A Terra das Sombras - Pov Jesse escrita por Ane Viz


Capítulo 21
Capítulo 13: parte 1


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

E eu permaneci por ali mais um pouco. Não tinha pressa em voltar. Ainda estava não devia ter passado muito tempo. Vaguei sem rumo em meio à neblina que cobria meus pés e depois deixei meu corpo desmaterializar-se e aparecer no pátio da escola Junipero Serra. Queria dar uma olhada e ver como havia ficado depois do ataque da garota. E com certeza seria um choque total ao chegarem à escola. Ela estava devastada.

Boa leitura!

P.S: Explicação no final.



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Capítulo 13:

Caminhei pelo jardim da escola perto da sala por onde fugimos. E certamente, como havia imaginado, teriam de impedir a passagem por ali. A estrutura poderia ter sido afetada por conta da força de Heather que não tem noção de seu poder. Suspirei e passei a mão por meus cabelos. Minha mente voltar aos acontecimentos de ontem deixa-me inquieto. Até quando ela demorara a notar o que pode fazer?

E a minha maior questão é: quando Suzannah vai entender o quão perigosa é esta garota? Ficou visível sua preocupação, mas não sei a que ponto eu posso contar com esta sensação. A ideia de pensar em Suzannah ali correndo perigo deixou-me preocupado. A escuridão e os estragos deixariam qualquer pessoa assustada. Parecia que tinha acontecido um atentado ou até mesmo um terremoto de grande proporção na escola.

O estrago fora enorme e devo dizer que por sorte consegui chegar a tempo. Eu havia aparecido na escola no momento certo. De fato não sei o que poderia ter acontecido por conta da fúria e da teimosia destas duas meninas. Ambas tão diferentes, mas com a mesma característica marcante. Sim, refiro-me a não desistir do que querem. E o problema esta no que a Heather deseja.

Meus olhos vagaram pelo local e fitei a cabeça da estatua pela qual nós fomos perseguidos na noite anterior. As imagens de tudo que havia acontecido voltava fazendo-me reviver cada momento de aflição. Não, por mim. É claro! Nada ela poderia fazer a mim. Estou morto... E nada mudara isto. Minha preocupação foca-se somente nela.

Afastei meus pensamentos e tentei imaginar como ficaria o local depois de ter amanhecido. A noite deixava tudo mais escuro mais sombrio. Não devia mudar muito, pois o susto seria o mesmo. Talvez o maior choque seja por se tratar de um monumento histórico. Afinal, a missão existia antes mesmo de mim. Um lugar que sempre me passou conforto, mas segundos atrás nada de convidativo tinha para oferecer-me.

Larguei de lado minhas divagações pessoais e analisei a cena com um olhar crítico. O que iriam crer ter acontecido? Nestas situações inusitadas muitas idéias mirabolantes surgem. Sempre distintas das usuais e até mesmo difíceis parecem tão possíveis. E fatos óbvios sempre descartados, mas oras... A situação que se passou aqui nada de comum poderia ter. Ou melhor, nada de natural ou humano.

Minha vista voltou-se para a cabeça da estatua deveria ser claro para peritos que algo de estranho ocorrera no colégio. Ao fitá-la poderiam imaginar maneiras possíveis para ser retirada, mas ao analisá-la mais perto notariam evidências nada comuns. Com certeza por ter sido arrancada não deveriam considerar como um terremoto. Porque caso houvesse sido isto a estatua toda estaria sob o solo, não?

E não fora isto o que se podia ver ao examinar o pátio. O corpo permanecia no mesmo lugar de forma intacta. E a cabeça jazia numa distância enorme. Ou sem contar o fato de ter sido cortado numa linha reta pensei ao analisá-la de perto. Nenhum instrumento faria um corte tão certo e sem erro nenhum. E muito menos sem marcas. E isto quer dizer algo. Como um objeto de metal pode ser cortado sem ter uma marca ou um registro qualquer de que foi tocado?

Suspirei uma vez mais. O que irão pensar? Choca-me ver um dos lugares no qual me sinto a vontade destruído. Um lugar onde eu lembro meu passado. De minha vida. Pelo menos ela esta bem e é o que me importa. Balancei a cabeça me repreendendo. Não há jeito tenho de parar com isto. Não posso pensar tanto nela. Estava demais. Acho que a falta de minhas irmãs fez-me preocupar-me com Suzannah como faria com minhas irmãs.

Ignorei meus pensamentos e sentei-me num dos bancos que tinham no pátio. Na verdade era o local onde os alunos comem. Sem dúvida num lugar como Carmel comer num refeitório fechado seria realmente ruim. Quero dizer, iriam perder a vista incrível. E mesmo ainda estando escuro é visível que a paisagem continuava realmente bonita e agradável de ficar ali sentado observando.

E não era somente do banco onde me encontrava que podia ser considerado como um belo local para ver a natureza e beleza de Carmel. Outro lugar que tem uma vista boa é o estacionamento da escola e de algumas salas de aula é possível ver o mar. E tenho certeza que a maioria dos alunos também deve gostar de ter esta bela paisagem. Dá uma leveza e bem estar maravilhoso.

Permaneci por lá observando tudo ao redor até ver os raios de sol apontar no céu. O dia começava a nascer. Levantei-me sem pressa e dei uma volta mais pela escola. Agora o resultado de ontem era mais fácil de ser notado. E de alguma forma parecia menos preocupante. Por não ter o que fazer mantive-me ali com os pensamentos voando longe.

E quando dei por mim devia ser umas seis da manhã. Ia desmaterializar-me quando ouvi o barulho me indicando não estar mais sozinho. O ruído vinha do portão principal ao ser aberto calmamente. A curiosidade de ver a expressão e reação de quem acabara de adentrar o recinto era maior que os antigos avisos de meus pais, porém achei melhor me prevenir para ninguém ter mais susto do que o necessário.

Fiz com que somente minha energia estivesse ali. Somente meu espírito não meu corpo espiritual. Desta maneira ninguém poderia ver-me mesmo sendo mediador como Suzannah. O receio de ser pego em flagra era maior e se a pessoa que aparecesse não poderia notar-me. Nem mesmo o Padre não iria me ver caso fosse ele. Prendi minha atenção aos sons próximos até definir uns.

Diferi o som de passos cansados andando pela escola e pude ouvir a respiração descompassada de um senhor que parou em minha frente com a boca entreaberta. Ele estava chocado. Por um instante achei que tinha me visto, porém rapidamente ele pôs-se a correr em direção a casa do padre e das freiras. Elas ficavam nos fundos da escola e eu tratei de segui-lo de perto. Minha curiosidade estava me mandando segui-lo. ¡Por Dios! ¡Qué verguenza! Si mi madre mi visse así yo me quedaria con gran problemas1.

O senhor que devia ter mais ou menos uns cinqüenta anos parou derrapando em frente à porta da casa do padre e bateu com força e rapidez fazendo o barulho da porta tornar-se mais alto. Seus olhos se alternavam entre a porta da casa e o local de onde viera. Devia estar sem saber o que fazer e não é por menos. Jamais havia acontecido algo desta maneira.

Na parte interior da casa onde o homem olhava nervoso parecia começar a ter movimento. De acordo com o horário deveria estar perto da hora em que a matina acaba. O padre Dominic abriu a porta e encontrou o senhor a sua frente com o rosto preocupado. Sua testa vincou-se ao fitar o homem e apoiou-se a parede como se soubesse que algo de muito ruim tinha acontecido.

-O que houve John? – Perguntou preocupado.

Estava claro para ele que algo de grave havia ocorrido. Seus olhos inteligentes pareciam tentar captar o que passava despercebido pela expressão da pessoa a sua frente. Em todos os anos que estivera trabalhando na escola parecia ter acontecido uma situação semelhante. O padre esperou pela reposta sem saber ao certo como agir, pois não sabia a gravidade do que lhe esperava.

-Desculpe incomodar o senhor padre, mas tem de vir comigo.

O choque do senhor que fora encontrar o padre estava estampado em seu rosto. Ele estava tão desnorteado com o susto que agia sem pensar coerentemente. Nem mesmo esperou a resposta do outro. Simplesmente virou-se de costas e retomou o caminho que fizera há pouco tempo sendo seguido pelo padre que procurava por onde passava por indícios do que imaginava.

A expressão que o padre Dominic carregava era de preocupação e um pouco de hesitação. Algo me dizia que ele tinha perfeita noção de que tinha algo haver com sua aluna. Não sei dizer o porquê, mas achei que realmente ele soubesse. Pareceu-me claro que quando olhasse o estrago pudesse confirmar do que se tratava o tumulto em seu colégio na noite anterior.

Afinal, Suzannah havia dito que resolveria tudo, não foi? Não que eu tenha a vigiado, mas eu tenho certeza de que conversaram sobre a Heather. Eu a vejo vagando só há um tempo. Então, ela não é problema tão novo assim. E por não ter desaparecido o padre deve ter noção de que a garota não esta para brincadeiras, certo? Aposto que deve estar tentando imaginar as ações que desencadearam o transtorno.

Ao fitar seus olhos imagino que agora deve estar punindo-se por ter concordado com a ideia suicida da garota. Qualquer um pensaria isto. E ele é uma pessoa boa. Pelo menos no meu tempo os padres eram todos assim. Sem contar que com o que os outros espíritos falam sua intenção é ajudar ao próximo. Apesar de tudo é apenas uma garota frágil ainda que não assuma verdadeiramente este fato.

Ao chegarem ao pátio onde houve a “batalha” pude ver a expressão do padre se tornar surpresa, para preocupada e por fim chocada. Foram nítidas as mudanças de suas sensações. Seus olhos estavam um pouco arregalados e levou as mãos ao seu cabelo branco como se assim amenizasse as diferentes possibilidades para a escola estar neste estado.

Tradução:

¡Por Dios! ¡Qué verguenza! Si mi madre mi visse así yo me quedaria con gran problemas– Por Deus! Que vergonha! Se minha mãe visse assim ficaria em apuros.


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Notas finais do capítulo

Oii meus amores queria primeiro me desculpar pela demora, mas tenho uma amiga que mora em Nova Friburgo devem ter visto na tv como tudo esta por lá, certo? Não estava com muita cabeça. E o inicio do ano começou bem complicado, mas estou de volta espero que ainda estejam comigo e queiram a fanfic. Queria agradecer a EricaOliveira, littlelotte, Dinha, Luisa-Luisa, lollipoop, lizzy_16, leekerli13, Anna Carolina00, Saletelicopi e Rafaela_soledad pelos reviews! Muito, mais muito obrigada a cada uma de vocês. Espero que este ano seja bom para todas. Bom, aguardo a opinião de vocês, pois este capítulo é totalmente meu como dá para notar. Realmente achei bem interessante escrevê-lo e imaginar como deve ter sido tudo para o nosso amado Jesse. Mil beijos e até o próximo capítulo!