A Primeira Garota escrita por Somebodytolove13


Capítulo 6
Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Hey, como vocês estão??? Desculpe qualquer erro, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/784818/chapter/6

Passaram-se sete dias desde a visita da minha mãe. A partir daquele momento, tudo pareceu mais real. As feridas espalhadas pelo meu corpo se cicatrizavam e deixavam de proporcionar tanta dor, minha dieta agora fazia parte definitiva da minha rotina e meu braço tecnológico aprimorava seu toque.

A verdade não era algo fácil. Esconder-se, fingir ser outra pessoa ou coisa...Não, não era fácil. Durante todo o meu Ensino Médio, ser líder de torcida me causava uma sensação de distância, distância de quem eu era, distância dos meus problemas de saúde, distância do meu passado. Haviam coisas que eu preferia esquecer a lidar, outras que eu lidava para não esquecer. Poucas pessoas realmente me conheciam. Eu saberia listá-las em minha mão, mas nem elas poderiam ficar comigo ou decidir por mim, era eu, eu o tempo inteiro. Esses sete dias foram os mais solitários de toda a minha vida, sentia que a qualquer momento tudo poderia explodir.

A conversa com Shelby havia me deixado desgastada. Chegamos à conclusão de que deveria continuar minha atuação perto de Beth, até que ela ficasse mais velha e isso não fosse necessário. Ela não poderia correr riscos por enquanto. Isso me machucou, muito. O amor de Beth me faria grande falta, mas seria melhor do que perdê-la para sempre nas indústrias, não é?

Eu estava na sala de pesquisa, juntamente com os senhores Berry, Rachel, Brittany, Santana e C-3PO. Nossa reunião foi longa e decidíamos minha aparência de disfarce. Minha mente rodava a cada opção, imaginando as mudanças e considerando as diferentes alternativas. Até o momento, poucos foram os avanços, fato que me deixava ainda mais enjoada e cansada. Tentei me controlar.

— Acho que você, com certeza, deve pintar esse cabelo e cortá-lo. De cor devemos pintar, Britt?

— Espera...-Ela observou minhas mechas- Rosa.

— Calma aí, o quê?- Perguntei. "Ninguém vai pintar meu cabelo de rosa!"

— Bem...- Santana soltou um suspiro, como se eu fosse uma espécie de manequim, pronta para vestir algo novo.- Seu cabelo vai ser rosa e curto, bem no estilo punk, coisa que sabemos que você é. Revolta é seu assunto, garota.

— Eu tenho certeza de robôs NÃO são punk, Santana.- Falei, "isso não vai dar certo!"

— Normalmente não, mas é só falar que a Rachel fez o design. E aí, Berry?- Fui virada para encarar a pequena, a qual estava sentada, fazendo anotações.- O que você acha de uma Lucy Fabray punk, com cabelo rosa, curto e bagunçado? Não é tudo que você sempre sonhou?- Suas ações pararam e ela levantou a cabeça, passando os olhos por todo o meu corpo até parar em meu rosto (que estava corado) e dizer:

— Acho que vai funcionar, Santana.- Aí, não...

— Agora estamos avançando!- A latina dava soquinhos no ar de entusiasmo.

— Eu quero a aprovação de Leroy e Hiram, se eles aceitarem, eu faço.- Dei minha última palavra de esperança e me virei para o casal.- Então, senhores Berry, acham que é uma boa ideia?- Aquilo não daria certo, não daria...

— Acho que Santana tem razão, Lucy.- Hiram começou- Devemos apagar a imagem que você passava antes, lembre-se de que não pode ser reconhecida. Se antes, você era uma capitã de líder de torcida retraída e participante do club de coral, agora deve ser uma robô de aparência rebelde e moldada. Achamos que a ideia é ótima.

— E para completar todo o ciclo de mudanças, você deve fazer uma cirurgia, provavelmente no nariz. O que acha?- Santana falou, perdi a respiração, isso era muito. Tudo era rápido demais, decisivo demais, não sabia se conseguiria passar por isso.

— Eu não sei, será que não podemos pensar melhor? Tenho certeza de que-

Senti a mão de Brittany agarrar a minha e seus lábios dizerem "Vem aqui". Fui puxada para dentro de um banheiro, no canto da sala.

— Você está bem?- Ela me perguntou, olhando nos meus olhos. Escolhi ser sincera.

— Não, Britt. Eu estou desesperada, está tudo rápido, não queria que fosse assim. Eu estou assustada.- Droga, eu parecia uma criança. Mas será que era justo?

— Olha, Lucy, eu te entendo, okay? Realmente, não é a melhor forma de lidar com isso, mas pensa comigo, tá bom? Respira e pensa.- Dei três suspiros sofridos.- Nós estamos sendo vigiadas, não é? O tempo todo, por esse governo idiota e controlador. Depois do que aconteceu com você, acho difícil escaparmos disso tudo se não fizermos coisas arriscadas. Acho que é isso que os pais da Rach estão tentando dizer, não é?- Confirmei com a cabeça, minha respiração estava irregular e eu claramente estava chorando.

"Pois então, meu bem, se lembra agora de tudo que aconteceu com você antes desse acidente. Se eu não tô doida, eu lembro que você ficou doente depois que teve a Beth por descontrole emocional e alimentar, certo?- Confirmei de novo, estava tentando ficar calma.- Foi aí que todos os problemas cardíacos e pulmonares começaram e foi aí que você começou a ser expulsa das cheerios com frequência. Durante todo esse processo, você estava doente e vivia dizendo como queria melhorar, ser livre e feliz, sempre escolhendo as alternativas com sabedoria, sempre tentando manter a consciência, porque você é assim, Lucy, pensa demais antes de agir. E é exatamente por isso, que, quando você está com medo, a primeira coisa que dá errado é a sua mente, o seu cérebrozinho, a sua consciência. Você explode."

"Mas eu tô aqui, todas nós estamos. Bem, na verdade, não é todo mundo que tá realmente aqui, mas você entendeu.- Dei um risinho anasalado.- E vamos te ajudar a passar por tudo isso, okay? Por agora, você precisa pensar que essas são as melhores oportunidades, você precisa ficar escondida, você precisa ficar aqui e sobreviver. Custe o que custar, nem os procedimentos estéticos devem te impedir. Não permita que a sua cabeça exploda e perca a razão, certo?"

— Certo, Britt, totalmente certo.

— Ótimo, agora me dá um abraço bem apertado, loirinha.- Agarrei aquela mulher com a maior força que eu podia fazer.

— Você é incrível e eu te amo.

Nunca duvidaria da veracidade da minha frase. Brittany era o tipo de garota que você sabia que podia contar, pelo menos foi assim que me senti desde que a vi pela primeira vez. Ela tinha sempre os melhores conselhos, mesmo que indecifráveis no começo, isso mudava. Você passava a conhecê -la e entendê-la, enquanto ela fazia o mesmo. A garota a qual eu estava abraçada tinha uma mente genial, uma personalidade única, rara. Não havia ninguém igual a Brittany S. Pierce, não havia ninguém que superasse seus olhos que transbordavam criatividade. Esse era o vínculo que tínhamos éramos irmãs, e eu iria confiar nela sempre.

— Você também é incrível e eu também te amo.- O abraço foi partido e nos encaminhamos de volta para a sala.

A loira logo sentou-se ao lado de Santana, tratando de entrelaçar seus dedos. Foi claro o clima apaixonado das duas.

— Então, o que decidiu?- Rachel perguntou-me, ela tinha deixado o caderno de anotações de lado e prestava total atenção na cena romântica ao seu lado, com um sorriso convencido e traços alegres.

Virou-se para o meu rosto, fixando seus olhos no meus. Sorri, cheguei perto dela e a abracei de lado, sua cabeça apoiada em meu ombro. Uma paz incrível me preencheu e, novamente, meu braço metálico absorveu todo o toque.

Então, pela primeira vez durante sete dias, disse, sem nenhum vestígio de hesitação:

— Vamos fazer logo tudo isso.

Eu precisava ser forte e deveria continuar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que estão achando? Alguma dica? Agora sim, tudo vai começar!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Primeira Garota" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.