que ela pensava do novo integrante da família.

— Mamãe... – começou enrolando seu cabelo no dedo e acariciando seu rosto com a outra mãozinha e Regina arqueou uma sobrancelha. A bandidinha estava tentando seduzi-la com seu charme – eu tive que adotá-lo, olha só pra ele, foi amor a primeira vista! – Regina comprimiu o olhar, se segurando para não sorrir. Aquela garota era uma malandrinha – mas você não precisa se preocupar porque o Robin disse que vai ficar com ele lá na casa dele. Eu trouxe porque queria que você o conhecesse.

— Ah, sendo assim, tudo bem – Regina voltou a sorrir e Louise pulou de seu colo indo até o coelho e o pegando no colo.

— Olha como ele é lindinho – o ergueu em direção a mãe que passou a mão na cabeça do peludinho  concordando – eu não podia não trazê-lo comigo mamãe. Eu o adoro!

— E da onde você tirou esse nome? Não é francês – afirmou Regina.

— Não, é italiano. Belle leu uma história pra mim outro dia e o garotinho chamava a irmãzinha dele de Batuffola. Quer dizer fofinho na nossa língua. Parece com ele, não acha?

— Sim, tem tudo a ver com ele meu amor – Regina fez outro cafuné na cabecinha do animal encarando-o – ele é um fofinho mesmo. Me conte mais sobre seu final de semana, o que mais você fez?

— Ah mamãe, você nem sabe, a gente fez um moooonte de coisas legais – Regina havia recolocado o coelhinho na transportadora e lavado as mãos da filha enquanto esta lhe relatava de seu final de semana – quando nós chegamos em Londres fomos na roda gigante. É lindo, eu consegui ver quase toda a cidade lá de cima. Na próxima vez você tem que vim também.

— Vamos organizar uma próxima ida a Londres e aí você me apresenta o London Eye, ok? – sugeriu enquanto se sentava e a acomodava ao seu lado.

— Por que você não vem comigo e com o Robin na próxima vez? – Regina quis sorrir do quão simples parecia a solução que Louise havia proposto. Ser criança era realmente maravilhoso.

— Porque você e Robin já têm tão pouco tempo juntos, não quero atrapalhar – tentou dar uma desculpa, aproveitando para servir um pouco de leite na caneca de Lou Lou.

— Mamãe você não atrapalha. Ia ser legal na verdade – sugeriu entusiasmada.

— Vamos pensar – piscou e procurou mudar de assunto – e o que você fez depois da visita ao London Eye?

— Nós fomos a Nottingham, é a cidade do Robin Hood, sabia? – a morena acenou, sorrindo do quanto ela falava empolgada quase se atropelando nas palavras – é lá que o meu pai mora e os amigos dele também. Ah e eu fiz uma amiga, a Amanda. Ela é tão legal mamãe!

— Que bom meu amor! E como você conheceu a Amanda?

— Ela é filha do tio Jhon e da tia Ester, são amigos do Robin. E tinha outras pessoas também e ganhei muitos presentes deles. Alguns eu trouxe, outros deixei no meu quarto na casa dele. Você sabia que o papai  preparou um quartinho pra mim? – Regina negou com um aceno, mas sorrindo com o gesto – tem uma caminha e um guarda roupa, ainda vamos decorar, mas eu amei! Robin disse que na próxima vez que eu for nós vamos fazer compras juntos e eu posso escolher a decoração que eu quiser – vibrou feliz com os olhinhos sonhadores.

— Eu fico muito feliz bebê – disse enquanto acariciava os cabelos dela.

— Quando eu cheguei tinha uma festa sabia? Eles são muito legais e eu amei todos – tirando a atenção da comida, a encarou abaixando o tom antes de falar – Não conta pra ninguém, mas acho que a minha preferida é a tia Zelena! – Louise continuou a falar sobre a mulher e ela ficou atenta colhendo informações sobre a mesma – ela é linda mamãe, tem os cabelos ruivos e todo cacheadinho, os olhos são azuis e ela tem sotaque que nem o papai quando fala – Regina sorriu à contragosto. Tinha suas suspeitas que a mulher fosse mais que amiga de Robin e aquilo não a deixou feliz. Repreendendo a si mesma logo em seguida.

Ele tinha todo direito de ter alguém, pelos céus! Ela também tinha tido. Mas... merda... não controlava o que sentia e aquela informação não lhe trouxe uma boa sensação.

— E ela é amiga do seu pai? – fingiu desinteresse.

— Sim. Nós dormimos na casa dela e a Amanda veio também. Foi tão legal mamãe! – Mills não queria, mas não pode evitar sentir aquela pontinha de ciúmes começar a corroê-la. Por Louise, claro, e por mais que não fosse admitir nunca, por Robin também.

Se eles dormiram na casa dessa tal Zelena... (quase revirou os olhos ao pensar no nome) os dois estavam envolvidos de algum modo então...?!

— Que bom que você se divertiu girafinha – acrescentou dando uma mordida em seu croissant esperando que a filha mudasse de assunto.

— E fizemos muitas outras coisas. Nós fomos na ONG onde adotei  o Batuffolo e o Robin ensina música lá, sabia? Fiz outros amiguinhos e aprendi algumas coisas no violão e no teclado. Ele disse que eu levo jeito – Regina voltou a sorrir genuinamente. Claro que ela levava, tinha a quem puxar.

— Se você quiser podemos procurar algum professor por aqui para você ir praticando, huh?

— Eu acho ótimo mamãe! – Louise a abraçou agradecida.

— Depois fomos em um último lugar, eu não me lembro muito bem porque eu tava com sono, mas é uma casa muito, muuuito grande, tinha uma foto de um senhor com um sorriso gentil. Era o avô do Robin e meu bisovovô, ele se chamava...

— Louis – Regina terminou por ela. Robin com certeza a tinha levado a tão falada casa dos avós em Derbyshire. Sempre disse que a levaria ali quando namoravam, todavia nunca tiveram a oportunidade.

— Como você sabe?

— Eu namorei seu pai Louise. Sei o nome do avô dele – piscou.

— Tem um símbolo enorme na entrada. Igual a tatuagem que o Robin tem no braço. Parece um castelo daqueles que a gente vê nos filmes da Jane Austen.

— Deve ser um lugar fantástico – divagou.

— É sim! Papai disse que depois voltamos com mais tempo, porque eu tinha que voltar pra pegar o voo.

— Tenho certeza que será maravilhoso! – incentivou – vou querer muitas fotos e vídeos da minha menina derrubando aquele lugar – Regina começou a fazer cócegas de leve na filha que sorria divertida.

— Não vou para a escola hoje? – inquiriu tentando esquivar-se das cócegas.

— Não amor, hoje nós vamos ficar juntinhas – a puxou para si dando-lhe um abraço e um beijo – Vou trabalhar de casa.

— Yeahh – festejou fazendo uma rápida dancinha e deixando um beijo na bochecha da mãe, voltando-se para sua caneca de leite em seguida. Enquanto bebia, Regina viu a sobrancelha dela franzir e já começou a esperar pelo questionamento. Aquela era a expressão que sempre antecedia as pequenas perguntas excepcionais.

— Mamãe...

— Oi Lou Lou...

— É que eu tava pensando numa coisa... – coçou o queixo com o polegar e o indicador.

— O que filha? – a encarou preparando-se.

— Amanda tem 3 de irmãos sabia? Um é bem bebezinho, o Liam. Achei ele fofinho, mesmo que fosse um chorão. Tia Ester diz que é porque ele fica com fome, mas gostei dele. Amanda disse que é legal ter irmãos... Será se... – arriscou – posso ter um irmão também?

Primeiro ela abriu a boca, porém, sem uma resposta a fechou outra vez.

Caramba! Como ela se livrar daquela?!

— Filha... para eu te dar um irmão preciso primeiro de um papai pra ele.

— Você não pode pedir ao Robin para ter ajudar com isso? – Regina que tinha acabado de beber um pouco de chá cuspiu metade do líquido dentro da xícara.

— O que Louise? – pediu para ver se tinha escutado bem, enquanto tentava limpar a bagunça que tinha feito com um guardanapo.

— Só pensei que se você é minha mamãe e o Robin meu papai, talvez se você falar com ele e ele concordar, vocês podiam me dar um irmão, não?

Ela estava em uma saia justa. Como raios ia explicar que dar um irmão para ela não era tão simples quanto parecia?! Aquela garota deveria ter vindo com um manual de instruções, pois se com essa idade já lhe fazia esse tipo de pergunta, o que viria pela frente??

— Bebê, vamos falar sobre isso outro dia ok? Dar um irmãozinho para você envolve muitas outras coisas e por mais que na sua cabecinha seja simples, não é – explicou gentil – Agora, preciso me arrumar para uma vídeo conferência daqui a pouco – Louise concordou reticente e Regina percebeu que ela fez uma anotação mental para falar sobre aquilo uma outra vez – Terminou? – questionou  se referindo ao café da manhã.

— Sim.

— Então vem, vamos escovar os dentes e tomar um banho –  Estendeu a mão e Louise pegou, a seguindo pelo corredor até o banheiro.

 

 

* * *

 

 

Chovia muito, desde a noite anterior. Não era uma chuva forte para ser considerada uma tempestade, mas era constante. Louise tinha insistido em calçar suas nada modestas galochas azuis celeste com estampa de girafas, presente da madrinha.

Aonde diabos Emma achava aquelas coisas?

Ela agora ria da lembrança enquanto olhava pela vidraça da sala de reuniões. Talvez aquele fosse um dos outonos mais chuvosos que ela já tinha vivido em Paris. Por um momento riu pensando que fosse devido a constante presença de Robin ali na cidade. Sempre dizem não?! Que aonde um inglês vai, a chuva o segue.

O referido, por sinal, terminava sua última consideração sobre o caso, deixando a palavra a senhorita Blanchard, que fitava o senhor Nolan com um sorriso totalmente enamorado nos lábios. O final daquela história, não seria difícil de deduzir. A jovem empresária não precisara dizer uma palavra para Regina saber sua decisão. Ela abriria mão de sua propriedade. O que era totalmente compreensível só pelo propósito da instituição de David. Todavia, não era só por aquilo, ela tinha se apaixonado e ele também.

Então, quando as palavras saíram de sua boca, deixaram seu chefe um pouco surpreso, afinal a moça havia desembolsado uma pequena fortuna com a firma dele, para no final abrir mão do pedido de reintegração de posse por livre e espontânea vontade.

Nolan tinha um sorriso indescritível nos lábios e estendeu a mão sobre a mesa, apertando carinhosamente a de Mary Margareth, agradecendo-lhe em seguida. A jovem de cabelos curtos retribuiu e Robin pegou novamente a palavra, finalizando a reunião. Alguns documentos foram assinados e o escritório foi se esvaziando.

Locksley e seu cliente permaneceram enquanto a senhorita Blanchard seguiu seu chefe até o escrito do mesmo. Mills terminou de colocar alguns papéis no arquivo e voltou para sua sala, encontrando-se com Daniel no caminho. Ele sorriu o que a fez retribuir o gesto. Eles já tinham se visto outras vezes naquele um mês e meio que passara, mas todos os sentimentos ainda estava muito crus para ele, então a advogada lhe deu o tempo necessário até que Colter estivesse pronto para reestabelecer o contato. E parecia que seria hoje.

— Oi Regina – cumprimentou gentilmente.

— Oi Daniel. Tudo bem? – retribuiu na mesma simpatia.

— Sim e você? Louise?

— Estamos muito bem, obrigada. Ela continua a mesma curiosa de sempre, cheia daquelas perguntas que eu nunca sei o que responder – ambos sorriram e Regina adorou imaginar ter ao menos a amizade daquele cara que era tão querido para ela – Inclusive me perguntou sobre você.

— Louise é realmente uma garotinha especial – riu – estou em débito com ela e tenho que combinar com você um modo de vê-la. Estive com minha mãe esse final de semana, ela mandou lembranças e disse que vocês lhe estão devendo uma visita.

— Mande um abraço bem apertado e diga que eu espero levá-la lá muito em breve.

— Claro.

— Foi muito bom falar com você de novo Daniel – sorriu novamente após sentir o ar mais leve entre eles.

— Eu precisei de um pouco de espaço, mas estarei sempre por perto se vocês precisarem.

— Você é maravilhoso – Regina se inclinou para abraçá-lo e ele aceitou de bom grado. Quando se afastou ela notou Robin alguns passos atrás de Daniel, esperando por ela.

— Desculpe interromper – se aproximou – eu só queria entregar esse convite para vocês – Regina quis abrir a boca e dizer algo mas Robin continuou antes que o pudesse  – É da apresentação de natal da ONG. Eu e Lou vamos ter um solo, sei que ela ficaria feliz em tê-los lá conosco.

— Obrigada Robin – os dois homens pareciam desconfortáveis na presença um do outro. O que era totalmente compreensível dada a situação. Daniel, percebendo a questão, sorriu agradecendo o loiro e virando-se para ela:

— Regina, acho que vou lhes dar um pouco de privacidade. Até mais – ele se despediu deixando um beijo em sua bochecha e ela sorriu acenando. Deixando um pequeno e rápido momento de silêncio constrangedor entre ela e Robin.

— Eu fico na cidade até amanhã pela manhã. Se não for um problema posso passar para pegar Lou Lou na escola hoje? – pediu.

— Claro! E se você quiser – arriscou entusiasmada com a possibilidade de um jantar a três. Louise adoraria – pode ficar para jantar conosco...

— Eu... – ele segurou seu olhar por alguns segundos e Regina odiou não saber ler o que tinha ali. Desviando os olhos dela, continuou – acho melhor não Regina – a morena engoliu a seco contendo a decepção – Mas obrigado. Nos vemos mais tarde – acenou partindo em direção a saída.

— Tchau... – respondeu triste. A indiferença de Robin era algo que estava fazendo mal, não que ele fosse o culpado. Na verdade, até mesmo o entendia. Era ela quem havia se enganado tanto a respeito dele, errado tanto e quando finalmente percebeu que queria fazer algo a respeito era ele quem estava seguindo sua vida... Talvez muito diferente do que cria há 6 anos, eles não eram almas gêmeas e não foram feitos para ficar juntos. Ela só precisava convencer seu teimoso coração a respeito dessa consideração que mais parecia um fato.

 

 

* * *

 

 

 

Maine, 6 anos antes...

.

.

.

Regina acordou de sua soneca esticando as mãos para sentir Robin, mas encontrou somente o vazio. Abrindo os olhos na vã tentativa de encontrá-lo, percebeu através da ostensiva porta-janela de vidro que ainda estava claro. Continuou observando a vista espetacular, compartilhando da mesma sensação de tranquilidade que via lá fora. Com certeza seria lindo ver aquele bosque com as montanhas ao fundo cobertos de neve no inverno dali poucos meses.

Mesmo que estivesse complementarmente nua sob as cobertas se sentia aquecida, certamente graças a lareira do quarto que continuava acesa. Erguendo  metade do corpo, segurando o cobertor contra seu busto, buscou seu namorado pelo quarto, vendo a porta que dava para o hall de ligação entre os quartos do andar superior aberta, finalmente ouvindo ao longe o som dos acordes dedilhados sobre o piano e a voz melódica que ela conhecia bem.

Levantou-se com um sorriso, pegando o moletom dele que estava jogado pelo chão e seguiu o som até encontrá-lo sentado na bancada estofada de frente para a vidraça de formato triangular, moldurada de madeira e que tinha abertura para uma varanda com um imenso deck. Mesmo que o espaço fora fosse extremamente aconchegante e convidativo, sua atenção se desviou para o homem que tocava o instrumento como se estivesse testando uma nova composição.

Regina parou por alguns segundos, era a primeira vez que o via diante de um piano, ficou apenas observando-o e se deliciando com a visão. Estava congelando fora das cobertas e ele vestindo apenas uma calça de moletom, deixando seu tronco exposto como se o frio não lhe incomodasse. “Mais britânico impossível!” pensou sorrindo enquanto balançava a cabeça. Porém, o que capturou realmente sua atenção fora a suavidade de sua voz e a afinação, misturadas com o grave do seu sotaque, a melodia ao fundo... era... simplesmente perfeito.

Estava encantada. Com certeza Chris Martin não era mais seu vocalista preferido depois de vê-lo concentrado em seu mundo particular cantando tão apaixonadamente quanto qualquer cantor profissional. Ela o deixou continuar, se aproximando a passos lentos para não interrompê-lo, sentando-se ao seu lado para ouvi-lo um pouco mais.

Ele sorriu, soltando as mãos das teclas e puxando-a para seu colo, deixando um beijo em seus lábios.

— Não, não pare. Você é maravilhoso! Agora vou querer que cante e toque pra mim sempre – o loiro negou rindo um pouco envergonhado.

— Você só diz isso porque é minha namorada – comentou enfiando o rosto em seus pescoço e cheirando o local delicadamente.

— Não é verdade Robin! – pegou sua face até que pudesse encará-lo – Você é muito bom – afirmou com um sorriso cheio de convicção – Passaria horas te ouvindo.

Negando mais uma vez, se aproximou para beijá-la com um pouco mais de fervor.

— Eu só estava testando uma melodia para uma coisa que veio na minha cabeça... comecei com o violão e depois passei para o piano – a jovem olhou ao redor vendo o outro instrumento deitado sobre o móvel estofado.

— Você ainda por cima compõe? – o olhou incrédula – como pode alguém ser tão perfeito? – lhe deu um selinho – Eu vou acabar irremediavelmente apaixonada por você, sabia?

— Que bom – sorriu deslizando as mãos pelas costas até sentir as nádegas descobertas e parando ali – porque eu compus essa canção enquanto observava você dormir em meus braços depois de fazer amor contigo – suspirou capturando seus lábios, trazendo-a mais perto de seu corpo. Não saberia explicar, mas não conseguia mais manter suas mãos para si quando a tinha em seus braços.

— Então cante para mim – pediu sussurrando sobre os lábios dele – Quero ouvir.

Ele a sentou ao seu lado, mas dessa vez pegando o violão, comentando algo sobre a composição ficar mais melódica com o outro instrumento e começando:

 

Eu quero me agarrar a você
Achar um canto para dois
Quando você envelhecer
Eu ainda serei seu ombro
E vou te ter como minha esposa
Você tem a minha alma, a minha vida
Eu sei
que acabei de te conhecer
Mas eu quero pegar esse caminho
Você e eu
Nunca, nunca, nunca retornaremos

Tudo que eu peço de você é que
Me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos
Tudo que eu peço de você é que
Apenas me deixe ser
Quem te leva
Eu te levarei para casa
Até que eu esteja velho e de cabelos brancos

(...)

 

Quando terminou Regina o olhava com os olhos marejados. Robin havia escrito aquilo pensando nela? Ela sorriu e o movimento levou uma lágrima a descer pela sua bochecha. Locksley parecia ansioso por um comentário, todavia a morena não conseguia sair do estado de transe ao qual se encontrava. Seu coração saltava como se estivesse em uma daquelas camas elásticas dentro do peito. A sensação que provava era sublime no mínimo.

Despertando, afastou o violão montando em seu colo, pegando o rosto entre as mãos, enfiando os dedos gentilmente nos cabelos que ela mesma tinha desalinhado horas antes, olhando profundamente em seus olhos:

— Eu amo você Robin, amo com todo meu coração e juro que se eu morresse agora, iria feliz por só por ter vivido esse momento com minha alma gêmea – quebrou o contato apenas para beijar a pontinha do seu nariz.

— Amo você Regina e nós teremos uma história linda pela frente – retribuiu o carinho, deixando um beijo em sua testa – Esse final de semana foi só o começo do que o destino reservou pra gente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Compartilhem comigo sua opinião, é sempre muito bom saber o que vcs pensam sobre os rumos que a fic tá tomando. Ahh a música que o Robin canta pra Regina no flashback não é de minha autoria. Ela é do Tiago Iorc e chama: Till I’m old and gray. Muita linda, ouçam. Beijos e até o próximo



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