A Primeira Garota escrita por Somebodytolove13


Capítulo 5
Sentimentos Confusos


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyy! Como vocês estão?? Obrigada por cada um que está, de alguma forma, interagindo com a história, significa demaisss! Desculpe por qualquer erro, boa leitura!



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Dei espaço para a morena passar. Era impressão minha ou o clima entre nós era tenso? Pela sua expressão, havia algo que ela queria me dizer. Rachel carregava uma folha de papel amarelada e um prato do que parecia comida, mas só via um monte de coisas coloridas, provavelmente mais saudáveis do que minhas dietas anteriores. Foi naquele momento, em que percebi com quanta fome estava. Minha barriga deu um ronco baixo e aquela comida me parecia extremamente apetitosa. Os olhos castanhos da garota à minha frente estavam ansiosos e envergonhados. Rapidamente, ela me entregou o papel e me estendeu o prato, dizendo:

— A lista com os horários e instruções médicas.- Deixei o papel na mesinha próxima e peguei os vegetais.- Esse é seu jantar. Sei que você deve estar com muita fome, então pedi em quantidade maior. A sua dieta não permite muito no momento, mas acho importante que coma coisas saudáveis de qualquer maneira, visto que ajuda o seu metabolismo e vai te ajudar na recuperação. Além disso, todos aqui em casa são veganos, não espere comer bacon no café da manhã. Como você consegue gostar de bacon sabendo que...

A pequena continuava falando gigantes palavras sobre como bacon fazia mal à saúde e outras coisas. A verdade é que não estava prestando tanta atenção, tinha me esquecido de como Rachel produzia os maiores monólogos da história e, agora, com seu nervosismo, era evidente o seu aumento. Eu, particularmente, achava adorável essa sua mania, mas não estava com muita cabeça para escutar. Olhei discretamente para a minha comida, eu nem sabia ao menos o nome de metade daquilo e meu estômago estava em dúvida se arriscaria ou não, mas era difícil ignorar minha fome. Percebi que Rachel havia parado de falar.

— Okay, obrigada, Rae. Realmente agradeço pelas palavras de conscientização. Pelo jeito, vou ter que parar com bacon por um tempo. De qualquer maneira, Sue já tinha me proibido, assim como minha mãe e Mercedes.- Senti meu coração apertar ao citar minha amiga, Mercedes sempre estava comigo quando precisava e comecei a querer sua presença. "Espero que ela esteja bem".- Então, tudo bem, eu consigo aguentar isso.- Ouvi um forte suspiro. Com certa dificuldade, sentei na cama e percebi como ela me parecia grande, era, de longe, maior do que minha anterior.

Os Berry fizeram de tudo para me deixar confortável, e admirava o gesto, mas isso não deixava as coisas tão melhores. Consegui enxergar minha cama no lugar, cercada com bichinhos de pelúcia antigos e coberta de leituras atrasadas, era tão bom, meu coração apertou-se novamente.

— Tá tudo bem?- Escutei uma voz suave perguntar.

— Dentro do possível.- Respondi sincera.

— Bem, eu acho que devo ir, se precisar de alguma coisa, me fale, Lucy.- A morena se preparava para sair, e eu simplesmente não queria que fosse. De certa forma, sua companhia me trazia conforto, um conforto bem maior do que qualquer cama grande.

— Rachel, espera.- Ela se virou, respirei fundo.- Se não for te atrapalhar, você poderia ficar mais um pouquinho? Acho que preciso de um pouco de companhia.

Ela sorriu e não pude evitar devolver com um sorriso constrangido. Sem perceber, comecei a ficar vermelha.

— Sem problemas. Posso te esperar comer.- Encarei o prato a minha frente, contei até três e comecei a comer. Rachel se sentou na minha frente e deu uma risada com a cena. O gosto era indecifrável, eu nem conseguia especificar os sabores.

— Ai, não. Nada contra, mas isso é estranho. Muito estranho.- Falei, depois de engolir pela primeira vez.

— Eu te entendo completamente. Depois você se acostuma.

— Eu vou ter enlouquecido com certeza.- Risadas preencheram o ambiente de novo, fazendo minha alegria crescer. Eu tentava comer com certo ritmo, porque, se me deixasse levar pela fome, acabaria com a comida rápido demais, e não queria forçar meu organismo. Com o tempo, Rachel voltou a ficar nervosa, seus pés não paravam de se mexer e ela me olhava por tempo demais, desviando quando olhava de volta. Ela também já não falava tanto, parecia estar pensando em como me contar algo.

— Rachel, você quer me contar alguma coisa?- Seus olhos se arregalaram levemente e ela balançou a cabeça, ficando levemente vermelha.- Você sempre pode falar comigo, você sabe.

— Lucy...Eu queria te pedir desculpas. Eu escutei quando tudo aconteceu e fiquei desesperada em pensar que tivesse te perdido, não devia ter te apressado, não deveria nem ter te ligado. Eu sei como você está tentando ser forte, você sempre faz isso. Eu deveria ser forte com você, mas estou assustada, Lucy, eu realmente queria fingir que está tudo bem e que não tenho nenhuma culpa, mas é impossível.- Seus olhos estavam cheios de lágrimas e vi algumas escorregam por sua face. Imediatamente, larguei meu prato e fui abraçá-la. Ela tremia levemente e me apertava com força, senti sua respiração no meu pescoço enquanto ela sussurrava inúmeros pedidos de desculpas.

— Rae, pelo amor, você não tem culpa de nada, okay?- Senti ela negar repetidamente.- Hey, foi um acidente, eu tive uma queda de pressão, desmaiei, a culpa foi exclusivamente minha. Não se culpe por algo que não que não tem a ver com você.- A segurei mais forte.- Eu estou aqui, okay? Qualquer consequência é por minha conta. Isso vai passar, tenho certeza.- Eu realmente queria estar certa.- Fique bem comigo, Rae. Eu estou aqui, vai dar tudo certo, ok?- Sua respiração ficou mais controlada. Ela se afastou

— Okay, okay, eu vou parar. Nunca mais me passe esse susto!

— Nunca. - Disse, sorrindo.

— Vai comer! - Rachel me disse, depois que eu limpei suas lágrimas delicadamente e fiquei um tempo a olhando. Nunca é um tempo perdido parar para admirar Rachel Berry. Ergui os braços em rendição e me sentei para continuar.

— Hunf, tomara que eu me acostume logo com isso.

— Você vai. - A garota me olhava com um sorriso meio perdido, os olhos ainda brilhando devido às lágrimas anteriores. De repente, uma gigante e impossível vontade de fotografar me atingiu. A dúvida sobre seu casamento ecoou novamente em minha cabeça.

— Você e Finn...

— Sim?- Rachel perguntou, acordando do transe de pensamentos.

— Para quando ficou a cerimônia? Acredito que ela não aconteceu, de acordo com a versão de Hiram.

— Sim, ela foi adiada, mas ainda não sei para quando, não decidimos.- Uma expressão de nervosismo a assumiu.

— Ah sim.- Um misto de sensações me preencheu, culpa por tê-la atrapalhado, mas um alívio enorme por não ter ocorrido.

Não é que tivesse algo contra Finn, ele já havia me provado várias vezes que amava Rachel, mas ele não a ajudaria a seguir em frente, não enquanto não soubesse o que queria e mudasse seu estilo de vida. Ele prenderia Rachel, ainda mais com toda essa relação grudenta dos dois, isso não era bom para ambos.

Quando vi, meu jantar havia acabado. Minha fome tinha sido quase completamente saciada, o gosto tornou-se tolerável e senti uma significativa melhora nas dores corporais. A dieta valeria a pena.

— Mercedes, Kurt e Sam sentem muito sua falta, assim como todo o resto do Glee Club.- Rachel disse depois de um longo silêncio.

— Eu também sinto a falta deles, essa vai ser a parte mais difícil de todo o plano.

Rachel pareceu pensar em algo.

— Você pode contar a verdade para Mercedes, assim como para Sam, Shelby, Puck, Kurt... Acho que se tocarmos os devidos cuidados, pode dar certo.

— Eu não quero que eles sejam ameaçados. Além disso, as investigações começarão e devo fingir minha morte, o Governo procurará por meus amigos próximos.

— Então, sobre isso...- Rachel me deu uma olhada ansiosa.- Os boatos já começaram, meu pai, Leroy, cuidou disso assim que pôde, tecnicamente, você está morta, Lucy.

— Espera, o quê?- Como EU não fiquei sabendo disso?

— Acho que meu pai sabia que você aceitaria, visto que era, de todas as formas, a melhor opção. Alguns contatos foram necessários, dificultando que as medidas fossem adiadas. Isso vai ajudar em deixar tudo mais seguro.

Esperei algum tempo para digerir a informação.

— Há somente uma pessoa que deve saber acima de todos: Shelby. Beth merece ter uma noção do que aconteceu comigo, é injusto privá-la. Posso contar para Mercedes e os outros depois, por enquanto, muitas pessoas sabem.

— Tudo bem, eu entendo. Vou falar com ela, Shelby virá te visitar.

Assenti, o cansaço parecia me abater de novo. Por pouco tempo, meu braço metálico havia sido esquecido. Com um pouco de rapidez, comecei a mexer meus dedos, na esperança de aprimorar logo a tecnologia.

— Espero que consiga te ajudar com o projeto, mas não vou ser perfeita nessa tarefa. Ter que fingir ser um robô não é realmente algo fácil.

— Não tem problema, Lucy. Tenho certeza de que conseguiremos.- Sua mão direita tocou a minha esquerda, o toque foi sentido com intensidade, tanta que me esquivei imediatamente, assustada.

— O que foi? Eu fiz algo?- Rachel pronunciou-se.

 

— Não... Eu não sei o que aconteceu, mas eu senti sua mão perfeitamente. Eu não estava sentindo nada direito, mas...- A morena sorriu, estendendo a mão de encontro com a minha. Todo o toque foi absorvido.

— Sentiu?- Sua voz saía profunda, como se estivesse surpresa com o feito.

Concordei.

— Sua mão foi subindo pelo meu braço, e eu tive certeza de que percebi tudo, absolutamente tudo. Suas mãos eram suaves e leves, chegavam a causar cócegas, não pude evitar sorrir e rir baixinho.

— Maravilhoso.

— Não é?- Ela me disse alegremente.

Eu estava errada, Rachel não me fazia sentir como um animal em exposição, ela me ajudava a sentir segura, estável, descoberta, evoluída. Isso era completamente novo.

Quando levantei os olhos, seu rosto estava levemente vermelho e seu sorriso pareceu mais constrangido. Ela se recolheu com rapidez, abaixou a cabeça e sussurou, em um único fôlego:

— Acho que devo ir, tenho aula amanhã e espero não me atrasar. Foi uma ótima noite, Fabray, espero ter te ajudado, qualquer coisa me avise, volto amanhã.

— Oh, claro. Boa noite, Rachel.- A vi recolher o prato desajeitadamente e se retirar com uma fraca batida de porta. O silêncio preencheu o recinto novamente. Meu braço metálico estranhamente formigava.

Deitei-me na cama e deixei o sono me vencer. Mamãe me visitaria amanhã.

Que longo primeiro dia.

 ...

Fui acordada por um estranho barulho na porta. Saí rapidamente de cima da cama grande e me direcionei para a porta com cuidado.

— Senhorita Fabray, sou eu, ProjetoR01, desculpe-me por te acordar, mas eu poderia entrar, por favor?- Escutei a voz robotizada dizer.

Abri a porta com cuidado e fiquei surpresa ao saber que minha mãe estava a acompanhando. Judy vestia um bonito vestido amarelo, cheio de flores vermelhas, mas sua face, carregada de preocupação, não combinava com a alegria do vestido. Fechei a porta e, sem ligar para meu estado de quem acabou de acordar, dei um abraço com toda a minha força em Judy.

— Minha filha, como senti sua falta! Você dormiu bem? Está bem?- Suas mãos seguravam meu rosto, o qual ela analisava todos os detalhes, sorri.

— Eu estou bem, mãe. Está tudo "indo".

—Você emagreceu tanto, Lucy. Está cumprindo a dieta?- Eu nunca tinha visto minha mãe tão preocupada.

— Estou mãe, pode ficar tranquila. Você sabe que só um dia se passou desde a cirurgia, então não comi muito, mas vou fazer tudo certo, tenho que fazer.

Ela fechou os olhos e respirou fundo por alguns instantes, abrindo-os em seguida.

— Lucy, você pode falar comigo sempre que quiser, okay? Os Berry têm entrado em contato e espero te ajudar no decorrer do plano.

Eu adorava ver como Judy tinha evoluído desde o nascimento de Beth. Ela havia se separado de meu pai e seguido uma vida independente, equilibrada. Logo, sua personalidade foi restaurada, seus sentimentos desatrofiados, suas relações tornaram-se saudáveis. Não havia orgulho maior.

— Certo.- Dei outro abraço nela. Sua mão entrelaçou-se com a minha metálica.

— Eu te amo tanto.

— Eu também te amo, mamãe.- Não vi quando lágrimas desceram pelo meu rosto. Lenta e repetidamente, até que minha dor se espalhasse e diminuísse minha angústia.

Não foi um sonho ruim, nunca seria.


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Notas finais do capítulo

E aí?? Pelo amor, me digam o que estão achando! Existe alguma música que você queira ver na fanfic? (Posso colocar futuramente). Posto mais nessa semana.



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