Presente Perfeito escrita por Ero Hime


Capítulo 3
Conversas casuais para ter com seu chefe


Notas iniciais do capítulo

Mayara sofre com reveillon e tem pior começo de ano: entenda
AAAAAAAAAA QUE AZAR DA DESGRAÇA o natal foi super tranquilo ai vou só ladeira abaixo com o ano novo pra carimbar kasjdks enfim, terminei um relacionamento, me afundei em batidinhas de vinho, passei os primeiros dois dias de 2020 chorando horrores, mas agora voltei pra escrever sobre romances que nunca vão acontecer comigo
Falta só mais um, espero que estejam gostando dessa short bobinha, só pra não deixar passar em branco ♥
Obrigada por todos os comentários, vocês são DEMAISSSS



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Hinata acompanhou Naruto com os olhos fixos em suas costas, mantendo uma distância segura e respeitosa. Percorrem o caminho de volta do corredor, passando pela infinidade de computadores desligados e janelas fechadas. Do lado de fora, a imagem da rua parecia estranhamente barulhenta e receptiva, com todas suas luzes e pequenas pessoas andando de um lado a outro.

A mulher ponderou o que faria caso o chefe fosse em direção à sua sala – como ela teria coragem de entrar no tão misterioso escritório do todo-poderoso? –, mas, por sorte, Naruto desviou das portas duplas, indo em direção a pequenas mesas redondas próximas da janela, onde os funcionários costumavam relaxar em seus horários livres, quase como uma cafeteria, mas sem café ou guarda-sol.

Sentaram-se um de frente para o outro – como se a situação não pudesse ficar mais desconfortável. O silêncio atípico da empresa fantasma começou a incomodar, mas nenhum dos dois falou uma só palavra. Hinata apoiou ambas as mãos na caneca fumegante de chocolate quente, esquentando-se e concentrando toda sua atenção no líquido doce e de efeito calmante.

Naruto, imponente e intimidante, também bebericava sua bebida, com o olhar distraído e os ombros eretos. Hinata analisou os detalhes disfarçadamente, notando como ele tinha a barba por fazer, curtos pelos loiros nascendo na mandíbula perfeito – ele tinha a mandíbula perfeita –, ou duas pequenas marcas, como riscos, em sua bochecha. Para quem nunca tinha visto o chefe antes, ela estava com sorte.

Perguntou-se mentalmente que tipo de presente de amigo-secreto combinava com ele. Abotoaduras? Gravatas de seda? Uma garrafa de uísque envelhecido? Havia algo em sua presença que dava a Hinata a impressão de que ele gostava de coisas simples, mas não poderia esquecer que ele era um bilionário, CEO de um escritório multinacional.

— Diga-me, Hinata... – a repentina voz grossa a assustou – Por que está trabalhando até tarde hoje? É véspera de natal. – aqueles olhos azuis intensos a encarando, com meia luz, deixava Hinata acanhada.

— Bom, – respirou fundo antes de responder, afastando todo resquício de timidez que poderia se ponderar dela – eu preferi ficar aqui e ser produtiva, do que ter que voltar para casa e ficar sozinha. Acho que teria sido mais deprimente. – deu de ombros.

— Sozinha? Não tem família na cidade? – ele parecia genuinamente interessado.

— Na cidade, no estado, no país. – riu sozinha – Meus pais moram há quase dois mil quilômetros. Toda minha família sempre morou na mesma cidade, desde que eu me conheço por gente. Eu me mudei sozinha, e continuo assim desde então.

— E por que mudou-se só? – continuou, inclinando-se para frente. Hinata suspirou imperceptivelmente, apoiando a cabeça contra a mão enquanto brincava com a caneca, já quase vazia.

— Meu pai sempre foi muito tradicional. Ele era contra eu continuar meus estudos, e, quando eu me formei, ele quis que eu me casasse e me tornasse dona de casa. Não era a vida que eu queria para mim mesma, então, na primeira oportunidade, eu fugi. – sorriu um pouco, sem graça – Ele não gostou muito, e não nos falamos mais.

O silêncio voltou a tomá-los. Hinata não olhou o chefe nos olhos, um pouco constrangida de compartilhar algo tão pessoal com ele. No entanto, sentia-se estranhamente confortável.

— M-Mas eu tenho certeza que é uma história muito entediante. – balançou a mão, tentando quebrar o gelo – E o senhor? O que faz aqui tão tarde? Tenho certeza que o senhor e a senhora Namikaze adorariam passar o feriado com o senhor.

Observou a feição de Naruto mudar; tornou-se incerta, e, depois, muito cansada. Temeu ter ido longe demais, e ultrapassado a frágil linha invisível de conversação casual que compartilhavam, sozinhos, naquele prédio gigante e vazio. No entanto, antes que pudesse se retratar, o Uzumaki suspirou pesadamente, alongando os ombros.

— Acho que, infelizmente, minha situação é o extremo oposto da senhorita. Vivo exatamente a vida que meus pais queriam para mim. – sorriu de lado, pegando Hinata de surpresa, tanto pelas palavras, quanto pela presença do riso discreto, que o deixava extremamente bonito – Sinto muito aborrecê-la com as minhas divagações. De qualquer maneira, não são muito de festividades.

— Não, não! – interrompeu antes que pudesse se segurar – Por favor, eu quero ouvir. – não queria parecer fofoqueira ou desesperada. Sentiu um interesse natural pelo que ele estava dizendo, não somente por ser seu amigo secreto, ou qualquer outra coisa assim; seu chefe seria, provavelmente, sua única companhia no natal.

— Bom. – inclinou-se para frente e cruzou as mãos sobre a mesa – Meus pais sempre quiseram que eu assumisse as empresas. Talvez daqui alguns anos, mas, assim que eu terminei a pós-graduação, percebi que eles mereciam um descanso, por isso, aceitei a presidência. – deu de ombros – Gosto do que faço, mas, as vezes, eles têm disposição demais — riu sozinho – e esquecem que eu tenho um monte de trabalho para fazer.

— Mas nem mesmo no natal? – questionou, com uma careta. Ela já estava acostumada, mas a ideia de outra pessoa passando a data solitária lhe parecia muito triste.

— Eu estava planejando dar uma passada na casa deles quando saísse. – coçou a cabeça, parecendo envergonhado, e completamente fofo – Mas, com o tempo livre, meus pais costumam exagerar um pouco nas comemorações. É exaustivo. – suspirou, rindo, e Hinata o acompanhou.

O clima parecia muito mais leve agora. Seus olhos tinham se acostumado com a parca luz, e a silhueta de Naruto já lhe era familiar. Ele parecia muito mais como um cara normal, engraçado e simpático agora, em vez de uma figura mística, enigmática e ameaçadora – embora continuasse tão lindo que Hinata era incapaz de encarar seu rosto sem corar.

— Espero que eu tenha ajudado com seu trabalho, então. – sorriu.

— Não foi tão ruim ter ficado até tarde, afinal de contas. – respondeu, deixando seu rosto quente. Hinata desviou o olhar, encabulada e um pouco lisonjeada.

— Me diga, senhor Uzumaki…

— Naruto. – ele ergueu uma sobrancelha.

— Tudo bem. Me diga, Naruto. – soava estranhamente natural – Se pudesse estar em algum lugar agora, longe do trabalho e do barulho, onde estaria?

— Hm. – ficou pensativo por um minuto – Acho que em um bom bistrô. Aconchegante, silencioso, talvez com música ao vivo ou a beira-mar. – Hinata gostou como seu rosto assumiu um aspecto sonhador – E você, senhorita Hinata?

— Eu gosto de festas com muitas pessoas. – riram – Muito barulho. Um clube, talvez. Gosto da sensação de cordialidade e afetuosidade, mesmo entre estranhos. Toda a camaradagem. A gente nunca sabe qual história cada pessoa guarda. É incrível poder conhecê-las.

Hinata sustentou o olhar de íris azuis quentes e instigantes. Fora daquelas portas duplas de madeira maciça, longe dos estigmas de chefe, Naruto Uzumaki era quase normal. Muito bonito, com um sorriso de tirar o fôlego – e, de quebra, com gostos acessíveis para o bolso humilde de Hinata. No fim, ela não estava triste por ter tirado seu nome.

— Senhorita Hinata?

— Sim?

Algumas luzes iluminaram seu rosto.

— Feliz natal.


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