A Vida e as Mentiras de Zaniah Black escrita por Bells


Capítulo 24
Os Pupilos


Notas iniciais do capítulo

Oi? Tem alguém ai?
Se tiver, manifeste-se!



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O dia 25 de julho mais uma vez chegara e, desta vez, Zaniah completava os tão esperados 15 anos na vida de uma garota de família antiga e tradicional. A festa, mais extravagante e luxuosa do que as outras quatorze que já tivera, seria realizada em um castelo do século XII, na Irlanda.

Pela primeira vez, Rabastan acompanhava os preparativos de perto, sua opinião sendo consultada em certos casos.

Três vestidos estavam colocados numa parede, expostos.

Walburga batia na mesma tecla desde o momento que os três foram entregues para prova.

— Zaniah, você deve usar o branco.

O vestido não era feio. Pelo contrário, tinha renda e pedrarias lindas, sem falar na sensação de leveza que ele passava. Quando Zaniah o colocou no corpo pareceu um anjo.

Já seu irmão preferia o vestido do meio, verde como a Sonserina, com bordados em branco que não o deixavam pesado. Era lindo e quando Zaniah o colocou, sentiu-se poderosa automaticamente, quando ela se levantava, os outros se sentavam, quando ela falava, os outros se calavam.

— Não, Régulos! – Walburga disse irritada. – Sua irmã precisa debutar de branco, representa a pureza da donzela.

Zaniah riu internamente, por mais que por fora fingisse apenas acompanhar a discussão da mãe e do irmão.

Ela definitivamente não era mais uma donzela. Depois daquele final de semana na praia com Rabastan, se tornou muito comum eles frequentarem a casa da família do outro e dormirem juntos, com isso, o sexo se tornou frequente também.

Os pais nem mesmo desconfiavam, é claro. Zaniah transaria apenas depois do casamento, como deveria ser uma garota de respeito.

Já Orion Black, para a desgraça geral, não concordava nem com a esposa nem com o filho.

— Eu gosto do preto e cinza.

Walburga o olhou escandalizada quando, com magia, Orion fez Zaniah colocar o vestido. Ah, sim, aquela visão a agradava em todos os sentidos. Ela era o anjo negro, a mulher poderosa e respeitada que tanto queria. Tudo isso enquanto se parecia com uma rainha.

— Você está maluco?

— Desculpe interromper e descordar da senhora, Walburga, mas a tradição do vestido branco aos quinze anos se dá por conta da maioria das garotas não estarem compromissadas nessa idade. Como Andie, alguns anos atrás. – Rabastan falou calmamente. – Como esse não é o caso de Zaniah, afinal ela já é minha noiva, acredito que a tradição caia por terra.

Walburga ponderou por alguns momentos. No final, assentiu.

— Tens razão, Rabastan.

Orion sorriu ladinamente pra ele.

A aprovação do sogro era sempre muito bem-vinda.

— Zan, qual você gostou mais entre o verde e o preto? – Régulos se virou para pergunta-la.

Zaniah não respondeu, não precisava. Ela se encarava no espelho, os olhos visivelmente emocionados, enquanto ela alisava o vestido, cultuando sua imagem.

— Negro como os Black, cinza como nosso lobo. – Fora tudo que ela disse.

Órion apenas sorriu enquanto assentia, aparentemente ele havia pensado na mesma coisa.

— Muito bem, vestido escolhido. – Walburga olhou a filha, como se ainda não estivesse totalmente convencida de sua escolha. Com um longo suspiro, alisou os negros cabelos da filha que chegavam em sua cintura. – Vou chamar a cabelereira e a maquiadora.

Órion, com um suspiro, se adiantou.

— Imagino que você marcou para elas arrumarem nossos cabelos também.

— Mas é claro! – Walburga disse em tom mandão. – Olhe o cabelo de Régulos, está todo fora do lugar.

— Eu pretendia arrumar, mãe.

— Bem, uma profissional vai fazer isso por você. Não se preocupe. Agora, os três, pro banho!

Como ninguém ousava desobedecer Walburga Black em dias de festa, os três homens rapidamente saíram do cômodo.

— Mãe? – Zaniah a chamou, depois de refletir sobre algo que ouvira Rabs dizer.

— Sim, querida?

— Em meus aniversários eu costumava dançar com diversos homens diferentes, não é?

— Sim, querida, é uma forma de apresentá-la à sociedade e lhe garantir um casamento. Por quê?

— Bem, considerando que eu já tenho um casamento marcado, eu não preciso mais ser apresentada, não é?

Walburga ponderou um segundo.

— Realmente, se for de sua preferência, pode dançar apenas com seu pai, seu padrinho, seu irmão e Rabastan.

Zaniah sorriu.

— Perfeito!

Walburga a olhou por alguns segundos.

— Você realmente gosta dele, não é?

Zaniah corou levemente.

— Muito...

— Bem, eu fico feliz com isso. – A matriarca parecia muito sincera em suas palavras. – É bom saber que pelo menos você está encaminhada e feliz com isso.

Zaniah sorriu e então notou que a mãe estava um pouco amarga.

— Mãe, está preocupada com Régulos?

Walburga soltou um longo suspiro.

— As opções estão quase esgotadas, não gostaria de fazer Rég casar com alguma garota de idade muito distante da dele.

— Compreendo.

Zaniah tentou esconder a frustração ao ouvir a mãe dizer “Fazer Rég casar”. Quem deveria querer casar com alguém era ele, poxa!

Os pensamentos de Zaniah foram interrompidos pela chegada das duas mulheres que a preparariam.

/*

Perfeita.

Era como qualquer um descreveria Zaniah Black naquela noite.

A maquiagem negra e prata, com muito brilho, combinava perfeitamente com seu vestido. A boca rosada estava delicada, mas ninguém ousaria dizer que Zaniah parecia uma menininha, ou uma boneca.

Ela era a rainha, estava claro.

Desfilou pelo salão nos braços de Rabastan na hora da valsa. Era a primeira vez que os dois faziam uma aparição pública juntos como noivo e noiva. Pela quantidade de flashes que Zaniah sentia, sabia que estariam na capa de qualquer jornal, de fofoca ou não, no dia seguinte.

Cumprimentou todos na festa, mas ficou junto de seus amigos o tempo inteiro. Madeline e Theodore pareciam muito mais a vontade agora, depois de um ano ao lado de Zaniah fielmente. O Sr. e a Sra. Nott estavam sentados juntos das outras famílias puros-sangues e pareciam felizes com isso, talvez isso geraria uma aproximação deles com a sociedade.

Os Greengrass, Alistair e Eugênia, também estavam lá, junto de seus pais. O trio Yaxley, Thomas, Andressa e Charles se fizeram presentes, mesmo que seus pais, por uma razão de saúde, não puderam comparecer. Alistair e Andressa contaram que pretendiam se casar em um ano, no próximo verão. Celina Shafiq estava lá acompanhando o noivo, Charles. Seus primos Abraham e Benjamin cumprimentaram a todos como se fossem velhos amigos, no entanto Abraham lançava alguns olhares que Zaniah classificaria como constrangedores para ela.

A festa passou rápida, principalmente depois de alguns goles, ou copos, de hidromel com limão. Druella realmente tinha bom gosto.

Lembra de dançar com os amigos em uma rodinha, depois dançar abraçada a Rabastan e voltar pra rodinha depois. No entanto, alguma coisa a incomodava. Algo faltava.

Varreu os olhos pelo salão até identificar o que, ou no caso quem, faltava.

Darwin estava sentado na mesa que havia jantado, de costas para a pista de dança, bebendo algo que Zan não identificou pela distância.

Aproximou-se sorrateiramente dele por trás e, sem fazer barulho, colocou suas mãos nos olhos do amigo.

— Eu gostaria de saber porque o senhor Burke não está nos dando a honra de sua companhia. – Ela disse em um tom de voz comandante, enquanto retirava suas mãos do rosto do melhor amigo. Ele se virou para ela, com um sorriso leve e ladino, mas que expunha sua covinha.

— Estou descansando um pouco, Zan.

— Há meia hora?

Darwin apenas sorriu de uma forma divertida. Zaniah sentou-se junto dele, servindo seu copo de água.

— Você não deveria estar aproveitando sua própria festa? – Darwin lhe perguntou enquanto erguia uma sobrancelha.

— Não posso aproveitar minha festa por completo sem meu melhor amigo. – Ela falou com um tom de “o que você esperava?”

— Eu sou seu melhor amigo?

— E você tem alguma dúvida disso, Dar?

— Achei que fosse o Bartolomeu. – Ele falou com uma expressão que Zaniah não soube identificar.

— Bem, os dois são. Fazem parte da lista de pessoas que eu confiaria minha vida.

— Você tem uma lista? – Ele perguntou com uma risada meio seca.

— Você não? – Ela perguntou incrédula.

 - Nunca havia parado pra pensar nisso, na verdade. – Darwin respondeu sincero. – Mas quem mais está na sua lista?

— Bem, eu organizei em ordem alfabética, porque confio em todos igualmente. Mas é o Bartô, você, Juliet, Rabs e Rég.

— Um pouco previsível.

— Pelo menos eu tenho uma lista. – Ela se gabou.

— Então, o fato de eu nem mesmo ter, torna-me ainda mais imprevisível! – Darwin disse divertido, enquanto Zaniah revirava os olhos.

Ela segurou a mão dele, fazendo-o se levantar.

Num movimento nada previsível, Zan o abraçou, sendo prontamente correspondida.

— Darwin, se um dia você fizer uma lista, eu espero estar nela.

— Bem, se um dia eu a fizer e colocar em ordem alfabética, você será a última.

Os olhos de Zaniah brilharam em divertimento e ela riu.

— Venha, vamos aproveitar sua festa. – Darwin falou enquanto a puxava de volta para a pista de dança.

A rodinha se abriu para que eles entrassem e Zaniah acabou ficando entre Rabastan e Darwin, de frente a Bartolomeu e Juliet. Uma música d’As Esquisitonas começou e todos cantaram em plenos pulmões. Zaniah olhou todos que estavam junto, Rabastan, Régulos, Antony, Andie, Rigel, Bella, Rodolphus, Lúcius, Narcisa, Bartolomeu, Juliet, Alistair, Andressa, Benjamin, Abraham, Celina, Charles, Thomas, Eugênia e Darwin. Seu coração inflou de felicidade e ela pulou enquanto cantava.

/*

Já passara uma semana dês da festa de debutante de Zaniah. Havia uma semana que aquele evento era o mais comentado nas revistas de fofocas do mundo bruxo.

Agora, no dia primeiro de agosto, Zaniah se via na mesma sala onde tanto praticou Oclumência com o Lorde das Trevas. Ao seu lado, Rabastan lia um livro grosso e antigo, assim como o dela, mas de conteúdo distinto.

O Lestrange passava os olhos pelas páginas de um dos últimos exemplares de “A Parte Escura da Mente”. Diversos outros de mesmo título haviam sido proibidos pelo Ministério da Magia. Diferente do que parecia, não era um livro de psicologia. Não. Era um livro de como incapacitar a mente de pessoas, utilizando das Artes das Trevas, afim de manipulá-las.

Já o livro de Zaniah tinha um título mais correspondente ao estilo. “Poções Venenosas” apresentava diversas misturas que causariam danos irrecuperáveis a quem fosse atingido, ou que a bebessem. Algumas poções vinham com a receita do antídoto, mas elas eram tão complicadas que Zaniah se perguntava se alguém, algum dia, as teria feito.

Riddle, a frente dos dois, lia um livro de capa negra de couro, sem título, vez ou outra espiando por cima das páginas se a dupla ainda estudava.

— Muito bem. – Riddle disse quando o sol começava a se pôr. Eles haviam chegado no local logo depois do almoço. – Vamos ver. Rabastan, suas anotações. Poderia nos contar um pouco sobre elas?

— Claro, Milorde. – Rabastan falou rapidamente.

Tom fez um gesto com a cabeça, indicando para que ele começasse.

— Então, pelo o que eu consegui entender, a arte de manipular a mente é, também, a arte de conseguir confundi-la sobre seus próprios atos. É claro que para acessar as mentes, é necessário ser habilidoso com Legilimência. Durante a instalação da confusão, que tornará a mente vulnerável e, então manipulável, alguns feitiços simples podem ser utilizados, como o confundos, mas apenas para o início. Quanto mais tempo passa, mais camadas deverão ser acessadas por parte do manipulador, por isso é importante a habilidade de acessar a mente dos outros. – Rabastan respirou, dando uma pausa. – Quanto mais fundo na mente é acessado, feitiços mais fortes e permanentes precisarão ser usados, como obliviate, o qual causará danos irrecuperáveis.

— Rabastan, por que a manipulação da mente é mais eficaz que a maldição Imperius? – Riddle perguntou, parecendo satisfeito com a prévia explicação do aprendiz.

— Se feita corretamente, a manipulação mental não deixará rastros, afinal a pessoa nunca voltará ao estado inicial de sua mente. Ou seja, transforma-se a pessoa para sempre.

Um frio percorreu a espinha de Zaniah. Ela achou aquilo horrível em diversos sentidos.

— E qual a forma mais segura de realizar a manipulação? – Tom perguntou.

— Aos poucos. – Rabastan respondeu, parecendo incerto da resposta. – Bem, se você vai mudar a mente de alguém, deve fazer isso cautelosamente, para que ela não aparente mudanças significativas e instantâneas.

O Lorde das Trevas apenas assentiu, mas o brilho em seu olhar deixava claro que ele gostara muito das respostas de Rabastan.

— Zaniah. – Ele falou, mirando seu olhar na garota. A magia dele ainda atraía a dela, por mais que a Black já não se sentisse segura perto dele. – Conte-nos sobre o que você leu.

Zaniah respirou fundo e pigarreou antes de começar.

— Bem, o livro descreve funções e receitas de algumas poções bem... úteis, pode-se dizer. – Na verdade, Zaniah queria falar “pavorosas”. – Os efeitos são praticamente todos eternos, afinal todas poções aqui descritas se dedicam a torturar, mutilar ou matar. Bem, é claro que algumas delas trazem as receitas de antídotos junto, mas eles são tão complicados que eu duvido que algum bruxo realmente se dê ao trabalho de fazê-las e, considerando que esse livro foi banido da Inglaterra, duvido que o Ministério e seus funcionários tenham algum tipo de conhecimento sobre os venenos ou os antídotos. Das cinquenta poções venenosas que têm aqui, apenas três não levam o selo azul, ou seja, apenas três poderiam ser curadas com bezoar. Das quarenta e sete que sobram, dezessete tem antídotos, o que nos deixa com trinta poções cujas curas são inexistentes ou completamente desconhecidas.

— Entre essas trinta poções sem antídotos, há um ingrediente em comum. Saberia me destacar qual é? – Tom perguntou calmamente, como um professor escolar teria feito e Zaniah se perguntou se, em algum momento, ele não pensou em seguir essa carreira.

— Sangue de centauro. – Zaniah respondeu. – Na Grécia Antiga, a segunda esposa de Héracles, Dejanira, tomada pelo ciúme, é enganada por Hera, que a convence a deixar Sangue de Centauro na roupa do herói. Sangue de centauro é instantaneamente mortal ao tocar a pele humana.

— Exatamente. Logo...

— Logo, presumo que os antídotos não existem e não existirão jamais.

— Desculpe a pergunta, mas, por que fazer trinta poções diferentes com um ingrediente que, sozinho, já é mortal? – Rabastan perguntou confuso.

Tom a olhou, esperando pela resposta.

— A intenção é causar dor. Em praticamente todas essas poções existe outro ingrediente, Seiva de Visgo do Diabo, ela serve para retardar a ação assassina do Sangue de Centauro, no entanto seria tão inútil para um antídoto quanto um bezoar. – Zaniah falou enquanto apontava para as inúmeras poções que apresentavam em sua receita a Seiva de Visgo do Diabo. – Ela é posta ali para, justamente, manter a vítima viva mais tempo. Assim, pode-se adicionar outros ingredientes os quais causarão danificações, como colocar Semente de Hemeróbio para causar atrofia muscular.  Ou Gerânio Dentado para múltiplas sensações de picões de vespas por todo corpo.

— Isso é... – Rabastan começou.

— Incrível. – O Lorde das Trevas disse com os olhos brilhando.

— Eu iria dizer pavoroso, na verdade. Mas tens razão, é incrível. Incrivelmente pavoroso. – Rabastan disse. Zaniah pôde jurar que ele estava com a pele esverdeada.

Teria Rabastan ficado enjoado com seus estudos?

— Vocês dois compreenderam muito bem as teorias. – Riddle falou quanto se levantava. Num movimento de varinha, fez os livros se empilharem e flutuarem perto de si. – Vocês têm desde hoje até o início do recesso de Natal para se especializarem o quanto puderem. No recesso faremos um teste e caso vocês passem por ele, poderemos fazer a iniciação.

Zaniah paralisou e percebeu que Rabastan também.

— Que iniciação seria essa, Milorde? – Ela perguntou.

— Ora, Zaniah, tens alguma dúvida? Se passarem, receberão a Marca Negra.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, gostaram? Sentiram dó do Darwin? Gostaram da novidade para Zan e Rabs?
Eu me pergunto se eu to falando com a parede kk.
Sério, pessoal, se estiverem aí, manifestem-se, por mais curto que seja, já me deixa feliz.
Bjs



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