V E N U S - Origin (Segunda Temporada) escrita por badgalkel
Viscardi, as derivas da Galáxia Divindade.
"Vênus"
O nome soou ao longe.
"Guardiã, responda. Câmbio".
As palavras abafadas chegaram à sua consciência junto com a dor. Esta, a dor, diferente das demais que já havia sentido em sua vida.
Sua cabeça doía como o inferno e seus olhos pesavam tanto que ela mal conseguira os abrir.
Assim que o fez percebeu-se por estar amarrada por uma espécie de cobra esverdeada e reluzente em um trono de pedra, em um salão escuro dentro de uma caverna de localização duvidosa.
Vênus tenta soltar-se usando a força, mas a tal cobra era deveras forte para que fosse derrotada facilmente.
"Vênus, responda." – a voz de Ayesha soou pelo comunicador.
— Estou aqui. – respondeu aos sussurros.
"Por Sovereign, o que aconteceu?" – Ayesha indaga. Vênus percebe a aflição em sua voz, algo que ela também nunca havia presenciado antes.
— Fui capturada. – ela revela. – Há uma mulher, deve ser uma viscardiana, que me aprisionou.
"Como?" – Ayesha solta perplexa. – "Os viscardianos foram extintos há mais de 12 bilhões de anos."
No entanto, quando Vênus iria expressar seu choque, o comunicador é rudemente arrancado de seu ouvido. Ao virar-se ela vê a mesma mulher sorrir com o comunicador em mãos, para em seguida joga-lo no chão e pisar em cima.
— Vai se arrepender disso! – Vênus esbraveja. – Não tem noção de quem está despertando o ódio...
— Eu sei sim. – a mulher responde calmamente, posicionando à frente da guardiã. – A famosa Vênus, um dos seres mais aterrorizantes do Universo.
— Então sabe que irá sofrer, - Vênus ameaça, projetando a energia azulada pelos olhos. – vou ter prazer em arrancar a sua cabeça e soca-la no seu traseiro!
— Claro que vai. – A mulher responde com desdém. – Admito que esperava mais. Por ser tão temida imaginei que fosse...amedrontadora.
— Espere até que eu me livre dessa maldição e entenderá o porquê do medo deles. – Vênus se mexe e a cobra a aperta ainda mais.
— O que você é? – a mulher a ignora rodeando o trono, enquanto a analisa.– Terráquea?
— Soberana. – Vênus ruge.
— Os soberanos não são todos... dourados? – a mulher indaga com a testa vincada, sem tirar o sorriso egocêntrico do rosto.
— E dourada minha pele é.
— Não é o que meus olhos veem. – A mulher para novamente em frente à guardiã com um sorriso no rosto.
Vênus franze a testa e olha as próprias mãos atadas sob seu colo. Estas não estavam mais douradas, e sim com uma aparência frágil e humana. Automaticamente ela se recorda do seu reflexo no pesadelo.
— O que fez comigo, demônio? – Vênus indaga entre dentes, sua fúria sendo despertada.
A mulher se aproxima de Vênus e sopra em seu ouvido: - Te dei uma surra.
As palavras foram a gota d'água.
Assim que a mulher lhe dá as costas, Vênus focaliza a energia nos braços e mãos e a cobra que a prende explode. Ela voa na direção da mulher cinzenta, que é pega de surpresa, e a eletrocuta até que a mulher gritasse por apelo.
Vênus encerra a rajada e a mulher cai de joelhos.
— Sem gracinhas, mulher. – Vênus cuspiu erguendo-a pelo pescoço. – Responda, quem você é e o que fez comigo?
— Meu nome... meu nome é Gara. – a mulher responde ofegante. – Sou uma viscardiana...
— Os viscardianos foram extintos há 12 bilhões de anos. – Vênus a interrompe.
— Exato. – a mulher afirma. – Por favor, me solte e eu lhe contarei tudo o que quiser.
— Sim, você vai me contar. – Vênus sorri maléfica. – Mas vai ser do meu jeito.
Vênus então arremessa a mulher no trono, onde anteriormente estava presa, e enlaça-a com átomos de sua energia cósmica. A viscardiana tenta se soltar, porém em vão.
— Continue. – Vênus senta-se na rocha a frente do trono e encara a mulher.
Gara hesita, mas logo começa a falar quando Vênus aciona leves descargas de energia sobre seu corpo: – Viscardi era um planeta superlotado, com diversos habitantes saudáveis e intelectualmente capazes de tudo. Vivíamos em comunidades, éramos passivos e trabalhávamos bem em conjunto. Nosso planeta era um dos milhares que eram supervisionados pelo Celestial Divindade...
— Espera, o que? – Vênus indaga perplexa – Os Celestiais realmente existiram?
— E existem. – Gara afirma ofegante. – Só que, naquela época, como eles estavam a criar o cosmos e planetas, eram vistos com mais frequência.
"Um dos maiores desejos dos viscardianos era sair do nosso planeta em viagens espaciais e explorar o resto do Universo. Contudo, todas as tentativas na criação de espaçonaves foram falhas."
Gara engoliu em seco antes de continuar: - Um dia eu decidi confrontar o Celestial e pedir que ele pudesse nos fornecer um meio de poder que nos permitisse realizar o nosso desejo supremo e explorar mais além do nosso potencial.
"O Celestial nunca havia se comunicado com nenhum de nós, muito menos interagido com nossas realizações e pretensões. Mas naquele dia ele decidira e nos presenteou. Disse que minha atitude havia sido significante e seria recompensada. Não demorou muito até que o Vórtex Negro simplesmente surgisse na minha frente."
— O que transforma mortais em Deuses. – Vênus soprou.
Gara assentiu e pronunciou: - O que você tanto tem procurado.
"Infelizmente o nosso povo sucumbiu ao poder do Vórtice, ele é muito poderoso e perigosamente atraente. Um ano depois os viscardianos estavam tão sedentos por mais poder que uma guerra civil foi travada e extinguiu toda a nossa raça. Exceto por mim."
— Então foi você. Por isso é tão forte. – Vênus arqueia a sobrancelha e sorri inconscientemente. – Você o usou.
— Sim. Eu fui a primeira. – assumiu envergonhada. – Mas os poderes se enfraquecem com o passar dos anos, não sou tão forte quanto antes. As consequências por usá-lo não compensam.
— Sua fraqueza...são efeitos colaterais? – Vênus indaga, ignorando o alerta da viscardiana.
— Não. Por anos eu fiquei parada, sentada, sem ao menos respirar ou mover um dedo sequer. Não senti que estava me petrificando com o passar das décadas e perdendo os meus poderes.
— E por que não abandonou este planeta?
— É a minha consequência. Cada indivíduo tem a sua consequência por usar vórtice. O meu foi ficar para sempre presa ao planeta que eu causei a destruição. – Gara revela.
— Mas ele não está aqui. O Vortéx. – Vênus comenta. – A Tropa Nova o recolheu porque souberam que eu viria.
— Meu segundo maior erro. – Gara admitiu. – Deveria tê-lo destruído enquanto podia. Agora, na mãos de outros mortais, ele poderá extinguir todo o Universo.
— Você só precisa me dizer onde ele está agora. - Vênus diz.
Gara gargalha.
— Estou confinada, porém não desinformada. Sei que Ayesha tem planos para ele. – Gara cospe em sua direção – Eu nunca cooperaria com isto.
Vênus sorri diabólica antes de dizer: - Essa é a minha parte favorita. Quando os mocinhos não cooperam.
Assim que a guardiã concentra-se em despertar a sua energia nos átomos a modo de eletrocutar Gara e torturá-la, sua cabeça torna a doer.
— Ai – ela pousa a mão na cabeça.
A dor, desta vez, estava infinitamente pior e enfraquece-a de supetão.
Vênus grita de dor e cai de joelhos.
Gara franze a testa em confusão ao visualizar a guardiã se contorcer à sua frente.
A viscardiana tenta se libertar enquanto isso, usando sua força mental para destruir a barreira que a mantinha presa. Contudo, a medida que Vênus gritava, os átomos se enfraqueciam até que desaparecessem por completo.
Já liberta, Gara levanta do trono rapidamente e mira a outra de longe.
Vênus grita e aperta as mãos trêmulas na cabeça.
Em um instante sua potência vocal está em alta e no instante seguinte ela se cala completamente e desmaia. Desacordada, ela permanece no chão.
Gara se aproxima vagarosamente e se assusta quando a guardiã abre os olhos de repente.
— Onde estou? – A guardiã pergunta com a voz vacilante e olhos vasculhadores. Visualmente ela está assustada e perdida.
— O que? – Gara questiona confusa.
A expressão da guardiã se torna neutra antes que ela tornasse a gritar e seus olhos se acenderem de energia cósmica.
— O que você fez comigo? – Vênus esbraveja mirando Gara e torna a pôr as mãos sob a cabeça.
— Nada...
— Minha cabeça... Parece que vai... explodir!– A guardiã grita. Entre uma piscada ou outra Vênus sente a presença de uma terceira pessoa e indaga assustada: – Quem é você?
— Vênus? – Gara hesita, dividida em atacar a mulher e ajuda-la.
— Harriet! Sou Harriet! – a guardiã esbraveja se contorcendo. – Por favor, me ajude!
As mentes, que anteriormente estavam separadas e desassociadas, se fundiam em uma só. As personalidades, tão distintas, travavam uma luta pelo espaço para assumirem o controle do corpo.
A mulher torna a gritar de forma agoniante.
Antes que a viscardiana pudesse tomar alguma atitude, a guardiã com muita dificuldade solta rajadas cósmicas e sai voando. Ela ultrapassa as rochas da caverna que as resguardavam, a superfície do planeta, a sua atmosfera e ignora a nave parada na órbita.
Com todo o poder que seu potencial lhe permitia, ela voou pelo cosmos e viajou pelos pontos de salto até retornar à Sovereign tão rapidamente que mal respirava.
Lá, ela sequer pedira permissão de entrar, mas assim que o fez sentiu sua mente apagar novamente.
Em uma caída escandalosa da camada de ozônio até a superfície do planeta, a guardiã explode no solo desacordada.
Os habitantes, curiosos pelo o que teria adentrado a sua atmosfera, se aproximam do local onde a guardiã está.
Surpresos por constatarem quem era, burburinhos surgem em tom de surpresa e espanto. Alguns até choram.
— Segurança para setor laboratorial. Segurança para setor laboratorial. – um dos guardas solicitou através do comunicador ao mirar a mulher ensanguentada e desfalecida ao chão – A guardiã foi abatida. Repito. A guardiã foi abatida.
Callisto, que estava desde então no laboratório pesquisando formas de reconstituir a consciência de Harriet ao corpo o mais rápido possível, assim que ouviu o chamado no autofalante correu até o transportador mais próximo.
— Localização. – ele solicitou através do comunicador.
— Leste de Sovereign, próximo à entrada principal.
Callisto acelerou a velocidade e, mesmo que não fosse tão longe, parecia que havia demorado uma eternidade até que ele visualizasse o tumulto de gente.
Mal havia parado o veículo ele salta e vai correndo até a concentração de pessoas. Ele desvia de vários até que pudesse chegar ao núcleo e ver Vênus desfalecida dentro de uma cratera no chão.
Ele não hesita em correr até ela.
— Príncipe Callisto, já chamamos o resgate. – um dos seguranças que tentava dispersar a multidão informou.
— Não será necessário, eu cuido dela. – respondeu às pressas para descer até o buraco onde ela estava.
Quando ele se aproxima o suficiente passa a ter noção da grandeza do estrago. Sangue escorria de seu nariz, ouvidos e boca. Sua roupa estava rasgada e, pelas frestas, ele podia ver os roxos sob sua pele. O braço direito estava com uma fratura exposta e a cabeça tinha um grande ferimento qual escorria uma grande quantidade de sangue.
Ele pegou-a no colo com cuidado e mirou sua face.
Ela parecia estar em constante agonia.
Sem delongas ele se move com ela por entre a multidão, que dispersa para fornecer passagem de volta ao transportador, e corre para de volta ao laboratório.
Ele precisava examiná-la antes que Ayesha chegasse.
Numa velocidade que ele nunca imaginou que um dia teria ele desceu com ela nos braços do veículo até o laboratório.
— Saiam daqui! – ele gritou para todos que trabalhavam nas cápsulas – Saiam daqui agora!
Assim que ele a pousou na cápsula embrionária principal, a sala já havia se esvaziado por completo.
Ele foi ao painel de controle e acionou o escaneamento completo do corpo. A medida que a imagem se formava, seu peito subia e descia numa constante falta de ar. A maioria dos ossos estavam quebrados, para não dizer todos. Contudo, ela ainda estava viva e lutando contra a morte.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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