O Açougueiro escrita por Chrys Monroe


Capítulo 3
Parte III - Terceira Semana


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Terceira e última parte da história, ontem a postei ao vivo na íntegra no grupo da Paulinha Halle, uma autora muito querida e hoje a finalizo aqui.

Boa leitura a todos ♡



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Parte III - Terceira Semana.

Dizem por aí que no dia das bruxas a linha que separa o mundo dos vivos daqueles que já partiram é tão fina que os fantasmas conseguem atravessar o portal e vir para nosso mundo nos atazanar.

Depois de semana passada, quando fiquei presa no frigorífico com Edward, já não tenho certeza de mais nada, ainda mais depois que soubemos que durante as festanças que aconteceram no fim de semana, mais uma mulher desapareceu misteriosamente. 

A segunda vítima que a essa hora, já foi torturada e está sem vida. 

Depois de resgatados, Edward e eu decidimos tentar investigar quem trancou aquela maldita porta do container mas para nosso azar, justamente no dia em que ficamos presos as câmeras de segurança do local de trabalho dele não estavam funcionando. Resta saber se não estavam funcionando por fatalidade mesmo ou porque alguém deu um jeito de atrapanhar as câmeras propositalmente. 

Como disse, não sei de mais nada. 

— É... Pelo jeito não temos como provar que foi o açougueiro quem fez isso conosco. - Comentei já na segunda-feira, enquanto saía do trabalho com ele após fazer as verificações da câmera - Ei, não vai ficar pra trabalhar? 

— Pedi demissão. Este trabalho era só um disfarce para não saberem quem sou mas agora não preciso, não quero mais esconder nada de ninguém. Pode me dar uma carona até em casa?  

— Claro. - Entramos no meu carro - Edward, você sabe que estamos na semana do Halloween e... 

— O açougueiro vai sequestrar a terceira vítima e corpos serão encontrados no dia 31, sem que eu possa fazer nada para evitar essa tragédia, muito menos punir o filho da mãe como merece. É, eu sei. - Completou pondo o cinto de segurança -

Que raiva, vim para cá a toa! 

— Nem tanto, Edward. - Liguei o carro e ele me olhou confuso - Enquanto o dia das bruxas não chegar, este jogo ainda não terminou. 

[...]

— Sua casa é enorme, mas mal tem móveis. - Comentei assim que entrei na casa do meu vizinho gato. 

— Claro, só pretendia ficar aqui por três semanas. Lembra? - Ele fechou a porta e olhei ao meu redor. 

— Lembro sim. 

— Pois bem... - Caminhamos até o sofá, nos sentando lado a lado - O que acha que podemos fazer, Bella? 

— Continuar investigando. Desta vez, juntos e com a ajuda do Charlie, meu pai, que está liderando as investigações do caso. Topa? 

— Hum... 

— A não ser que não confie nos meus dotes investigativos como disse semana passada. - Fiz uma careta. 

— Estava redondamente enganado, senhorita Swan. Você até que é razoavelmente boa... - Disse se aproximando de mim, que desviei o rosto para o lado. 

— Vamos focar, Edward. Enfim, você topa? 
— Topo. - O ruivo confirmou esboçando um sorriso para mim.

[...]

Edward e eu ficamos conversando sobre o açougueiro por algumas horas e nesse meio tempo liguei para meu pai e revelei toda a verdade a ele. Charlie exigiu que parássemos, achando muito arriscado nos envolver nessa investigação mas deixamos claro que iremos até o fim com isso tudo. 

Agora é questão de honra. 
— Quando acha que o desgraçado vai pegar a última vítima? - Edward indagou em meio a café e cigarros, vícios que ele diz manter há quase dez anos. 

— Na véspera e no dia do Halloween aqui em Forks acontece a festa dos mortos vivos na praça. Possívelmente o safado vai tentar sequestrar alguém durante a festa, como fez nas duas outras vezes. - Teorizei - Minha ideia é que durante a festa meu pai aumente o contingente policial para assim, se ele tentar alguma coisa ser preso antes. 

— Sabia que você é um gênio? - Foi para cima de mim, envolvendo suas mãos na minha cintura e colando nossos corpos - Vamos impedir que o canalha consiga cumprir essa coisa doente que ele tanto faz graças a você, minha Sherlock Holmes. - Roçou seus lábios nos meus. 

— Gostei desse apelido. - Nos beijamos, mas logo o afastei - Já falei para mantermos o foco, Edward. 

— E quando tudo isso terminar? - O ruivo questionou pondo as xícaras de café na pia - O que vai ser de nós?

— Eu... Não sei. - Respondi mordendo os lábios, ainda muito confusa com tudo que vem acontecendo nesses últimos dias. 

[...]

“Eu amo o Halloween, e eu amo esse sentimento: o ar frio, os perigos assustadores que espreitam ao virar da esquina.”
— Halloween. 

E finalmente o dia das bruxas chegou. 

Este começou cinzento, com o céu parecendo estar prevendo o que iria acontecer. 

Na praça, os preparativos para a festa de Halloween estavam a todo vapor e logo no café da manhã Charlie avisou-me que todo o aparato policial da cidade estaria lá a fim de evitar que a terceira morte aconteça. E sinceramente, acho que dessa vez vai dar certo.

Sinto que hoje enfim, iremos pegar o açougueiro. 
Estava em casa terminando de ler mais um conto do Sherlock Holmes quando a campainha tocou. Fechei o livro, levantei do sofá e caminhei até a porta, girando a maçaneta e abrindo-a em seguida, tomando um susto ao me deparar com um palhaço com uma arma enorme na mão e assustada, clamei por ajuda. 

— SOCORRO! - Gritei batendo com a porta na cara do palhaço, correndo pela sala até as escadas quando ouvi várias risadas.

— Calma maninha. - Ao reconhecer a voz, revirei os olhos. 

— Emmett, seu imbecil! - Joguei uma almofada no babaca, que tirou a máscara e jogou a arma de brinquedo no sofá. 

— Maninha, é dia da festa dos mortos vivos. Esqueceu que é obrigatório ir fantasiado? - Sentou-se no sofá. 

— Ah, é mesmo! - Estalei os dedos - Pois não vou fantasiada pois estarei a trabalho. Edward, eu e os demais policiais vamos ficar atentos para ver se o açougueiro vai tentar aprontar alguma esta noite. - Comentei sentando do lado dele. 

— Papai sabe disso? 

— O quê? Que vamos participar das investigações? Claro.

— Não! Que você está ficando a fim desse Edward. Ou pensa que quando abri aquele frigorífico não percebi que vocês dois estavam no maior clima? 

— Nós só demos uns amassos, juro. - Confessei - Estamos com o mesmo objetivo, mas é só isso mesmo. Quando tudo acabar ele vai viver a vida dele e eu, entrarei na academia de polícia e aí sim, realizarei o maior sonho da minha vida. - Aquela altura meus olhos estavam brilhando. 

Era o brilho do sonho. 

[...]

Horas depois, a festa dos mortos vivos já tinha se iniciado. As luzes da cidade estavam avermelhadas, a lua cheia, própria do Halloween e a decoração cheia de abóboras assustadoras para alguns e, divertidas para outros. Bizarramente, a maioria das pessoas presentes na festa estavam vestidas com a fantasia do açougueiro. 

— Como pode as pessoas levarem uma série de assassinatos terríveis na brincadeira assim? - Perguntei chocada com toda aquela situação. 

— O açougueiro virou quase uma lenda, Bella. Por isso todos estão assim, levando a lenda como brincadeira. - Rosalie respondeu pegando um copo de cerveja da bandeja de um dos garçoms, enquanto ajeitava seu chapéu de bruxa na cabeça. 

— Só que não é brincadeira, o que houve aqui é sério demais. - Edward disse ficando triste ao lembrar-se do irmão que partira há mais ou menos um ano. 

[...]

A cada hora que passava a festa ficava ainda mais cheia de pessoas e assustadora, graças a trilha sonora inesquecível com músicas com clássicos do terror como Halloween e Psicose. Muitos bebiam, outros dançavam e alguns se beijavam ardentemente como se estivessem em um motel. 

Já eu diferentemente dos outros anos não curti muito a festa, focando em ficar atenta caso alguma situação fora do comum acontecesse. Edward também estava bem atento a tudo, assim como meu pai e demais policiais, que passavam pela festa a todo tempo vigiando os cidadãos. 

Já era quase meia-noite e nada esquisito havia acontecido ainda. 

Apertada, caminhei até um dos banheiros públicos para fazer minhas necessidades quando senti algo duro cutucar minhas costas. 

— Não ouse fazer qualquer movimento brusco ou atirarei nas suas costas. - A pessoa de voz masculina disse me fazendo engolir em seco - Siga em frente e sorria, apenas. Para o seu próprio bem e das demais pessoas daqui. 

Céus. 

Meu corpo todo passou a tremer, mas mesmo assim continuei andando disfarçando a tensão a mando dele indo para longe da praça, para diminuir o potencial número de possíveis vítimas caso ele surtasse e decidisse matar todo mundo. A mando dele, caminhamos até a entrada da floresta de Forks e só lá, o filho da mãe permitiu que me virasse. Ele estava vestido de açougueiro como todos os outros da festa e tinha uma máscara preta no rosto, mas quando vi a arma em sua mão tive certeza que era verdadeira ou seja, não se trata de uma graçinha como Emmett fez comigo logo cedo.  

O perigo que estou correndo é real.

— Quem é você?

— Adivinha Isabella. - Apontou a arma para minha testa, me deixando ainda mais assustada e com muito medo de morrer - Por quê acha que matei todas aquelas pessoas? Você não é a garota que ama uma investigação? Pois bem, me surpreenda!

— Não sei, talvez você tenha algum problema emocional, mental, eu não sei, desculpe! - Minha voz saiu trêmula, graças ao tamanho medo que sentia dentro de mim, um medo tão intenso que quase me paralisou - Você pode ter sofrido alguma tragédia que ativou um gatilho dentro de você que te faz fazer coisas ruins como a que está prestes a fazer comigo.

— Mato porque eu gosto da sensação, Isabella. Principalmente depois que a vida tirou de mim as pessoas que mais amava, já que fizeram isso comigo só estou retribuindo o mal com mal. - Realmente esse cara está totalmente desequilibrado - Quando comecei a matar, encontrei outro sentido para isso tudo aqui, pra esse mundo. Só que você resolveu depois de três anos se meter no meu caminho para tentar me atrapalhar! Agora, chegou a hora de você morrer, sua idiota. - Engatilhou a arma. 

Céus, chegou minha hora. 

Ele vai me matar e eu serei a terceira e última vítima do açougueiro. 

Seria irônico se não fosse tão trágico. 

Fechei os olhos, pois sabia que era o meu fim quando de repente, escutei um forte barulho de...

Tiro.

E...

Acabou. 

Espera...

Não acabou?!

Abri um dos olhos, olhei para baixo e vi o açougueiro estava caído no chão, morto com um tiro na... Cabeça. 

Abri o outro olho e quando olhei para frente, Charlie estava a certa distância de mim parado com uma arma na mão, ao lado de Edward. 

— FILHA! - O moreno correu até mim, me abraçando fortemente - Quando você sumiu da festa, te procuramos em todo lugar até que chegamos até aqui. Você está bem querida? - Indagou com meu rosto entre suas mãos. 

— Sim, pai. - O abraçei, suspirando profundamente. 

— Querem saber a verdadeira identidade dele? - Edward perguntou se agachando para tirar a máscara do rosto do criminoso. 

— Com certeza. - Confirmei ainda abraçada a Charlie. 

Edward respirou fundo e tirou a máscara do açougueiro. 

— Joshua! - Arregalei os olhos ao descobrir que meu ex-colega de escola era o verdadeiro assassino. 

A morte dos pais mexeu demais com Joshua, tanto que o tornou um impiedoso assassino, mas agora tudo chegou ao fim. 

— Vai ficar tudo bem, filha. - Charlie prometeu beijando minha testa. 

Olhei para Edward que esboçou um sorriso habitual, tímido e torto. 

[...]

No dia seguinte a polícia foi a casa de Joshua onde encontrou anotado em um papel dentro do colchão, o endereço de onde ficava o container onde o canalha escondia as vítimas e as torturava diariamente. 

Charlie comentou comigo a noite que quando entrou no cativeiro, sentiu uma energia pesada, próprio de um lugar onde só tinha terror, gritos e dor. Lá dentro encontrou os corpos das duas vítimas das outras semanas congelados e pelo menos, conseguiu dar um enterro digno a elas. 
Nos dias seguintes tive muitos pesadelos, graças aos momentos de terror que vivi nas mãos do açougueiro. Já em meados de novembro, descobri através de dona Ruth, a vizinha fofoqueira, que Edward partiria de vez da cidade. 

Eu sabia que esse momento ia chegar, mas sei que não vai ser nada fácil afinal, vivemos uma grande aventura juntos e de certa forma me apeguei a ele. 

No dia em que iria embora, Edward foi me visitar em casa. 

— Como você está? - O ruivo indagou segurando minha mão no sofá. 

— Não quero, não queria que você fosse embora. 

— Preciso ir, Bella. Tenho meu trabalho, minha vida em outro lugar. E logo você também irá para a academia de polícia, não? Querendo ou não nossos destinos precisam se separar. 

— Sim. - Segurei o choro - Será que algum dia iremos nos ver de novo? 

— Não tenho dúvidas que sim. - Garantiu unindo seus lábios aos meus me beijando lentamente como um gesto de saudade, desejo e talvez, quem sabe amor. 

Edward estava certo. 

Depois que ele se foi, nos meses seguintes completei vinte e um anos e fui pra academia de polícia em outra cidade. Amadureci, me formei tempos depois e fui trabalhar como policial em Nova York, meu lugar favorito do mundo. 
Aos vinte e cinco anos fui a uma festa de halloween com amigos do trabalho e para minha surpresa, reencontrei Edward. 

O ruivo estava mais lindo do que nunca agora na casa dos trinta. Disse que tinha se mudado para cá há pouco tempo para trabalhar como engenheiro de uma grande empresa. 

Bebemos juntos, dançamos, nos beijamos e no fim daquela noite, fizemos amor pela primeira vez. 

Primeira, não última pois pelo resto das nossas vidas ficamos juntos nos casando três anos depois e mais tarde tendo um filho, Paul, em homenagem ao irmão que Ed perdera nas mãos do açougueiro anos atrás. 

E foi assim, graças ao famoso crime do açougueiro que Edward e eu nos conhecemos, vivemos grandes aventuras e fomos felizes para todo sempre. 

FIM...!


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada, obrigada por terem lido mais essa loucura minha .

Peço a quem gostou que por favor, comente o que achou e vocês, fantasminhas, também para que eu possa saber o que acharam da história afinal, essa é a última chance deu saber e isso é mega importante pra mim.

Obrigada a quem leu, comentou, favoritou, amei passar esses dias postando essa pequena história pra vocês todos.

Se vocês querem bônus, extra etc digam o que gostariam que tivesse nele, vai que um dia dá a louca em mim e escrevo? Haha

Até a próxima, beijos!