SAMMU-RAMAT

Sammu-Ramat estava exultante.Sua pequena e insignificante rival nem desconfiava do caso que tinha com o marido.E era realmente uma tola por ter vindo lhe contar que não conseguira se deitar com o escravo,Kassaia era realmente uma idiota.

"Sammu-Ramat,não conte a minha mãe nem a Nebuzaradã,mas eu não pude fazer o que precisava.Não consegui trair meu marido.",dissera quando se encontravam nos aposentos da princesa após Asher ser levado de volta para o cativeiro de escravos.A sacerdotisa lembrou-se da confiança do dia anterior.

"Mas a princesa parecia tão disposta a fazer o que fosse necessário para ter um herdeiro.Não estou entendendo,querida Kassaia?",perguntou ocultando um sorriso maquiavélico com uma expressão constipada.Kassaia suspirou.

"Eu fingi ontem,desde que acordei e mostrei disposição.Mas,foi só ver o escravo que minha coragem foi embora.",disse e a mulher tocou seu rosto delicadamente.

"Não se preocupe,seu segredo está a salvo comigo.Ninguém saberá de nada.",disse sorrindo e Kassaia saiu parecendo extremamente aliviada.Assim que ficou só,Sammu-Ramat chamou sua serva Darice;precisava comemorar.

"Minha senhora deseja algo?",perguntou a serva e então a sacerdotisa ergueu um rosto sorridente e começou a rodopiar pelo aposento.

"Eu estou feliz,Darice.Aquela mudança era mentira daquela sonsa,e bem agora tenho a princesa em minhas mãos.Os deuses estão me favorecendo.",disse mas logo sua alegria foi interrompida com a chegada inesperada de Beroso.Parecia transtornado.

"Preciso de sua ajuda,sacerdotisa.Não aguento mais Beltesazar no meu caminho.",disse e a mulher olhou-o enigmaticamente e então deu um sorriso compreensivo.

"Claro Beroso,o que deseja que eu faça?Fale e farei hoje mesmo.",disse com convicção,tamanha era sua felicidade e força de vontade.

"Quero mate Beltesazar.Quero ele morto,e então eu serei o homem de confiança do rei.",disse o sumo sacerdote com visível irritação por ter sido passado para trás por um hebreu.

Sammu-Ramat jurou que faria a infusão certa para assassinar o governador,mesmo que levasse dias.Beroso saiu dali confiante de que seus objetivos seriam realizados.E a sacerdotisa começou a trabalhar com vontade naquilo,pois Beroso era um importante aliado para quando Nebuzaradã ascendesse ao trono.E ela estaria ao lado deles,tão forte e poderosa quanto Amitis era.

NEBUZARADÃ

Caminhando tranquilamente de volta aos aposentos de sua esposa,Nebuzaradã não esperava encontrá-la nos corredores em direção aos jardins.Chamou-a calmamente para caminhar consigo e a mesma pareceu exultante com aquilo.

"Como foi sua noite com o escravo,meu amor?",perguntou e Kassaia suspirou de forma dramática.

"Não foi como eu imaginava,meu marido.Me senti uma mulher da vida por traí-lo de forma tão descarada,espero que possa me perdoar.",disse e então Nebuzaradã segurou seu braço com firmeza.Kassaia se assustou com aquilo,mas logo sentiu os lábios do marido sobre os seus e foi puxada para atrás de um arbusto do jardim.Mesmo não sentindo nada pela princesa,havia algo nela que chamava sua atenção;talvez fosse a pouca semelhança com Karen.

Ao voltarem ao palácio,Kassaia estava feliz demais que nada poderia abalá-la.Nebuzaradã viu ao longe Issa observando sua esposa com um olhar malicioso.Sabia o que significava,Issa estava sentindo pena da alegria da princesa que nunca teria seu amor verdadeiro.Nebuzaradã achou graça daquilo,nem Kassaia nem Sammu-Ramat nem Issa teriam seu amor,este era unicamente de Karen.A mulher que rondava seus pensamentos desde que voltara de uma batalha há cerca de dois anos,mas que ela insistia em rejeitá-lo.

ASHER

A moça do palácio era diferente do que Asher pensara.Era bondosa,generosa e sensível pelo que percebera.Quando chegara de volta,encontrou Lior com um semblante ansioso.

"Como foi,me diga logo Asher ou eu vou ter um infarto.",disse e então o outro se sentou no chão para conversarem.

"Era para dormir com uma sacerdotisa,mas ela não quis.Então ficamos conversando a noite toda.Apenas isso,Lior.",disse e o rapaz pareceu aliviado ao ouvir que não era nada sério.Do jeito torto de ser,Lior tinha um grande carinho por Asher e o respeitava muito.

Larsa apareceu,chamando os escravos para o trabalho,as construções estavam quase finalizadas.Mas ainda faltava muita coisa para ser organizada,então não podia dar moleza para ninguém.

DANIEL

Sentado em sua sala,Daniel pensava em apenas uma pessoa:Lia,a mulher que passara a despertar tantas sensações nele.Agora,ela passara a trabalhar no palácio e estava cada dia mais próxima de si,isso parecia ter sido um arranjo de Deus.

Estava conseguindo conquistá-la,fazê-la baixar a guarda e não menosprezá-lo tanto como nos primeiros dias.Daniel intimamente agradecia também a Karen,que a convencera a permitir sua companhia.Sua amiga realmente valia ouro,uma verdadeira enviada de Deus.

Mas,ele tinha problemas.Percebia que Beroso não gostava nada da confiança que Nabucodonosor depositava nele.O homem poderia tentar algo contra sua vida e de seus amigos.Mas,somente se Deus quisesse isso aconteceria,se não,nem Beroso e seus ídolos conseguiriam ferir aqueles que eram fiéis ao Deus de Israel.

Era nisso que acreditava,por isso mesmo que pensasse,não temia nada.Pois Deus era consigo.

BENJAMIN

No outro dia,Benjamin fora acordado por Kiara logo cedo.Hoje,ele iria conhecer os filhos de Lúcia e a menina já alertava que eram mimados e arrogantes.

E era verdade.Hiro era um adolescente de quinze anos que só sabia gastar o dinheiro da mãe.Mayumi era arrogante e prepotente,e seu olhar para o jovem escravo foi de luxúria.Kiara apertou o braço de Benjamin com força,ao que o rapaz simplesmente recuou dois passos arrastando a menina junto.

"Hiro,Mayumi,este é o Benjamin.Meu novo escravo.",anunciou Lúcia aos filhos e então saiu para o comércio que administrava desde a morte do marido.Mayumi esperou a mãe sair para se aproximar do belo escravo.

"Escute,minha mãe só voltará depois do crepúsculo.Nós podemos nos divertir,Benjamin.",disse maliciosamente depois de Kiara levá-lo aos jardins,onde Lúcia dissera que Benjamin trabalharia.Mayumi era sensual,mas apenas isso;não era como Karen com sua beleza natural e personalidade forte,aquela pagã parecia tão mole quanto os hebreus corrompidos.

"Senhora,não quero ser rude,mas estou aqui para servir sua mãe.Então,poderia deixar-me em paz para trabalhar.",disse desviando da investida da mulher para o beijar.Mayumi então ficou irritada e afrontada,segurando com firmeza o braço de Benjamin.

"Sua função aqui é servir todos nós,então apresse-se em me satisfazer.",ordenou,suas unhas machucando o braço do rapaz.Benjamin resistia,primeiro porque não queria trair as tradições de seu povo,segundo porque ainda tinha esperanças de reencontrar Karen,seu grande amor.

Kiara apareceu na porta e chamou-o,desafiando silenciosamente Mayumi.A mulher saiu enraivecida de casa,levando Hiro consigo.Benjamin abraçou a menina.

"Obrigada Kiara,eu nunca cederia aquela provocação estúpida.Nunca esquecerei a garota que amo,e não trairia sua memória.",disse e logo voltaram ao trabalho para quando Lúcia voltar,estar tudo arrumado.

KAREN

Karen estava inquieta.O dia da provação se aproximava,estava sentindo.E ela teria de mostrar que era forte,que sua fé era mais do que o carinho que tinha pela família babilônica que a acolhera.

Mesmo amando Nabucodonosor como pai,Amitis como mãe,Evil,Kassaia e Nitócris como irmãos de sangue,ela sabia que as atitudes deles não eram favoráveis a saberem que era uma profeta do Senhor.Eles eram idólatras,nunca entenderiam sua fé e ainda seria julgada por não ter se entregado a cultura caldeia.

Ao mesmo tempo em que sentia aquele acontecimento,Karen pensava ao mesmo tempo em Benjamin.Amava o garoto desde criança,e sabia que nunca esqueceria.Mas ela tinha de se permitir sentir algo por outro alguém,como Asher sugerira para ela quando contara em segredo que Lior a achava bonita.

É,talvez pudesse ser feliz com aquele rapaz.Mas primeiro,lutaria pela liberdade dele e de Asher,nem que precisasse recorrer ao soberano.