EPOV

“Cadê Isabella?” - perguntei entrando no escritório de minha mãe e depositando um beijo em sua bochecha.

“Me diga você” - ela disse com um tom que não consegui reconhecer. - “Ela ligou mais cedo agradecendo por tudo o que eu tinha feito por ela, mas dizendo que não precisava mais das aulas.”

“Droga de menina teimosa.” - murmurei mais para mim mesmo. - “Preciso ir, mãe” - disse saindo, quase derrubando meu irmão ao esbarrar nele na porta.

“Onde é o incêndio?” - pude ouvir ele perguntando, mas eu já estava dentro do carro.

Eu não acreditava que ela tinha cancelado as aulas com a minha mãe. A casa de Esme e Carlisle era o nosso vínculo fora da escola, não era? Era o local onde podíamos ser Bella e Edward sem títulos, sem convenções sociais. Eu sei que ainda não era o que ela queria, mas já era um começo. Era melhor do que nada. Era o lugar onde eu me sentia mais confortável em conversar com ela, depois da sorveteria, mas na sorveteria sempre poderia aparecer alguém, estávamos em público, na casa dos meus pais não.

Mas então de novo eu me lembrei de Victória, eu nunca tinha dito aquilo para ela. Eu nunca tinha dito para ela o motivo de eu estar sempre naquela casa nos dias e horários das aulas dela eu simplesmente supus que ela sabia. Eu supus tanta coisa. Eu deixei de falar tanta coisa. E agora ela estava nos braços de outro. Ela tinha cancelado as aulas com a minha mãe e eu tinha que me contentar a vê-la de longe e a breves palavras impessoais trocadas durante as aulas. E o pior é que Victória estava certa, eu era o grande culpado de tudo.

BPOV

“Você estava chorando?” - Rose perguntou quando atendi a chamada de vídeo no whatsapp.

“Eu juro que queria ser forte, ser superior e fazer a fila andar. Eu queria gostar do James como ele merece, mas é só eu parar um tempo sozinha que o Edward volta à minha mente e eu fico assim.”

“Olha Bella, eu entendo que ele foi um filha da puta, dizendo que o quase beijo de vocês foi um erro e fingindo que nada tinha acontecido no dia que você procurou ele na escola, eu não tiro sua razão em sentir raiva disso” - ela disse se ajeitando na cama, de modo que estivéssemos cara a cara. - “Mas alguma vez você deixou claro para ele que o que você sentia era mais do que uma atração boba de adolescente, uma paixonite aluna professor que podia fazer ele perder o emprego por nada? Você era muito boa em provocar ele na escola, amiga, em dar respostas certeiras, mas em algum momento você disse o que ele realmente precisava ouvir? Eu acho que vocês dois estão pagando o preço da falta de comunicação de vocês.”

“Ele nunca me deixou falar, Rose.”

“E ainda assim você conseguiu dizer várias coisas para ele. Poderia ter conseguido dizer isso também, amiga. Por favor, me entenda, eu não estou tirando a responsabilidade dele, de jeito nenhum, mas eu acho que vocês precisam sentar e conversar de verdade, como dois adultos e resolverem de uma vez por todos. Nem que seja para ter uma transa, tirar toda essa tensão do corpo de vocês e nunca mais se verem, ou então resolverem outra coisa, sei lá, mas vocês precisam conversar. Fugir das aulas na casa da mãe dele não resolvem nada, mocinha, afinal de contas, você ainda tem que encarar ele na escola, e você sabe que não quer ficar sem ver ele, ou então não estaria aí chorando.”

“Eu te odeio.”

“Odeia nada. Você sabe que eu estou certa e você ainda vai me agradecer pelo conselho. Agora deixa eu te contar sobre o gatinho que eu conheci outro dia no Tinder…”