Laços escrita por Kaline Bogard


Capítulo 2
O orgulho de um pai


Notas iniciais do capítulo

Olá ٩(◕‿◕。)۶

Vou tentar intercalar os POVs. Não será uma fanfic muito grande, acho que não passa de dez capitulos!

Boa leitura ٩(◕‿◕)۶



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Kiba chegou muito cedo na distribuidora. Exatamente um minuto depois de o caminhão estacionar e os fardos de jornal começarem a ser descarregados.

— Bom dia! — Foi cumprimentando os funcionários. Contra o peito, bem agasalhada, estava Sumire na mochila-canguru, dormindo profundamente. Apesar de tudo, a bebê já estava acostumada à rotina do pai.

Aquele era o primeiro arubaito de Kiba. Ele tinha que entregar duzentos jornais dos assinantes daquele bairro. Gradativamente as mídias digitais tomavam espaço na vida do consumidor, mas o Japão era um país com grande fluxo de impressos, para sorte de Kiba.

Complicava porque ele tinha que entregar todos aqueles jornais antes das seis da manhã, mas não podia usar bicicleta, por causa da filha. Então chegava bem cedinho, pegava as duas sacolas de lona com cem exemplares cada e pendurava nos ombros, saindo pelo bairro silencioso ainda às escuras para fazer as entregas.

Já tinha memorizado cada um dos endereços. Não havia trânsito e ele tinha um ótimo condicionamento físico.

Conseguia entregar todos os jornais em menos de duas horas! Quando voltava para devolver as sacolas vazias, via os outros entregadores saindo nas bicicletas que a distribuidora emprestava. Daquele jeito era tão mais rápido… e fora de cogitação. Kiba não tinha com quem deixar a filha durante as madrugadas. Preferia mantê-la sempre consigo.

Depois disso ia para os arredores do Parque Ueno, onde conseguia economizar uns trocados graças a generosidade de estranhos. Ficava vagando até dar o horário do segundo arubaito. Por padrão, cochilava um pouco sentado, aquecido pelo calor de Sumire aconchegada em seu peito, mas naquela manhã não conseguiu dormitar! Ficou atento, desejando reencontrar o bom samaritano que pagou o café da manhã no dia anterior. Aburame Shino… que homem misterioso, com aqueles óculos de sol e o casaco que escondia quase toda a bela face. É… fazia tempo que outro cara não despertava a atenção de Kiba, foi impossível não ficar animado com a possibilidade de vê-lo de novo.

Infelizmente isso não aconteceu.

Mas a sorte andava ao lado do rapaz. Kurenai, uma mulher que trabalhava nos arredores passou pelo parque e flagrou Kiba. Se ofereceu para pagar-lhe o café da manhã, não pela primeira vez, certamente não pela última.

Com o “de sempre” garantido (misso lamen com o dobro de carne), Kiba podia desviar a preocupação para outros fatores. O leite com vitaminas de Sumire, que comprava em kombini, já vinha aquecido e com tudo o que a bebê de um ano precisava para manter-se saudável. O dinheiro para comprá-lo era sagrado, Kiba podia estar morrendo de fome, que jamais desinteirava os valores da refeição da filha.

A alimentava no percurso do segundo emprego de meio período.

Uma transportadora terceirizada. Lugar que oferecia serviço para pessoas avulsas, sem nenhum vínculo empregatício. Era um bom local de trabalho, um grande galpão onde caminhões com numerosas cargas chegava para a redistribuição.

Kiba era grato por ter aquela oportunidade, dentro do galpão podia deixar Sumire num cercadinho improvisado com caixas de papelão e a funcionária da recepção mantinha um olho na bebê. Anko não se importava, ela amava crianças. E seu trabalho exigia atenção apenas para assinar a recepção das cargas conferidas pelos descarregadores, além de atender e fazer eventuais ligações telefônicas. Olhar Sumire ajudava a passar o tempo mais depressa!

Kiba, com seus vinte e três anos, era um dos trabalhadores mais jovens e bem dispostos. Tentava pegar os carregamentos mais pesados e descarregar as caixas maiores, para não sobrecarregar os companheiros mais velhos.

Fazia isso porque era um bom rapaz, já que todos ganhavam o mesmo salário, independente da quantidade ou do peso que desciam dos caminhões.

Os outros funcionários entenderam fácil a intenção que ele tinha em ajudar. Então, de comum acordo, cada dia a esposa de um deles “se confundia” e fazia comida em excesso. Para não perder o alimento feito a mais, doavam o bento para Kiba. Eram mais de vinte homens, “errando” assim cada um era responsável por bancar a comida extra uma vez por mês. Não pesava pra nenhum deles e ajudava um pai solteiro necessitado.

Oras, Kiba se achava muito sortudo mesmo, com o almoço garantido!

Ficava nesse segundo emprego até meio-dia.

Dali ia para o terceiro e último emprego.

Ajudava a lavar pratos em restaurantes na área universitária em Tokyo. Também era um trabalho avulso, sem qualquer vínculo. Kiba chegava na área e rondava até ver a placa de “Precisa-se”. Às vezes conseguia trabalhar no mesmo local por uma semana ou duas. Era ótimo, porque trabalhava na área interna, podia deixar Sumire pertinho de si sem atrapalhar os demais funcionários. Começava com muita louça para lavar, depois o movimento diminuía consideravelmente e ele podia brincar com a filha e dar-lhe atenção por um tempo. Era ótima oportunidade para trocar as fraldas e alimentá-la com as primeiras porções de comida além do leite com vitamina e papinhas infantis. Trabalhar em um restaurante era a garantia de comida grátis. E a certeza de ter a janta, porque o que sobrava era sempre dividido entre os funcionários do arubaito.

Kiba trabalhava até por volta das seis horas da noite.

Dali seguia para um banho público. Tomava banho a um preço acessível e podia banhar Sumire por tabela. Chyo-san era uma velha funcionária do lugar, que ajudava a limpar depois do horário comercial. Era ela que levava a menina para a ala feminina e banhava a bebê. A velha senhora tinha muito apreço por pai e filha e se ofereceu desde a primeira vez que Kiba apareceu ali, completamente perdido sobre como se virar com Sumire! Se ainda fosse um menino, podia levar para a ala masculina.

Então Chyo-san surgiu e o salvou da enrascada! Pelo menos de segunda a sábado. Domingo, dia de folga dela, Kiba contava com a nora da velha senhora, que também trabalhava no lugar e cobria as ausências da sogra.

A vida de um pai solteiro podia ser bem difícil. Mas Kiba era do tipo que sabia se virar, não tinha pudores que o impedissem de aceitar ajuda. Quando adolescente foi um jovem bem arrogante, que vivia como se fosse conquistar o mundo a cada passo. Agora tinha um serzinho indefeso que dependia dele. E pela filha era capaz de qualquer coisa! Até mesmo aprender a ser humilde.

Após o banho, seguia uma rotina que variava conforme o dia da semana. Naquele início de noite precisava levar as roupas para lavar. Tinha juntado uma quantidade boa de roupa suja, tanto sua quanto da bebê.

Iria até o carro pegar a trouxa e a varinha mágica! Bem, não exatamente “mágica”. Mas uma varinha de ferro com um imã preso à ponta. Usava isso para pescar moedas perdidas na lavanderia. Todas as máquinas automáticas eram ligadas com moedas de cem ienes. Dependendo do tanto de roupas, um tanto de moedas. Vários clientes deixavam as moedinhas cair e não se davam ao trabalho de procurar, pois corriam para debaixo das máquinas. Com paciência e técnica, Kiba ajoelhava-se no chão e varria o piso atrás de tesouros abandonados. Sempre conseguia o bastante para lavar as roupas sujas! E economizava uns trocados. Seu maior obstáculo era sem dúvidas o financeiro.

Cantarolando para distrair Sumire, seguiu de volta ao parque Ueno. Nunca ia muito longe, para não precisar gastar com passagem ou gasolina. Mantinha o carro estacionado em uma das ruas laterais, para não pagar estacionamento, de valor exorbitante por ser uma área turística.

Ia distraído pensando nas roupas sujas, quando levou um susto ao virar na ruela onde deixou o modelo esportivo. Por sorte conseguiu voltar os próprios passos e esconder-se na esquina.

Quase trombou com Kabuto, que permanecia parado perto do carro, como se o esperasse.

Com certeza Kiba estava enganado.

Seu maior obstáculo não era o financeiro tão somente. Era aquele homem parado na ruela, sondando de modo gatuno.

Kabuto era funcionário do Serviço Social e estava na cola de Kiba há alguns meses. Viera do nada, farejando o pai solteiro a cuidar da filhinha. E então a vida do rapaz que já era complicada, tornou-se um inferno. Kabuto insinuou que o governo poderia tomar Sumire e colocá-la para adoção, caso desconfiassem que Kiba não era capaz de cuidar da pequena criança. Kabuto poderia separar pai e filha apenas assinando um papel. O medo de Kiba extrapolou qualquer limite, só de pensar que era possível perder sua bebê!

Então a chantagem começou.

Kabuto insinuou que se recebesse algum dinheiro de vez em quando faria vista grossa para a situação de Kiba. O rapaz se deixou manipular, cego pelo desespero. Desde então essas visitas de Kabuto levavam a maior parte dos salários que recebia nos empregos de meio-período, que já não pagavam tão bem assim…

Sentindo o suor se acumular na fronte, Kiba deu meia volta e afastou-se dali. Ficaria longe até que Kabuto desistisse. Não tinha dinheiro para pagá-lo naquele instante. O que ia fazer?

Em última instância podia correr de volta para o interior do Japão, sua mãe e sua irmã o acolheriam de braços abertos! Já tinha visitado a família duas vezes desde que Sumire nasceu. Eram apaixonadas pela menininha.

A questão era que Tsume não sabia que a situação do filho era tão ruim! E Kiba podia ter melhorado bastante, mas não queria fugir pros braços da mãe carregando todos os fracassos que levava nas costas, com uma única vitória nas mãos. Ainda preservava um resquício de orgulho irracional de ser um homem que conseguia cuidar da bebê, apesar de todas as dificuldades.

Só recorreria a essa opção quando Kabuto resolvesse cumprir a ameaça e tirar-lhe Sumire.

Voltou para o Parque Ueno e misturou-se aos transeuntes que visitavam o lugar turístico. Distraiu a menininha cantando baixinho pra ela, transbordando de amor pelos olhos espertos que miravam tudo ao redor, cheios de curiosidade e de vida.

Só teve coragem de voltar para o carro quando passava das nove horas da noite. Agora carregava Sumire nos braços e não na mochila-canguru, pois parecia mais confortável para a criança.

Chegou cheio de precauções, por sorte descobrindo que Kabuto não estava por perto.

Com imenso alívio acomodou a filha no bebê-conforto e deu a partida no carro. Foi atrás de alguma área segura e distante onde pudesse estacionar para passar a noite.

Aquele carro era a única coisa que havia lhe restado. E aí estava o trunfo de Kabuto. Por mais dedicado e esforçado que Kiba fosse, por mais que tentasse ser um bom pai; caso o Seguro Social descobrisse que não tinha casa, perderia a guarda da filha.

Rotina que seguia de domingo a domingo, com uma ou outra diferença, imprevistos. E que foi devidamente detalhada no relatório que Kankuro colocou sobre a mesa de Aburame Shino ao final de uma semana de secreta investigação.


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Notas finais do capítulo

Esse Kiba só se mete em confusão, hum...? Mas não vou negar: gosto assim!!

(ง ื▿ ื)ว

E vocês??



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