Perfect escrita por MistyMayDawn


Capítulo 2
Two


Notas iniciais do capítulo

Hello ♥️
Aqui vai ter spoilers do mangá referente ao passado do Obanai.

Boa leitura.



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"Querida, estou dançando no escuro

Com você entre os meus braços

(...)

Tão linda

Eu tenho fé no que vejo

Agora eu sei, conheci um anjo em pessoa

E ela é perfeita, eu não mereço isso

Você está perfeita esta noite”

Para Obanai, Kanroji Mitsuri era a própria definição de perfeição, não encontrava outra palavra melhor para descrevê-la. Sua perfeição ia desde o seu jeito gentil e animado de agir, sua aparência, até sua forma de lutar e determinação em proteger quem era mais fraco. Perfeita, um anjo. Tão perfeita que não se sentia o suficiente. No entanto, seu sentimento era perpétuo; sentia isso todas as vezes que seu coração batia mais rápido quando ela o direcionava aquele sorriso.

Mas com todo esse sentimento platônico, veio algo que Iguro nunca havia sentido: ciúmes. Para todas as pessoas que conviviam com eles, já estava implícito que o Pilar da cobra amava a Pilar do amor. Ninguém sequer possuía coragem o suficiente de se aproximar da garota, pois logo perceberia a aura e olhar mortal do homem. Já impunha medo, quando se tratava dela se tornava ainda pior. O que acabava sendo bem complicado e difícil, pois era uma moça tão doce que despertava admiração.

— Tchau então. E apodreça no inferno, seu merdinha. Nunca mais fale de forma casual com a Kanroji. — Talvez tivesse exagerado dessa vez, mas quem Tanjiro pensava que era para tratar sua amada como se fossem íntimos? Nem ele a chamava pelo primeiro nome. Devia ter mais respeito por ela, era uma Pilar, sua superior. Isso o deixava tão irritado.

Ela, pelo contrário, não percebia nada, nem passava pela sua cabeça os sentimentos dele para com ela, mas de uma coisa tinha certeza: Como ele a tratava, como se preocupava com seu bem-estar, como colocava suas necessidades acima das dele, como dizia sempre que iria a proteger, fazia seu coração saltitar de alegria.

— Fiquem longe da Kanroji, seus vermes — Disse, após derrotar vários demônios, da fortaleza interdimensional, que ousassem machucá-la. Ela vibrou, pensando em como ele conseguia ser tão maravilhoso.

Usava todos os dias o presente dele, sentia-se mais próxima do Pilar, além dele ser a primeira pessoa que lembrava ao acordar. Ironicamente, a Pilar do amor não entendia o amor de fato, pois estava amando e não entendia o que aquele calor no coração significa; não entendeu porque vibrou e sentiu um frio na barriga após ele a proteger.

No meio da batalha contra Kibutsuji Muzan, o progenitor dos onis, em sua forma mais poderosa; por mais que tivesse cinco Pilares lutando contra ele, não estavam mais aguentando os ataques mortais, qualquer vacilo era fatal. Mitsuri não conseguia nem enxergar os movimentos do inimigo, desviando de todos por puro instinto e sorte. Mas, em um momento, vacilou e foi atingida no corpo e em seu rosto, ela caiu. Obanai abandonou tudo, deixando na mão dos outros três, e foi ao socorro dela. Outro membro menor foi até o encontro dos dois, não podiam perder outro Pilar ou não conseguiriam derrotar o Muzan.

— Espere... Eu ainda... Posso lutar — Ela arfava entre as palavras. Seu medo era ser a primeira a cair, não tinha conseguido nem ser útil, não podia se retirar agora. — Eu vou cuidar para não atrasar ninguém dessa vez.

— Está tudo bem, você já fez o bastante.

— Não, não fui útil para ninguém, não posso morrer assim.

— Cuide do resto — Ordenou para o outro caçador e correu de volta para a luta.

— Espere! — Gritou, tentou alcançá-lo, mas acabou caindo sobre o chão de terra em desespero e em lágrimas — Eu também vou! Iguro-san! Não, por favor! Não morra Iguro-san!! Eu não quero que ninguém mais morra.

Mitsuri foi amparada por mais caçadores menores que sugiram. Não conseguia parar de chorar, não conseguia não pensar o pior, Obanai se afastando indo para a luta pareceu mais uma despedida e que nunca mais fosse voltar. Nunca pensou que as costas de uma pessoa se afastando seria tão dolorosas de ver.

— Por favor, não vá... — Sua garganta doía, seus olhos ardiam, já nem conseguia mais vê-lo por causa das lágrimas que embaçavam a visão. — Obanai...

Corria de volta para a luta, seus pensamentos tão dispersos. Se não existissem demônios milhares de pessoas ainda estariam vivas, talvez se tivessem se conhecido em circunstâncias normais fosse diferente, será que tudo ocorreria bem? Obanai sabia que não, seria impossível para ele. O Pilar sentia no peito que não tinha o direito de ficar com ela, a menos que morra e troque o seu sangue cheio de impurezas. O sangue da sua família suja, avarenta, arrogante e horrível, que matava pessoas e tirava vantagens dos outros, que vivia de luxo desnecessário e tinha o pacto de oferecer suas crianças para o demônio cobra, em troca ele mantinha todas as mordomias.

Obanai era apenas um iguaria para o demônio, um sacrifício, não morreu bebê apenas por ter heterocromia, seus olhos de cores diferentes. Cortaram seu rosto, para que sua boca ficasse parecida com a do oni. Por semanas de intenso trabalho, conseguiu fugir. Não era como se não tivesse pensado no que aconteceria com a família, provavelmente, o demônio os mataria, mas fugiu mesmo assim. Foi perseguido pela cobra e salvo, por sorte, pelo antigo Pilar do Fogo. E dito e feito: o demônio matou todo mundo da família, 50 pessoas morreram por culpa de Obanai, porque só queria viver.

Sentia que seu carma era profundo e não podia viver uma vida normal, não tinha onde dirigir seus sentimentos, por isso, focou toda sua raiva em matar os onis, sempre que salvava alguém sentia que algo bom crescia dentro do seu peito. Mas não importava quanto tempo passasse, aquelas pessoas mortas vão sempre o assombrar em seus pesadelos, um trauma que nunca iria esquecer. Matar Muzan e morrer, esse era seu objetivo, pois Obanai acreditava que não tinha direito de ter Mitsuri. Talvez se eles reencarnassem em um mundo sem onis, em condições normais, família normal... Então poderia tê-la, então, com certeza, diria que a amava. Ela era uma luz brilhante e ele apenas uma sombra.

Um desejo de responder aquele sorriso. Aquele sorriso.

[...]

A rosada despertou em um susto, deu um pulo da cama em desespero e sua respiração estava pesada e descompassada. Não sabia o que tinha acontecido, desmaiou depois de se esforçar muito na luta, após ser machucada voltou para a batalha, mas não se lembrava muito bem dos momentos críticos. O que tinha acontecido? Começou a se desesperar. Levantou da cama, a ala hospitalar da mansão das borboletas estava lotada e movimentada, muita gente estava precisando de cuidados médicos.

Será que seus amigos estavam bem? Será se Muzan tinha sido derrotado? Já era dia lá fora, será que o plano deles de matá-lo no sol tinha dado certo? Não sabia, não tinha resposta, todos estavam muito ocupados para explicar qualquer coisa. Quando tentou se levantar, Aoi apareceu dizendo que não era para ela fazer esforço, podia ficar calma, pois Kibutsuji Muzan havia sido derrotado por Kamado Tanjiro. Mas não a respondeu sobre seus companheiros, se estavam vivos. O peito doía só de imaginar perder mais pessoas, agora quando pensava em perder Obanai, sentiria que estava sem chão, sem rumo.

Levantou assim mesmo, andou por toda a ala, visitou todas as camas, até que achou Obanai. Ficou paralisada, seu estado não estava nada bem, muitos ferimentos, mas estava vivo e isto a aliviou, fazendo-a sorrir de felicidade em ver que não o tinha perdido. Permaneceu dormindo durante dias, a rosada ficou ao seu lado quase o tempo todo, mas precisava sair, pois também precisava cuidar da sua saúde.

No quinto dia, não aguentava mais todo o cansaço e adormeceu sentada ao lado da cama, quando ele despertou. A princípio, a claridade doeu e demorou em se acostumar, então se sentou com dificuldade por conta da dor, o tórax estava cheio de curativos e gazes. Foi aí que a notou, a garota dormindo e preocupada com o seu bem estar. Durante o tempo que ficou dormindo, ele comeu, tomou banho e ainda teve tempo de admirar como era linda adormecida, não teve coragem de acordá-la, parecia tão exausta, queria ter forças para levá-la para uma cama. Ficou tão feliz por vê-la, por estar ali... Mas não era isso que devia acontecer, era para ele morrer na luta ajudando a derrotar o Muzan. Aquela mulher não era para ele.

— Iguro-san — Depois de algumas horas, despertou. Seus olhos se encheram de lágrimas de felicidade, e pulou nele o abraçando forte.

— Aí! Isso dói!

— Desculpa! Eu tô tão feliz que você está vivo! — As lágrimas escorriam pelas bochechas — Não sei o que eu faria se te perdesse.

Os dois ficaram vermelhos, mesmo que a felicidade camuflasse toda a vergonha e timidez.

— Eu pretendia não voltar... — Não conseguia a olhar depois de dizer isso — Desculpa.

— Eu... — Engoliu em seco por pensar que se dependesse dele, não estaria mais vivo — Não sei se poderia seguir em frente... Porque eu... Eu gosto muito de você.

Os olhos dele se arregalaram e o sorriso tímido e doce dela iluminou, será que alguém como ele poderia...?

— Eu não mereço... — Sussurrou. — Eu te amo, mas não posso.

Felicidade e surpresa eram essas as emoções que sentia e estampavam seu rosto. Sentiu êxtase, sentiu um frio no estômago e o coração acelerar ao ponto de pensar que ia sair pela boca. Obanai, ao ver a reação da garota, que não tinha dito nada e seus olhos estavam brilhando, sentiu seu rosto esquentar em vergonha. Não era para ter dito isso.

— Eu te amo também. — Abraçou-o forte de novo, e novamente reclamou da dor. — Desculpa... Eu... Tô muito feliz.

— Eu não posso...

— Por que não? — Interrompeu — Não existem mais demônios, estamos livres, eu quero, você quer. Então, por que não?

Ele se calou, pensativo. Poderia está sendo idiota? Não conseguia esquecer o seu trauma, não conseguia dormir tranquilo com a culpa que sentia.

— Tem coisas no meu passado que nunca irei esquecer — Disse melancólico, olhando para uma parte qualquer do chão.

A rosada segurou a mão dele forte.

— Vamos superar, juntos.

O sorriso dela o acalmava, dava a sensação que tudo iria ficar bem no final. Ela se aproximou tão vermelha que era adorável, tão linda, tão perfeita. Tocou delicadamente o rosto dele que já se encontrava vermelho.

— Posso? — Perguntou com os dedos na barra da atadura dele em seu rosto.

Ele segurou o pulso dela.

— Você não vai gostar do que ver — Disse temeroso.

— É você, tudo em você eu acho lindo.

Receoso e hesitante, soltou a mão dela. A garota lentamente puxou o curativo para baixo, até tirá-lo completamente. Olhou para o rosto dele, seus olhos estavam desviados para o lado, as bochechas estavam vermelhas e a boca era pequena, ao lado dela possuíam grandes cicatrizes que se estendiam quase até o final do rosto, davam a leve impressão de estar sorrindo. Mitsuri levou a outra mão ao rosto dele, desta vez ele teve coragem de olhar para ela bem a tempo de selar seus lábios em um beijo.

Obanai ficou feliz, tão feliz que não conseguia nem explicar em palavras. Para ele, ela era a garota mais doce e perfeita que já havia encontrado. Para ela, ele era seu protetor e porto seguro. Não se achava digno o suficiente para ter uma mulher como aquela, mas ela não se importava, passou anos se achando insuficiente para achar um marido e alguém que gostasse verdadeiramente de si. Lutaria por isso que tem agora, pois foi o que sempre sonhou, porque tudo de Mitsuri amava tudo em Obanai, e tudo em Obanai amava tudo em Mitsuri. Todas as suas imperfeições perfeitas.


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Notas finais do capítulo

Já acabou? Nop kkkk
Vou voltar ainda



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