Perfect escrita por MistyMayDawn


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Hello, tudo bem?
Era para ser apenas uma One-short, mas acabou ficando grandinha.
A música é Perfect do Ed Sheeran, achei muito a cara desse casalzinho lindo.

Boa leitura.



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“Bem, eu encontrei uma garota, linda e doce

Eu nunca pensei que você era

A pessoa que me esperava

Pois nós éramos apenas crianças

Quando nos apaixonamos

Sem saber o que aquilo significava”

 

Como se fosse ontem, Iguro Obanai lembrava-se nos mínimos detalhes o dia em que conheceu Kanroji Mitsuri. Na sede dos exterminadores, estava parada na varanda admirando o horizonte com um olhar melancólico, viajando em pensamentos. Achou diferente aquela mulher com um cabelo tão exótico, rosa com verde, que seus olhos não conseguiam desviar. Estranhou sua própria reação, visto que nunca se interessou por pessoa alguma.

Foram poucos segundos, mas nesse curto momento, Obanai notou detalhes nela, que talvez nunca tenha prestado atenção em outras pessoas. Os orbes pareciam duas lindas esmeraldas, apesar de estarem tão tristes, o que despertou a curiosidade no Pilar da cobra. E seu cabelo lembrava as cerejeiras floridas, sentia-se na primavera só em fitá-los. Assim que notou sua presença, olhou-o e abriu um grande sorriso que o deixou desconsertado, não sabia como responder aquilo, então só abaixou a cabeça e passou por ela sem dizer nada. Sentiu-se um idiota depois.

Mitsuri ficou chateada por ter sido ignorada e não entendeu porque ele fez aquilo, pensou que talvez não tivesse a visto e aquela atitude estranha a fez ficar curiosa e intrigada, se esquecendo um pouco do motivo de ter ficado triste. Ficou fascinada em como os olhos dele eram belos, pois possuíam duas cores diferentes, nunca tinha visto nada igual, tampouco alguém com uma serpente enrolada no pescoço.

Obanai gostava de ficar sozinho a maior parte do tempo ou treinando com os outros exterminadores, não possuía nenhum relacionamento bom com nenhuma pessoa abaixo da sua patente. Na verdade, não se importava com isso, pois, por ser rígido, via os caçadores mais fracos como descartáveis. Somente o mestre, Ubuyashiki Kagaya, possuía seu afeto, afinal, era uma pessoa amável o suficiente para fazer Obanai o admirar e respeitar. Resumindo, Iguro era o Pilar que fazia os outros tremerem de medo só por direcionar o olhar. Frio, orgulhoso e cego a apenas um objetivo: Matar demônios.

Enquanto ele já era um Pilar, Mitsuri treinava para conseguir chegar lá e realizar o seu sonho: Achar uma pessoa que gostasse dela como era e que fosse tão forte quanto, e sabia que iria encontrá-lo dentre os Pilares. A rosada não teve uma história triste e trágica com onis ou familiares mortos, só queria encontrar quem a amasse, pois durante sua vida toda foi colocada para baixo por conta de sua aparência e sua força anormal para uma garota, chamada de aberração, inclusive pela sua mãe. Afinal, quem iria querer que os cabelos rosa passassem para seus descendentes? Até tentou pintar de preto. Sua auto-estima se tornou baixíssima, mas assim que encontrou o mestre dos exterminadores, começou seu processo de aceitação.

Se dedicou todos os dias, deu o seu máximo para se tornar forte e poder salvar pessoas, até desenvolveu seu próprio estilo de respiração. Obanai passava pelo campo de treinamento todos os dias, quando não estava ocupado com alguma missão, e observava aquela garota se dedicar horas a fio. No começo, era apenas a sua passagem, mas com o decorrer dos dias, semanas e meses, passou a se interessar pela gradativa evolução da Kanroji.

Mitsuri observava Obanai passar por lá com interesse, o que era apenas uma caminhada até a mansão, apenas uma passagem, se tornou alguns minutos de parada. Queria iniciar uma conversa, mas não sabia como, pois a imagem dele a intrigava muito. Qual seria a história por trás da serpente em seu pescoço? Ela tinha um nome? Por que usava ataduras na boca? O que tinha por trás? A rosada sempre teve a mente muito fértil, imaginou várias coisas, das possíveis até as impossíveis.

Então, em um dia em que estava treinando a concentração total, seus olhos permaneciam fechados, estava sentada sobre a grama e sua atenção voltada completamente ao treinamento da respiração, estava nisso por horas. Quando o sol que tocava sua pele foi bloqueado por alguém.

— Você parou. — Ao ouvir a voz, abriu os orbes lentamente, por conta da claridade que ardia, e viu Iguro Obanai em pé a sua frente e contra a luz.  Achou lindo como ficou com a luz alaranjada do final da tarde atrás de si. — Por apenas segundos, você falhou.

— O-obrigada — Agradeceu desconcertada por ter falhado e surpresa por ele ter iniciado uma conversa, tanto porque fazia semanas que não passava por ali, talvez ocupado com missões. Pilares eram ocupados, afinal — Obrigada por avisar.

Ele deu um aceno de cabeça e virou-se para ir embora, relatar os acontecimentos da missão na sede.

— Qual seu nome? — Levantou-se rapidamente.

— Iguro Obanai — Disse, olhando-a por cima dos ombros.

— Iguro-san, prazer, sou Kanroji Mitsuri.

Deu um lindo e largo sorriso gentil e caloroso, não soube o porquê, mas Obanai ficou confuso e feliz por ser direcionado a ele, e desconsertado também.

— Prazer. — Limitou-se a dizer apenas isso, e sumiu tão repentinamente quanto chegou, diante da garota. Nem conseguiu enxergar como desapareceu ou como fez aquilo, ficou maravilhada. Quando se tornar um Pilar poderia fazer o mesmo? Estava tão empolgada.

Durante aquela semana, passou a vê-lo todos os dias, teve coragem de lhe dar um “oi” todas as vezes que o avistava. A garota falava com ele tão animadamente que o moreno não sabia como retribuir; isso se deveria ou não, e tampouco como agir normalmente com algo que não era familiarizado. O tirava de sua zona de conforto e não sabia dizer se era bom ou não e nem se gostava ou não. Estava somente ali, e não o incomodava, talvez até gostasse de sua atenção.

Em um dia, depois de uma missão que foi enviada sozinha, voltou decidida que queria conquistar um laço de amizade com o Pilar. Acordou com a ideia na cabeça, iria procurar por ele e desejava que não tivesse partido em outra missão ou teria que ficar esperando por tempo indefinido e estava ansiosa. O procurou em todos os cantos da sede dos executores, já estava quase desistindo, quando o viu deitado no tronco de uma árvore alta.

— Iguro-san! — Chamou-o se aproximando mais.

Deitado sobre o tronco, com o braço apoiando a cabeça, ele abriu apenas um dos olhos, o amarelo, para olhar a garota lá de baixo que se aproximava.

— Sim, Kanroji-san? — Não podia negar que estava surpreso em vê-la, aparentemente, o procurando.

— Você deseja almoçar comigo hoje? — Perguntou. O Pilar ficou desconfiado, não eram nem tão próximos, então por quê?

— Eu? Por quê? — Saiu de sua posição relaxada e pulou da árvore, ficando de frente para a moça.

— Porque não conheço ninguém aqui e quero fazer amigos. — Deu um sorriso meigo, aquele sorriso fazia Obanai desviar o olhar.

— Não como acom...

— Por favor, por favorzinho — Pediu suplicante. Não poderia negar depois dessa.

— Tudo bem.

Mesmo fora da zona de conforto, ele foi. Foram para a sede, completamente em silêncio. Mitsuri queria iniciar uma conversa, mas não encontrava assunto e Obanai não estava preocupado em iniciar uma. Estava curiosa para saber o que ele escondia atrás das bandagens, por que será que tapava a boca? Será que tinha uma pinta? Será que tinha caninos de cobra? Afinal, ele era o Pilar da cobra. Agora que iam comer, iria tirar e, finalmente, sua curiosidade seria sanada. Estava tão empolgada, sua mente viajava nas possibilidades, nem notou que estava o encarando mais do que seria apropriado.

Para a sua surpresa e azar, ele não tirou a atadura do rosto. Ficou com a comida sobre a mesa, e olhava-a admirando em como e o quanto aquela garota seria capaz de comer. Parecia um poço sem fundo, a comida entrava e desaparecia. Repetiu três vezes o prato e ainda pediu mais, estava longe de ficar satisfeita.

— Sua comida vai esfriar — Alertou, queria ver o rosto dele e tinha o convidado para comer e até agora não tocou em nada — Não vai comer?

O estômago de Mitsuri roncou alto, ficou vermelha e tentou ignorar e disfarçar. A cobra de Obanai, Kaburamaru, fitou espantada a garota como se fosse um ser de outro planeta na pele de uma mulher magra.

— Você pode comer o meu — Feliz e espantada, Mitsuri desviava o olhar dele para o prato e do prato para ele.

Gostou de ver a garota feliz e, sinceramente, não estava com fome e nem tiraria sua bandagem na frente dela ou de qualquer outra pessoa. Já foi um dos medos de Obanai o olhar de julgamento das pessoas ao ver a parte do rosto que escondia; hoje ele não se importava mais tanto com esses olhares tortos, mas odiaria ter que explicar, preferindo evitar escondendo tudo de uma vez.

— Não posso aceitar, eu te convidei para comer comigo! — A barriga roncava a cada palavra que pronunciava.

Ele levantou-se indo em direção a porta.

— Até, Kanroji-san.

O moreno desapareceu diante de seus olhos, como na vez passada. Ela bufou, quando aprendesse a fazer isso iria fazer igual para ver se gostava de ser deixado falando sozinho. Olhou para o prato com água na boca, feliz e triste por ele nem ter tocado no prato, e por não ter mostrado o que esconde.

As semanas se passaram, e aconteceu tão naturalmente que sequer perceberam, Obanai criou o costume de acompanhar Mitsuri no almoço. Não comia nada, e nem queria, almoçava sozinho em seu quarto como sempre costumava fazer, mas gostava da presença da garota. Ficou admirado como conseguia ser tão bela e graciosa mesmo colocando toneladas de comida para dentro, ficou admirado com sua força anormal. Por mais que o tempo passasse, só via qualidades nela, nunca pensou que se aproximaria tanto de alguém além do mestre dos executores e sua cobra, que também se afeiçoou a garota.

— Para você — Disse Obanai, descolando um picolé azul do outro, mas algo estava errado, pois a metade do segundo picolé, que seria dele, havia se partido e continuava colado no dela.

— Mas, vou ficar com um picolé e meio. — Protestou, timidamente.

— Eu sei — Percebeu que sorria, pois a atadura se moveu, então ela aceitou o presente repentino no meio da manhã. — Você deve gostar mais que eu.

Outro dia, ela estava treinando incessantemente, quando o tempo fechou, o que outrora foi um céu azul, tornou-se acinzentado de repente. No entanto, a chuva começou de leve e fraca, por algum motivo olhou para o céu e sentiu as pequenas e finas gotas tocando sua pele — não eram fortes o suficiente para molhá-la. Foi aí que algo foi colocado em cima de sua cabeça, viu que era um haori branco listrado. Conhecia bem a quem pertencia.

— Obrigada, Iguro-san — Disse e corou, puxando o tecido para esconder o rosto — Você foi muito atencioso.

Nada disse, pois ficou envergonhado também, então apenas voltou para a mansão com Mitsuri em seu encalço sendo tão alegre e linda como todos os outros dias. Puxou o haori mais para si, tinha cheiro de Iguro, e o cheio dele era tão bom.

Amava, amava mesmo a companhia do Pilar da cobra, assim como a presença de seu bichinho de estimação. Mitsuri via coisas boas e qualidades em tudo, todo dia acordava e olhava as pessoas que passavam admirando até o que a maioria considerava defeitos. Quando conheceu Shinazugawa Sanemi, outro Pilar, ficou impressionada com todas as suas cicatrizes, ficava tão lindo a cada nova que surgia em seu corpo.

Com Obanai não seria diferente, mesmo que brigasse com os caçadores menores e fosse rígido, ao ponto de causar medo e tremedeira assim que o avistassem, era realmente lindo como impunha respeito e o conseguia, era lindo como cumpria todas as missões e fazia tanta gente feliz. Sentia saudades dele, por ficarem semanas longe, e ele também sentia, mesmo que nunca falaria isso em voz alta. Eram amigos, no fim das contas.

Tinha a estranha mania de elogiar as pessoas nos pensamentos, mas naquele dia sentiu uma incomum vontade de deixar vir à tona e pronunciar em voz alta todo o amor e admiração que sentia e guardava no peito.

— Seus olhos são tão lindos — Disse, repentinamente. — Você é lindo, Iguro-san.

Pela primeira vez, ele corou, seu rosto ficou quente e vermelho.

— Obrigado, Kanroji-san. — Não teve coragem de olhá-la diretamente. Era esse Pilar quem botava medo nos outros? Quem o visse agora não acreditaria. O que estava acontecendo?

Depois de, exatamente, dois anos, Kanroji Mitsuri tornou-se oficialmente a Pilar do amor, com o estilo de respiração criado pela mesma, nomeada por Ubuyashiki Kagaya. Ficou tão feliz que deu pulinhos e gritava aos quatro ventos, mas a primeira pessoa que pensou em contar sua conquista foi ao Pilar da cobra. A rosada correu para encontrá-lo e contar a novidade, mas soube que estava ocupado com missões e demoraria a voltar.

Obanai soube a informação mandada para ele pelo seu corvo, ficou genuinamente feliz, Iguro sabia que ela iria conseguir, pois acreditava no seu potencial. Passou dias a acalmando, dizendo que conseguiria, no final, se tornou uma Pilar. O encheu de orgulho, foi inevitável não sorrir. Iria voltar imediatamente para parabenizá-la, quando viu em uma das lojas daquela pequena cidade, algo que o fez lembrar imediatamente da rosada de olhos esmeraldinos.

Kanroji estava sentada na varanda da mansão, ao avistá-la ao longe se lembrou do dia que a conheceu. Arrependeu-se da decisão que tomou de só continuar andando e ignorá-la, mas agora não podia mais voltar atrás. Estava tão linda com o uniforme dos exterminadores e o haori branco por cima, os cabelos trançados, o olhar alegre perdido em pensamentos e um bolinho mordido na mão. Mitsuri não era Mitsuri se não tivesse com comida, ele sorriu com esse pensamento.

— Kanroji? — Chamou-a e ela virou, abriu um lindo sorriso que fez o coração dele acelerar um pouco.

Levantou e se jogou nele, o abraçando forte.

— Iguro-san, que bom que você voltou! Preciso te contar que consegui me tornar uma Pilar. — Falava tão rápido que não conseguiu nem dizer a ela que já sabia.

— Parabéns, eu sabia que você iria conseguir. — Tirou de dentro do haori o presente que comprou para ela — Para você.

Os olhos dela brilharam, não esperava que recebesse um presente, ainda mais sendo dele. Pegou as meias listradas verdes e preto, achou-as tão lindas e adoráveis, ficou tão feliz que deu um beijo em sua bochecha que o pegou completamente desprevenido, corando como um pimentão com a atitude inesperada.

— Obrigada!

— Fico feliz que você gostou. — Disse, tocando onde ela o tinha beijado.

 Ela sorria como uma criança após receber seu novo doce ou brinquedo. Naquele instante, exatamente naquele, Obanai percebeu que estava apaixonado pela bela garota gentil e doce que conviveu durante tanto tempo. Não se sentia merecedor, muito menos digno de tê-la ao seu lado como gostaria, nunca foi sua vontade ter chegado a esse ponto de nutrir sentimentos por alguém, pois tornaria muito mais difícil tudo. Mas o que podia fazer? Aconteceu.


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Notas finais do capítulo

Logo postarei a continuação, é isso, espero que tenham gostado ♥



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